Documentário mostra ativismo das meninas secundaristas

Da Rede Brasil Atual

Documentário ‘Lute como uma Menina’ celebra novas energias em movimento
 
O movimento que abalou São Paulo em 2015 é a inspiração do documentário Lute como uma Menina, concluído no início deste ano e agora disponível no Youtube. O ativismo autônomo dos secundaristas, não ligados a organizações tradicionais, obrigou o estado a recuar da imposição de um projeto de “reorganização” que implicaria fechamento de centenas de salas de aula e levou à queda de um secretário da Educação.

Iniciadas em 9 de novembro de 2015 – nas escolas estaduais Diadema, no ABC Paulista, e Fernão Dias, na zona oeste da capital –, as ocupações que alcançariam mais de 200 escolas públicas tiveram como particularidade a força das jovens secundaristas, que despertaram atenções para um feminismo rejuvenescido. A energia do movimento e das jovens mulheres que o protagonizaram são a matérias-prima do filme produzido por Beatriz Alonso e Flávio Colombini.

Com 76 minutos, o filme apresenta a experiência de suas organizações internas, o enfrentamento das autoridades e da violência policial, a luta pela autogestão, o amadurecimento político, intelectual e cultural e o sonho de milhares de pessoas que nunca haviam participado de nenhum tipo de mobilização de que é possível construir um país melhor – e agir por ele. Lute como uma Menina deve funcionar como ferramenta de reflexão e também de estímulo às novas lutas estudantis, segundo seus idealizadores, a exemplo de Acabou a Paz – Isso aqui vai virar o Chile, de Carlos Pronzato.

“Tínhamos planos de lançar o filme em festivais, pois seria também uma possibilidade de levar a luta para outros estados e outros setores da sociedade. Mas percebemos que se trata de um circuito meio fechado, difícil de ser penetrado. Então resolvemos antecipar as exibições e a exposição no Youtube para que possamos contribuir com esse momento de efervescência”, diz Beatriz. “Acho que não teríamos espaço no circuito convencional embora ainda tenhamos esperança de lançar ao menos no Netflix. “Assim como os secundaristas foram inspirados por um documentário sobre a rebelião pinguina, no Chile, esperamos poder inspirar muita luta. Inclusive ele está sendo legendado em inglês e espanhol. Enfim, fizemos esse documentário pra ser visto.”

As exibições, seguidas de debates, já vêm acontecendo há várias semanas. As próximas, neste mês, estão marcadas para dia 17 na Unifesp da Barra Funda e dia 24 em Paraty, no Cine Mulher. “Já exibimos na Federal do ABC (UFABC), no Instituto Federal de São Paulo, na Biblioteca Mario de Andrade, centro da capital, em Caraguatatuba, Guarulhos, em ocupações. Em uma ocasião, uma menina veio nos cumprimentar chorando muito, dizendo que se sentiu muito representada como feminista, que o filme é muito inspirador e a fez sentir mais forte. Foi emocionante ouvir isso”, conta a produtora.

Redação

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Sinal de que o protagonismo

    Sinal de que o protagonismo feminino na sociedade só vai aumentar, considerando-se que atualmente começa na adolescência dessas meninas. É maior o número de meninas que vão para as universidades do que o de garotos. E posso afirmar que também nas ocupações das universidades, pelo menos onde pude ver, as garotas são maioria. 

  2. Fui numa ocupação aqui do Rio

    Fui numa ocupação aqui do Rio levar doações, e fiquei surpreso com a presença majoritária de meninas. Percebi pelo pouco contato que tive, que são inteligentes e sabem o que estão fazendo. Olha que algumas tinham jeito de ter 13, 14 anos. 

    Lindas, guerreiras, corajosas e impressionantemente lúcidas. Um alento para um caroa desiludido como eu 

  3. Amanhã vai ser maior.

    Não há retrocesso, é um território conquistado política e culturalmente.
    “Acho que a gente nem sabia que tinha toda essa potência, essa voz, toda essa força, é incrível isso que tá acontecendo, pouca gente tem noção do que rola aqui entro, sabe … que a gente tá criando consciência política, que a gente não vai crescer adultos, que chegam a fase adulta e dizem: Ah! Política e religião não se discute. Não vai acontecer mais isso.”

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador