É tempo de lutas difíceis, mas a resistência está aqui, diz Boaventura

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Durante visita à Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, intelectual português pede luta e esperança no Brasil
 
 
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‘A política mais honesta da América Latina foi impedida pelos mais corruptos do continente’

Da RBA

Em visita à Ocupação Povo Sem Medo, sociólogo português Boaventura de Sousa Santos pede continuidade da luta. “O que eles querem é que percamos a esperança”

Em visita à Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, na tarde deste sábado (11), o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos afirmou que a organização no local mostra que o povo, apesar do cenário adverso no Brasil, ainda resiste. “Muitas vezes as pessoas se perguntam onde está a revolução, onde está a resistência. A persistência está aqui”, disse ao Mídia Ninja.

“É preciso lutar. Nas piores condições, encontramos as melhores oportunidades. O que eles querem é que percamos a esperança. Porque a desesperança leva ao medo, o medo leva à resignação, a resignação leva à desistência, e nós temos esperança em uma sociedade melhor e digna”, defendeu.

Em sua fala no acampamento, Boaventura ressaltou ainda a ruptura democrática que houve no país com a derrubada de Dilma Rousseff. “Vocês viram isso, tiveram uma presidente eleita legitimamente e poucos meses depois pedem o impeachment dela. A política mais honesta da América Latina foi impedida pelos políticos mais corruptos da América Latina. Foi isso que se passou”, afirmou. “Em plena democracia, um golpe institucional que se deu com a colaboração do Judiciário.”

Boaventura ponderou ser necessário compreender o atual momento para definir a estratégia de resistência. “Precisamos saber em que tempo estamos. É um tempo de lutas difíceis, defensivas, não podemos sonhar com o socialismo, precisamos dar dignidade às pessoas hoje, agora”, apontou. “Comida, habitação, moradia digna, proteção à saúde, educação pública. Não é uma utopia lá longe, é uma utopia aqui, agora.”

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Os esquerdistas sonháticos (psolistas etc) deviam ver os vídeos

    A luta agora nao é por uma utopia lá longe, é por dignidade agora. Perfeito. Eu só acrescentaria a defesa do patrimônio nacional. Nao só petróleo, mas, a médio prazo, ÁGUA. Temos os maiores aquíferos do mundo, que nao podem ser privatizados.

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