As armas dos movimentos de esquerda e de direita no impeachment

Jornal GGN – No último final de semana, manifestantes de esquerda e direita adotaram táticas diferentes para combater ou apoiar o impedimento da presidente Dilma Rousseff. Contrários ao impeachment, movimentos estudantis de São Paulo promoveram no sábado (9) uma aula pública para discutir a atual conjuntura política. No dia seguinte (domingo, 10), manifestantes do Vem pra Rua, favoráveis ao impeachment, instalaram painéis no gramado do Congresso Nacional onde contabilizam as intenções de voto dos deputados.

O ator e escritor Gregório Duvivier defende que a presidente Dilma conclua seu mandato, desde que para isso não precise realizar “alianças espúrias”. “Se a Dilma, por acaso, continuar, e eu torço para que ela continue, que não seja por causa das alianças com os setores mais conservadores da sociedade. Enquanto ela não governar para as pessoas que votaram nela, na esquerda, a gente tem sim que continuar indo às ruas”, disse.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que defender a democracia não é o mesmo que defender o governo Dilma e suas políticas. “Muitos de nós, que estivemos e estamos nas mobilizações, não defendemos essas políticas. Não defendemos ajuste fiscal, não defendemos megaprojetos que passam por cima de comunidades, de tudo e de todos. Não defendemos reforma da previdência, não defendemos uma política que faz com que o andar de baixo, dos trabalhadores, da juventude, dos mais pobres, pague a conta dessa crise”, afirmou.

A professora de arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), Raquel Rolnik, disse que o brasileiro precisa superar o preconceito com aquilo que é público e se apropriar dos espaços e instituições. “A Praça Roosevelt é um exemplo disso, um exemplo daquilo que é um dos maiores desafios que a gente tem pela frente, daquilo que não construímos no nosso país: a ideia de um espaço público, de uma esfera pública. A ideia de um estado que é construído, que é pensado, que é estruturado para promover, defender e proteger essa dimensão pública entendida como uma propriedade coletiva do cidadão”, disse.

Do outro lado, os manifestantes de direita falaram da intenção de informar a população sobre o posicionamento dos parlamentares no processo de impeachment. Os placares instalados no gramado do Congresso apontava 286 deputados a favor do impedimento, 112 indecisos e 115 contrários.

O objetivo principal é pressionar os indecisos. Vinícius de Carvalho, participante do Vem pra Rua e do Movimento Brasil (MBR), falou sobre a necessidade de dar transparência ao processo e conscientizar a população para as próximas eleições. Ele negou que a pauta dos movimentos seja apenas antipetista. “A gente é contra a corrupção”, afirmou.

No protesto de domingo, ele estava fantasiado de presidiário, em uma referência ao boneco inflável do ex-presidente Lula que ficou conhecido como Pixuleco. Carvalho disse que, nesta semana, militantes do Vem pra Rua e do MBR vão abordar políticos em aeroportos e na Esplanada dos Ministérios para pressioná-los a votarem a favor do impeachment.

O empresário Luciano do Nascimento Ferreira também estava presente na mobilização de domingo em Brasília. Ele levou os filhos Pedro, de oito anos, e Gustavo, de cinco. “Vim para eles participarem da situação política, acompanharem de perto”, disse. 

Com informações da Agência Brasil

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. É reveladora a diferença.

    A nítida diferença entre os contrários e os apoiadores do golpe:

    – Os contrários ao golpe buscam a discussão e o convencimento de idéias.

    – O apoiadores do golpe apenas fazem uso de intimidações e pirotecnias.

    Um lado julga a sociedade como capaz de pensar, o outro julga que a sociedade é composta de milhões de Homer Simpsons.

     

    Aliás, é interessante o eufemismo “abordar parlamentares nos aeroportos” para se referir às agressões recentes que a direita tem feito, sendo a ultima agredida a senadora Gleisi Hoffmann.

  2. Ontem vi mais uma vez um

    Ontem vi mais uma vez um vídeo sobre os passos polítios de Tacredo Neves, com seus discursos inflamados, e suas precupações com o estado de direito, a democracia. Num dado momento, em conversa coloquial com outro político lá em Minas, ele disse: “O mineiro não é radical”. Aí, pensei em Aécio, e como estaria o avô dele ao vê-lo nessa trincheira diametralmente oposta aos anseios do avô, que tanto lutou pelas diretas, para que o País respirasse democracia de novo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador