Com marcha histórica, sem-terra prometem realizar “cerco popular” em Brasília

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Última grande marcha nacional realizada pelo MST ocorreu em 2005. / Arquivo MST

Última grande marcha nacional realizada pelo MST ocorreu em 2005. - Créditos: Arquivo MST

do Brasil de Fato

Com marcha histórica, sem-terra prometem realizar “cerco popular” em Brasília

Entenda como se organizará a marcha nacional que o MST realizará entre os dias 10 a 15 de agosto.

por Redação

Cerca de 5 mil camponeses de todas as regiões do Brasil participarão da Marcha Nacional Lula Livre, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina (articulação mundial de movimentos camponeses). A mobilização ocorrerá entre os dias 10 e 15 de agosto. O ponto final da caminhada será a cidade de Brasília. Além de lutar contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Curitiba há mais de 100 dias, os trabalhadores marcham para chamar a atenção da população para as graves crises econômica e política pelas quais o Brasil passa.

Ao todo, serão cerca de 50 quilômetros de caminhada, durante quatro dias. Os marchantes estarão divididos em três colunas: um grupo partirá da cidade de Formosa (GO), outros manifestantes sairão de Luziânia (GO) e um terceiro grupo de manifestantes seguirá a partir da cidade de Engenho das Lages (DF). Os marchantes chegarão, ao mesmo tempo, na capital federal. Cada coluna contará com cerca de 1.500 sem-terra. Estarão presentes integrantes do MST de todos os estados em que o movimento está organizado (23 ao todo). 

No dia 10 de agosto acontecerá a concentração dos marchantes nos três pontos de partida e o ato de lançamento da mobilização que se junta ao Dia do Basta (Dia Nacional de Mobilizações e Paralisações das Centrais Sindicais). A caminhada começa, efetivamente, no dia 11 de agosto e as três colunas deverão chegar a Brasília no dia 14 de agosto. No dia 15 de agosto ocorre, na capital brasileira, uma grande manifestação em apoio a Lula. Esse será o último dia para o registro das candidaturas e o dia no qual a inscrição do ex-presidente será protocolada para concorrer no pleito de outubro.

Ao longo do percurso, em cada cidade em que a marcha parar haverá uma programação com rodas de conversa, formações, teatro e intervenções de agitação e propaganda. A ideia é promover uma interação entre os trabalhadores que participam do ato e as populações locais, ampliando o debate sobre a democracia e os problemas pelos quais o país enfrenta.

“A marcha tem como objetivos fazer o registro da candidatura de Lula, exigir do Supremo Tribunal Federal (STF) a soltura do ex-presidente, já que está preso de forma injusta. Evidentemente que a marcha também vai denunciar toda a estrutura do golpe [de 2016], corrupta, autoritária, contra a nossa democracia, que foi feito pelo Poder Judiciário, pela mídia … A ideia é dialogar com a população, que já está apoiando Lula de forma massiva e, por tanto, com as condições para ganhar as eleições no primeiro turno. Por esta razão, é fundamental que o Lula possa participar das eleições”, explicou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, durante entrevista à Rádio Brasil de Fato, nesta quinta-feira (9).

Histórico

Organizar um grande volume de pessoas em uma manifestação deste porte é desafiador. No entanto, o movimento já possui uma larga experiência neste quesito. “Na marcha de 2005 nós contamos com 12 mil pessoas. Todo mundo se alimentando, sem nenhum incidente e sem absolutamente nenhum problema para nós e para toda a sociedade. Da mesma forma vai ocorrer agora”, lembra Mauro.

A marcha nacional realizada pelos sem-terra em 2005, como relembra Gilmar Mauro, saiu da cidade de Goiânia (GO) e, durante duas semanas, os camponeses percorreram cerca de 200 Km até a chegada em Brasília.

Em 1997, um ano após o Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 camponeses ligados ao MST foram assassinados pela Polícia Militar no Pará, em Carajás, cerca de 1.300 sem-terra realizaram a Marcha Nacional por Emprego, Justiça e Reforma Agrária.

O objetivo era chegar em Brasília no dia 17 de abril, exatamente um ano após o Massacre. Os camponeses partiram de três pontos diferentes do país no dia 17 de fevereiro de 1997 e, por dois meses, atravessaram a pé diversos municípios do Brasil.

Uma das colunas partiu da capital paulista com 600 pessoas. Outra saiu de Governador Valadares (MG) com 400 integrantes. E a terceira coluna partiu de Rondonópolis (MG) com 300 pessoas. Cada coluna percorreu cerca de 1.000 km.

No dia 17 de abril, dia da chegada em Brasília, cerca de 100 mil pessoas receberam os sem-terra na capital federal demonstrando solidariedade e simpatia pela luta por Reforma Agrária. O episódio ficou conhecido como “A Marcha dos 100 mil”.  

Treze anos após a última grande marcha nacional realizada pelo MST, Gilmar Mauro pontua os elementos centrais que permearão a atual mobilização. “O objetivo é fazer um cerco popular a Brasília, e é muito importante que toda a militância do movimento sindical, militância partidária, militância que não está em nenhum tipo de organização possa se somar a este processo de mobilização. A nossa avaliação é que a única forma de nós garantirmos a eleição limpa, livre e com a participação do ex-presidente Lula é se nós conseguirmos fazer grandes mobilizações populares”.

 

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador