Curitiba: vão-se os manifestantes, ficam os rojões, por Marcelo Auler

rojoes_curitiba.jpg

Na manhã de quinta-feira (11) o Blog ainda encontrou rojões jogados ao relento no chão do acampamento. Foto: Marcelo Auler

Do blog de Marcelo Auler

Curitiba: vão-se os manifestantes, ficam os rojões
 
por Marcelo Auler

Foram dois dias de festa na capital paranaense. Certamente, a multidão que acorreu a Curitiba foi bem inferior aos 30mil, segundo organizadores, ou 50 mil, na expectativa das autoridades – como descreveu a juíza da 5ª Vara da Fazenda Pública, Diele Denardin Zydek (veja em Lula em Curitiba: apesar da juíza, venceu o bom senso!) – anunciados. Mas isto não impediu de a demonstração da força política de Lula, que recebeu apoio de pessoas dos mais distintos pontos do país – só do Piauí foram cinco ônibus com manifestantes.

Nas 48 horas que a cidade recebeu a chamada “onde vermelha” para a Campanha Nacional em Defesa de um Brasil Justo Para Todos e Para o Lula, o clima de festa predominou contrariando as expectativas dos que falavam nas possibilidades de tumultos e quebra-quebras, ou mesmo no impedimento de ir e vir dos cidadãos curitibanos. O impedimento, afinal, foi provocado pelas autoridades, que cercaram o entorno do prédio da Justiça Federal com centenas de policiais militares, afetando a vida dos moradores e trabalhadores daquela região no bairro do Ahú.

Já o único incidente – atentado? – registrado no acampamento dos militantes de movimentos sociais, notadamente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao que parece, não mereceu a atenção devida das autoridades policiais paranaenses. Um ato cometido contra cidadãos, que provocou ferimentos no pedagogo M.D, de 30 anos, da região de Guaíra (Noroeste do Paraná), é considerado crime contra a pessoa e deve gerar uma Ação Penal Pública Incondicionada. Ou seja, uma apuração criminal que independe da vontade das partes, sob pena de prevaricação das autoridades policiais.

Mas, até a manhã desta quinta-feira (11/05), parte das provas do atentado – cartuchos de alguns dos rojões disparados no início da madrugada de quarta-feira (10/05) – permanecia jogada ao relento, no chão do terreno ao lado da estação Rodoferroviária onde armaram o Acampamento da Democracia. Foram-se os manifestantes, que não provocaram nenhum incidente, mas ficaram os rojões disparados contra os mesmos, sem uma aparente preocupação da polícia – que deveria investigar o possível crime – de recolher as provas do que os militantes consideraram um atentado, como mostra a foto acima feita pelo Blog na manhã desta quinta-feira.

os rojoões espalhados

Na quarta-feira (10/05) além dos rojões que permaneciam na manhã de quinta no acampamento (à esquerda) outros foram achados em áreas próximas. Fotos: Marcelo Auler

Autoridades da área de segurança do Governo do Estado do Paraná suspeitam desse “atentado”. Alegaram, entre outros motivos, desconhecerem o atendimento médico da vítima em hospitais públicos e até da existência de Boletim de Ocorrência do fato. Por esta suspeita, teria ocorrido um acidente, provocado pelos próprios membros dos movimentos sociais, que seriam responsáveis pela queima dos fogos.

Curiosamente, as autoridades mostraram preocupação em vistoriar os ônibus da caravana, provavelmente em busca de armas, já que apreenderam um enxadão e um facão de cozinha. Não se falou na existência de rojões.

Ao não visitaram o acampamento onde, na tarde da quarta-feira, dia em que de madrugada houve as explosões, o Blog localizou não apenas os rojões que aparecem na foto que abre essa reportagem, mas outros em áreas próximas, como mostram as fotos acima. Também foram encontrados tijolos, madeira e um cabo de vassoura dos dois que foram usados para montar quatro “baterias” de rojões. Tivessem ido ao acampamento, os policiais ouviriam testemunhos como o do militante que conduziu o Blog ao local, dentro da área usada para abrigar os militantes, de onde os rojões foram disparados, como mostramos no vídeo abaixo.

Continue lendo aqui

Assine

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador