Manifesto contra a reforma trabalhista

do Brasil Debate

Manifesto contra a reforma trabalhista

Pesquisadores, estudantes e profissionais da área do trabalho se uniram para encaminhar o seguinte manifesto, dirigido ao Congresso Nacional e ao governo federal, sobre a reforma trabalhista em curso. Veja, ao final, o link para deixar sua assinatura.

MANIFESTO CONTRA A REFORMA TRABALHISTA

Sem emprego e sem direitos: uma reforma antitrabalho

Nós, pesquisadores, estudantes e profissionais da área do trabalho, abaixo assinados, vimos a público denunciar os retrocessos inaceitáveis contidos nas duas propostas de reforma trabalhista em curso no Congresso Nacional: a prevalência do negociado sobre o legislado (PL 6.787/2016) e a regulamentação da terceirização (PL 4302/1998 e PLC 30/2015).

O PL 6.787/2016 representa uma mudança profunda no sistema de relações de trabalho brasileiro ao introduzir o princípio de que a lei possa ser rebaixada pela negociação coletiva. O negociado prevalecer sobre o legislado significará que as contratações dos trabalhadores poderão ser em patamares inferiores aos estabelecidos pela legislação, ou seja, com redução de direitos. Os acordos ou as convenções coletivas historicamente têm como objetivo elevar os patamares civilizatórios mínimos expressos na lei, ampliando a tela de proteção social, fortalecendo o instituto da negociação, a representação sindical e os próprios trabalhadores.

Ao invés da prometida organização dos trabalhadores no local de trabalho, a regulamentação proposta não garante a participação do sindicato na eleição da representação e gera conflitos de papéis entre a representação na empresa e o sindicato. A possibilidade de renúncia a direitos pela via da flexibilização vai fragmentar a organização dos trabalhadores e a própria ação sindical.

Este projeto limita também a atuação da Justiça do Trabalho ao atribuir à representação sindical o papel de resolver os conflitos trabalhistas na empresa. Desse modo, constitui um claro ataque a essa instituição, ao Ministério Público do Trabalho e, em especial, ao Direito do Trabalho, em visível restrição inconstitucional.

A segunda proposta trata da regulamentação da terceirização. O resgate da PL 4302/1998, legado do governo FHC, retira todos os limites à terceirização, liberando-a para todos os níveis e atividades. Sua aprovação será um retrocesso ao estimular as sucessivas subcontratações, ao permitir que todos trabalhadores sejam terceirizados e ao precarizar as relações de trabalho por meio de salários menores e jornadas maiores.

Os argumentos de que a reforma trabalhista é necessária para gerar empregos e estimular investimentos produtivos não se sustentam quando confrontados com a realidade. Como demonstra a experiência brasileira dos anos 1990 e 2000, não há comprovação de que existe uma correlação entre flexibilização de direitos e criação de empregos. Os estudos mais recentes dos organismos internacionais, especialmente da OIT (WorldEmploymentandSocial Outlook 2015), também apontam que não há significância estatística entre uma legislação trabalhista flexível e a geração de emprego. Ao contrário: em países onde a desregulamentação cresceu, o nível de desemprego aumentou; e em países em que a regulamentação se intensificou, as taxas de desemprego caíram no longo prazo.

Face às alterações já realizadas e à elevada taxa de rotatividade do mercado de trabalho não é possível caracterizar como ultrapassada e rígida a legislação trabalhista no Brasil. Não há nenhuma restrição de parte das empresas em promover demissões imotivadas: somente em 2016 foram desligados 16.060 milhões de trabalhadores e admitidos 14.738 milhões. Aumentar a flexibilidade dos contratos de trabalho e reduzir direitos, além de não gerar empregos, rebaixa os salários e reduz o poder de compra, reforçando a atual tendência recessiva da economia.

A existência de instituições que asseguram proteção aos trabalhadores é importante para resolver as controvérsias e garantir a efetivação dos direitos, em um país com um histórico de desrespeito às leis trabalhistas. As propostas e os ataques às instituições públicas e aos sindicatos podem fragilizar os instrumentos para assegurar a proteção, o combate à desigualdade e a garantia da dignidade humana. A segurança jurídica pleiteada pelas empresas com as propostas de fragilização das instituições vai significar insegurança para os trabalhadores e para sociedade, disseminando-se a lei do mais forte.

Somos contra esta agenda precarizante que se esconde por trás de um discurso de modernização e melhoria da competitividade. Na verdade, estas iniciativas retiram direitos, não resolvem o problema do emprego e significam um inaceitável retrocesso social, em um país com índices expressivos de desigualdade.

Para assinar a petição, o endereço é:

http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR98485

 

Redação

14 Comentários

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    1. Pois é.. pessoal insiste com

      Pois é.. pessoal insiste com estas petições inúteis. Os políticos devem dar gargalhadas.

      Enquanto ficam assinando sentadinhos, deputados estão lá prontos pra votar neste momento.

      Ir pra rua? Só alguns. A maioria não tira a bunda da cadeira e o dedo de uma tela.

  1. Bye bye, Brasil ….O Uruguai é logo ali .

    A escravatura foi restabelecida no brazil bananeiro .

    A partir de amanhã será reintroduzido no mercado de trabalho as funções de capataz, feitor, gato e capitão do mato .

    Garantias trabalhistas somente para os que atuam no aparato judicial-repressor (policiais, juizes, militares), os profissionais responsáveis pela taxação tributária dos trabalhadores e isenção tributária dos ricos e milionários (auditores fiscais…), e os que fazem leis que favoreçam os ricos e milionários e ao mesmo tempo prejudicam os trabalhadores pobres e miseráveis (vereadores, deputados, senadores) . 

    Terra Seca – Orlando Silva

    [video:https://youtu.be/QJvBM7Md9kI%5D

  2. Reforma Trabalhista/Previdenciária

    Até onde, tamanho despautério?? Somos uma nação democrática ou não? Chega de tanta imposição contra os trabalhadores desse país, porque os senhores, não se colocam nas “tais” mudanças? Seria porque é muito cruel?

  3. comentar o que…..

    Não tenho Facebook (conheço muitos que não têm) e não pretendo ter. Como assinamos? Esse e outros manifestos não podem ficar restritos aos feicebuquianos.

    De resto:

    Imagem relacionada

  4. Contra as Reformas do Governo desumano e cruel Michel Temer

    Sou contra esse retrocesso criminoso, desumano, cruel e inaceitável inserido nas duas propostas de reforma trabalhista em curso no Congresso Nacional: a prevalência do negociado sobre o legislado (PL 6.787/2016) e a regulamentação da terceirização (PL 4302/1998 e PLC 30/2015). Não podemos aceitar essa reforma cruel de ampliação da exclusão e da pobreza. E produtora da pobreza e da exclusão, e da violência, que visa retirar essa parcela do povo da renda nacional, reconcentrar a riqueza pública nas elites brasileiras, e abrir o sistema previdenciário para o mercado privado. É necessário realizar o combate à sonegação, que ainda é alta, e agilizar a cobrança da dívida ativa da Previdência, que hoje está na ordem dos R$ 400 bilhões. Portanto, compete ao Governo o dever e combate à sonegação e de formalização do mercado de trabalho, e não querer sangrar de forma covarde, desumana e criminosa a classe menos favorecida deste Brasil tão injusto, e infelizmente, tão mal representado por verdadeiros vermes que não vale o que o gato enterra…

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