Jogos Indígenas têm clima de insegurança e queda na participação

Do Cimi

I Jogos Indígenas: participação cai para quase metade

Quente! Calor sufocante, fumaça das queimadas. Além disso, um clima de forte insegurança e medo. Os organizadores e, em especial, os representantes dos governos brasileiro, do estado de Tocantins e do município de Palmas temem por qualquer coisa que possa acontecer fora do script. Tem-se a impressão de que o I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas acontecerão em um espaço sitiado, fortemente vigiado. Quais seriam as razões de tamanhos temores?

É inegável a atual crise e instabilidade política e econômica no país. Poderia ser esse um momento de, positivamente, dar mostras ao povo brasileiro e ao mundo de que existem saídas sim e elas emergem de projetos que vêm do povo, das raízes plurais, das populações tradicionais, dos povos indígenas originários, dos explorados do campo e da cidade. Populações a quem o governo continua dando as costas, enquanto permanece refém das elites dominadoras desse país.

Fila dos indignados

No dia de ontem (20) continuaram os credenciamentos, em meio a muita reclamação e confusão. Os indígenas Pataxó do extremo sul da Bahia, por exemplo, vieram em dois ônibus: um para participar dos jogos e outro para a feira de artesanato. No entanto, estes últimos foram impedidos de se cadastrar e entrar para a feira de artesanato indígena. Houve diversas cenas de protesto e revolta por essas atitudes que os Pataxó consideraram absurdas, pois vieram até aqui na promessa de que poderiam participar da feira.

Diante da desorganização e das longas filas para o credenciamento, indígenas entraram em contato com jornalistas de um conhecido canal de tv para denunciar a situação. Mas estes alegaram que não poderiam registrar o fato, pois tinham determinações para não divulgar nada que pudesse comprometer a imagem positiva dos jogos.

A propalada confraternização dos povos por enquanto está restrita entre grades. Um forte esquema de segurança está montado para impedir indígenas e outras pessoas de terem acesso às delegações indígenas hospedadas nas ocas. No final do dia, uma indígena Avá Canoeiro divulgou mensagem mostrando sua decepção por não poder se encontrar com parentes de outros povos e outros países… Do outro lado da cerca, apenas conseguiu uma foto com um Pareci.

Monumento à insanidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já as árvores com raízes para o ar parecem simbolizar os desejos e as aspirações do agronegócio. É uma afronta aos povos indígenas e suas raízes, que resistirão aos projetos de morte

Participação cai quase pela metade

Conforme o Comitê Organizador dos Jogos, participarão 26 povos dos 46 anunciados: “Muitos não conseguiram patrocínio para vir, mas não houve prejuízo, esperávamos isso mesmo” (Conexão Tocantins, 19 de outubro).

É evidente que uma redução tão drástica de delegações e povos participantes não é normal. É o sintoma da forma centralizada com que foi conduzido o processo, sem uma participação efetiva dos povos indígenas e suas

 

organizações.

Redação

1 Comentário

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  1. índio também é gente!

    índio também é gente! como agente, ou melhor, lá atrás comia a gente!

    mas, estão todos aculturados plugados conectados no smartphone da hora!

    teclando touchando falando, adoidados, no whatsapp no face no mercado livre…

    pra que correr atrás da bola carregando tora nos ombros que nada ai que preguiça…

    índio agora só joga no touch deslizante conectado suave nave suave dedinho pra lá pra cá…

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