Pimenta no dos outros… por Sérgio Saraiva

A Folha e a dura educação pela pedra… pela pedra na vidraça

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por Sérgio Saraiva

O texto da ombudsman da Folha de São Paulo de 11 de setembro de 2016 retoma a saudável postura de ser crítico em relação ao jornal. Nos últimos tempos, raramente tem sido assim, ainda que essa devesse ser a regra.

Critica a postura do jornal que no editorial “Fascistas à solta” clamava por maior repressão aos manifestantes dos atos “Fora Temer”.

“A credibilidade da Folha é seu maior capital. Independentemente da sua opinião, não pode jamais deixar que seja rompida a separação entre a opinião dos editoriais e as páginas noticiosas”.

Como recorda a ombudsman:

“No dia seguinte [31 de agosto], data em que o Senado aprovou o impeachment, vários atos foram realizados em cidades brasileiras. Por volta das 21h, parte dos manifestantes tentou invadir o jornal e pichou a palavra golpista no portão do prédio. “Black blocs” arremessaram pedras e quebraram vidraças”.

Identificada como golpista, a Folha reagiu “temerariamente” pedindo mais repressão, borracha no lombo dos que assim a chamavam. É contra essa postura que se coloca a ombudsman no artigo com o sugestivo e adequado título de “No papel de vidraça”.

Se a postura da ombudsman é acertada, sua leitura dos fatos, contudo, não o é.

“É necessária a condenação firme, serena e inequívoca de atos que atentam contra o direito à informação. É chocante ver um jornal como a Folha sofrer tal ataque”.

De onde a ombudsman tirou a conclusão de que os manifestantes tinham como intenção tolher o direito à informação” de quem quer que fosse?

Quando a Folha publica uma “pesquisa de opinião” onde transforma os 62% da população brasileira favoráveis a novas eleições em 3% e no lugar dos 70% de reprovação a Temer encontra metade dos brasileiros o apoiando, é ela que está atacando o direito à informação.

Nas palavras da própria ombudsman, está permitindo que seja rompida a separação entre a opinião dos editoriais e as páginas noticiosas. 

Quanto à violência em si, outro acerto e outro erro de interpretação.

“O direito de manifestação não inclui ações violentas de intimidação e depredação. Tenha origem em forças policiais ou em grupos minoritários de manifestantes, a violência não é aceitável ou justificável”.

Faltou a ombudsman, no entanto, lembrar que o incentivo à violência e mesmo o seu elogio, por mais de uma vez, ocuparam espaços nobres nas páginas da Folha.

Para que não se percam pela memória, em 04 de junho de 2015, no artigo “Síndrome do restaurante cheio”, comentando as várias agressões sofridas por petistas, a Folha pontuou: protestos desse tipo fazem, sim, parte da democracia, assim como os aplausos e elogios”.

Eram agressões, mas o que recomendava a Folha às vítimas?

“Como ensinam os artistas, jogadores de futebol e celebridades “BBBs”, gorro, peruca e óculos escuros são extremamente úteis para quem não deseja ser reconhecido em local público”.

Escárnio.

Não era a primeira vez, infelizmente a Folha fazia escola, em 25 de fevereiro de 2015, no artigo “Começar de novo” a Folha enxergou agressões iguais sofridas por Guido Mantega no Hospital Albert Einstein como “a real preocupação de uma parcela cada vez mais ampla da sociedade com a ética”.

“White blocs” saídos da massa cheirosa.

A ombudsman sabe: “destemperos maniqueístas, não importa de que lado venham, não contribuem para o bom jornalismo”.

Lamento apenas que tenha sido necessário tornar-se vidraça para ter compreendido.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia – um lugar onde se mata a cobra com o pau que dá em Chico.

Redação

4 Comentários

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  1. Eu ainda prefiro você só com

    Eu ainda prefiro você só com a roupa do corpo quando aqui aportou.Uma das armas mais letais que o individuo carrega é a boçalidade.Aloisio Mercadante,Ruy Castro e Luiz Felipe Pondé estão aí para provar minha tese.Sem nenhuma especie de intromissão,pois sei que é do bem,faça uma reciclagem e volte as origens.Seus amigos de tempos idos e vividos,penhoradamente agradecerão

  2. Desculpe-me,é que esqueci-me

    Desculpe-me,é que esqueci-me de Affonso Romano de San’tanna,de quem você se tornou fã ardoroso.Ministro da Cultura de Aecio,antes de eleito e de tomar posse,mutiplicou por 10 a boçalidade.

  3. Verifique se a razao nao me

    Verifique se a razao nao me acolhe.So eu a lhe prestigiar,ainda assim relevando a agressao gratuita que fez a um familiar meu.Ou se recicla e retorna as origens humildes quando aqui chegou,ou tera a triste companhia do remorso.

  4. Certo esta o bigodudo Olivio

    Certo esta o bigodudo Olivio Dutra que ate hoje carrega,literalmente,as sandalias da humildade,quando assegura peremptoriamente que o maior erro do PT,ai incluido ate Lula,foram terem se metido e se lambuzado na conversa facil de pessoas desclassificadas e desprovidas de carater.Affonso Romano de Sant’anna e Ruy Castro,teem uma obra a exibir,e legados literarios a deixarem.E dos seus comportamentos vil e carater de natureza latrinal dizer o que?Traidores,maus carater,inconfiaveis e apodrecidos pelo sucesso facil e o dinheiro adquirido de procedencia duvidosa.Que lhe sirva de exemplo,como esta servindo a todos aqueles que se desviaram do seu caminho em busca despudorada de 15 minutos de fama.

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