Uma análise da cobertura da imprensa sobre os protestos

Sugerido por Sérgio T.

Do Observatório da Imprensa

Uma flechada na inocência
 
Por Luciano Martins Costa
 
O noticiário de quarta-feira (28/5) destaca o protesto de indígenas e famílias sem teto, em Brasília, e o confronto que se seguiu quando um grupo de manifestantes se aproximou perigosamente do estádio Mané Garrincha, onde se encontrava em exposição o troféu que estará em disputa durante a Copa do Mundo de Futebol. Como parte das curiosidades deste país complexo, os jornais informam que um policial foi atingido na perna por uma flecha, o que chega a compor uma imagem curiosa no cenário futurista da capital federal.
 
Pode-se colher uma enorme variedade de análises na imprensa, nas últimas semanas, sobre a onda de protestos que começou em junho do ano passado como parte de uma campanha pela melhoria do transporte público nas grandes cidades. Depois vieram as manifestações de grupos específicos, que foram surgindo e desaparecendo, até que se consolidou a onda do movimento contra a Copa do Mundo, que flutua a bordo de todas as outras reivindicações e queixas que juntam pelo menos cinquenta ativistas e paralisam as cidades.
 
A observação das palavras de ordem e das justificativas de manifestantes e supostos líderes dos que pensam impedir a realização do evento mostra que o movimento se baseia em um punhado de convicções questionáveis, como a afirmação de que a Copa atrasa o atendimento de demandas importantes da sociedade.

 
A primeira delas fala de investimentos públicos que poderiam ter melhor destino se fossem aplicados em educação e saúde, e no geral ignora-se que a Copa resulta de um contrato de entidades brasileiras públicas e privadas com a Fifa, uma corporação privada sem fins lucrativos, muito parecido com os acertos que são feitos, por exemplo, para trazer ao país um festival de rock.
 
Os jornais demoraram, mas finalmente, há uma semana, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem esclarecendo que todo o investimento público feito pelo governo federal, por estados e municípios, relativos ao evento, soma R$ 25,8 bilhões, o equivalente a 9,9% das despesas anuais com educação. No entanto, ao mesmo tempo em que relativiza esse argumento dos ativistas contra a Copa, o jornal contribui para aumentar a confusão ao misturar a esses custos outros investimentos em infraestrutura, como a construção da usina de Belo Monte.
 
Escola de ativismo
 
Pode-se afirmar que os argumentos apresentados pelos manifestantes que tentam impedir ou atrapalhar a realização da Copa do Mundo no Brasil são pífios, falsos ou resultado da manipulação de dados. Mas não se pode apostar que haja alguma inocência nesses protestos, que agora invadem outras reivindicações, como a dos índios sem terra e dos trabalhadores urbanos sem teto.
 
Há, por trás do movimento contra a Copa, uma disciplina e uma organização que não combinam com a infantilidade de suas palavras de ordem. A mesma Folha trazia no domingo (25/5), na “Ilustrada”, o relato de uma palestra realizada em São Paulo (ver aqui), na qual o artista americano Sean Dagohoy, integrante de um coletivo chamado Yes Men, ensinava a uma centena de ativistas algumas táticas a serem usadas nas manifestações contra a Copa do Mundo. O objetivo, segundo a reportagem, é aproveitar ao máximo o “circo midiático em torno do megaevento no país”.
 
Na tal “oficina de ativismo” foram discutidas ideias como alagar a Arena Corinthians no dia da abertura da Copa, interferir nos telões do estádio e outras ações de boicote e sabotagem. O histórico do coletivo Yes Men, dedicado a ativismo cultural (ver site aqui), inclui intervenções em site de empresas, divulgação de informações falsas pela internet e outras iniciativas geralmente dirigidas contra grandes corporações ou governos.
 
O seminário em São Paulo foi organizado pelo coletivo intitulado Escola de Ativismo, que, segundo a Folha, é financiada, entre outras entidades, pela ONG ambientalista Greenpeace.
 
Uma leitura dos comentários, chamadas e temas priorizados pelo grupo nas redes sociais induz a acreditar que se trata de ativistas dedicados a estimular o protagonismo de jovens ansiosos por mudanças. Seus alvos tanto podem ser uma multinacional que causou um desastre ambiental como um governo democrático e o próprio sistema político. A tática é quase sempre produzir eventos que chamem a atenção da mídia. A motivação real está sempre dissimulada em palavras de ordem genéricas.
 
Uma das líderes do grupo afirma que eles querem “contribuir para que pessoas sejam agentes de mudança”. Não explicou que mudanças tem em mente.
11 Comentários

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  1. Vamos nos divertir

    Conversa franco-brasileira

    – Estamos avisando nossos compatriotas para não irem ao Brasil durante a Copa.

    – Ué! Por quê?

    – Muito perigoso.

    – Tens razão. Nós também vamos avisar os brasileiros para não irem à França.

    – Ah, bom! Por quê?

    – Muito perigoso.

    – Como assim?

    – Com a família Le Pen e o Front Nacional racista e xenófobo ganhando as eleições europeias não é aconselhável para um sul-americano mestiço botar o pé por lá. O risco pode ser muito grande.

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=5990

     

  2. Contras em ação?

    Editado às 8:56h

    Na tal “oficina de ativismo” foram discutidas ideias como alagar a Arena Corinthians no dia da abertura da Copa, interferir nos telões do estádio e outras ações de boicote e sabotagem.

    Isso me fez lembrar dos Contras da Nicarágua, lembro-me que naquela época li textos sobre as tais técnicas de sabotagem que incluiam danos através de ataques aos sistemas de comunicação, rede elétrica, transporte, abastecimento de água e até sabotagens simples nos locais de trabalho tipo danificar armários, ventiladores, computadores…Agora fiquei com uma pulga atrás da orelha: Os milhares de americanos que pediram vistos de entrada no pais à procura de emprego, superando até os hatianos, não seriam contras,,;???;;;;Olá ABIN kd vc 

    A Copa é apenas um evento como outro qualquer, não creio que este seja o verdadeiro alvo destes grupos, o buraco é mais abaixo:

    (  ) Detonar o Brasil, 7a. economia do mundo, segundo relatório do Banco Mundial

    (  ) Detonar a marca Brasil

    (  ) Se apoderar do pré-sal cujo valor supera os 20 trilhões de reais, segundo Bob Fernandes

    (   ) Amazônia e biodiversidade

    (   ) Solapar as conquistas do povo brasileiro e trazer de volta dona Violeta Chamorro ou, quem preferir, Silvio Berlusconi ou seu congênere tupiniquim(precisa dizer o nome?)

    (  ) Implantar um regime de austeridade que irrigue os bolsos dos grandes especuladores, rentistas, mídia e crime organizado de olho na chave do cofre

    (   ) Todas as alternativas estão corretas

    1. Conspiracao desestabilizadora tem metodo

      Entre os alvos da conspiracao desestabilizadora do Brasil, alem das que voce aponta muito corretamente, esta’ tambem a politica externa do pais, particularmente as conexoes do Brasil com os BRICS. Nao ha’ duvida de que existe uma conexao internacional muito forte por tras desta estoria toda; mas ela nao poderia funcionar sem a contrapartida oligarquica, partidaria e midiatica interna.

  3. O fato é que os SEM GOVERNO –

    O fato é que os SEM GOVERNO –  a oposição, viraram os SEM NOÇÃO! 

    O que se escreveu contra o país, nestes últimos meses é algo digno de estudos futuros para que a população possa  entender como se manipula toda a informação para assumir o poder via eleições ou através de um golpe de estado.

    Ainda bem que os escritos mentirosos e difamatórios começam a ser agora rebatidos pelas redes sociais.

    Mas restará ao país, corrigir sua imagem maculada no exterior, de revoltas, badernas destruição, organização e insegurança, imagem esta promovida e apoiada por agentes da oposição associado à grande mídia que visualisavam ser a única alternativa de retorno ao poder. 

    1. 100% dos manifestantes e a

      100% dos manifestantes e a totalidade dos “”movimentos sociais” tem o DNA da esquerda e do PT.

      Criaram os corvos e agora se queixam> Não há a “oposição conservadora”” nessas manifestações e badernas,

      SÃO “”DESGARRADOS” do ninho onde foram chocados, agora não obedecem mais, mas o ninho é São Bernardo,

      os grandes movimentos, os MS recebebem agora, hoje, no presente momento, verba publica para se manterem,

      portanto o Governo Federal não tem do que se queixar em relação a manifestantes.

      1. Você tem a informação mas

        Você tem a informação mas a usa para distorcer tudo, modificar fatos e escrever o que lhe interessa.

        Todos aqui o conhecem muito bem.

        Todos os dias nas redes sociais apareciam inserções promovendo o ódio, convocando o povo para protestar contra tudo do Governo a se indignar contra o Brasil.

        Distorceram valores dos avanços sociais para que o povo odiasse o pobre, e a tudo que viesse deste governo. Muitos saiam dos próprios blogs do Agripino Maia e do Alvaro Dias (que, segundo vc, devem ser de partidos da esquerda)

        A única esquerda que saía as ruas eram do PSTU que é hoje um partido à deriva assim como o Black Block e Annonimos.

        Foi sim, a direita conservadora que criou este ambiente de ódio promovendo uma guerra civil uma “primavera brasileira”.

        .

  4. teorias sobre minorias a reboque de conflitos provocados…

    por excesso de líderes (auto-expressão em todos), a participação deixa de ser espontânea, representativa de fato, e pode ser facilmente manipulada ou dirigida por gangues ou pequenos grupos dispostos a tocar o terror sem qualquer objetivo definido, mas sempre com a sociedade como alvo principal ou como a querer mostrar que a sociedade é que está respondendo com violência

     

    e para fazer com que 1 mais 1 seja sempre mais que 2, financie ou contribua para os fundos de participação que já existem de montão, aqui e no exterior, e que o MP e PF tem tudo para identificar e assim poder quebrar a articulação com interesses estrangeiros……………….estrangeiros mesmo ou apenas de políticos da oposição extremista?

  5. Com o devido resguardo,

    Com o devido resguardo, opino: nunca essa palavra “manifestação” soou tão falsa como nesses tempos. O que temos é muito, muito mesmo,  um crasso oportunismo. Há, claro, exceções. Mas são tão raras que se diluem nessa mar de oportunistas camulflados de indignados. 

    Oportunismo de fundo, ou narcisista, ou político, ou ideológico, ou tudo isso junto. 

  6. Fui ver o excelente

    Fui ver o excelente documentário sobre o acordeonista e compositor Dominguinhos e, entre os trailers, apareceu a propaganda de  um documentário sobre os protestos de 2013. Chamava-se “Junho” e no meio das imagens da repressão aos protestos do ano passado, apareceram imagens de futebol e copa do mundo ( o que é estranho, porque se trata de fatos passados). Esse documentário deve entrar em cartaz em junho, mês da copa. O que me chamou a atenção é que entre seus patrocinadores está a Folha de São Paulo.

    Fazer um documentário sobre as manifestações tudo bem, mas por que imagens sobre a Copa? Com que objetivo? Insuflar novos protestos? A gente sabe que eles vão acontecer, mas que esse filme tem cara de coisa dirigida, ah isso tem.

  7. Sempre os desestabilizadores……

    “Agora fiquei com uma pulga atrás da orelha: Os milhares de americanos que pediram vistos de entrada no pais à procura de emprego, superando até os hatianos, não seriam contras,,;???;;;;Olá ABIN kd vc?”. 

    Desestbilizar governos não atrelados ou não alinhados semmpre foi o forte do império, e suas Ongs instrumentalizadas!

    Abre o olho Dilma, pois se demorar fazê-lo, pode ser tarde demais!!!!

    A Abin tem que filtrar esses oportunistas e manipuladores da quinta-coluna!!!!

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