Artistas e público do Rio de Janeiro se unem em defesa do Theatro Municipal

 

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O Theatro Municipal do Rio de Janeiro –o mais importante e tradicional teatro da Cidade –tem sido assunto frequente aqui no Blog. Infelizmente, não para comentar a programação, mas para denunciar suas mazelas e a comprovada incompetência de seus principais administradores. 

A contratação, no início do ano, do maestro Isaac Karabitchevsky trouxe alguma esperança de mudança na situação. Não mudou nada.  O maestro aceitou a incumbência menor de “programador de temporada” e não assumiu a direção artística do Theatro, como foi anunciado na época de sua chegada. O cargo estratégico é ainda ocupado oficialmente pelo antigo titular, seu colega Silvio Viegas. Karabitchevsky, um nome respeitado, dá sinais de que se acomodou aos esquemas implantados desde 2007 pela presidente da Fundação Theatro Municipal, a Sra. Carla Camurati, cuja permanência no cargo por tantos anos é absolutamente inexplicável e desarrazoada.

O resultado está aí: estamos chegando ao fim do ano com mais um balanço negativo, não muito diferente do apresentado nos anos anteriores. Tivemos mais do mesmo, ou seja, quase nada. Nem os bicentenários de Verdi e Wagner, festejados no mundo inteiro, serviram de inspiração aos dirigentes do Theatro. No Rio, os dois gênios da música não receberam a atenção que mereciam. Agora, “Inês é morta”. Outra oportunidade como essa só daqui a cem anos. No caso da ópera, a “temporada” fechará com “Billy Budd”, que lembrará o centenário de Benjamin Britten, e que se somará a “Aida”, de Verdi, e “Die Walküre”, de Wagner. Três títulos em doze meses; um bolinho com uma única vela para cada aniversariante, servidos com as desculpas esfarrapadas de sempre, que mais escondem e sugerem desconfianças do que explicam

De positivo mesmo há a firme reação dos artistas com o apoio do público. Depois de muita luta os funcionários do Theatro conseguiram do Governo do Estado a autorização para a realização de Concurso Público para preencher as muitas vagas abertas, mas a conquista só beneficiará os corpos artíscos. As áreas técnica e administrativa não foram contempladas. O último concurso foi em 2001. Ainda assim, foi uma vitória importante, um grande passo na defesa do maior teatro do Rio de Janeiro.

No dia 24 de outubro, quinta-feira, às 13 horas, artistas e público têm um encontro marcado nas escadarias do Theatro Municipal, na Cinelândia. Quando artistas precisam sair à rua em defesa da Ópera, do Balé e do Concerto no Theatro Municipal, que para essa finalidade é mantido pelos impostos pagos pela população, é porque a situação é muito grave mesmo. O Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Estado do Rio de Janeiro-SINTAC está divulgando a seguinte “Carta à População”:

“Os artistas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro vêm a público manifestar sua insatisfação com a atual gestão da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro.A Temporada Oficial dos Corpos Artísticos vem sendo diminuída e depreciada a cada ano, desde a posse da atual gestão em 2007.As temporadas dos espetáculos  realizados tradicionalmente pelos Corpos Artísticos vêm sendo substituídas por exibição de filmes.

O Theatro Municipal não é CINEMA.

Os projetos sociais realizados pelos Corpos Artísticos da FTM/RJ foram desativados: “Espetáculos para as Escolas Públicas”; “Domingo a Um Real”; “Ópera ao Meio Dia”.

O reconhecimento de Direitos dos funcionários vem sendo desrespeitado constantemente. Os quadros de pessoal da FTM/RJ estão completamente esvaziados, necessitando de concurso público para todas as áreas: Artística, Técnica e Administrativa. É urgente a reposição salarial para os servidores do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A atual gestão vem tratando com extremo descaso os artistas, técnicos e administrativos. A falta de comprometimento com a Temporada Oficial da FTM/RJ é um atentado contra a cultura pública e um destrato com a população do Rio de Janeiro.”

Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Estado do Rio de Janeiro-SINTAC

 

Redação

4 Comentários

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  1. Mais ou menos (mais para

    Mais ou menos (mais para menos). Não adianta ter Central Técnica se vc não faz nenhum espetáculo. Os espetáculos só de música não precisam de cenário. Com o acervo que a CT tem, vc deve ser capaz de montar muitos espetáculos de dança e óperas sem precisar de grandes investimentos. E depois, se vc tem todo um corpo técnico (músicos, bailarinos, técnicos) na folha de pagamento, não utilizá-los é no mínimo burrice. E isso não é de hoje, já em desde 2007…

     

  2.  24/10 às 17h31 – Atualizada

     

    24/10 às 17p1 – Atualizada em 24/10 às 17p5

    Artistas do Theatro Municipal fazem manifestação na Cinelândia

    Jornal do Brasil+A-AImprimirPUBLICIDADE 

    Artistas e funcionários do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizaram nesta quinta-feira (24/10), nas escadarias do teatro, ato contra a atual gestão da fundação que administra o teatro, presidida pela atriz Carla Camurati. O ato contou com as apresentações dos corpos de balé e coral do teatro. A Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro (FTM/RJ) está na esfera do governo estadual e responde pela gestão artística e administrativa do Municipal.

    Corpo de Balé do Theatro Municipal faz manifestação na CinelândiaCorpo de Balé do Theatro Municipal faz manifestação na Cinelândia

    Os artistas distribuíram uma carta aberta à população, em que salientam a falta de comprometimento por parte da atual gestão com a programação da temporada oficial da FTM/RJ. “Desde a entrada da Carla Camurati, em 2007, na presidência da fundação, o declínio das atividades do teatro tem sido constante. As produções próprias do teatro, no campo da ópera, balé e concerto praticamente não existem. Para que se tenha uma ideia, somente agora em novembro é que estaremos realizando nossa segunda ópera no ano”, salienta o músico e cantor Zé Rescala, integrante do coro do teatro.  

    Corpo de Balé do Theatro Municipal faz manifestação na CinelândiaCorpo de Balé do Theatro Municipal faz manifestação na Cinelândia

    Outra questão levantada pelos artistas durante o ato foi a  exibição de filmes no Municipal. Eles argumentam que as temporadas dos espetáculos realizadas, tradicionalmente, pelos corpos artísticos, foram desestimuladas e trocadas por sessões de cinema. “O teatro municipal não é cinema”, dispara Zé Rescala.

    O cantor também cita o descaso da atualgestão da FTM/RJ com os artistas, técnicos e administrativos. “Qualquer reivindicação dos servidores do Theatro Municipal, seja do corpo artístico ou administrativo, é ignorada pela presidência da fundação. Questões como reposição salarial nem sequer são cogitadas ou estudadas”, finaliza Zé Rescala. 

     

  3. O cara é meio doido: reclama

    O cara é meio doido: reclama que não foi dada a atenção devida aos bicentenários de Verdi e Wagner, para logo a seguir informar que a temporada do teatro fechará justamente com trabalhos desses dois grandes nomes. 

    >>>  a temporada fechará com (….) que se somará a “Aida”, de Verdi, e “Die Walküre”, de Wagner.

    Carla já dirigiu montagens de 5 óperas, ele sabe disso. Mas prefere fazer sua cruzada contra ela, de maneira bastante ofensiva, inclusive. O Teatro foi totalmente reformado na gestão dela – desmonte? Ok, Teatro não é Cinema – mas pode ter um uso múltiplo, ainda mais sendo público. O SINTAC não representa os artistas, mas pretende falar em nome deles? 

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