O livro A Imagem da Mulher na Mídia

Sugerido por ANTONIO ATEU

Do Teoria e Debate

Imagem da mulher e regulação da mídia

Suley Oliveira

O livro A Imagem da Mulher na Mídia: Controle Social Comparado, de autoria da psicóloga e pesquisadora Rachel Moreno, faz um passeio bem construído sobre a legislação nos países onde há um controle social da imagem da mulher nos meios de comunicação, avaliando os maiores avanços em relação ao tema e, no Brasil, os impasses gerados em relação a esse tipo de regulamentação.
 
No primeiro capítulo, a autora analisa brevemente como a mulher tem sido tratada nos meios de comunicação do país, faz uma crítica ao que vemos na TV como imagem feminina, na qual se reproduzem estereótipos e preconceitos, além da imposição de determinados padrões de beleza. Trata ainda da violência na mídia e da invisibilidade seletiva à qual as mulheres estão submetidas cotidianamente.
 
Rachel Moreno faz também nesse capítulo um balanço da legislação brasileira em relação ao tema, a partir das políticas declaradas e dos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário em relação à igualdade entre os sexos e à valorização da mulher. Para cada um deles, apresenta as medidas a serem adotadas pelo governo para promover o empoderamento das mulheres, elevar sua autoestima e incorporar a perspectiva de gênero nas políticas públicas e nos programas.
 
No segundo capítulo, o livro traz parâmetros e paradigmas sobre a discussão mulher e mídia no mundo, enfatizando os impactos e as consequências dos estereótipos na formação da subjetividade e da autoestima das mulheres. Constata que as imagens dirigidas às jovens e às mulheres nos meios de comunicação não refletem os reais avanços alcançados por elas nos mais diversos países.

 
A autora descreve as diversas situações em que os estereótipos de gênero contribuem para uma imagem negativa e fora da realidade das mulheres. Para Rachel Moreno, os meios de comunicação têm forte influência na formação da cultura e, portanto, é também sua responsabilidade promover a equidade entre os gêneros, para uma sociedade democrática, igualitária e inclusiva.
 
A imagem da mulher na programação das mídias – TV, internet, imprensa escrita – é o tema do terceiro capítulo do livro, e a autora destaca o Canadá em função de sua trajetória diferenciada em relação aos demais países investigados. No mesmo capítulo, fala sobre os observatórios de mídia, frisando os desafios, as características e as limitações de se fazer o controle social sem poderes legais para ir além de detectar problemas e criticar. Sintetiza a avaliação da história da evolução, a função e desafios que se colocam para os observatórios de mídia em três países da América Latina, México, Nicarágua e Peru.
 
No quarto capítulo, o livro apresenta uma discussão sobre o Plano de Ação Prioritário na Igualdade de Gênero 2008-2013, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Esse importante documento, segundo a autora, fornece um “roteiro” para traduzir os ideais da entidade para tornar a igualdade de gênero nas atividades operacionais uma realidade e obter resultados dentro desses seis anos. Destaca, ainda, pontos do plano com dicas importantes para jornalistas evitarem os estereótipos sexistas na mídia, como elaborar notícias com sensibilidade nas questões de gênero, e dedica algumas páginas ao tratamento a ser dado às notícias sobre violência, especialmente, contra a mulher.
 
A legislação sobre controle da imagem da mulher na mídia nos países pesquisados é muito bem descrita no quinto capítulo, no qual a autora intercala  informações sobre leis, normas tratados e convenções para a igualdade entre mulheres e homens, tais como: Código de Ética, Conselho Nacional de Rádio e TV, regulação de serviços de comunicação audiovisual, regulação da comunicação, leis sobre proteção da vida privada, Rede Mulher Educação. A maior parte é bem detalhada, com links e comentários. Foram investigados: México, Peru, Argentina, Nicarágua, Chile, Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Itália, Espanha, Suécia, Inglaterra e França.
 
Nas considerações finais, Rachel aborda pontos fundamentais para a questão central do livro, a imagem da mulher na mídia. Pontua a defesa da liberdade de expressão e a influência social dos meios de comunicação, o quarto poder – os meios de comunicação, a questão da concessão pública dos meios de comunicação, a violência de gênero, o respeito aos direitos humanos das mulheres, políticas públicas relacionadas à mídia. E termina com a esperança de que um dia “sejamos todos e todas livres, iguais, respeitados e respeitadas, informados e informadas e felizes, vivendo em harmonia numa planeta sustentável”.
 
Com linguagem acessível, simples e ao mesmo tempo embasada tecnicamente, a autora consegue atingir seus objetivos. Faz um levantamento sobre a situação mulher e mídia no Brasil, reflete sobre os parâmetros da discussão no mundo e apresenta os resultados da pesquisa sobre legislação e regulação da mídia nos treze países investigados. A Imagem da Mulher na Mídia: Controle Social Comparado é não apenas uma contribuição para estudantes e profissionais de comunicação ou para subsidiar militantes dos movimentos sociais, mas também um livro inspirador que aborda novos e velhos temas com um olhar cheio de esperança da pesquisadora militante Rachel Moreno.
 
Suely Oliveira é feminista, psicóloga e mestranda em Psicologia (UFPE) 

 

Redação

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