Em resposta à convocação a uma Greve Internacional no dia 8 de Março! Estaremos em Luta!

Enviado por Almeida

do PCB

Em resposta à convocação a uma Greve Internacional no dia 08 de Março! Estaremos em Luta!

Na última semana, tivemos acesso a uma carta assinada por Angela Davis, Nancy Fraser e outras intelectuais e ativistas que moram nos EUA, na qual se faz uma análise dos movimentos de mulheres pelo mundo, assinalando uma oposição ao movimento feminista liberal – libfem (chamado na nota de “feminismo empresarial”) e convocando uma greve internacional militante para o 8 de Março.

Diante da conjuntura internacional do capitalismo, cada vez mais perversa e agressiva para a classe trabalhadora, principalmente para as mulheres, população negra, LGBT e imigrantes, essa carta se apresenta como uma chama que conclama uma grande greve e paralisações no nosso dia internacional de lutas.

A carta, com um claro conteúdo classista, aponta como o capital financeiro destrói de forma cada vez mais acelerada a vida de nós trabalhadoras e trabalhadores, bem como para a necessidade de as marchas estadunidenses ganharem um caráter de luta anticapitalista e avançarem para além das lutas contra misoginia, homofobia, racismo, xenofobia e anti-imigrantes expressas pelo governo de Trump.

As massas nos EUA nos últimos dois meses foram para as ruas contra Trump após um chamado às mulheres a reagir aos interesses representados por esse governo e sua plataforma política. No dia 21 de janeiro, houve atos em 4 estados dos EUA, com uma grande mobilização em Washington. Os atos tiveram um caráter amplo, com diversas pautas, mas com foco principalmente nas lutas contra as diferentes formas de opressão e dominação. Foi dirigido por mulheres, mas englobou mulheres, homens, população LGBT, bem como diferentes povos que vivem naquele território.

Por um lado, essas marchas expressam que a luta de classes nos EUA pode avançar a um outro patamar no próximo período em reação às políticas de Trump e ao alto nível de desemprego e pobreza no país, que acomete principalmente as mulheres, a população negra e imigrantes. Por outro, como aponta a carta, isso é uma possibilidade de as lutas feministas ganharem uma nova expressão, diferente daquelas hegemônicas nos trabalhos de ONGs, em alguns setores universitários e em diferentes movimentos ativistas pelo mundo, o feminismo liberal, que tem grande visibilidade entre uma parte das mulheres.

Essas intelectuais e ativistas embasam a convocação a partir dos últimos acontecimentos nos EUA e a partir da convocação de paralisações nacionais em 30 países contra a violência machista e pelos direitos reprodutivos, apontando que esses podem ser os primeiros passos para a internacionalização das lutas contra todas as formas de violência – doméstica, sexual, reprodutivas, estatais e do capital. Também tem em vista as últimas movimentações de mulheres pelo mundo, como a marcha Ni una a menos, que gerou uma paralisação nacional de mulheres contra todas as formas de violência na Argentina e que ganhou força em diferentes países da América Latina, principalmente no Peru.

A carta aponta um horizonte que deve ser almejado por nós feministas classistas: a internacionalização das lutas das mulheres trabalhadoras pelo mundo. Abre-se a possibilidade de ganhar força um feminismo que abarque a luta e a vida das mulheres trabalhadoras, que se proponha a revolucionar a vida de toda nossa classe, como nós designamos, um feminismo classista.

A luta contra o capital imperialista, o patriarcado, o racismo, a LGBTfobia e qualquer forma de dominação/opressão tem que ser necessariamente internacional. O dia internacional das mulheres foi um dos maiores exemplos do esforço de camaradas como Clara Zétkin e Alexandra Kollontai, para internacionalizar um dia no qual mulheres trabalhadoras de todo o mundo estivessem nas ruas e nas lutas, por nossos direitos e pela radical transformação social(1).

Dessa forma compreendemos o caráter da convocação de uma greve internacional no 8 de Março e nos solidarizamos ao chamado, apesar de avaliarmos que o nível de organização da nossa classe internacionalmente, bem como nacionalmente, ainda é incipiente diante de todos os desafios impostos pelo capital imperialista e sua expansão exploradora e genocida.

Precisamos, portanto, para além desse chamado, de voltarmos nossa militância também para o trabalho de base e para o diálogo com a mulher trabalhadora, estando nos lugares onde elas estão, realizando círculos de estudos, panfletagens, cine-debates e demais atividades para que consigamos inserção junto à classe e à organização das mulheres de nossa classe. É necessário que as mulheres trabalhadoras tomem o rumo da luta contra a precarização de suas vidas em suas próprias mãos, para organizar uma greve geral que contrarie os interesses do empresariado e os grandes proprietários de terra que hoje retiram nossos direitos, muito bem representados pelos gestores do capital Trump e Temer.

Respondemos ao chamado das companheiras afirmando que o 8 de Março será de paralisações e de lutas, mas também de muito trabalho de diálogo com as mulheres! Estaremos nas ruas contra todas as violências às mulheres e à nossa classe, violência doméstica, reprodutiva, sexual, no trabalho e aquelas praticadas pelo Estado Burguês, a exemplo das reformas da previdência e trabalhista, propostas pelo governo Temer, que tornarão ainda pior e mais penosa a vida das trabalhadoras e trabalhadores. Afirmamos que, nos locais onde tivermos inserção, estaremos paralisando nossos trabalhos e/ou em amplas campanhas em cada local de trabalho/estudo/moradia. Estaremos organizando, dialogando e disputando a consciência da nossa classe – trabalhadora, mulher, LGBT, homem, negra, camponesa, indígena, quilombola, ribeirinha, cigana, de diferentes etnias e diferentes nacionalidades, que lutem contra o capitalismo e as diferentes formas de opressão!

Avante! A nossa luta é internacional!

Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Filiado à Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM)

1. Clara Zétkin propôs, em consonância com proposta vinda das mulheres do Partido Socialista Americano, a comemoração de um dia internacional de luta das mulheres no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que aconteceu em 1910, em Copenhague, na Dinamarca.

Para acessar a carta: http://www.esquerdadiario.com.br/Chamado-internacional-para-uma-paralisacao-de-mulheres-no-8-de-marco

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Caro Almeida,
    Compareço no

    Caro Almeida,

    Compareço no comentário movido pela melancolia que me assalta ao ler o seu texto e por solidariedade ao ter consciência de sua mais total sinceridade e abnegação à causa que defende, sou solidário ao idealismo.

    A melancolia nasce da forma em que a dialética, a mensagem e o apelo que carrega são desenvolvidas. Esse texto, não fosse a  menção a movimentos LGBT, ONG´s, Temer e Tump, que o datam, poderia ter sido escrito em 1910. É o cansado discurso padrão do Partidão que, ao lado de defesas de direitos legítimos historicamente atacados e de denúncias de situações que afetam o equlibrio da sociedade capitalista, repete slogans e frases de efeito.

    Conclama à luta e à resistência às forças opressoras, mas esquece de dar objetivo, além do óbvio, que neste caso é o de se posicionar ao lado de um movimento mundial de protesto. Sem desprezar o valor de se protestar e de lutar para mudar a ordem das coisas, insisto em questionar, qual é o objetivo do PCdoB? O que pretendem como projeto de poder, qual o modelo de governo que tem em mente? Ninguém sabe, ninguém viu fora do círculo íntimo do partido. Seria a ditadura do proletariado, seria um governo democrático baseado na social-democracia européia ou seria um governo assentado nas bases presidencialismo de coalização, amorfo, oportunista e pragmático, funcionando para a “governabilidade”?

    Ao não se posicionar frente a esta questão essencial, o PCdoB – se passar a largo de ser apenas um puxadinho do PT –  estaria escondendo o jogo para não perder apoio e legitimidade? Dizendo melhor, deseja uma mudança drástica, a exemplo de outubro de 1917, mas esconde isso porque sabe que seria rechaçado?

    Em suma, no seu aritgo, além da linha de argumentação que escuto desde os tempos do secundo grau quando frequentava o grêmio estudantil para “lutar “contra a ditadura, vejo aplicada a tática manjada de se apropriar de um momento, o protesto do dia 08 de março e de suas circunstânciasvpara pretender um protagonismo que não tem. Isso é puro oportunismo, parace plágio político e é propaganda ruim.

    Por essas razões é que seu artigo despertou tão pouco interesse do público. Como antes destacado, é um panfleto, tão velho de 100 anos quanfo a revolução comunista de 1917. Não concorda que está na hora de atualizar o discurso? 

    Se o PCdoB manter essa linha, aguardando que a oportunidade de um caos social e de uma revolta no meio proletário crie o momento de força para implantar a Revolução Comunista, recomendo comprar um banquinho, para esperar sentado.

    De qualquer forma, desejo sucesso ao protesto, que seja significativo no dia e vitorioso no futuro. Nisto estamos juntos.

    Abração.

     

     

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador