The Economist: Haddad é único que pode impedir Bolsonaro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – No The Economist, a descrição do momento brasileiro, com a difícil luta de Fernando Haddad como único capaz de impedir que Jair Bolsonaro se torne presidente do Brasil. Diz a publicação que Haddad é mais contido e menos popular do que o seu rival, que respira fogo.

Diz o The Economist que as personalidades geralmente importam mais na política brasileira do que os partidos. “Mas se Jair Bolsonaro, um populista de direita, vencer a eleição presidencial em 28 de outubro, será em grande parte porque os eleitores desprezam o Partido dos Trabalhadores (PT) de esquerda de seu rival de segundo turno, Fernando Haddad (foto). O desagrado do PT, ou antipetismo, “parece ser a maior festa do país”, escreveu Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor, um jornal de negócios. Bolsonaro está muito à frente nas pesquisas”, afirma o texto.

Aponta as causas do antagonismo ao PT, que governou o Brasil de 2003 a 2016. Afirma que nos primeiros anos, sob Lula, a economia cresceu e a pobreza diminuiu, mas com a sucessora Dilma Rousseff, a partir de 2011, foi um desastre. Diz que a má administração da economia ajudou a causar a pior recessão do Brasil. E aponta a Lava Jato por trazer à luz a corrupção. 

Mas o antipetismo é anterior à Lava Jato, que também contaminou outros grandes partidos. Mas, mesmo legítima, a rejeição da ideologia esquerdista vem tingida de esnobismo. Tereza Ruiz, professora, diz que seu pai considerava Lula, que nunca frequentou a universidade, como um “semi-letrado”. Esses eleitores são receptivos à mensagem de Bolsonaro de que o PT é singularmente perigoso. Não se limitou a governar mal e de forma corrupta, diz Bolsonaro. Dada uma segunda chance no poder, transformaria o Brasil em outra Venezuela, uma ditadura empobrecida.

Isso é uma leitura errada do partido e do seu candidato. “O PT não tem credenciais democráticas impecáveis”, mas “sempre cumpriu as regras do sistema democrático”, diz Sergio Fausto, diretor da Fundação FHC, instituto de estudos fundado por Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da Fundação FHC. Presidente brasileiro (e inimigo político do PT). Embora os eleitores tenham fortes razões para duvidar de que um futuro governo do PT seria bom para a economia, “uma política econômica desastrosa não é o mesmo que extremismo”, destaca Claudio Couto, cientista político da Fundação Getulio Vargas.

Em comparação com Bolsonaro, que insulta grupos minoritários e gosta de ditadores desde que sejam de direita, Haddad é uma figura reconfortante, diz o The Economist. Embora seu partido se incline para a esquerda, ele é um moderado. Um ex-professor de graduação em economia, direito e filosofia, ele foi ministro da Educação no governo Lula. Haddad nomeou reitores de universidade por mérito, em vez de conexões políticas, uma nova política, e projetou maneiras de aumentar a matrícula de estudantes pobres e não brancos.

Como prefeito de São Paulo de 2013 a 2016, ele reduziu o déficit orçamentário e garantiu à cidade uma classificação de crédito com grau de investimento. Mas ele irritou os motoristas, abrindo mais espaço para ciclistas e pedestres. Para os eleitores pobres, ele se mostrou distante e professoral. Em sua tentativa de reeleição em 2016, ele foi golpeado, aponta a publicação.
 
Durante grande parte da campanha deste ano, o PT falou principalmente com sua base, pessoas pobres com boas lembranças da presidência de Lula. Isso fez algum sentido. Foi com seus votos que Haddad entrou no segundo turno. Mas lembrou aos eleitores o que eles não gostam do partido.
 
Em vez de demonstrar contrição, o PT expressou autopiedade. O impeachment de Rousseff foi um “golpe”. Esquerdistas como Gleisi Hoffmann, o presidente do partido, falaram em perdoar Lula. Muitos brasileiros temem que o PT ponha um fim à investigação da Lava Jato se recuperar o poder.
 
Seu manifesto de campanha, escrito enquanto Lula ainda era o candidato do PT (ele foi desclassificado em 1º de setembro), tem o carimbo da esquerda do partido. Isso sugere que gastos excessivos com aposentadorias, a maior ameaça à estabilidade econômica, serão resolvidos pelo crescimento econômico e pelos benefícios para os funcionários públicos (isso não acontecerá). O plano pede uma reversão de uma reforma do mercado de trabalho realizada pelo atual presidente, Michel Temer, e mais empréstimos de bancos estatais. Isso exigiria que o banco central visasse tanto o emprego quanto a inflação. Propõe, ameaçadoramente, uma assembléia constituinte para revisar a constituição.
 
Depois de entrar no segundo turno, Haddad foi para o centro. Ele começou a falar sobre os “erros” do PT; substituiu PT vermelho em cartazes com verde e amarelo brasileiros; e negou partes do manifesto, incluindo o plano para convocar uma assembléia constituinte. Ele promete reduzir os gastos e resiste à ideia de aumentar o crescimento com empréstimos subsidiados. Ele evita falar de perdoar Lula, a quem ele parou de fazer visitas na prisão. A administração de Rousseff não impediu as investigações de Lava Jato, ele aponta.
 
Mas Haddad e o PT provavelmente deixaram passar muito tempo para convencer os brasileiros de que aprenderam com seus erros. Como resultado, o Brasil está pronto para eleger um presidente que representa uma ameaça real à jovem democracia do país.
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. The Economist tb é um dos

    The Economist tb é um dos braços do golpe. Validando a lava jato e o impixo.

    Agora tampam o nariz e fingem que não criaram e alimentaram a besta. 

  2. CEGUEIRA OU CUMPLICIDADE

    Toda a grande mídia fecha os olhos para as evidências de que a candidatura de extrema direita pretende impor uma ditadura fascistóide, com o objetivo explícito de erradicar todo ‘ativismo’, reduzir direitos sociais e aumentar a violência policial, para privilegiar grupos corporativos, oligárquicos e predatórios. Assim, a cegueira de certas instituições chega a parecer cumplicidade com o golpe ilusionista em marcha, visto que já são de conhecimento público as sólidas denúncias do uso massivo de fake news para favorecer de forma ilícita o candidato Jair Bolsonaro. Uma publicação conceituada como a revista The Economist, até então com aparência civilizada, faria melhor papel se avaliasse os riscos de imposição de um governo ilegítimo, resultante de fraude eleitoral que fere a liberdade do voto — violada pela prática desleal de indução deliberada a erro através da sistemática disseminação eletrônica de calúnias.

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