Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Na prisão de Lula, mais uma vez a esquerda perde guerra semiótica, por Wilson Ferreira

Na prisão de Lula, mais uma vez a esquerda perde guerra semiótica

Por Wilson Ferreira

Do significado da data da prisão de Lula determinada por Moro (06/04, dia da morte do “Patriarca da Independência”, José Bonifácio); passando pelo destino do comboio que levava Lula para a PF no bairro da Lapa (ao invés de Congonhas, evitando que a militância petista entrasse em rede nacional fazendo protestos na entrada do aeroporto); e chegando aos planos de câmera de TV do helicóptero decolando, conduzindo o prisioneiro e no segundo plano prédios com luzes piscando em apartamentos que comemoravam o desfecho. Todos os detalhes revelaram a elaborada guerra semiótica do complexo jurídico-policial-midiático. A resposta de Lula e do PT foi rápida e promissora: se encastelar no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, sugerindo a estratégia de empate e desobediência civil. Para cobrar um alto preço simbólico pela rendição. Mas acabou cedendo à indefectível narrativa da “luta e resistência” e abandonou o campo de batalha semiótico, em rede nacional. Mas os eventos deixaram mais uma vez nu o jornalismo da TV Globo ao dificultarem o acesso da emissora às informações diretas do centro da crise em São Bernardo.

O semiólogo e especialista em Idade Média Umberto Eco tinha uma obsessão em procurar aspectos medievais na era moderna. Eco falava em uma “Nova Idade Média” baseada na “irrealidade cotidiana da TV” transmitida para as pessoas fechadas em suas casas, inseguras. 

E via a reprodução da “autorictas” medieval (grandes monólogos de citações de autoridades eclesiásticas) nas diferentes interpretações e opiniões no monopólio midiático atual.

Eco não precisaria de muito esforço semiológico para descobrir no Brasil elementos medievais numa sociedade na qual até emula o ecletismo sagrado/profano dos dias de “festas”: enquanto em frente da sede do sindicato dos metalúrgicos Lula participava de uma missa em memória a sua esposa Maria Letícia a poucas horas antes de se entregar à Polícia Federal, o rufião Oscar Moroni (dono da emblemática casa de prostituição de luxo Bahamas Hotel Club em São Paulo) colocava pôsteres com as fotos do juiz Moro e da presidenta do Supremo Carmen Lúcia e oferecia ingressos vitalícios para os bravos e competentes homens de bem.

Profunda ironia eclética num país os supostos ateus, comunistas e bolivarianos celebram missa católica enquanto os campeões da moralidade pública são homenageados em um puteiro de elite. Decididamente, o Brasil não é para amadores. Somente um olhar semiológico e medievalista como de Umberto Eco para compreendê-lo.

Na Idade Média, a autorictas pairava sobre uma vida cotidiana dominada pela Igreja e os habitantes apenas se preocupavam com a própria dura rotina de moer grãos, construir estábulos e moinhos (totalmente alheios às Cruzadas, a Inquisição e o poder dos reis coroados pela própria Igreja). 

Enquanto no Brasil a população está imersa na sua rotina da luta pela sobrevivência, assistindo bestificada à luta de duas narrativas (ou “autorictas”): de um lado a narrativa do repentino e “último humanista” juiz Sérgio Moro (propondo condições “dignas” para o ex-presidente se entregar – sem algemas etc.) e do outro a narrativa tão cara à esquerda – a da “luta e resistência”.

Umberto Eco: uma “Nova Idade Média” brasileira?

A guerra semiótica policial-midiática

Apesar do obsessivo wishful thinking da esquerda nos últimos dias (de que a direita “estava desesperada” com os últimos excessos – tiros na caravana do Lula no Sul, intimidação contra o STF com ameaça de golpe militar, por ex. – de que a “previsibilidade” mudara de lado – os golpistas estariam numa “sinuca de bico” com o STF supostamente à beira de dar o HC a Lula com o voto de Minerva da ministra Rosa Weber) tudo terminou como planejado pela estratégia semiótica do complexo jurídico-midiático:

(a) A chegada na superintendência da Polícia Federal em São Paulo do comboio de carros negros (a cor é importante!) levando Lula prisioneiro no timing perfeito para a poderosa Globo: horário nobre, no fim do telejornal local e entrada em rede nacional;

(b) Apesar do plano inicial (levar o prisioneiro direto para o aeroporto de Congonhas onde seria feito exame de corpo de delito e embarque a Curitiba), para surpresa dos próprios analistas políticos da Globo (veremos isso mais adiante) o comboio passou reto e foi para a Lapa. Questão de timing e visibilidade: a necessidade simbólica de cruzar a cidade com o troféu para ser exibido às buzinas de carros comemorando a prisão e pedestres desfraldando bandeiras nacionais. Além de dar tempo para a Globo entrar em rede nacional; 

(c) Evitar que em rede nacional Lula entrasse em Congonhas cercado pela militância e manifestantes lulistas. Preferiram a entrada de Lula na Lapa cercado de um punhado de manifestantes com camisas da CBF, soltando rojões e bradando pixulecos, enquanto repórteres da Globo do local falavam em “multidão” às portas da PF;

 

(d) Globo entra em rede imediatamente após o fim do telejornal local com a célebre vinheta do “Plantão da Globo”. Vinheta arquetípica (virou até toque de celular), associada no imaginário nacional a grandes eventos que mudaram a história do País;

(e) Com tanta pompa e circunstância, era necessário dar algum grau de drama (que a narrativa da esquerda conseguiu com a tensão reinante no sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo) – um desajeitado repórter engravatado da Globo, no meio da “massa” de manifestantes com camisas amarelas na entrada da PF, descreve um início de “tensão” entre manifestantes pró e contra Lula. Na verdade, uma mulher que se desentendia com outro manifestante e que o ofegante repórter tentava encaixar na pauta da beligerância dos militantes petistas;

Carros negros na noite cruzando a cidade com o troféu

(f) Para depois Lula embarcar no “helicóptero cedido pelo governo do Estado” (Alckmin tinha que tirar uma casquinha desse show na cidade sede do palácio do seu governo) e chegar em Congonhas, com as manifestações pró-Lula no aeroporto bem longe do enquadramento das câmeras. E, claro, enquanto o helicóptero decolava da PF, o plano de câmera mostrava ao fundo edifícios nos quais viam-se luzes de apartamentos piscando em comemoração à prisão;     

(g) E tudo narrado com forte seletividade linguística. Nas 48 horas da resistência de Lula ouvíamos todo tempo repórteres e apresentadores se corrigindo para evitar certas palavras: “podemos ver aqui do alto manifes… quer dizer, apoiadores e militantes…”. “Manifestantes… quero dizer, na verdade apoiadores de Lula…”. Ou a hesitação da locução do apresentador Chico Pinheiro, ao vivo, descrevendo a chegada do comboio na PF: “Lula sai do sindicato e chega à PF depois de muitos ehhhh… pedidos!”. Usar palavras como “manifestantes”, “tentativas” ou “resistência” eram proibidas. 

Aliás “manifestantes” eram apenas aqueles vestidos de camisetas amarelas. Para dar uma conotação “pública” e “apartidária”. Enquanto “apoiadores” e “militantes” para os manifestantes lulistas conferia o tom negativo de “sectário”, “partidário” e “extremista”.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

25 Comentários

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  1. Preservaram vidas a forma como tudo se encaminhou.

    Não haveria resistência possível naquele espaço do Sindicato, penso eu, ali ficasse Lula e a militância, em momento mais adiante, a Polícia de Alckmin, a tropa de choque, a PF, etc. poderiam adentrar lá com bombas, gás pimenta, violência desmedida e muita gente seria ferida, até mortes poderiam acontecer. Eu penso que se prezou pelas vidas.

    Temos exemplos práticos de como Richa, Alckmin e Dória tratam manifestantes de oposição ao Golpe. Todos PSDB, como o Prefeito de São Bernardo.

      1. Jruiz!

        No sindicato, penso eu, eram milhares de pessoas desarmadas e chegariam lá milhares de policiais armados, a Luta seria desigual. 

        Abraço,

        Alexandre!

      1. Jossimar!

        Com igualdade de armas, mínima que seja sim! Eu concordaria Jossimar. Ali seria uma Luta desigual e só venceria um lado, o de lá, penso eu. 

        Abraço,

        Alexandre!

  2. A tal da guerra semiótica também tem limites
    Segundo o autor, no fundo, a esquerda tinha que contratar um assessor especial para guerras semióticas.
    Se é por aí que caminharemos, então lamento. Acho que nessa tal guerra semiótica Lula fez o que estava ao seu alcance, e foi brilhante, construiu sua narrativa, apresentou-a, foi carregado.
    A grande mídia faz o que ela está destinada a fazer para impedir o brilho de Lula, não tem a ver com a falta de exuberância semiótica da esquerda.
    Faça-me o favor!

    1. Também acho. A meu ver o

      Também acho. A meu ver o simbolismo que passa é de sacrificio e de injustiça. Sou de Curitiba e tenho como termometro destes eventos ditos “bombas semioticas” os indefectiveis adesivos LAVA JATA EU APOIO nos carros da cidade. No episodio do grampo, no dia seguinte a cidade estava coalhada dos tais. Hoje, vi apenas uma SUV com o tal.

      A narrativa de Lula foi eficaz com certeza.

  3. Acabou, os bandidos

    Acabou, os bandidos venceram.

    Lula não sairá vivo da prisão. O país jamais será o que poderia ter sido.

    A esquerda é recheada de bundas moles. Se depender dessa gente, estamos todos fodidos.

    Se a esquerda tivesse um mínimo de coragem a situação jamais teria chegado onde chegou. Desde 2005 já estava provado que não se poderia confiar nas “instituições”.

    Depois de 2005, só a Dilma nomeou, se não me engano, CINCO ministros ao STF. Acho que TODOS votaram para ferrar o Lula. Bando de mentecaptos, como disse o Gilmar por outras palavras.

    Construíram uma narrativa de que Lula é ladrão sob os olhos dos “esquerdistas” do PT. Hoje, até os pobres que melhoraram de vida com o Lula e estão ferrados de novo, acreditam que o Lula é ladrão. Eu VEJO isto todos os dias.

    Agora, a próxima a ir presa será a Dilma QUE FOI DERRUBADA SOB A ALEGAÇÃO DE SER INCOMPETENTE.

    A direita quer destruir tudo que possa ser relacionado ao trabalhismo. Quer provar que o trabalhador é um idiota que não tem competência para governar um país e que se chegar lá, transmuta-sem em ladrão. Este é o recado da direita.

    O TRABALHADOR É INCOMPETENTE E LADRÃO.

    Para provar a tese nada melhor que colocar os dois presidentes eleitos elos TRABALHADORES na CADEIA como LADRÕES E INCOMPETENTES.

    1. Pefeito. A esquerda

      Pefeito. A esquerda brasileira entrou em devaneios faz tempo. 

      E verdade que a dilma nomeou CINCO ministro do stf depois do mensalão. Alí já dava pra saber o que direita judiciaria queria com as esquerdas, mas burra como ela é, não fez nada. Deixou tudo para o republicanismo mais idiota que já vi.

      Dos seis votos contra lula, CINCO, ISSO MESMO, CINCO foram nomeados pela dupla. É uma falta de visão de poder sem precedentes na história.

      A esquerda, inocentemente, deixou livres a pgr, a policia federal e o stf, sem falar que não se preocupavam em nada com as nomeações do stj, que foram muitas. Em fim, esqueceram que estavam no governo.

      Ainda tem gente aqui que diz que a dilma não errou. De fato ela não errou , ela foi burra demais para quem lida com o poder.

      A burrice tem limites. O resultado está aí para todos verem.

      O nosso futuro depende das nossas escolhas que foram feitas no passado. Isso serve para vida e para a politica tambem.

    2. Nos EUA tão admirado pela
      Nos EUA tão admirado pela fascistada, parte os ministros da Suprema Corte jamais votam contra quem o indicou….por aqui ha essa hipocrisia do “ministro técnico”….se o povo elege a esquerda para o Executivo, o Judiciário continua sob controle da direita. Os juizes que nao cedem sabem o que lhes pode acontecer nas maos de uma Globo

  4. Será? Desta vez, não sei se

    Será? Desta vez, não sei se concordo com esse texto do Wilson, não. Há subtextos mais potentes que as próprias narrativas. O mito do herói que entrega seu sangue para fecundar o mundo é tão antigo quanto o homem. A óbvia via crucis de Cristo, mas também as lendas mais antigas de KrishnaOsíris e Mitra, entre outras, reforçam esse potente caráter simbólico. 

    Se foi premeditadamente ou intuitivamente, não sei, mas ali, naquele sábado, Lula deixou de ser Luis Inácio e encarnou esse mito de vez.

    Afinal, qual a imagem que está percorrendo o planeta? 

  5. Em 2013 ou 14 não sei, Putin

    Em 2013 ou 14 não sei, Putin perguntou à Dilma se ela levava mesmo a sério essa estória de democracia. Ela não captou o sinal que o líder russo estava mandando. Falta maturidade á esquerda brasileira, estamos muito românticos e idealistas. Há muita gente em nosso meio que ainda não sabe que democracia é um discurso apenas.

  6. Na…

    Eleições Obrigatórias em Urnas Eletrônicas com Biometria. Caso contrário, apenas uma parcela de Déspotas governariam o país. Ainda bem que vivemos algo diferente disto !!! 3 entre 5 Presidentes, impostos por POder Político Ditatorial frente ao resultado das urnas. Um Estado totalmente fora de controle. Totalmente fora da nossa Soberania, governando a partir de NY, Paris ou Lisboa. O Brasil é surreal. E a discussão nacional é se ele ficará pior ou continuará nesta latrina.  

  7. Como o PT vai controlar o

    Como o PT vai controlar o discurso da Globo?

    E a foto do garoto Proner estampada no mundo inteiro não conta?

  8. Aggiornamento

    A direita, no Brasil e no mundo, tem milhares de “Think Tanks”. Sugiro a criação de um Think Tank de esquerda, tendo como membros permanentes o Prof. Wilson e o Dr. Romulus Maya. É necessário que as estratégias sejam propostas por pessoas competentes e atualizadas quanto às armas usadas na atual luta de classes. Precisamos de um completo “aggiornamento” dessas estratégias, caso contrário é pregar no deserto e em latim. Continuar combatendo as sofisticadas estratégias de manipulação de “corações e mentes” (traduzindo para ficar claro: “emoção e razão” ou, ainda: ” ‘sistema límbico’ e ‘neocórtex’ “) com: blogs que quase ninguém lê, panfletagem de rua e ‘deitando falação’ (essa última é velha, não? será que alguém ainda lembra) é o mesmo que enfrentar mísseis hipersônicos com espadas.

  9. Perdeu???

    Não concordo com a cronica. Muitos erros de colocação e de oportunidades aproveitadas pela esquerda não analisadas.

    1. Tão importante quanto

      Tão importante quanto criticar quando necessário é elogiar quando merecido.

      Me parece que Lula ganho, e de lavada, a disputa semiótica sobre sua prisão. Algo ali deve ser elogiado.

  10. A nossa midia so respira
    A nossa midia so respira essas bombas semioticas….aqui um jornal impresso, sucursal da Globo, exibiu uma manchete sobre letras vermelhas afirmando que Lula havia saido da igreja pra prisao….e um detalhe: a foto de da rede de esgoto que se rompeu na cidade….a imagem se referia a outra noticia mas o inconsciente do leitor absorveu o resultado pretendido pelo jornal….

  11. Ruptura para evolução
    Não simpatizo nem um pouco com esquerdista maçom. Sociedades secretas/discretas como rosa cruz, lions, rotary, opus dei e outras, já não combinam quase nada com a esquerda. O espectro político à esquerda é tão manipulado por essas sociedades quanto todo o restante do espectro. Até porque todo o sistema financeiro é controlado pelas elites das sociedades secretas. Não falo sobre anarquia. Estou falando sobre uma ruptura com esse governo paralelo ultraconservador que nos domina. O esquerdista que é temente a Deus e não simpatiza mais com as religiões, deve desfiliar-se dessas sociedades se quiser melhorar o Brasil e o mundo, e procurar um outro jeito de continuar temente a Deus.

     

  12. Perdeu, É?

    Aprendo normalmente com seus artigos, mas nesse a impressão é que foi estruturado previamente em uma direção, que Lula e os resistentes que compareceram e permaneceram junto a ele no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mudaram com garra, coragem e senso de oportunidade, derrotando de goleada o script traçado por Moro, Globo-Marinho e toda a camarilha golpista.

    Tanto é que o símbolo efetivamente significativo e viralizado, inclusive mundialmente, dessa batalha, a foto de Francisco Proner Ramos, sequer foi no artigo mencionada, o que por si só, falando em guerra semiótica, é inexplicável.

    No Brasil, se perguntar a quem tem menos de 35 anos, o que aconteceu na história do Brasil em 7 de setembro, a maioria irá responder não saber.

    Como então associar o 06 de Abril de José Bonifácio a estratégia semiótica golpista, se ninguém sabe quem é José Bonifácio, quanto mais o que fêz, sem contar que Lula deu o drible na vaca e aniquilou a estratégia traçada pelos golpistas, ao não se entregar no dia 06 de abril, em Curitiba, até as 17hs, conforme a simbologia traçada para venderem-no preso, como mero criminoso, vencido, prostrado, derrotado e devidamente trancafiado, com a indulgência dos justiceiros opressores em poupa-lo de algemas e concederem-lhe prisão “luxo”, em comodo com banheiro privativo e sem grades.

    Quanto ao comboio e a ida a Lapa, foi fruto do ‘acaso’, como toda a narrativa semiótica produzida a partir do mesmo, muito distante da ‘elaborada guerra semiótica’ informada no texto, em função da inépcia do comando político no sindicato, sabendo da necessidade de ser feito exame de corpo de delito, não ter exigido que fosse feito no próprio sindicato, antes de se entregar a PF ou liberar-se do mesmo, conforme trâmites legais possíveis, sabendo que seria feito em dependências da PF de São Paulo.

    Que diferente da PF de Curitiba, tinha à sua frente, no momento em que o comboio saiu do sindicato, menos de dez ‘curiosos’, que foram engrosados por mais algumas dezenas, da região, enquanto o comboio se deslocava para lá, conforme informava a TV. 

    É óbvio que sabendo que havia um grande número de manifestantes pró Lula no aeroporto, optaram em leva-lo de helicóptero a Congonhas e talvez mesmo sem exame de corpo de delito necessário, assim procedessem no improviso, conforme a falta de ‘esquema de recepção planejado’ nas dependências da PF na Lapa demonstra, quando comparado ao ‘esquema de recepção’ planejado e montado na PF de Curitiba.

    Resistir até estabelecer-se o confronto desproporcional e, previamente sabido, perdido, quer na força, quer na imagem, seria extremamente negativo ou se pensa que finda a ‘batalha’ (bagunça, bandalheira, desordem, depredação, conforme a mídia monopólio ao ordeiro ‘cidadão de bem’ e ‘pai de família’), não teríamos a imagem de Lula, acompanhado por alguns ‘notáveis’ ou não, resistentes (bagunceiros, desordeiros, black blocs, para o telespectador), sujos, descabelados, algemados e sem camisas?      

    Finalmente, o evento da ‘missa-comício’ marcou a imagem da batalha, sintetizada na citada e viralizada foto de Proner, enquanto o ‘puteiro’, encimado pelas imagens de Moro e ‘Benta Carneiro’, como contraponto, escancara quem venceu a batalha semiótica da prisão, planejada e não obtida, ao gestar, ao fim da batalha o agendamento da próxima: LULA LIVRE! 

    Se há dúvida quanto a reversão do pretendido, ‘Lula, criminoso preso’, para ‘Lula, preso político’, basta observar o desespero midiático a partir da cobertura na PF de Curitiba, ao fazerem com que os ‘jornalistas’, reportando e comentando, a cada entrada e duas frases, repetissem que Lula estava sendo preso por ter sido condenado por apartamento recebido em transações complexas de lavagem de dinheiro junto as empreiteiras e por aí seguia a pretensa catequisação dos telespectadores, em busca do discurso mais que certamente perdido. 

    LULA LIVRE!

     

  13. Lula Vive, Luta que Segue…
    Nassif, parece que os golpistas contrataram as carpideiras para celebrar o fim do Lula com um certo atraso. Só hoje surgiu essa história de que o cortejo que o trouxe do ABC para a Lapa foi saudado por panelaço de regozijo e um orquestrado acende-apaga das luzes domésticas por onde passou, através da Record News. Aqui em Perdizes, como já havia observado, não houve manifestação de paneleiros, muito menos esse pisca-pisca comemorativo. Houve um foguetório discreto no início da noite na Pompéia e Vila Romana, mas como estávamos na véspera de Palmeiras versus Corinthians – em que os foguetes estrugem o tempo todo – estranhei sua curta duração. Da mesma forma, mesmo quando a TV anunciou que Lula estava na sede da PF na avenida Marquês de São Vicente nada houve; muito menos ao longo do cortejo, caso contrário a cobertura da Globo teria aberto e fechado o JN com essas imagens, por ter acompanhado toda a operação sempre do alto (principalmente no ABC, claro). O mesmo ocorreu em Higienópolis, Brooklin e Morumbi, aonde moram meus filhos e amigos atentos ao comportamento coletivo. Pelo contrário, observei no domingo e hoje um constrangimento generalizado, quebrado apenas pela manifestação do cardeal-arcebispo em repúdio à missa que não houve, já que o culto fúnebre de dona Marisa Letícia contou com a presença de representantes de várias religiões, mas o que esperar desse dom Odilo Scherer que apoiou João Agripino Dória e sua ração para pobres e é da Opus Dei professada por Alckmin e sabe-se lá quem mais – o que o levou a perder a eleição papal no conclave de cardeais de 2013 para o argentino Jorge Bergoglio, nosso festejado papa Francisco. Voltando ao começo, confesso que a toda hora esbarro em cyber-carpideiros e carpideiras na webb, declarando Lula morto e defendendo os sucessores que lhes pagam como os romanos pagavam quem mostrava seu prato copioso e choro lancinante para defuntos afortunados que nem ao menos haviam conhecido em vida. O cyber-carpir é recheado de prognósticos sombrios caso não substituamos Lula por Cyro e outros sacripantas, dizem que as brenhas das urnas infernais vão nos brindar com Bolsonaro e demônios similares, numa pressa e açodamento condizente com o velho adágio “Operário morto, Operário Posto” – opa, desculpe o lapso, mas é que ainda guardo na lembrança a comentarista Cristiana Lobo estranhando que a PF não tenha humilhado e ridicularizado Lula e que este – ao contrário do que está sendo dito aqui – esteja mais vivo do que nunca, imortalizado em imagens que o mostram nos braços e ombros da multidão entoando ser ele guerreiro do povo brasileiro. Isso posto, sem querer ser enxadrista, creio que querem encerrar a partida em andamento jogando o tabuleiro ao chão, motivo pelo qual conto contigo para salvarmos o peão. Lula,vive, luta que segue!

  14. Repense, Wilson

    Dessa vez discordo completamente.

    O Lula foi genial.

    Por falar em mitos e sincronismos, professor, veja essas duas imagens:

    Resultado de imagem para imagem Lula proner ramos

    Imagem relacionada

     

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