Médicos brasileiros pela paz, por Aracy Balbani

Médicos brasileiros pela paz, por Aracy Balbani

Poucos brasileiros sabem da existência da ONG Médicos Internacionais Para a Prevenção da Guerra Nuclear (sigla em inglês IPPNW). A entidade foi fundada em 1980 graças à iniciativa de dois cardiologistas, um norte-americano e um russo. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1985. Sediada nos EUA, congrega médicos, estudantes de Medicina e outros profissionais de saúde em mais de 60 países. Na América do Sul tem médicos afiliados na Argentina, Bolívia e Venezuela. Não há representante no Brasil.

Antes de aderir a qualquer entidade é preciso cautela de esmiuçar sua linha de militância, fontes de financiamento e eventuais ligações indiretas a partidos políticos, empresas privadas, grupos religiosos ou interesses governamentais. Também é prudente conhecer sua política de transparência e de remuneração dos membros, sobretudo dos que ocupam cargos de direção. Ainda que se decida pela não adesão, a causa defendida pela agremiação pode ser válida, inspirando uma ação voluntária independente.

A História do Brasil fornece motivos de sobra para que nossas médicas e médicos se organizem, com o padrão ético mais elevado possível, em defesa da paz, da democracia e do bem-estar social. Há mais de meio milênio ocorrem violações repetidas a esses três ingredientes indispensáveis à saúde e à dignidade humana em solo brasileiro. Testemunhamos casos inaceitáveis de sofrimento, morte ou sequelas em razão dessas violações. Não temos o direito de ficarmos indiferentes. É nossa obrigação participar de um movimento nacional que seja livre para a troca permanente de experiências e ações consistentes de proteção da vida e da saúde. Falta mobilizar de forma coordenada colegas de todo o país e lhes dar voz.

Atravessamos um momento sombrio em que a violência e os conflitos afligem muito a população no Brasil e em várias partes do mundo. A existência de todos nós está seriamente ameaçada. Nenhum apelo pela paz e pelo diálogo pode ser ignorado.

A humanidade jamais perdoaria a omissão das médicas e médicos em relação à paz. É urgente reagirmos. Divergências de nossas convicções pessoais e políticas são ínfimas diante da grandeza da missão profissional que a sociedade nos confia. Sejamos todos médicos pela paz.

Aracy P. S. Balbani é médica. CRM-SP 81.725.

 

Redação

1 Comentário

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  1. Seria bom os médicos

    Seria bom os médicos convencerem os golpistas a interromper o golpe e devolver a república à democracia. Com certeza muito da violência de agora seria reduzida.

    Aliás a violência das bombas mata muitos e de repente enquanto o capitalismo mata muitos mais e aos poucos, liberando a manutenção da vida às pessoas apenas no mínimo para continuarem dando lucro.

    Si vis pacem para belum.

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