Mídia esconde que Bumlai, o “amigo de Lula”, foi sócio de Galvão e de dono da Band

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Helena Sthephanowitz

Da Rede Brasil Atual

Mídia esconde verdadeiras ‘relações perigosas’ de Bumlai

Em mais uma fase da Operação Lava Jato foi preso preventivamente o pecuarista José Carlos Bumlai, na manhã de ontem (24). O Ministério Público afirma que as delações premiadas justificam a prisão. A defesa de Bumlai afirma que o empresário tem como provar com documentos que os delatores mentiram no caso dele.

As manchetes da imprensa tradicional usaram e abusaram da expressão “amigo de Lula” para se referir ao empresário preso, numa tentativa de mais uma vez associar o ex-presidente a denúncias de corrupção. Se depender da leitura das manchetes o pecuarista está preso por ser “amigo de Lula”, tamanha a ênfase dada. Apesar disso, os próprios procuradores da força-tarefa que prenderam o pecuarista afirmaram claramente, em entrevista coletiva, que não há nenhuma prova contra o ex-presidente.

O que existe é o “uso indevido do nome e da autoridade do ex-presidente da República, que, mesmo não mais no cargo, ainda é uma das pessoas mais poderosas do país”, segundo despacho do próprio Sergio Moro, o juiz que encabeça as investigações e sobre o qual pairam inúmeras denúncias de seletividade e parcialidade de sua condução.

De acordo com as notícias publicada na imprensa, Bumlai só foi apresentado a Lula em 2002, quando já era um dos maiores criadores de gado do Brasil. Fez o mesmo que outros grandes empresários dispostos ao diálogo, considerando que, à época, muitos hostilizavam ou temiam um governo petista.

Mas, convenhamos, se “ser amigo” já é criminalizado pela imprensa tradicional, como deveriam tratar “ser sócio”?

Pois o narrador esportivo da TV Globo Galvão Bueno foi sócio de Bumlai na rede de fast food Burger King no Brasil, numa composição empresarial que tinha ainda o ex-prefeito de Santos e atual deputado federal Beto Mansur (ex-PSDB, ex-PP e atualmente no PRB) e do piloto de Fórmula Indy Hélio Castro Neves.

João Carlos Saad, dono da TV Bandeirantes, foi sócio de Bumlai na TV Terraviva, dedicada ao agronegócio, que também teve como sócio o também empresário Jovelino Mineiro, que por sua vez, foi sócio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na fazenda Córrego da Ponte, no município mineiro de Buritis.

O pecuarista José Carlos Bumlai tem muitos outros amigos políticos, alguns deles graúdos empresários da bancada ruralista. O ex-governador de Mato Grosso e atual senador Blairo Maggi (PMDB-MT), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB-RJ), criador de gado; Jonas Barcelos (ex-dono de freeshops em aeroportos e ligado ao ex-senador Jorge Bornhausen (PSD-SC), também criador de gado. E se aproximou de petistas matogrossenses antes de Lula chegar à presidência, no período em que o PT governou Mato Grosso.

É óbvio que ninguém pode ser criminalizado por atos de terceiros, apenas por ser sócio, parente, amigo, colega de trabalho ou o quer que seja, se não participou de atos ilegais.

Mas é óbvio também que há muito cinismo dos veículos de comunicação que tiveram negócios com Bumlai, em apresentá-lo ao distinto público apenas como se fosse “amigo” exclusivamente de Lula.

Entrevista de Bumlai em 2009 à revista IstoÉ Dinheiro Rural mostra a trajetória do então queridinho da mídia: “Nascido em Corumbá, sua família o mandou para estudar em São Paulo em um colégio católico frequentado pela elite paulistana. Foi colega de aula de Luiz Fernando Furlan (ex-dono da Sadia e ex-ministro no primeiro governo Lula) e do ex-presidente da Nestlé, Ivan Zurita. Depois estudou engenharia na Universidade Mackenzie nos anos 1960, frequentada pela elite na época.

Trabalhou 30 anos com o “rei da soja” Olacyr de Moraes, boa parte do tempo em cargos de direção do Grupo Itamaraty, que tinha a empreiteira Constran e o extinto Banco Itamaraty. Com Olacyr, Bumlay introduziu o cultivo de cana em Mato Grosso do Sul e produção de etanol.

Ele também fez parte da diretoria de associações patronais ligadas ao agronegócio. É óbvio que, com um currículo destes, Bumlai deva ter conhecido muitos políticos e autoridades desde o tempo da ditadura – de alguns pode ter virado amigo e de outros, sócio e parceiro.

Em 2002 conheceu o ex-presidente Lula, e foi um dos empresários de grande porte do agronegócio que abriu canais de diálogo com o governo petista, quando o setor tinha um diálogo difícil com o PT. Integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), fórum criado no governo Lula para empresários, trabalhadores e outros agentes da sociedade debaterem ideias e pactuarem soluções e políticas públicas para o desenvolvimento.

Se Bumlai se meteu em alguma falcatrua, ou se usou o nome do ex-presidente indevidamente (ele nega), ainda está para ser esclarecido. Se o Ministério Público vai provar algo realmente ilícito contra o pecuarista, ou se ele está preso apenas por ser “amigo de Lula”, como insinuam as manchetes, também veremos.

Afinal na fase anterior da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal escreveu com todas as letras que Gregório Marin Preciado – ex-sócio e muito ligado e parente do senador José Serra (PSDB-SP) – foi o operador de uma propina de US$ 15 milhões na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, mas nenhuma prisão preventiva foi pedida, muito menos nenhum mandato de busca e apreensão em seus endereços foi feito.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Venha para o PSDB e garanta

    Venha para o PSDB e garanta sua inimputabilidade

     

    ‎Carlos Coutrim Caridade‎:

     

    Acompanhe e se este raciocínio estiver certo…
    1 – Delcídio do Amaral foi diretor de gás da Petrobras nos anos 90, durante o governo FHC, e seu sub-diretor era Nestor Cerveró.
    2 – Delcídio do Amaral conheceu Fernando Baiano, acusado de ser o operador da corrupção na Petrobras, justamente no período em que exercia diretoria da Petrobras, no governo FHC.
    3 – Na época, Delcídio do Amaral era filiado ao PSDB de FHC.
    4 – Delcídio do Amaral foi preso hoje com o banqueiro André Esteves.
    5 – André Esteves é sócio do Banco Pactual.
    6 – André Esteves também é amigo pessoal e padrinho de casamento de Aécio Neves, senador pelo PSDB de FHC.
    7 – André Esteves é sócio de Pérsio Arida no Banco Pactual.
    8 – Pérsio Arida também é sócio do banqueiro Daniel Dantas no Banco Opportunity.
    9 – Pérsio Arida é ‘economista guru’ do PSDB de FHC.
    10 – Pérsio Arida foi presidente do Banco Central ao longo do Governo FHC.
    11 – Pérsio Arida foi marido de Elena Landau.
    12 – Elena Landau foi consultora do Banco Opportunity.
    13 – Elena Landau também foi “diretora de desestatização” do BNDES ao longo do governo FHC, tendo sido a executiva responsável pelas privatizações.
    14 – Com financiamento do BNDES de Elena Landau, em 1997, no governo FHC, o Banco Opportunity de Pérsio Arida adquiriu a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
    15 – A Cemig de Daniel Dantas é uma das financiadoras do dito Mensalão Tucano, que teria sido criado para a reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, do PSDB de FHC.
    16 – O dito Mensalão Tucano teve como operador o publicitário Marcos Valério (lembram dele?), e sabe quem está entre os acusados de ser beneficiário deste esquema de corrupção? Rá! Delcídio do Amaral.
    Está claro para vocês o desenrolar dos acontecimentos recentes ou querem que eu desenhe o fato óbvio de que o caso de corrupção que está sendo investigado na Lava-Jato não começou em 2003 e não se encerra na Petrobras!?

    [OBS: por favor, compartilhem até chegar ao Sr. Moro, porque parece que ele está por fora disso tudo aí]

     

    1. Muito bom

      Spin, na Operação Banqueiro de Rubens Valente tem tudo isso e muitas outras coisas na Privataria Tucana. Que sera que ha com o MPF e o Moro ? Sera que so lêem revista em quadrinhos e as delações premiadas? Ja com a imprensa, que leu e que sabe tudo isso, não precisamos contar para que passe o Brasil a limpo. A unica coisa que a imprensona deseja é que os “felizes anos da privataria” voltem!

    2. André Esteves…

      André Esteves não é padrinho de Casamento de Aecio Neves, pois o padrinho foi o Alexandre Accioly, dono da Rede BodyTech e de várias (e boas) casas noturnas no Rio de Janeiro.
      Mas foi quem pagou a sua Lua de Mel em NY e é um dos seus principais Financioadores de campanha…

  2. Ex-petista

    Acho irrelevante essa informação. Se o Galvão e o dono da Band estiverem envolvidos em maracutaias, eles irão para cadeia junto com o Lula, pois o Bumlai não vai querer ficar preso, ainda mais agora que o STF mandou para cadeia um Senador em pleno exercício do mandato. Imaginem o que esses empresários, que não fizeram delação, estão pensando da prisão do delcidio. Já deve ter vários procurando o MPF para fazer acordo de delação.

  3. Sim; a “Lava Jato”não só

    Sim; a “Lava Jato”não só ganhou novo fôlego como estabeleceu seu divisor de águas: Antes e depois do estarrecimento do Supremo.

  4.  “Se não estás prevenido ante

     “Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido”

    Malcolm X

  5. este é um grave pobrema

    este é um grave pobrema articulista do ggn-nassif 

    sopa de letras começa interessante na notícia relevante

    do passado condena bum! lai por gostar de ser amigo de reis

    rei da soja, rei do hambúrguer, rei do pantanal, o reizinho do brasil

    pero si, logo reportagem descamba para ativismo libelista infantiloidesco

    se achando  que todo leitor do ggn-nassif ou é tudo militante ideia fixa revoltante

    ou então, é tudo leitor tapado que só sabe se informar pelo evangelho segundo seu nassif.

  6. Informações

    Bumlai trabalhava em Mato Grosso do Sul e não em Mato Grosso. Ele não tinha negocios la, apesar de ter uma extensão da familia Bumlai em Mato Grosso. Nessa confusão de MT e MS, ficam esses lapsos de que o PT governou Mato Grosso. O PT nunca fez um governador em Mato Grosso nem prefeito na capital do estado, lugar muito conservador nas questões politicas-ecenômicas. Zeca do PT foi governador em Mato Grosso do Sul.

    Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul são dois estados diferentes. 

    E quando se fala nos estados Mato Grosso e MTdo Sul usa-se a preposição em e não necessariamente a contração de em+o: no. 

  7. Mas, o que é que há?
    “Mídia esconde que Bumlai, o “amigo de Lula”, foi sócio de Galvão e de dono da Band” > https://jornalggn.com.br/noticia/midia-esconde-que-bumlai-o-amigo-de-lula-foi-socio-de-galvao-e-de-dono-da-band Que se danem nos quintos dos infernos! GBOBO, mídia em geral, militares, fascistas da direita nojenta, …Eu os repudio!Acho uma hipocrisia palavras de ordem como “ninguém está acima da lei” usadas pelos coxinhas GOLPISTAS e TRAIDORES.Muito hipócrita mesmo, apesar de que hipocrisia ser algo absoluto. Ou se é ou não se é hipócrita.Porém, alguns são MUITO HIPÓCRITAS MESMO!Por onde anda a JUSTIÇA BRASILEIRA? ACORDA!Chega de JUSTIÇA À BRASILEIRA, covarde, partidarizada, cretina, injusta.JUSTIÇA BRASILEIRA, POR ONDE ANDAS? EXISTES? Aí o cara disse que nada mudou em todos estes anos de PT.– “Nada mudou? Ou você é muito desinformado, ou você é ignorante, ou você é burro ou você é apenas um coxinha GOLPISTA hipócrita e TRAIDOR. Ou é maluco!”

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