Na mídia, TV é a maior adversária de Lula, por Augusto Diniz

Com boa parte dos leitores da grande mídia impressa convertida à oposição de Lula, resta à televisão o papel de desconstruir junto à totalidade de sua audiência a imagem do ex-presidente, até a eleição de 2018.

Revistas e jornais consolidaram os seguidores que tem repúdio ao ex-presidente. Porém, não há mais como avançar em busca de novos “opositores”. É que esses veículos estão em descendência de leitores.

A grande mídia impressa fala hoje essencialmente com os convertidos ao antipetismo – e será assim até 2018.

Há dez anos, imaginava-se que com o aumento do consumo no Brasil, o produto conteúdo impresso conseguiria chegar ao seu ápice no País, alcançando números expressivos de tiragem padrão primeiro mundo, envolvendo diferentes extratos da sociedade.

Veio a crise global de 2008 (com reflexos até hoje) e o avassalador crescimento da internet – por conta disso, o número de leitores seguiu-se baixo em relação ao mercado potencial e bastante concentrado.

A luta pela sobrevivência fez a mídia impressa buscar então o público que poderia aderir sem qualquer inflexão ao seu pensamento político-ideológico.

As redes sociais na internet replicam o conteúdo da mídia impressa, o que é um alento à sobrevivência dela. A questão é que a web é um universo altamente volátil – sem contar que não chega à maioria da população brasileira, já que menos da metade tem acesso ativo à rede (desconsiderando, portanto, aqueles superestimados dados que englobam usuários que acessam a web uma ou duas míseras vezes ao mês).

Embora portais ligados à mídia impressa tradicional exaltem a audiência na web, ninguém nunca destrinchou exatamente o que esses internautas procuram e o que querem no ambiente de tantas informações – o perfil qualitativo da audiência é tão pouco esclarecedor que essa é a maior barreira dos grupos de comunicação para atrair anunciantes, único meio de se tornarem autossuficiente na internet (o pagamento por acesso a notícia é algo que vem sendo descartado, como já ocorre em países desenvolvidos).

Restam as emissoras de televisão o papel na mídia de ampliar o desgaste da imagem de Lula. É ainda o veículo com maior penetração e influência (ao mesmo tempo) no País – embora de expressivo alcance, o rádio perdeu a capacidade de persuasão em grande escala.

A televisão pode chegar às classes menos favorecidas e simpáticas a Lula – prática inalcançável à mídia impressa. Mas a tarefa é árdua às emissoras até 2018, além do fato de terem também que lutar pela sobrevivência em meio ao avanço dos “Netflix da vida”.

É que, como avalia uma das principais fontes para entender o momento atual do País, Renato Meirelles, presidente do Data Popular (instituto de pesquisa das entranhas do Brasil longe da varanda gourmet), as classes menos favorecidas (parcela ainda majoritária da população) não se identificam com os movimentos que foram às ruas em três domingos esse ano para criticar o governo, nem com suas reivindicações – o que justificaria pesquisas apontando competitividade de Lula nas próximas eleições presidenciais.

O problema é que a televisão pode construir um discurso indefensável ao petista a longo prazo, atingindo o público fora dos protestos recentes, inviabilizando qualquer tipo de reação no ano eleitoral, inclusive no horário gratuito.

A solução hoje pode estar na crescente mídia alternativa, mas Lula terá que unificar a narrativa dela, hoje dispersa e em desacordo com o governo Dilma em vários pontos – mas com interesses convergentes no que se refere à defesa da pauta social prioritária do ex-presidente.

Redação

5 Comentários

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  1. Lula é um político muito

    Lula é um político muito astuto. Esta sua ultima declaração de que ‘poderia’ sair candidato em 2018, foi, no momento, uma forma de aliviar as pressões sofridas pelo Governo Dilma. Lula sabe muito bem que também depende da performance do Governo para que sua candidatura se viabilize. Se lá na frente, em 2018, tudo que foi conquistado na área social a duras penas for perdido, não será Lula que vai conseguir ser a Fênix que irá surgir das cinzas. Pode esquecer!!

  2. Depende,,,

    Se isso aqui passar (já adiaram tantas vezes em cima da hora) o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro: a parcialidade e manipulação da mídia podem ser expostas na própria mídia.
    Vamos torcer.

  3. Midia impressa e internet

    Nao sei quais os extratos ao que o texto se refere mas muito mais pessoas estao aderindo a tv por assinatura, e evitando a influencia da tv aberta, que ainda sobrevive devido as novelas e jornais sensacionalistas. Fonte: http://www.teleco.com.br/rtv.asp

    Sobre a midia impressa, esquece que apenas povo escolarizado é o que lê jornal. Com o fim da geração do meu pai, os jornais impressos vão acabar junto. Não conheço ninguém da minha geração ou da seguinte que leia jornal ou revistas semanais.

  4. Lula

    Amigos,

    Lula, Dilma, PT, petistas, têm que acabar com as meias palavras, ir direto ao assunto, dizer o nome das empresas de mídia que distorcem, mentem ou silenciam, desinformando a população!

    É a TV Globo a campeã da mentirada, e também do silêncio seletivo!

    É entrar na Justiça com pedidos de resposta e processar quando mentirem!

    O PIG é um câncer que está matando o Brasil!

    A crise atual é culpa da mídia, que propagou um terrorismo, que amofinou o povo e as empresas, exatamente pra enfraquecer o governo, sem se preocupar com a economia, principalmente numa hora em que o capitalismo mostra suas fraquezas!

    O capitalista só quer sombra e água fresca!

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