Mídia ensaia cumplicidade em relação ao fascismo da candidatura Bolsonaro
por Tiago Barbosa
Covardia do candidato das armas só é possível porque há uma articulação canalha da mídia do país para blindar o militar das críticas e atenuar o fascismo da candidatura.
A fuga dos debates se encaixa na estratégia de discursar dentro do script e sem contraditório – prática típica dos ditadores – e encontra eco na omissão vergonhosa da imprensa, pronta para reverberar as bobagens de Bolsonaro.
Edir Macedo já aderiu à candidatura do fascista. A emissora dele, a Record, e a Band estão pressionadas a fazer matérias contra Haddad – a informação é de Ricardo Noblat.
Crítico de plantão contra o PT, o jornalista Ricardo Boechat se estrebuchou na rádio Band para tornar irrelevante a morte do capoeirista baiano petista assassinado por bolsonaristas.
“Morrem 60 mil pessoas por ano”, ele esbravejou na performance canhestra de normalizar o absurdo e limpar a barra dos bolsominions.
Carlos Sardenberg, o baluarte da CBN, um dia antes, já havia dissociado os eleitores de Bolsonaro da violência – apesar da pregação odienta do candidato e dos episódios ocorridos durante e após a votação.
A Folha de São Paulo confronta a inteligência coletiva e proíbe o uso da expressão “extrema-direita” para caracterizar o ex-militar.
A Globo, depois do desabafo isolado de Miriam Leitão, se dá por contente ao equivaler um autoritário a um democrata no debate sobre a inviolabilidade da Constituição – como se Bolsonaro, a favor de fuzilamento de adversários, fosse respeitar as leis tanto quanto Haddad, cujo partido atravessou 14 anos de poder sem ferir a democracia.
Repete-se, neste ano, a mesma lógica de esconder ataques de violência – estudante no Paraná foi agredido por bolsonaristas por usar boné do MST – como ocorreu durante os protestos do impeachment, quando o clamor por intervenção militar, o enforcamento de bonecos de Dilma e Lula e outros atos bárbaros eram tratados com descrição ou desprezados.
Deu nessa onda de violência denunciada entre lágrimas e medo nas redes sociais e ignorada por eleitores do fascista – cegos em nome de um antipetismo irracional.
É praxe a criação de um inimigo comum na cartilha fascista para deixar a população em estado permanente de guerra e desviar o foco dos desmandos praticados por quem incita o ódio e a violência.
A imprensa internacional já denuncia as atrocidades e o futuro nebuloso à espera do Brasil. Em editorial corajoso, o El País adverte para o fascismo bolsonarista – assim como fazem outros veículos.
A mídia nacional tem a obrigação de colocar o assunto como pauta principal da cobertura política.