Retrato de uma montagem

Da Folha

A base da dúvida

JANIO DE FREITAS

De que base se originou o caso de grampeamento do presidente do STF e de um senador para chegar a tanto?

O ARQUIVAMENTO , por falta de qualquer indício, da investigação na Abin sobre possível envolvimento seu no grampeamento do presidente do Supremo Tribunal Federal e de um senador ainda não isenta a agência. Mas repõe uma questão essencial nesse tumultuoso caso que comprometeu numerosas pessoas e, aqui como no exterior, o próprio serviço de informações da Presidência da República: de que base se originou esse caso para chegar a tanto?

O final dessa história para a Abin depende ainda das investigações da Polícia Federal. Mas, para a Abin e para todos, o começo, que ficou perdido na torrente das notícias, especulações e ficções iniciais do escândalo, não esteve em um fato, não esteve em um documento, não esteve em uma denúncia, em acusação ou declaração. Veio de uma vaguidão que não queria ser mais do que isso mesmo: a transcrição do telefonema, dizia a reportagem da “Veja”, foi entregue por um agente não identificado da Abin.

Frases assim, como penduricalhos, entram no jornalismo por muitos motivos. Por serem verdadeiras, ou porque o jornalista acha que valoriza o seu trabalho, ou para encobrir procedência verdadeira, ou para comprometer determinado setor ou empresa, ou para intrigar alguém, e por aí vai. Não é preciso suspeitar de uma das hipóteses de má-fé, em relação à “Veja”, para perceber que a menção era insuficiente demais para tumultuar um governo como fez com o atual, com epicentro no gabinete do próprio presidente da República. E, além disso, que foi explorada com boa-fé e com muita má-fé, manipulada como poderoso instrumento na luta por conquista de maiores poderes, presentes e futuros.

A rigor, diante disso tudo, nem ao menos é seguro que houvesse grampeamento no telefone do ministro Gilmar Mendes. À falta de indícios encontráveis pela segurança do Supremo, pela Polícia Federal e pela investigação do Gabinete de Segurança Institucional, permanecem as possibilidades de que grampeado fosse um ou outro interlocutor de Gilmar Mendes, assim como outro tipo de escuta. A maluquice final seria nem ter havido escuta, mas um ardil bem montado. A Polícia Federal que diga, ao menos, quem foi o alvo visado, entre os vários atingidos.

Luis Nassif

23 Comentários

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  1. Na minha opinião quem criou
    Na minha opinião quem criou esse caso foi o DD, Gilmar e VEJA para tirar o DD e o Gilmar de foco . Armação, se não foi armação então….KD o áudio? Sem áudio não tem grampo!!!!

  2. Luis,fico pensando se o
    Luis,fico pensando se o Stanislaw ainda fosse vivo,se seria o caso de incluir esse episódio(grampo do GM) no seu festival de besteiras que assolam o Pais(FEBEAPA)

  3. “De que base se originou o
    “De que base se originou o caso de grampeamento do presidente do STF e de um senador para chegar a tanto?”:

    Uai, mas ta facilimo resolver. Da base de espioes infiltrados dentro do governo e da media.

    E sao espioes sim. Nao fazem governo nem media, fazem espionagem.

  4. Eu só queria entender uma
    Eu só queria entender uma coisa: o que o Jânio de Freitas faz trabalhando nessa ‘Folha’ decadente e sem credibilidade?

    A ‘Folha’ é para ‘jornalistas’ como Clóvis Rossi, Eliane Cantanhede, Fernando Rodrigues e assemelhados.

    Jânio de Freitas é um verdadeiro ‘Estranho no Ninho’ na ‘Folha’. Sai dái, Jânio! Vai para um lugar que seja digno de você.

    E é claro que o jornal para o qual o Jânio de Freitas trabalha e os demais veículos de comunicação jamais irão se interessar em esclarecer as questões levantadas por ele neste artigo.

  5. É estranho como não se
    É estranho como não se divulga a existência do Sistema Brasileiro de Informações, da lei que o criou e quais seus orgão integrantes. É o que legitima a participação da Abin nas investigações dessa operação e de outras tantas. Acho que um esclarecimento nesse sentido seria bem-vindo.

  6. Pergunto: Como não chamar
    Pergunto: Como não chamar Gilmar Mendes à responsabilidade?

    Se o GM agiu com tamanha fúria na defesa do banqueiro ou na proteção de contra investigações que podem levar ao governo FHC, isso é improbidade para o cargo;

    mas vamos a outra hipotese: que o GM não entendeu a trama e se deixou instrumentalizar; ora, isso é igualmente grave para um presidente de supremo; não teria estabilidade emocional e nem preparo para o cargo.

    Então pergunto, de novo: GM não vai ser chamado à responsabilidade?

  7. A CORRUPÇÃO JÁ FOI VIZINHA
    A CORRUPÇÃO JÁ FOI VIZINHA DOS DOIS.

    Jânio de Freitas, jornalista afeito a grandes fatos, grandes notícias, está entalado com uma farsa.

    Jânio, amigo velho, pense comigo:

    Quem são os dois interlocutores “grampeados”?

    Gilmar “Dantas” segundo Noblat, e Demóstenes Torres, respondo eu.

    Qual a origem partidária dos dois?

    Gilmar vem das entranhas do PSDB, onde foi fiel escudeiro das estripulias e falcatruas do governo FHC, e o senador pertence ao DEMo, o partido que avalizou, por apoio, tudo que foi praticado no governo do poliglota.

    A régua de Gilmar não casa com a régua do governo Lula, segundo o próprio Gilmar em uma de suas diatribes ao senador Eduardo Suplicy.

    Os dois, Gilmar o Demóstenes, empenhados em desqualificar o governo do atual presidente.

    Não reparaste no “chamar às falas”?

    Ambos com medo das investigações chegarem até eles…

    Ou você esqueceu-se do “estado policialesco”?

    Mas vai chegar.

    O grampo é um utensílio que as mulheres utilizam para evitar que o cabelo se desalinhe.

    O grampo telefônico faz parte de um processo investigativo, desde que autorizado pela justiça.

    O grampo de Gilmar Mendes e Demóstenes Torres pode ser um ato preventivo, álibi de um futuro álibi…

    A corrupção já foi vizinha dos dois.

  8. Bom dia Nassif, após assistir
    Bom dia Nassif, após assistir ao Roda Viva de ontem, a mim não resta nenhuma dúvida: houve uma grande armação datrupe de DD com a colaboração de setores importantes da mídia brasileira no sentido de desviar o foco da opreração Satiagraha e com isso invalidar as provas obtidas. A propósito, falando um pouco da entrevista, que lucidez a do Delegado Queiroz.
    De maneira serena e calma, respondeu às perguntas de maneira clara e objetiva, não se furtou ao diálogo e confrontou de maneira racional a todas as perguntas, inclusive aquelas, que claramente estavam encomendadas a exemplo do Jornalista Fernando Rodrigues que queria saber porque o Delegado não devolveu as chaves do carro disponível para a operação um dia antes ou um dia depois. Mas o melhor a meu estava reservado pro final quando o mesmo Jornalista acima citado, nos brindou com uma pérola inenarrável: questionar porque um agente secreto fez uso de uma identidade secreta, foi sem dúvida nenhuma sensacional. Ademais o Delegado também nos brindou com algumas pérolas, como deixar claro a todos nós que se algo de desagradável ocorrer consigo ou com sua família, devemos procurar informações, primeiro seu segurança DD. Acredito ter assistido a um grande momento democrático de uma pessoa corajosa e certa de suas habilidades profissionais, o que convenhamos falta em muitos dos seus colegas Jornalistas.
    Flávio de Araujo do Nascimento
    Goiânia-Go

  9. O que fundamenta a suspeita
    O que fundamenta a suspeita de uma fraude articulada por Mendes-Demóstenes-Veja é justamente a radicalização desses três elementos na oposição ao governo Lula. Fossem pessoas ou entidades isentas, e bastaria sua palavra para dar credibilidade à denúncia.
    As referências de Mendes ao ” Estado policial”, sua chamada insolente de Lula “as falas”, sua perseguição ao juiz Di Sanctis, e sua verborragia política amplificada pela mídia mais conservadora – tudo isso faz com que sua versão seja recebida como parte da campanha golpista em que estão engajados desde 2003.
    É pena, porque eventuais irregularidades reais no governo perdem três potenciais fiscais: um senador de oposição, o presidente do Supremo e uma revista que já foi importante na mídia brasileira.

    O foco não é Lula: é Dantas.

  10. Nassif,

    Fico com a versão do
    Nassif,

    Fico com a versão do Reinaldo Azevedo. Só existe uma hipótese de não ter havido o grampo: “se a Veja, o Gilmar Dantas e o Senador Demóstenes tiverem fabricado o escândalo”.

    Bingo!

    Hahahahaha

    Abraços,

    Marco Antônio

  11. Nassif, manchete do uol:
    Nassif, manchete do uol: “Protógenes nega grampo”.
    Não vi o roda viva, mas pelo que entendi do relato do Eduardo Guimarães,
    o delegado não negou simplesmente o grampo, ele na realidade acusou a Veja de ter forjado o grampo.
    Abraços e um feliz natal

  12. Todo esse escândalo por causa
    Todo esse escândalo por causa de um suposto grampo. Ninguém sabe, ninguém viu. E o tal suborno de U$ milhão de dólares, fartamente comprovado, virou acessório. É o mesmo caso do mensalão, enquanto os alvos eram ótimos, tudo bem, fez-se o maior escarcéu, mas quando a coisa degringolou para alvos mais antigos e amigos da mídia, a coisa se acomodou. É por essas e outras que grande parte da imprensa perdeu, pelo menos para mim, credibilidade. E isso(credibilidade) é algo inestimável para quem está a serviço da informação…

  13. Jânio, por favor, agora não!
    Jânio, por favor, agora não! Não tenha crise existencial, agora! A empresa
    que voce trabalha, faz parte desta súcia. Continue questionando. Continue
    indignando-se.

  14. Caminhando pelo labirinto de
    Caminhando pelo labirinto de cuidadoso não comprometimento do texto do respeitado Jânio, pode-se afirmar que a Polícia Federal terá tantas respostas quantas divisões políticas que lá existem. Só um palhaço poderia dar uma resposta definitiva a essa última questão. O alvo sem dúvida é o Gabinete da Presidencia da República.

  15. O problema não está
    O problema não está especificamente neste último imbróglio fabricado por VEJA. Está nele, nos fabricados no passado e principalmente nos que virão.
    Enquanto o silencia da própria imprensa vai alimentando a impunidade, VEJA vai refazendo seus esquadrões para a próxima encomenda. Ainda há honras a serem abatidas:
    “Aceitamos matar a honra alheia em 12 vezes no cartão de crédito ou a vista com 10% de desconto.”
    “Clientes especiais, favor subir ao último andar”.

  16. que feio, em pessoal… até
    que feio, em pessoal… até que enfim a IMPRENSA, sempre muito protegida para o meu gosto, vai ter que rever seus passos depois deste episódio… E deve ter muito jornlista perdendo o sono até que não se declare o nome do jornalista que recebeu suborno ou favores do esquema de Daniel Dantas

  17. Minha grande dúvida é a
    Minha grande dúvida é a seguinte: tudo vai ficar por isso mesmo? Gilmar+Veja+Demóstenes vão continuar promovendo as suas bandalheiras sem nenhuma punição? Que país é este onde nós vivemos? Já pensaram na quantidade de tempo e de palavras gastas para desmascarar a farsa? O Sr. Gilmar Mendes é “irremovível”? Está acima da lei e das instituições? Não há como processá-lo? Ou o senado poderá questioná-lo? Dá vontade da gente se socar num buraco e nunca mais colocar a cabeça do lado de fora, não é mesmo? Que vergonha, meus senhores!

  18. Tenho a iimpressao que este
    Tenho a iimpressao que este Janio de Freitas esta’ meio descompassado para um jornalista supostamente bem informado ou mesmo bem intencionado. Ele talvez esteja “preparando o terreno” para “abandonar a canoa furada” na qual o seu jornal se meteu, e agora esta’ tentando preservar um pouco a sua propria credibilidade (por haver compactuado pelo silencio com as operacoes Dantescas da Folha de Sao Paulo).

  19. Sr. Articulista,
    Em atenção
    Sr. Articulista,
    Em atenção ao seu pedido de esclarecimentos à PF, venho por meio deste Blog responder: os visados são o Dr. Paulo Lacerda, o Dr. Protógenes Queiroz, o promotor de Grandis e o Dr. Fausto de Sanctis.
    Subsidiariamente, visa a todos que tem qualquer pretensão em apurar os crimes cometidos pelo Sr. Daniel Dantas.
    Desculpe, esses fatos eu ovi das pedras, eis que até o mundo mineral está bem ciente dessas coisas.

  20. Nassif, o Ricardo Noblat diz
    Nassif, o Ricardo Noblat diz em seu blog:

    “Protóneges tentou vender a tese de que o repórter da revista reconstituiu a conversa com a ajuda de Demóstenes e de Mendes. No caso, o senador e o ministro teriam sido cúmplices do repórter na invenção de um episódio que quase procovou uma crise institucional.”

    Eu não assisti ao programa. Foi assim mesmo? Se foi, o delegado avariou. Não faz muito sentido sentido.

    É claro que o Ricardo Noblat foge da questão que interessa: a Veja afirma que foi a ABIN e Gilmar Mendes embarca nessa afirmação utilizando os poderes constitucionais de um presidente do STF. Ou ele tem mais informações ou foi um completo irresponsável, ou ainda, está cumprindo uma missão.

    Quem não tem nada de inocente é o Ricardo Noblat ao focar em questões secundárias. Afinal de contas, é apenas a opinião do delegado.

  21. Nassif, acho que o barco está
    Nassif, acho que o barco está afundando e quem pode pular fora, vai fazê-lo, sempre deixando a possibilidade de embarcar novamente caso ele se aprume…
    Agora, isso não foi “uma maluquice ou um ardil bem montado”, foi intencional e mal montado, para proteger DD ou aos próprios, no futuro…
    Outra coisa, essa acusação de que funcionários da ABIN não poderiam
    auxiliar nas investigações do delegado Protógenes, isso acaba com o Disque-Denúncia.
    Interessante também, é como duas reportagens, uma vinda de “Vaguidão” , por acaso, e outra “furo de reportagem” , sem maiores intenções”, provocaram um tsunami de proporções tão grandes, dentro do mesmo grupo…..Sdc.

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