Publicidade Infantil: quem poderá nos defender?

Autor: FFrajola

Ganha espaço novamente a questão sobre a publicidade destinada ao público infantil. Com a matéria intitulada “Publicidade Infantil, proibir ou não proibir? a CartaCapital já tratava do tema há 6 meses: http://bit.ly/116TLYU A Exame também publicou matéria com o título “Os riscos da publicidade infantil sem regulação” http://bit.ly/WLX7zF. Como não podia deixar de ser, a Veja também se manifestou, mas preferindo abordar pelo viés de “censura” e defesa da “livre iniciativa”, ao afirmar “Projetos de lei tentam tirar dos pais o direito de escolher o que os filhos assistem” http://bit.ly/TQYXCR.

Especialistas, como psicológos e outros, manifestam-se a favor de restrições e regulações. Em resumo, pela falta de condições intelectuais e emocionais do publico infantil para “se defender dos sedutores apelos das propagandas”. Lembram que nas sociedades ditas “desenvolvidas e democráticas”, tanto a publicidade de cigarros, bebidas e as destinadas às crianças sofrem fortes restrições.

Por outro lado, o Conar, uma ONG que defende os interesses dos veículos de comunicação, das agências de publicidade e dos anunciantes, é contrário às restrições. http://www.conar.org.br/ Óbvio, né?

Atuo na área há tempos, sou ex-professor universitário de publicidade, pai e blogueiro. Logo, o tema me é “familiar”. E assim, começo lembrando uma experiência que tive dentro de casa. Na época, meu enteado tinha apenas 7 anos e a propaganda preferida dele era um comercial de cerveja. O garoto parava de brincar ou fazer outra qualquer coisa para assistir este filme. (Peço que assista o vídeo, é só 30 segundos e é muito esclarecedor, ok?). Segue o link:  http://youtu.be/0jfiDIEyC9Q.

Pois bem, logo depois da veiculação de filmes como estes (você assistiu, né? Se não, assista e assim entenderá o meu raciocínio), no meio da chamada “guerra das cervejas”, o Conar lançou novas regras específicas para os anúncios da categoria (2008), onde a leitura de um dos ítens fez a “ficha cair” e fui entender o porque daquela “preferência” do garoto.

No ítem 2-B do tal Anexo, dizia textualmente:

as mensagens serão exclusivamente destinadas a público adulto, não sendo justificável qualquer transigência em relação a este princípio. Assim, o conteúdo dos anúncios deixará claro tratar-se de produto de consumo impróprio para menores; não empregará linguagem, expressões, recursos gráficos e audiovisuais reconhecidamente pertencentes ao universo infanto-juvenil, tais como animais “humanizados”, bonecos ou animações que possam despertar a curiosidade ou a atenção de menores nem contribuir para que eles adotem valores morais ou hábitos incompatíveis com a menoridade”;

Bingo! Era o “recibo” que faltava. Um segmento de mercado importante, um dos maiores anunciantes, altamente profissionalizado, assume que até então as propagandas utilizavam “recursos” para atrair a atenção de menores para a venda de cervejas. Quem não se lembra das propagandas dos siris rebolando ou da tartaruguinha da Brahma? Além claro, deste da briga no supermercado pela última caixinha de cerveja, totalmente “looney tunes”?

A publicidade infantil relaciona-se com questões culturais, de valores, de saúde (estímulo à obesidade infantil e má-alimentação), etc… não podendo ser vista apenas como “uma relação simples de consumo”.

Enfim. Acredito que sociedade deve sim manifestar-se sobre a “regulação” não só das propagandas, como da própria mídia em si. Se alguém achar que isso é “anti-democrático”, que vá para os EUA, Reino Unido, França, Dinamarca… para ver como as coisas funcionam por lá. Quem sabe não voltem com boas ideias para implantarmos aqui, né?

P.S: O personagem Chapolim Colorado voltará a ser exibido pelo SBT, a pedido dos fãs. Ok?

Luis Nassif

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