Sobre o pensamento único na mídia

Comentário ao post “A Internet e o fim do pensamento único

Vou pensar por escrito algumas coisas, a partir do tema proposto. Sem pretensão de encerrar o assunto, até porque não considero que eu tenha cafice para encerrar um tema como este. Como também acho viável e positivo o aparecimento de vários pontos de vista. Assim me sinto mais à vontade para teclar.

Mas vou focar no “pensamento único”, ou seu fim, tal como foi proposto.

O fim do ‘pensamento único’ não começou na mídia. A mídia apenas refletiu ou repercutiu o que já se passava na sociedade.

Ao mesmo tempo em que começou a aparecer uma regra que determinasse qual deveria o comportamento mais adequado, desde o comportamento sobre a própria saúde, passando pelo alimentar, até chegar nas próprias opções de vida dos indivíduos, vimos surgir um modelo bem rígido do que seria aceitável. Desde os alunos das séries iniciais vemos uma regra bastante rigorosa para determinar o que é aceitável e o que é ‘deplorável’. Mesmo porque a escola continua funcionando naquele modelo rígido que foi concebido a muito tempo. É neste contexto que aperece o bulling. Num contexto de estreitamento das possibilidades. Pessoas gordas demais, magras demais, baixas demais, altas demais, fora da ‘média’ demais… passam a sofrer algum tipo de constrangimento. Mas a normatização, no sentido de definir o que seria “normal”, extrapolou bastante, e tornou a vida de muitas pessoas um pouco mais difícil do que seria, sem aquele constragimento.

Vou citar um indivíduo lento na escola, um que tenha gestos afeminados e seja homem, uma que tenha um jeito masculino e seja mulher, e um que tenha uma crença religiosa bem específica.

Todos estes querem ter e deveriam ter, pelo menos, o respeito dos colegas perante seus pensamentos e atitudes. Mas não é isto o que ocorre. Se a própria escola pode ter se tornado espaço de preconceito, imagine depois o que se passa.

O pensamento único encerra várias possibilidades de convivência e de pacificação da sociedade. Imaginem a seguinte cena hipotética: uma revolta contra os evangélicos. Alunos nas escolas segregando e perseguindo alunos que professem tal crença. Agressão contra evangélicos saindo de um restaurante. Queima de evangélicos que estavam na praça olhando a vista e curtindo a natureza. Seria bizarro, né? Porque não consideramos bizarro a caça aos gays que algum indivíduo quer propor? Porque não consideramos bizarro a caça aos pobres para ‘resolver’ os problemas da justiça. Sabemos que muitos pobres ‘pagam o pato’ por serem pobres. E a caça aos menores, como está em voga? Quantas prisões presizaremos construir para abrigar os infratores?

E os crimes do colarinho branco? Como a privatização do Banestado, por exemplo? Um assunto ainda não explicado.

Sei que misturei alguns vários assuntos. Para alguns não irá incomodar, mas para outros deve mexer mesmo…

Luis Nassif

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