Os inimigos da velha mídia

Por Adriane Batata

Da UOL

No dia da liberdade de imprensa, ONG lista 40 “inimigos” do jornalismo

Do UOL Notícias
Em São Paulo

A organização não-governamental internacional Repórteres Sem Fronteiras divulgou nesta segunda-feira (3), dia internacional da liberdade de imprensa, seu relatório anual com os “inimigos” dos jornalistas. No levantamento, a ONG lista 40 indivíduos ou organizações “poderosos, perigosos, violentos e acima da lei” que tratam a imprensa como um inimigo e promovem ataques diretos a jornalistas.

O relatório não lista nem indivíduos, nem organizações brasileiras como inimigos da imprensa. Também não está listado o presidente venezuelano Hugo Chávez, sobre quem pairam acusações de impedir o trabalho da imprensa ao não renovar concessões a redes de televisões e ordenar o fechamento de veículos.

Muitos dos que foram citados no ranking já estavam na lista da ONG no ano passado. Na América Latina, não há mudanças sensíveis, e as quatro principais fontes promotoras de ameaças e de atos de violência contra jornalistas permanecem as mesmas: os traficantes de drogas mexicanos, a ditadura cubana, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e grupos paramilitares também colombianos, segundo os critérios do Repórteres sem Fronteiras.

Em comparação com o relatório do ano passado, a África sofreu algumas alterações, mas as mudanças mais substanciais ocorreram em os países da Ásia. Na Somália, saiu da lista o antigo chefe da inteligência do país Mohamed Warsame Darwish –demitido em dezembro de 2008–, autor de ataques pesados à imprensa e mandante de detenções arbitrárias de jornalistas e execuções a profissionais da imprensa, segundo a ONG.

Na Nigéria, o relatório divulgado hoje incluiu o chefe do Serviço de Segurança Ogbonna Onovo, que, de acordo com a Repórteres Sem Fronteiras, incentiva a polícia a usar a violência contra os jornalistas e impede o acompanhamento de operações.

Já no Iraque, a ONG avalia que a situação do jornalistas está melhorando lentamente e que a violência afeta mais a população em geral, do que os profissionais de imprensa em particular. Por esta razão, a organização retirou grupos islâmicos iraquianos do relatório deste ano.

No entanto, entrou na lista deste ano o presidente iemenita Ali Abdulah Saleh, acusado pela entidade de aumentar a repressão por meio da criação de um tribunal especial para crimes de imprensa e incentivar a perseguição a uma dezena de jornalistas, numa “tentativa de impedir a cobertura da guerra suja travada no norte e no sul do país”.

As Filipinas foram incluídas na lista deste ano como país perigoso aos jornalistas após o massacre de 30 jornalistas na província de Maguindanao, em 23 de novembro de 2009, por milícias particulares. Para a ONG, houve falta de vontade política do governo local para julgar e punir os responsáveis pelas chacinas.

Também foi incluído à lista o líder taleban Mullah Omar, cuja influência se estende pelo Paquistão e Afeganistão. O líder, afirma a Repórteres sem Fronteiras, dirigiu sua guerra santa também à imprensa, ao ordenar 40 atentados contra jornalistas e empresas midiáticas.

Ramzan Kadyrov, o presidente da República russa da Chechênia, foi incluído por impor um “regime de terror” na região. Segundo a ONG, ele estaria envolvido na morte de Anna Politkovskaya, em 2006, e Natalia Estemirova, em 2009, duas jornalistas críticas ao seu governo.

O material da campanha publicitária da Repórteres Sem Fronteiras pela liberdade de imprensa tem ilustrações do líder norte-coreano Kim Jong-il, do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, e do chefe de Estado líbio, Muammar Kadafi. Os três também foram listados entre os inimigos da imprensa no mundo.

Lista pode ser consultada em : http://en.rsf.org/

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador