Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Toda mulher é uma diva, e todo homem é “diva-gar”, por Wilson Ferreira

Se Freud estiver correto de que o chiste, o humor e o riso são formas de lidar com o mal estar, como interpretar as queixas contra o novo filme publicitário da Bombril por causa do trocadilho sobre “divas” e “vagarosidade” na criação da campanha”? Se toda peça audiovisual é sintoma de uma época, o que nos dizem as garotas-propaganda Ivete Sangalo, Dani Calabresa e Monica Iozzi? A piada sobre uma suposta “vagarosidade” masculina é mais uma tática para combater o irônico destino do feminismo: a descoberta do “impoder” masculino. O homem não só deixou de ser o vilão da interdição do gozo e da liberdade feminina como também transformou-se no próprio destino das mulheres livres: ser tão frágil e impotente como o homem sempre foi.

“Tudo riso está muito próximo do horror que o prepara”, disse uma vez o filósofo alemão Theodor Adorno sobre as secretas conexões entre o humor e a tragédia. E se ainda vemos o humor combinado com uma peça audiovisual de criação publicitária, então estamos diante de um verdadeiro documento histórico sobre a sensibilidade de uma época.

No caso da nova propaganda da Bombril investigada pelo órgão de autorregulamentação publicitária (o Conar), o comercial veiculado pela TV transformou-se em um verdadeiro sintoma das relações atuais entre os gêneros feminino e masculino.

A campanha está sendo investigada pelo Conar a partir de queixas de que o mote da criação é uma “discriminação de gênero” e “uma ofensa à figura masculina”.

No comercial as garotas-propaganda da marca (a cantora Ivete Sangalo, a humorista Dani Calabresa e a apresentadora Monica Iozzi) dizem que “toda mulher é uma diva. A gente arrasa no trabalho, faz sucesso o dia todo e ainda deixa a casa brilhando”, afirma Ivete. Na sequência, Dani Calabresa arremata: “Toda mulher é uma diva, e todo homem é diva-gar [devagar]”.

E para complicar, a campanha da Bombril conseguiu ainda arrancar críticas das próprias mulheres, classificando-a como “machista” por supostamente reforçar a imagem de que a mulher é quem cuida da casa.

 Certamente, o aforismo supracitado de Adorno baseou-se na visão freudiana das relações entre o chiste, o humor e o riso como formas efetivas de se lidar com o mal-estar. Se isso for verdade, poderíamos perguntar: de qual mal estar esse trocadilho (“diva” e “diva-gar”) é sintoma? Essa peça audiovisual é um documento histórico que expressa qual sensibilidade da nossa época?

Em primeiro lugar, o trocadilho é inspirado nas piadas femininas sobre uma suposta limitação cognitiva masculina – somos incapazes de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, usamos apenas o lado direito do cérebro é funcional e, de quebra, ainda somos acomodados e preguiçosos em uma relação etc.

O “impoder” masculino

Mas essa “decepção” feminina em relação aos homens é um sintoma de um movimento cultural ainda mais profundo: o paradoxal êxito dos movimentos de emancipação feminina ao longo do século XX resultou na descoberta da fragilidade do masculino.

Não mais protestos contra o poder do homem e o falocentrismo de uma sociedade baseada na figura masculina poderosa, mas agora um ressentimento das mulheres contra uma espécie de “impoder” masculino.

Se no passado o feminismo tradicional mirava o masculino triunfante e seus ícones de poder (o voto, a calça comprida, o cigarro, o charuto, o carro, o poder político etc.), agora é alimentado pelo ódio e ressentimento diante da descoberta que, no final, o homem é frágil e tão vítima quanto ela.

Se as mulheres eram despojadas das prerrogativas e privilégios do masculino (e toda a luta épica do feminismo foi pela reversão disso), posteriormente descobriram que tornaram-se igualmente exploradas pelo mercado de trabalho e pelas corporações. No final, descobriram que toda luta foi pelo “privilégio” de serem igualmente valorizadas como alvo da exploração – como consumidoras, como eleitoras, como mão de obra barata no mercado.

A mulher não é mais alienada pelo homem, mas repentinamente foi despojada da figura do masculino. De repente, o inimigo desapareceu na descoberta da sua fragilidade e de que, assim como o homem, as mulheres fracassam na busca de transformação ou mudança de uma sociedade.

A função simbólica do assédio

Esse ressentimento diante da figura fracassada do masculino se exprime contraditoriamente no fantasma do assédio sexual. 

O surgimento do fantasma do assédio e do estupro (que vira pauta midiática e campanhas de conscientização e denúncias) assume uma função simbólica de criar uma nova interdição sexual, uma tentativa de reerguer a figura do masculino, mesmo que seja no campo da brutalidade, animalidade e selvageria. 

Transformar novamente o homem em um oponente forte, poderoso e ameaçador como fosse ainda um personagem que dá as cartas do jogo, contra quem as mulheres ainda podem se rebelar.

É claro que o assédio sexual é muito mas do que um fantasma, mas uma realidade cotidiana e incômoda para muitas mulheres por questões sócio-culturais ou urbanas – talvez uma formação reativa da própria fragilidade da qual os homens se ressentem. Mas também sabemos que quando a mídia agenda determinado tema, é porque este se reveste de uma oportunidade ideológica para reforçar outras agendas e pautas – como a do ressentimento feminino e da fragilidade do masculino, atual mote de muitas táticas de propaganda como a da campanha da Bombril em questão. 

O “impoder” dos pais

O mal estar do feminismo diante da descoberta do “impoder” do masculino somente se equipara ao ressentimento dos filhos contra os pais que não querem mais assumir o papel de pais.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

47 Comentários

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    1. Menos, Vânia!

      Acho que você deveria tentar ler o texto até o final.

      Os últimos parágrafos dizem assim:

      “No final, na própria fala do filme publicitário da Bombril encontramos o resultado da irônica conquista de décadas de feminismo: o dever da mulher ser uma “diva”, isto é, ser obrigada a “brilhar” no trabalho, o dia todo em todos os lugares e ainda em casa. 

      As mulheres acabam descobrindo que, afinal, os homens eram dominados, explorados e fragilizados por um poder fálico muito maior do que o próprio homem, muito maior do que os conflitos de gênero – a mídia, a sociedade de consumo, a corporação, o mercado, mundo no qual, atônita[s], as mulheres descobrem que finalmente ficaram em pé de igualdade com os homens na tragédia.”

      A mensagem que se está tentando dar a um certo feminismo contemporâneo, tão histriônico quanto histérico, é muito simples: Esse feminismo pode ter errado ao reificar os homens como inimigos, esquecendo que é a ordem simbólica do machismo que estatuiu a sustentação (de legitimidade) das relações.

      Os homens são tão fabricados pelas ideologias patriarcalistas quanto as mulheres.

      O feminismo contemporâneo está enveredando pela neurastenia (de fundo igualmente hedonista) de demonizar os homens, já que parece ter perdido a capacidade (impessoal, abstrata, não hedonista) de lidar com as ideias.

      Creio que é isso o que o Wilson Ferreira tentou transmitir. O problema é que, no atual estado de coisas, as ideias dele vão acabar se chocando contra as neurastenias e os histrionismos.

      Se todas as feministas fossem como a Emma Watson, seguramente teríamos um diálogo muito mais civilizado e desarmado, mas está se tornando muito difícil, praticamente impossível, dialogar com as atuais feministas.

      É uma pena! Essa pode ser a aporia final do feminismo: reificar (platônica e essencialmente) o “feminino” e esquecer as relações. Afinal, andamos em tempos pós-modernos de identidades triunfantes, de “afirmatividades” reificadas, de fetichização do Eu…

      1. Ricardo, creio que nós mulheres e vocês homens precisamos nos

        ouvir mais. Chega de quem tem pau querer batê-lo na mesa e de quem não tem também querer fazer a mesma coisa.

        Há que se ouvir um ao outro.

        Claro, haverá sempre aqueles que nem mereçam ser ouvidos- como quase em tudo – mas terá valido a pena sentir o lado masculino de ser também.

        POR EXEMPLO:

        Como seria se eu, uma mulher, que tem aqui nesse espaço do Nassif, resolvesse a cada domingo publicar UM CONTO ERÓTICO, a exemplo do que faz Rui Daher, com seu DOMINÓ DE BOTEQUIM.

        Pressupõe-se que esse sítio do Nassif seja frequentado por pessoas com mais largueza de pensamento, mais capacidade de elaboração, mais sensibilidade para música, literatura, enfim, humanidades…

        Então, como seria?

        De cara, as avaliações seriam totalmente negativas, pejorativas e decepcionantes até ao ligarem a obra a quem a escreve.

        Sei por já ter feito um leve teste sobre o tema.

         

        Havemos nós de conversar mais. Bem mais.

          1. Também posso entender que sim
            Tá vendo como é bom falar/escrever…
            Faz de conta- sem ser faz-de-conta- que estamos num boteco, num restaurante legalzinho. é bom, não é?
            Aqui na cidade para a qual me mudei o diálogo é travadíssimo até pra discutir-se sei lá, o pãozinho francês maior ou menor, imagine outros tópicos.

          2. Pois é!

            Está difícil conversar ultimamente. Ninguém tem tempo, todos donos da verdade – não estou me referindo à você.

            De modo que passa minha cabeça a ideia de aprender a latir.

        1. Odonir

          Eu tenho uma enorme dificuldade de levar a sério essa necessidade obsessiva de dividir previamente o mundo em “nós” e “vocês”.

          Não consigo ver o mundo como um ajuntamento de mônadas (politicamente corretas). Ele só faz sentido para mim como um universo de relações.

          1. Concordo
            Ainda que sejamos… homens e … mulheres.
            Mas conversar é bom pra daná.
            Já tô adorando essa conversinha aqui.

      2. E você ainda culpa as feministas por não dialogarem?

        “… um certo feminismo contemporâneo, tão histriônico quanto histérico”

        “O feminismo contemporâneo está enveredando pela neurastenia (de fundo igualmente hedonista) de demonizar os homens, já que parece ter perdido a capacidade (impessoal, abstrata, não hedonista) de lidar com as ideias.”

        Eu posso entender porque eventuais feministas que você conheça não estejam dispostas a dialogar com você. 

        Da minha parte, felizmente tenho vários amigos homens que não pensam como você e, inclusive, são feministas. Outros, ainda que não se denominem feministas, têm uma boa disposição para ouvir e discutir amigavelmente.

        “Acho que você deveria tentar ler o texto até o final.”

        Além disso, meus amigos não cosutmam subestimar a minha capacidade intelectual. 

          1. Tese?

            Bem, eu diria que a minha resposta teve um teor de reação proporcional, fazendo uso coloquial do princípio da terceira lei de Newton, à sua mensagem endereçada a mim.

            Mas hoje em dia, com a indústria de publicação correndo solta por aí, qualquer coisa pode ser chamada de tese e qualquer um que publique em revistas de segunda linha se acredita Emérito. 

             

          2. Vânia

            Dê uma olhadinha na reação da Odonir logo abaixo, que você (talvez, eventualmente) venha a ter uma melhor ideia da medida da sua.

            Quanto ao resto:

            “Tese. sf.

            1. Proposição para debate ou discussão

            2. Proposição sobre qualquer princípio de arte ou ciência que que se sustenta em público ou que se expõe de forma escrita

            3. A discussão dessa proposição

            4. Fil. Primeiro termo do sistema dialético hegeliano, antes da antítese e da síntese”

            Read more: http://www.aulete.com.br/tese#ixzz3lTmujZlJ

          3. meu caro

            Em primeiro lugar, eu não sou Odonir e não cabe a mim julgá-la. Não sei quais foram as vivências dela, só sei que não é da minha geração. E digo isso sem desmerecer nem um pouco a Odonir, pesssoa extremamente pacifista e conciliadora.

            Acontece que eu não tenho as mesmas características, reajo quando necessário e na medida que considero proporcional ao ocorrido. No caso, você escreveu um comentário extremamente deselegante, para dizer o mínimo, em resposta a um comentário meu que não era dirigido à sua pessoa. 

            Abriu sugerindo que eu tentasse ler o texto até o final.  Se isso não é subestimar intelectualmente uma pessoa (no caso, uma mulher), talvez seja por eu ser uma feminista histérica, neurastênica, hedonista e outras barbaridadaes da quais você acusa as mulheres que lutam por igualdade de direitos e deveres, que eu tenha entendido assim.

            Depois discorreu de forma rápida e rasteira sobre suas impressões do feminismo e das feministas. Isso que você chamou de tese. 

            Por fim, parece que seu problema em dialogar extrapola em muito a questão do tema feminismo. Basta ver seus outros comentários nesse mesmo post.

            Boa noite!

            PS: Se quiser ver uma definição mais ampla de “tese”, sugiro que faça uma pesquisa básica. Não vejo porque sobrecarregar esse post com o aprofundamento de um assunto facilmente verificável.

             

          4. todos têm problemas

            Mas o seu parece ser uma patologia mais séria.

            Repetiu aqui e no outro post a pergunta bobinha.

            Se você for me mandar procurar rola, ambém, aproveite e deixe o endereço da sua mãe.

  1. Ótima análise

    Sempre desconfiei que o feminismo foi patrocinado pelas grandes corporações com a finalidade de dobrar o estoque de mão de obra e diminuir os custos com o trabalho.

    E essa guerra entre os sexos gerou este mal estar visível em uma sociedade onde o hedonismo inviabiliza as relações humanas.

    1. Curto-circuito causal

      “o feminismo foi patrocinado pelas grandes corporações com a finalidade de dobrar o estoque de mão de obra e diminuir os custos com o trabalho”

      A banalidade superficial dos curto-circuitos causais é quase sempre a origem das mais caricaturais teorias da conspiração.

      O velho Weber ensaiou uma alternativa muitíssimo mais sofisticada, que ficou conhecida na sociologia com o nome de “causalidade de segunda ordem”: não foi o protestantismo que “patrocinou” o capitalismo, é a afinidade sinergística entre a “ética protestante” e o “espírito do capitalismo” que permite desvendar melhor as relações.

      Mais vai tentar explicar isso para os simplórios conspiracionistas que procuram o “capetal” debaixo da cama!… Essa gente só pode ser o simétrico oposto daqueles anti-comunistas da década de 50 que acreditavam piamente na marcha implacável da conspiração comunista internacional.

          1. Tá bom.

            Se o seu barato é se sentir Deus, para sair distribuindo adjetivos, vai fundo!

            Eu discuto com ideias, não com pessoalidades.

          2. Não senhor, discutes com pessoalidades a medida …

            Não senhor, discutes com pessoalidades a medida em que criticas não a crítica, mas sim a falta de grau de conhecimento da pessoa. Isto não é discutir idéias é utilizar argumentos à autoridade.

      1. Ricardo, menos.

        Se olharmos temporalmente o movimento feminista de forma generalizada se intensifica depois das grandes guerras quando as mulheres por falta de mão de obra foram incentivadas a trabalhar na indústria. Não só isto, coisas como o espartilho, o salto alto, roupas volumosas foram execradas por conta da falta de funcionalidade.

        Negar isto é negar a realidade.

          1. E tem que fazer curso para entender teus comentários?

            Pô Ricardo, é o tipo de crítica ainda mais pedante, elitista e safada (pois também posso colocar expressões pertinentes a minha área que não entendas).

            Isto aqui não é aula magna.

            O grau de pedantismo é exibido em três palavras “o velho Weber”. Era teu avô? Convivias na casa dele? Tem algum livro autografado?

            Só pergunto uma coisa, já que estás tão sabido. Qual era a idade que Max Weber tinha quando escreveu pela primeira vêz o que citaste? Pois se foi no início de sua carreira (as primeiras citações não os livros) ele tinha trinta e poucos anos, logo seria o “Jovem Weber”. Se achas insignificante a observação, lembre-se que os biógrafos de Marx (não Max) diferenciam o jovem Marx do velho Marx, pois a intensidade com que escrevia mudou muito com o tempo. Estás se referindo a fases da vida de Max Weber ou é somente para ficar como amiguinho?

            Para desqualificar “os simplórios conspiracionistas” usasse chavões para iniciados como uma forma de intimidar quem discute, tais como a “causalidade de segunda ordem”, “afinidade sinergística” (não precisei procurar no dicionário, mas que ficou bonito, ficou) e o teu cumpadre “O velho Weber”.

          2. Maestri, meu filho

            A sua capacidade de se enredar em rodeios está me impressionando.

            Tudo isso pra tentar desqualificar uma pessoa que ousou lançar uma argumentação que não responde aos seus desejos de verdade!!!???

            Coitado!

            Como eu disse, não sou fã desses vícios ibéricos da exaltação da pessoalidade. Prefiro as ideias. Se você não as alcança, mesmo que singelamente explicadas, aí já não é mais problema meu.

            Vai procurar rola, Maestri!

  2. Uma assimetria básica

    É como o assunto é tratado hoje, mas como envolve uma relação de poder ´w matural que assim o seja.

    “Quando o algoz é um ex-cativo a misericórdia vai para o brejo?”

  3. Não vou perder tempo e

    Não vou perder tempo e discutir as filosofices do artigo. Não assisto a emissoras comerciais de televisão e, na internet,  jamais vejo qualquer anúncio comercial (bloqueio todos os pop ups), a menos que eu esteja procurando um produto ou serviço. As figuras que estrelam a campanha não têm a minha simpatia; jamais ouvi Ivete Sangalo, jamais comprei um disco dessa cantora e jamais fui ou irei a uma apresentação dela. As outras eu desconheço. Mas conheço a empresa que as contratou para a campanha publicitária. Até ontem eu era um cidadão que comprava e usava produtos da Bombril. Mas a partir de hoje vou protestar da maneira mais eficaz: vou deixar de comprar e consumir produtos da Bombril. Se a empresa se vê no direito de fazer uma campanha de mal gôsto e preconteituosa, como cidadão eu tenho o direito de boicotar os produtos da marca; é exatamente o que vou fazer.

    Quem faz as compras de supermercado, para a família, sou eu. Nos estabelecimentos, observo que atualmente cerca de 40% dos compradores são homens. Basta que esses compradores boicotem os produtos da Bombril por pelo menos três meses, para que a empresa repense as campanhas publicitárias, cheias de preconceito, que vêm fazendo. Se depender de mim, a Bombril perdeu um cliente; e por muito tempo.

    A Santher, que fabrica produtos de papel (papel higiênico, guardanapos, papel-toalha, etc.) foi uma das primeiras a maquiar produtos, aumentando disfarçadamente o preço dos mesmo; a estratégia dessa empresa foi reduzir a quantidade dos produtos, mantendo o preço. Tudo começou com o papel higiênico e depois foi adotado para outros produtos. Empresas de outros segmentos, como o alimentício, seguiram o mau exemplo; a Aymoré, que fabricava biscoitos, reduziu de 200g para 170g a quantidade de biscoitos numa embalagem. Qual foi minha atitude? Deixei de comprar os produtos dessas empresas; há mais de 15 anos não compro produtos dessas empresas.

    Se todos os cidadãos, usuários e consumidores de serviços e produtos, tiverem consciência dos direitos e do poder de decisão que possuem, as empresas prestadoras e fabricantes tornar-se-ão muito mais cuidadosas não só com a qualidade dos serviços e produtos, mas também com as campanhas publicitárias para atrair os consumidores.

    1. Percebe-se, João de Paiva

      Percebe-se que você está bloqueado para o mundo ao seu redor. Afinal, o absoluto do Eu consumidor e sua pretensa racionalidade (igualmente) absoluta são os únicos critérios que contam, não é mesmo?…

      E tudo bem que, pra você, o fígado venha antes do cérebro.

      Só que os que pensamos, em lugar de reagirmos com o fígado, ainda nos entretemos com as tais  “filosofices”.

      1. Talvez bloqueado esteja você,

        Talvez bloqueado esteja você, que não sabe distinguir filosofia de filosofice; a primeira eu aprecio, respeito, leio e estudo; a segunda eu critico, ironizo, desdenho. 

        Olavo de Carvalho e Luiz Felipe Pondé se consideram filósofos. E muita gente acredita que eles o sejam e façam filosofia. A meu ver são charlatães e nada mais fazem do que  filosofice rasteira.

        Nem eu, nem o Eu filosófico ou metafísico somos absolutos e senhores da razão; e você também não o é. Eu nada disse sobre racionalidade e muito menos que a que eu possa possuir seja absoluta. Você é que está tentando me julgar e classificar, a partir dos seus critérios. Em meu comentário eu expus a minha posição em relação à campanha publicitária de uma empresa, a qual se mostra preconceituosa e inadequada. Em minha argumentação dei exemplos de atitudes que costumo tomar em relação a empresas que desreipeitam o cidadão usuário e consumidor. Você pode discordar da minha opinião, mas não me queira colocar como objeto da discussão. Eu não lhe convidei para um debate nem estou disposto a discutir com alguém que tira o foco do artigo, para tentar desqualificar quem postou um comentário que lhe desagrada.

        Tem opinião oposta à minha? Comente, mas com base no artigo e noutros conhecimentos aplicáveis. Não sou eu o objeto do artigo nem devo ser dos comentários. Repito: não lhe convidei para debate.

      2. Método da Avestruz!

        O que o João de Paiva sugere é o famoso método da avestruz, que enfia a cabeça no buraco e deixa o resto para fora.

        Cuidado João, não esquece que esconder só a cabeça deixa partes sensíveis do corpo para fora. Não preciso desenhar, né!

        1. Não se faça de engraçadinho,

          Não se faça de engraçadinho, rdmaestri! Leia a resposta que dei ao Ricardo. Não desfoque a discussão. Comente o artigo e use argumentos válidos. Não sou eu o objeto da discussão. E não convidei nenhum outro leitor comentarista para debater comigo. Preciso desenhar?

  4. Procurando pelo em ovo

    Não dá para encarar isso apenas como o que ela realmente é – apenas uma propaganda – com um trocadilho barato ao invés de toda uma análise freudiana???

    Socooooooorro

  5. CLODOVIL ESTAVA CERTO, O NEGÓCIO É NA “HORIZONTAL”

    Gosto muito de mulher, principalmente da minha e de minhas filhas é simplesmente CLICÊ, agencias de publicidade também se imbecilizaram e imbecilizou muitas mulheres, principalmente as que não fazem sucesso mais, ou se declaram homoxessuais ou abusam da loirice..caso perdido.. Tenho que admitir O Clodovil estava certo o negócio gira é na “HORIZONTAL”.

  6. Não consigo ver nem

    Não consigo ver nem desqualificação do masculino, nem machismo nessa propaganda. O homem de fato tende a ser mais devagar, no sentido que o Wilson coloca. E de fato a mulher contemporânea se obriga ser bom em tudo. Hoje mesmo que privilegiando o trabalho, não admite que a sua casa seja uma bagunça, ao contrário dos homens que penam sem a ajuda da famosa diarista.

    É uma generalização? Pode ser, mas todas as minhas amigas são assim. E todos meus amigos são muito mais relapsos. São todos mais preguiçosos e devagar sim, a mulher está sempre numa velocidade acima. É o que eu constato no mundo real. 

    O texto do Wilson então, nada tem de machismo, ou coisa parecida. Procura fazer uma analise mais atualizada das questões de gênero numa sociedade que sempre compartimentaliza comportamentos. Se ele está totalmente certo é outra coisa

    1. É isso ai Juliano, não dá

      É isso ai Juliano, não dá para generalizar porque existem muitas excessões, mas o que percebo também, no dia-a-dia, é que, principalmente nas gerações mais jovens, muitos homens estão literalmente ficando para trás. Em tudo, estudos, trabalho, relações sociais, etc….Muitos homens, meninos, garotos, precisam acordar…

  7. Pela publicidade, Edward

    Pela publicidade, Edward Bernays (ele mesmo) persuadiu um grupo de mulheres debutantes a desfilar na Quinta Avenida carregando cigarros como sinal de “libertação da mulher”,  pois na época, fumar em público não era “apropriado a uma dama”.

    Por que não admitir que certas causas, por mais nobres que sejam seus objetivos, são influenciáveis e podem, no fim, conter algum interesse obscuro?

    O artigo do Prof. Wilson, a meu ver, foi bem preciso nessa direção.

  8. A melhor frase ficou no texto original.

    Última frase:

    “As mulheres acabam descobrindo que, afinal, os homens eram dominados, explorados e fragilizados por um poder fálico muito maior do que o próprio homem, muito maior do que os conflitos de gênero – a mídia, a sociedade de consumo, a corporação, o mercado, mundo no qual, atônita, as mulheres descobrem que finalmente ficaram em pé de igualdade com os homens na tragédia.”

  9. Pelo rebu que alguns leitores

    Pelo rebu que alguns leitores andaram criando a partir do comentário que fiz, percebe-se que muitas pessoas pretendem combater preconceitos, estereótipos e estigmas, aplicando esses mesmos ‘princípios’ que pretendem criticar. Sou totalmente contra a objetificação da mulher em comerciais para vender automóveis, bebidas ou qualquer outra coisa. Jamais escrevi qualquer comentário preconceituoso contra mulheres, homossexuais, negros ou qualquer outra classe ou minoria social. Abomino qualquer preconceito, inclusive contra os homens. Ou por ser homem eu não posso reconhecer que existem, também, preconceitos contra o gênero masculino e a eles me opor? A campanha é preconceituosa contra os homens. Isso é fato e por isso me oponho a ela. 

    Eu critiquei, de passagem, as fracas psicologia e filosofia do artigo de Wilson Ferreira. O tema central da minha crítica não foi o artigo ou os escritos de Wilson, mas exatamente a campanha publicitária de uma empresa, campanha essa que ensejou a escrita do artigo. E sobre a campanha da empresa reitero todas as críticas que fiz. Enfatizo, mais uma vez, que não vou ficar debatendo com outros leitores comentaristas. O que já pedi, e o faço de novo, é que centrem os comentários no artigo e no tema do mesmo. Nem eu nem outros leitores são objeto da discussão. 

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