Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Mídia tenta racionalizar a presença do Mal no Massacre em Realengo

 


Diante do massacre de adolescentes cometido por um jovem armado com dois revólveres em uma escola do bairro do Realengo no Rio de Janeiro (um fato tão cruel, arbitrário e aparentemente sem sentido), a mídia tenta buscar uma causa lógica. Como sempre, o que a mídia chama de informação é, na verdade, a tentativa de encaixar fatos tão irredutíveis a “plots” ou “roteiros” pré-estabelecidos.  Tenta expurgar a presença do Mal na realidade. Porém, uma criminologista e um antropólogo foram vozes alternativas dentro dessa estratégia midiática de dissuasão.

Um psiquiatra forense vai à TV e declara que o atirador sofria de “cisão mental”; o  jornal Folha de São Paulo on line informou que “irmã do atirador diz que ele era ligado ao Islamismo e não saia muito de casa” (07/04/2011 às 10h53); o site do Jornal Extra das Organizações Globo às 11h37 do mesmo dia noticiou que o atirador “se interessava por assuntos ligados ao terrorismo”; em vários telejornais do dia pessoas próximas ao atirador declararam que ele era “fechado” e “só vivia na Internet”.

Por todos os lados vemos o tradicional esforço midiático para, diante da irrupção de fatos irracionais, aleatórios ou arbitrários, racionalizar ou dar algum sentido para o fato, muitas vez de forma atabalhoada (vide o caso da “barriga” jornalística do cão caramelo na tragédia nas serras fluminenses). Psicólogos e especialistas são mobilizados em cima da hora para tentar dar uma explicação lógica diante das câmeras. Quase sempre esses especialistas mal conseguem esconder a perplexidade (com os olhos “vidrados” para as câmeras) e a cara de surpresa enquanto se esforçam em teorizar falando o óbvio.

Motivos místico-religiosos? Internet? Esquizofrenia? Um nerd que fazia pesquisas sobre bombas, armas e islamismo na Internet?

Porém, duas vozes escaparam desse rolo compressor racionalizante que pretende neutralizar a presença do Mal: a criminóloga Ivana Casoy e o antropólogo Roberto Albergaria (Doutor em Antropologia pela Universidade Paris VII).

Em uma entrevista na bancada do Jornal Hoje Ivana tentou associar essa tragédia a um fenômeno de “globalização”.  Não conseguiu desenvolver mais o raciocínio porque os entrevistadores estavam ávidos por uma descrição do “perfil de uma mente criminosa”.

 
Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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