Por Zeca Peixoto*
Publicidade de colégios particulares deveria ser legislada. Invariavelmente, instituições de ensino vendem seus serviços como produtos associados ao “sucesso” futuro dos estudantes.
Mensagens direcionadas aos pais projetam nesses jovens a “conquista”. Bebês fantasiados de médicos com estetoscópios pendurados, crianças vestidas de togas ou com capacetes de engenheiros, entre outras cretinices.
A formação do cidadão é o que menos importa. O que se deseja comunicar é muito claro. Vale o que o estudante materialmente pode adquirir mediante carreiras tidas como nobres. Roteiro extensivo às peças de publicidade informando que a escola X, Y ou Z aprovou tantos alunos na universidade A, B ou C. Quando não, os próprios discentes servem de personagens com suas cabeças raspadas indicando o início da pródiga trajetória. Afirmação de valores passados de pais para filhos. Numa dessas peças, ainda veiculando nas ruas de Salvador, a imagem de uma mãe branca e loira abraçando o filho branco e de cabelos claros.
O texto faz a seguinte pergunta: “O que você espera ser no futuro?”. A resposta é: “realizada”. Sim, a realização é da mãe e não da criança. Mais patético, impossível.
Fico a indagar: que contribuição estas instituições de ensino podem dar para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática? Será que o apelo ao exacerbado individualismo coaduna com uma proposta séria de educação?
*jornalista, mestre em História Social, pesquisador de História da mídia e blogueiro
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