O grande Bill Duncan

Atualizado

O melhor ambiente de trabalho que encontrei foi no Jornal da Tarde de fins dos anos 70. Uma turma talentosíssima, companheira, criativa. Depois do fechamento, o Bar do Alemão era parada obrigatória.

Dentre todos os colegas, nenhum foi mais querido que Bill DUncan, o boa praça geral. Sempre afável, companheiro, bom de copo e de papo.

Depois de sair do Jornal da Tarde foi trabalhar no Prêmio Esso. Muito me honrou seu convite para ser do juri dos 50 anos do Esso.

Bill era um dos editores que tinha nas veias o padrão gráfico do JT, implantado pelo Murilinho.No Jornal da Tarde coube a ele dar a forma gráfica ao meu projeto do Jornal do Carro.

Fico sabendo que faleceu ontem. Mesmo com pouco contato, sempre que dois colegas do JT se encontravam, a primeira pergunta era sobre onde andava Bill Duncan. E o primeiro compromisso era acertar uma rodada quando Bill estivesse por São Paulo.

Por ANTONIO CARLOS FON

Nassif,

fiquei sabendo da morte do Bill Duncan pelo Carlinhos Bricknann, hoje de manhã e pedi-lhe que, se tiver contato, diga à sua família o quanto sentimos. Para nós, da geração anterior à sua no JT, que vivemos os anos de chumbo da ditadura, de 1968 a 1974, na redação do JT, o Bill é muito mais do que isso. O Bill era a voz da razão.

OK, vamos lá. Naquela época, do AI-5, do censor na redação do JT, do enfrentamento do Estadão?JT com o governo – o único veículo de comunicação que realmente se opôs à ditadura – quem era o editor de política do JT? O Bill.

Me espanta – no JT daquela época, ninguém escreveria espanta-me. E nçai que não conhecesse gramática – saber que ele era apenas três anos mais velho do qu eu. Foi graças a seu equilíbrio entre a coragem quase suicida com a sensatez mais comezinha que o JT atravessou aqueles anos de resistância.

Mas para nós, os frequentadores do Picardia – e aí a lista é tão grande que é impossível não eswuecer alguém: Marco Antonio Menezes e Flávio Márcio, Meg e Peg; Maisa e Marsie, Tico e Teco; Cláudia Barista, hoje monja budista; Inajar de Souza, o Cafa; Moacir Bueno, Zé do Boné; Percival de Souza, o Tira; Alberto Helena Jr., Vital Bataglia, Pedrinho Auitran, Carlinos Brickmann, Rolf Kuntz, Anélio Barreto, João e Humberto Werneck, Sandro Vaia, Roberto Avallone. João Carlos Castilho de Andrtade, Eduardo Borgonovi, o Castor, Sandrinha Abdalla, Kleber de Almeida, Moisés Rabinovitch, Randau Marques, Valdir Sanches, Sérgio Rondino, Fernando Portela, João Vítor Strauss, Valéria Zamboni… tanta, tanta gente…

Pois é, para todos nós, o Bill Duncan era a voz da ponderação também em questões que iam das finanças, às coisas do coração.

Se eu tivesse que definir o Duncan em uma palavra, eu não teria nenhuma dúvida: sábio.

E ele era apenas três anos mais velho que eu…

Eu gostaria muito que seus filhos e netos soubessem o quanto ele foi importante para este país e para nós que convivemos com ele.

E. como nós diríamos naquele tempo, para seu levantar divertido de sobrancelhas: É isso aí bicho…

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Morre jornalista que
    Morre jornalista que respondeu por anos pelo Prêmio Esso de Jornalismo

    Da Redação

    Guilherme José Duncan de Miranda, mais conhecido como Bill Duncan, morreu, aos 66 anos, depois de uma luta de seis anos contra o câncer. Ele trabalhou no Prêmio Esso desde que assumiu a gerência de Comunicação da Esso até se tornar sócio da RP Consultoria, que cuidava da divulgação e realização do evento.

    Nascido em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, estudou Jornalismo na Faculdade Casper Líbero, em São Paulo. Apesar da escolha da área jornalística como profissão, seu primeiro emprego foi num escritório de Arquitetura. Trabalhou na sucursal do Jornal do Brasil em São Paulo e depois foi contratado pelo O Estado de S.Paulo, onde ficou por 24 anos. O jornalista chegou a participar da fundação do Jornal da Tarde. Voltou ao Rio para assumir o cargo de redator-chefe na sucursal do Estadão.

    Em 1989, assumiu a gerência de Comunicação da Esso. Foi ele quem implantou as categorias de Criação Gráfica, em 1995.

    Em 2002, tornou-se sócio da RP Consultoria, que realiza serviços de assessoria de comunicação para clientes como a própria Esso, Sindicom, Instituto Brasileiro de Gás (IBP, ThyssenKrupp CSA, CEL-COPPEAD), entre outros.

    “O Bill era um profissional extraordinário, com um texto primoroso. Quem vive nessa área de comunicação sabe que muitas vezes somos sacudidos por vários vendavais. Além de ser um amigo, como profissional foi um companheiro extraordinário. Nos momentos difíceis, tinha a palavra ponderada, tinha essa capacidade de acalmar as coisas e você passava a ver tudo com mais clareza. Nos últimos anos que ele se dedicou ao prêmio, foi responsável pela introdução das categorias Criação Gráfica.

    Achava que o prêmio tinha bagagem suficiente para reconhecer não só as reportagens mas para conferir premiações a pessoas que valorizam o trabalho do jornalista, apresentar graficamente aos leitores esse mesmo trabalho. Hoje essas categorias respondem por mais de 30% do número de inscrições”, destaca Ruy Portilho, sócio de Duncan na RP.

    Ele deixa mulher e três filhos. Seu corpo será enterrado nesta quarta-feira a partir das 16h no Cemitério Campo da Paz, na Estrada do Capão, 773 – Parque São Benedito, Campos dos Goytacazes.

    http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D50880%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D32411881089%26fnt%3Dfntnl

  2. Nassif,
    Orgulhoso de ter
    Nassif,
    Orgulhoso de ter também sido colega e amigo de Bill Duncan naquele celeiro de talentos que era o JT da década de 70, solidarizo-me com a família pela grande perda.
    Ah que saudades do jornalismo brasileiro naquela época.

  3. Nassif,

    fiquei sabendo da
    Nassif,

    fiquei sabendo da morte do Bill Duncan pelo Carlinhos Bricknann, hoje de manhã e pedi-lhe que, se tiver contato, diga à sua família o quanto sentimos. Para nós, da geração anterior à sua no JT, que vivemos os anos de chumbo da ditadura, de 1968 a 1974, na redação do JT, o Bill é muito mais do que isso. O Bill era a voz da razão.
    OK, vamos lá. Naquela época, do AI-5, do censor na redação do JT, do enfrentamento do Estadão?JT com o governo – o único veículo de comunicação que realmente se opôs à ditadura – quem era o editor de política do JT? O Bill.
    Me espanta – no JT daquela época, ninguém escreveria espanta-me. E nçai que não conhecesse gramática – saber que ele era apenas três anos mais velho do qu eu. Foi graças a seu equilíbrio entre a coragem quase suicida com a sensatez mais comezinha que o JT atravessou aqueles anos de resistância.
    Mas para nós, os frequentadores do Picardia – e aí a lista é tão grande que é impossível não eswuecer alguém: Marco Antonio Menezes e Flávio Márcio, Meg e Peg; Maisa e Marsie, Tico e Teco; Cláudia Barista, hoje monja budista; Inajar de Souza, o Cafa; Moacir Bueno, Zé do Boné; Percival de Souza, o Tira; Alberto Helena Jr., Vital Bataglia, Pedrinho Auitran, Carlinos Brickmann, Rolf Kuntz, Anélio Barreto, João e Humberto Werneck, Sandro Vaia, Roberto Avallone. João Carlos Castilho de Andrtade, Eduardo Borgonovi, o Castor, Sandrinha Abdalla, Kleber de Almeida, Moisés Rabinovitch, Randau Marques, Valdir Sanches, Sérgio Rondino, Fernando Portela, João Vítor Strauss, Valéria Zamboni… tanta, tanta gente…
    Pois é, para todos nós, o Bill Duncan era a voz da ponderação também em questões que iam das finanças, às coisas do coração.
    Se eu tivesse que definir o Duncan em uma palavra, eu não teria nenhuma dúvida: sábio.
    E ele era apenas três anos mais velho que eu…
    Eu gostaria muito que seus filhos e netos soubessem o quanto ele foi importante para este país e para nós que convivemos com ele.

    E. como nós diríamos naquele tempo, para seu levantar divertido de sobrancelhas: É isso aí bicho…

  4. O Jornal da Tarde não é o que
    O Jornal da Tarde não é o que o PHA diz ter colaborado com a ditadura? Ele diz que isso está no livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir. Não há post em que ele fale da Folha sem se referir a isso. No Azenha, também há uma entrevista com a escritora falando dessa cumplicidade entre o jornal e os milicos.

    Folha da Tarde, do grupo Folhas. O JT era do grupo Estado.

  5. Amigos do Bill,

    Papai era
    Amigos do Bill,

    Papai era tudo isso.,sábio, generoso, guerreiro e muito carinhoso. Fico feliz em saber tanto sobre ele, pois nunca falava muito.. e como ele foi feliz por ter amigos de verdade.
    Obrigada pelo apoio.
    Abraços a todos em nome de minha mãe Claudia e de meus irmãos José Vicente e Guilherme José.

    GIna Elisa

  6. Amigos, já foi dito aqui que
    Amigos, já foi dito aqui que o Bill era um sábio. Pois quero contar um episódio trivial, mas revelador.
    Eu era subeditor dele na editoria de Política do Jornal da Tarde, ainda nos tempos da Major Quedinho.
    Acredito que todos aqui conheceram ou sabem como era o Murilo Felisberto, então redator-chefe do JT. Falo apenas de uma das facetas de sua personalidade: a tendência para o humor, as frases de efeito, as fofocas – as brincadeiras, enfim. E o seu horror aos problemas, aos dramas do cotidiano, a tudo aquilo que era a negação do que disse acima. Acrescento: não vai aqui crítica alguma ao Murilinho.
    Pois eu estava precisando de um aumento salarial e falei com o Bill. Só que quem decidia isso era o Murilo, e apenas ele. Eu mesmo testemunhei uma ocasião em que ele passou pela mesa do Percival de Souza e avisou: “Perci, você vai notar no seu holerite um pequeno aumento neste mês”.
    O Bill, então, me aconselhou:
    “Barreto, vá lá e fale com o Murilo. Mas não diga que você quer um aumento porque seu aluguel subiu ou qualquer coisa desse tipo. Diga que quer o aumento para poder beber um uísque melhor, frequentar o Padock e outros restaurantes desse nível”.
    Fui lá e fiz exatamente o discurso que o Bill programou. Murilo ouviu sério, abriu um largo sorriso – e me deu o aumento.

  7. Hoje está fazendo 2 meses.
    Hoje está fazendo 2 meses. Obrigada pelo carinho de todos. Tive uma boa notícia hoje, papai vai ser homenageado dia 26 de maio de 2009 durante a solenidade de anúncio dos vencedores do Premio INCA – Ary Frauzino de Jornalismo. Papai ajudou a construir esse premio, toda a concepção, desde o layout até o regulamento. A Regina trabalhou com ele no ESTADÃO e faz parte da Comunicação do INCA, ela que está organizando.

    Um abraço em você e em toda sua família, Gina.

  8. muito boa tarde, meu nome é
    muito boa tarde, meu nome é pedro jair cardoso, nao consegui encontrar no google nada que falasse de randau marques, se ele está vivo ou morto.
    fui ecologista na época da eletronorte e acompanhava-o em suas incriveis investigações
    tambem contatei a OIKOS que ele fundou com o ex-deputado fabio feldman (eu estava com o fabio na epoca da morte de sua mae)
    gostaria de saber do paradeiro do randau e, se ele se foi, como foi isso?

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