Inspirados nos garis do RJ, manifestantes de SP cobram mudanças sociais pacificamente

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Luiz Tristão

Especial para o Jornal GGN

Na última quinta-feira (13), a menos de 90 dias do início da Copa, o povo voltou às ruas de São Paulo para manifestar contra os gastos abusivos na realização do evento, em detrimento do investimento em transporte, educação e saúde, principalmente.

Com faixas, bandeiras e pôsteres em mãos, centenas de pessoas reuniram-se no Largo da Batata e depois caminharam pacificamente pela Avenida Rebouças até a Avenida Paulista, onde o protesto se instaurou em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP. Segundo informações da Polícia Militar, 1700 homens e mulheres foram designados para acompanhar os manifestantes durante todo o trajeto.

Embora o foco das demandas remetesse à melhoria do transporte público (funcionamento durante 24 horas, redução da tarifa para R$2,50 e abertura de CPI para investigar a formação de cartel) e ao questionamento em relação aos prejuízos trazidos pela realização da Copa do Mundo deste ano, outros temas apareceram nos gritos entoados pelos manifestantes, tais como o feminismo: “Essa Copa pra quem é? Não é pra mulher. Não é pra mulher” e a desmilitarização da polícia: “Não acabou. Tem que acabar. Eu quero o fim da polícia militar”. 

Depoimento

No Facebook, o evento do Terceiro Ato contra a Copa tinha como slogan “Se não tiver transporte, não vai ter Copa!” e apontava mais de 14 mil pessoas confirmadas.

Encontrei uma amiga na estação Faria Lima do Metrô e chegamos ao Largo da Batata às 19h, onde já havia um grande número de pessoas agrupadas, ensaiando gritos e bateria, conversando sobre visões políticas, tirando fotografias e gravando vídeos. Notava-se também a presença de um contingente desproporcional de policiais militares, se considerado o número de manifestantes até então.

Da Faria Lima, entramos na Avenida Rebouças. Pela pista oposta ao fluxo, reparei que um grupo de pessoas entrava correndo e gritando na Rua Potiguar Medeiros, onde três policiais da ROCAM (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) abordavam dois manifestantes. Não consegui ver toda a ação policial, mas quando perceberam que a imprensa chegava com câmeras, abandonaram o “enquadro”, subiram em suas motos e saíram de cena.

Apesar disso, o ato seguiu pacificamente até a Avenida Paulista, com exceção de pequenas discussões entre manifestantes e policiais militares. Já próximos ao MASP, por volta das 21 horas, ocorreu o primeiro momento de agitação. Cerca de vinte minutos depois da explosão de uma bomba caseira, a tropa de choque e outros policiais ali presentes levantaram seus escudos e entraram em formação, como se estivessem sendo atacados pela população. Ao perceber que não havia conflito, a situação se acalmou.

Já depois de terminada a manifestação, relatos afirmam que um grupo de aproximadamente 200 pessoas permaneceu na rua, quando o vidro de uma agência bancária foi quebrado e um indivíduo lançou um coquetel molotov em direção à polícia. Ao todo, cinco pessoas foram presas.

Um novo protesto foi marcado para o dia 27 deste mês. A concentração será às 18h, na Praça do Ciclista.

Acompanhe a reportagem de Luiz Tristão:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. “gastos abusivos na

    “gastos abusivos na realização do evento, em detrimento do investimento em transporte, educação e saúde, principalmente.”

    Investimentos que geram lucro devem ser financiados pois a partir dos lucros paga-se o financiamento! Estádios podem gerar lucros! Foram financiados!

    Saúde, educação e transporte – olhando para o que é PÚBLICO NÃO PODE GERAR LUCRO! NÃO PODE SER FINANCIAMENTO! É INSUSTENTÁVEL! Tem que investir pela via dos impostos!

    Nunca tivemos tanto investimento, separando esta noção básica – entre o que dá lucro pode ser financiado e o que deve ser bancando via impostos! Há uma REVOLUÇÃO nos transportes públicos em minha cidade por causa da copa, que eu acredito que não receberá gringo NENHUM com medo de bagunça! E se vier vão ficar escondidos nos hoteis!

    É duro ficar ouvindo este discurso do PIG CONTINUADAMENTE!

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