“Saída de Dilma é o fim de um transformador período de 13 anos”, diz NYT

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Logo do resultado do impeachment nesta quarta-feira (31), o New York Times publicou seu editorial dedicado à política brasileira. No texto “A presidente brasileira deposta“, o jornal norte-americano reproduziu trechos do discurso de Dilma Rousseff em que ela denunciava quem está por trás de sua queda, mencionou a possibilidade de golpe e fez cobranças à Michel Temer.
 
“A saída de Dilma marca o fim de um transformador período de 13 anos liderado pela esquerda, o Partido dos Trabalhadores, que usou receitas públicas geradas pelo boom de commodities para tirar milhões de pessoas da pobreza, mas perdeu apoio quando a economia entrou em recessão nos últimos anos”, resumiu o artigo.
 
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O diário americano destacou que os motivos que fizeram com que senadores votassem “esmagadoramente” pela acusação de Dilma, como o uso de fundos de banco estatal, foram “truques orçamentários semelhantes aos usados por alguns de seus antecessores”.
 
Para NYT, o discurso de Dilma Rousseff foi “duro” e fez das palavras da ex-presidente a frase para concluir que “será uma vergonha ser a história a provar que ela está certa”. Citou a caracterização dada por Dilma ao processo como “um golpe” de “adversários políticos que a viam como uma ameaça, porque ela não paralisou uma investigação de corrupção que envolvia dezenas de membros da classe dominante do país”.  
 
“Dilma prometeu lutar contra o que ela descreveu como uma tentativa de uma coalizão de políticos do sexo masculino de direita, manchados por alegações de corrupção, para sequestrar o processo político”, escreveu o jornal.
 
O editorial cobrou de Michel Temer que ele permita a continuidade das investigações sobre corrupção e “rejeite iniciativas legislativas que se destinam a desarmar investigadores”.
 
Ao mesmo tempo que elogiou a reação positiva do mercado com os planos econômicos de Temer, “incluindo as privatizações de estatais e a reforma no sistema de pensões inchado do país”, deu o recado ao novo presidente: “deve ser criterioso na retomada do crescimento de programas sociais que fizeram o Partido dos Trabalhadores popular”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. As Olimpíadas do Rio, obra de Lula e Dilma

    Marcaram de forma espetacular e brilhante o fim (temporário) do ciclo trabalhista de poder no Brasil, golpeado por uma eleição indireta à revelia da Constituição.

    A Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio mostraram ao mundo o país incrível que sonhávamos um dia ser.

  2. De volta ao passado

    Pelo que tudo indica, o “país de todos” voltará a ser o “país de uma pequena minoria” de especuladores, agiotas, corruptos e retrógrados. País onde o pobre come arroz, feijão, farinha e pão, onde os gangsters, mafiosos, canalhas estão no poder, onde o trabalhador tem o direito de permanecer calado, onde “não basta ser bom, tem que ser o melhor” para ter emprego, onde os salários são de fome e coroneis e clãs usufruem das regalias enquanto exploram seus serviçais. Triste país com essa corja no poder, sinal do subdesenvolvimento.

    1. Disse o óbvio

      O NYT escreveu com a neutralidade de quem já não tem mais nada a ver como nosso processo político, ao contrário do que acontecia nos tempos da guerra fria. Reconheceu as conquistas da era petista, que são evidentes, bem como reconheceu que o apoio ao governo petista cessou porque cessou o bom momento da economia, sem repetir as teorias conspiratórias de PIG ou da CIA querendo o pré-sal etc. etc. O povo não quis mais o PT porque o PT parou de conceder melhoras no padrão de vida da população. Quanto tempo ainda vai levar para que vocês reconheçam uma coisa tão simples assim?

  3. Folha, esgoto

    Enquanto isso, alguns lacaios colunistas da Força Serra Presidente parace cadela no cio, tamanha é a torcida pelos sucesso do sujo governo golpista do Termer.  Já Já o  Josias de Souza terá um orgasmo. 

  4. Editoriais do NYT, El País,

    Editoriais do NYT, El País, Le Monde e Guardian? Para que ler esses jornalecos? O grande, sua estatura moral é parecida com sua metragem, Michel só lê os editoriais edificantes de nossa gloriosa imprensa brasileira.

    Lá ele leu, no mais revolucionario deles, o Globo que o impeachment foi uma lição aos bolvarianistas do lulopetismo. Lição de que eu não sei. Seria de que “a ralé tem que aprender o seu lugar”, ou coisa parecida.

    PS: Meu pai diz que leu um trecho em que o funcionário dos Marinho chama a “revolução” do Michel de “redentora”. Mas ele não tem certeza, talvez tenha sido em outra alguns anos atrás 

  5.  
     É  G O L P E  S I M !   C

     

     É  G O L P E  S I M !   C A N A L H A S !

    Finalmente o país está entregue a uma gangue que deixa o pessoal do crime organizado privado com as faces rubras de tanta vergonha. Imagino o que anda a pensar o “pecuarista” Fernanadinho Beira Mar, homem acostumado a tratar com bandidos de palavra.

    Imagine um profissional da contravenção, ao observar as práticas do crime organizado chapa-branca. Suas trapaças, golpes traiçoeiros, passíveis de atropelar a própria mãe. Os homens do crime devem ficar chocados com o mau-caratismo dos canalhas de colarinhos brancos. Cabras desprovidos de quaisquer resquícios éticos ou morais. Uns canalhas!  Desqualificados e golpistas!

    Orlando

  6. Nós  devemos sempre aprender

    Nós  devemos sempre aprender com os próprios erros. Em vez de falar da esquerda brasileira , vamos substitui-la pela  classe trabalhadora , tem seu contra-cheque descontado impostos dos mais diversos , serviços publicos de pouca qualidade e agora sua  representatividade política foi retirada por um golpe . Já foi dito  que os governos do PT de Lula a Dilma foram os mais desprotegidos da história . Mas a historia dos governos trabalhistas no poder político sempre foram trágicas . Vargas , Jucelino e Jango foram tolerados por um periodo , mas quando a elite percebe que a divisão de poder vai acentuando com a diminuição da desigualdade social , vem o corte com o esfarelamento democrático e o afastamento  da ameaça que causa perda maior da fatia de poder. É importante refletir  sobre este passado e dito isso deveríamos ter criado mecanismos políticos , juridicos e fortalecimento da opinião popular para criar um enorme muro para impedir o retrocesso que estamos vivendo atualmente. O que será que os intelectuais brasileiros devem estar pensando agora ? teremos que começar a luta para recuperar toda esta perda de nossa democracia do zero ?

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