Melhor defesa é o ataque, por João Paulo Rodrigues

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Melhor defesa é o ataque
 
por João Paulo Rodrigues
 
Os ânimos estão acirrados em função da possível vitória do Lula no Supremo Tribunal Federal (STF). Obstruir o processo em curso por setores do Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público, com apoio da mídia, para levar o representante das forças populares para a prisão e retirá-lo da disputa presidencial seria uma grande derrota para o golpismo. 
 
Lula é a principal ameaça ao programa ultraneoliberal de diminuição do valor da força de trabalho, desmonte dos instrumentos de intervenção do Estado na economia, entrega dos recursos naturais para o capital internacional e alinhamento da política externa aos Estados Unidos.  
 
Os confrontos com a passagem da Caravana Lula pela região Sul sinaliza que as batalhas vão sair do mundo das ideias e do campo da internet e ganhar as ruas. Nesse quadro, o ano de 2018 será marcado por uma nova etapa da luta política no Brasil, de agudização da famosa luta de classes. 

 
A esquerda social brasileira, seguindo as lições de Florestan Fernandes, sempre atuou para intensificar a luta de classes. Quanto mais aguda a luta de classes maior a transparência da disputa política para as massas. Nesses momentos, a burguesia entra em uma situação autodefensiva, torna-se virulenta e se coloca acima de qualquer “legalidade”, como ficou patente na ação dos setores conservadores que impediram o direito de ir e vir do Lula na passagem da caravana por Passo Fundo (RS).
 
Esta semana promete e a luta política pode ganhar um padrão Venezuela. No entanto, a direita está mais bem posicionada, atirando contra as forças populares de todos os lados, utilizando seu controle sobre governo, Judiciário, Congresso e mídia. 
 
A melhor forma de defesa é o ataque político. Precisamos atuar em todas as frentes de batalha para fazer a luta política e ideológica. Somente dessa forma será possível dispersar a força do inimigo, que se concentra no ataque à caravana. 
 
As contradições abertas com a Intervenção Federal no Rio de Janeiro e a execução da lutadora do povo Marielle Franco, que emocionou, sensibilizou e indignou a sociedade brasileira, podem se transformar em um estopim para grandes manifestações para derrotar o golpismo e enfrentar a crise política, econômica e social. 
 
Os movimentos sociais, que organizam trabalhadores pobres do campo e da cidade, têm o desafio adicional de fazer a luta política mais ampla e atender as demandas da base, em um quadro de crise econômica, piora das condições de vida do povo e o bloqueio de qualquer conquista sob o governo golpista.
 
A luta de classes aberta em torno do Lula, que tem identidade com o povo brasileiro pela sua simbologia e pelos resultados concretos do seu governo, é uma oportunidade para as forças populares articularem a defesa da democracia com a organização popular e luta social para derrotar o golpe e superar a crise brasileira. Daí vem a importância da construção do Congresso do Povo, da Frente Brasil Popular.
 
Uma das tarefas da luta ideológica é denunciar os interesses dos EUA por trás da Operação Lava Jato e de figurar como o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. A série Mecanismo, lançada neste final de semana, é mais um ataque ideológico contra o Brasil, que precisa ser enfrentado.
 
É precisa fazer a guerrilha nas redes, que tem seus limites pelo poder das grandes empresas e do controle de plataformas pelo grande capital, mas é um campo de batalha que demanda mais planejamento, articulação e eficiência. É necessário também intensificar as atividades de agitação e propaganda no meio do povo com a bandeira #LulaLivre e #lulapresidente.
 
É necessário combinar diversas táticas de luta, que articulem reivindicações concretas e pequenos embates com o fortalecimento da consciência de classe e uma disposição de luta inabalável. Vamos à luta, companheirada!
 
João Paulo Rodrigues- Coordenação Nacional do MST
 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Comunidades online..

    (fiz esse comentário anteriormente, mas parece que deu zebra, não consigo mais encontrá-lo no site)

    Prezado Nassif, em decorrência do incrível trabalho jornalístico que desenvolve para o país, acho que vc tem poder para tocar a discussão abaixo com a profundidade necessária..

     

    No Brasil, trilhamos o caminho da convulsão social, não da revolução, à despeito de quem aposta no quanto pior, melhor..

    .. é um quadro dramático, em um momento sui generis do comportamento humano, da crise do capitalismo e das condições sócio ambientais..

    Entre os inúmeros elementos que alteram a existência humana, chamo a sua atenção para a internet..

    .. parece bobagem, alguns ainda acham que é coisa de garotos, mas vc já pode considerar o fenômeno da internet como mais impactante do que a invenção da prensa em 1450.

    Havia um mundo antes da prensa e outro depois.. havia um mundo antes da internet e outro, bem diferente, depois..

    A gente precisa conversar sobre isso..

    .. compreender melhor essas mudanças, entender o impacto que elas terão em vários setores das nossas vidas..

    .. sobretudo no exercício da política..

    .. sobretudo no Brasil e nos dias atuais.

     

    Eu já tentei abordar isso tantas vezes, e no final acho que acabei confundindo as pessoas, e não consegui transmitir a mensagem (rs..).

    Vou tentar esse ângulo: a internet é um fenômeno evolutivo. Hoje ela faz mal, mas se os humanos aprenderem a usar, ela poderá ser extremamente benéfica, porque, principalmente, permite a síntese do pensamento coletivo e tem ENORME papel democratizante.

    Neste momento, estamos feito ogros tentando dirigir uma Ferrari.

    Mas já encontramos vários exemplos de bom uso da internet: o seu site é um deles.

    Veja como o GGN é um espaço positivo.

    Distribui informação de alta qualidade e permite a interação construtiva..

    .. eu tenho consciência do gigantesco trabalho de moderação que está por trás desse ambiente civilizado..

    Há um setor que varre do site as participações fake, as agressões em geral, ataques pessoais, trolls, enfim..

    De resto, a própria comunidade (os usuários que estão todos os dias por aqui) se encarrega de espantar os desordeiros..

    .. humm..

    Eu acho que vc tem exata noção do que estou falando..

    .. vc tem aqui mais do que um simples site de notícias..

    .. as vezes encontro no meu agregador de notícias vários links para uma mesma matéria..

    .. mas eu sempre escolho ler no GGN, porque espero ansiosamente pelos comentários..

    .. eu desfruto dos comentários.. até quando me criticam, acho positivo..

    .. enfim, seu setor de comentários é um patrimônio..

    .. podemos dizer que o seu site é quase uma plataforma certificada, vou explicar melhor isso.

     

    O interesse capitalista se apropriou da internet (meio) como se apropriou das transmissões de rádio e tv, que, na sua época, poderiam ter revolucionado o planeta, no entanto serviram essencialmente para dominar a raça humana..

    .. é o mesmo processo..

    A diferença é que vc não podia ter uma rádio ou tv..

    .. mas vc pode ter um site na internet..

    Essa liberdade era uma ameaça para o sistema, e a solução veio através de sistemas automatizados, que hoje inundam a WEB..

    Antes, a uns 10, 15 anos atrás, era necessário um humano para criar e manter um site..

    .. atualmente, meu palpite é de que estamos perto de 100% de fake..

    Explico: quando falo em 100% fake, não me refiro exatamente ao que existe na internet, mas ao que é percebido pelo grande público, que são coisas diferentes.

    É um grande circo, com atrações que foram previamente escolhidas para você e muita coisa é feita por robôs..

    .. os comentários e toda a interação que forma valor são fakes.. é manipulação em grau hardcore..

    Ou seja, os “Masters” sacaram o potencial da rede como formadora de opinião, e inundaram a WEB com sistemas automatizados, criando e cativando o público como se fossem grande currais.

    Os cercadinhos que formam esses currais são os valores do sistema (capitalista decadente)..

    .. tá dominado..

    .. fica aqui uma suposição: acho que já fazemos parte de experimentos que envolvam o domínio do povo pela WEB para ações que vão além da simples compra de sabonetes.. fiquemos atentos..

     

    Nassif, nossa luta é pela verdade..

    “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.. enfim, é só seguir a instrução..

    O problema é que o inimigo semeia a mentira, e percebeu mais rapidamente o potencial da internet e tem muito dinheiro em caixa..

    A saída dessa armadilha passa pela criação de “comunidades certificadas”.

    O excesso de perfis fakes tem 2 consequências imediatas: espalhar a mentira e desacreditar a verdade.

    Existem várias tecnologias de certificação de usuários na WEB, não vou entrar no mérito da questão tecnológica.

    Quero chamar a sua atenção para o método de certificação mais eficiente, mais simples, barato, aquele que está ao alcance de todos nós, que é o bom e velho relacionamento pessoal.

    E para exemplificar vamos mergulhar de cabeça no assunto “política”.

     

    Recentemente PT e PC do B convidaram o Psol para uma grande frente de esquerda no Rio de Janeiro tendo Freixo com o candidato ao cargo majoritário.

    Não vai dar nada, o psolista já pulou fora..

    .. mas vamos supor que ao invés disso, se criasse uma plataforma certificada para sustentar uma grande rede de esquerda em todo o estado do Rio de Janeiro, hein?

    Imagine aí, uma estruturação geográfica, capilar, grupos e subgrupos chegando a todos os pequenos bairros, vilas e favelas de todas as cidades do Rio de Janeiro..

    .. com espaço para a comunidade expor seus problemas, definir as bases nos legislativos (estadual e federal)..

    .. imagine uma rede desse tamanho, com instâncias bem definidas de decisão e um padrão de qualidade similar ao que tem no seu site..

    .. muita gente.. muito trabalho.. mas também muito voluntário..

    Eu não sei se ficou claro essa parte, em redes assim, o troll não consegue participar..

    .. o acesso à rede, a participação, e até a exclusão de usuários, depende dos seus vizinhos.. vc é parte de uma comunidade geográfica..

    Neste contexto, existem inúmeros meios (fáceis) para certificar o usuário, a começar pela boa e velha cerveja no boteco.

    Mas vc ainda pode fazer encontros locais..

    .. ações de grupo.

    A plataforma certificada se torna um espaço de decisão política, e dentro dela podem ser desenvolvidos inúmeros projetos que vão desde a educação de base (política) até o desenvolvimento de programas, tudo de forma transparente, democrática e auto sustentável.

    Já imaginou, toda a militância do PT, Psol e PC do B espalhada pelo Rio de Janeiro formando grupos de discussão para o programa de governo do Freixo?

     

    O “Case” PT

    Como vc sabe, o PT tem uma estrutura interna chamada “setorial”.

    São grupos temáticos.

    O objetivo principal das setoriais é ajudar nos programas de governo.

    Em tese, o pessoal se reúne para discutir racismo, ou tecnologia, ou moradia, etc., e dali são extraídos os programas de governo.

    Isso é teoria. Na prática, cada vez mais essas reuniões estão vazias.

    Agora, imagine uma rede de militantes (plataforma certificada) para a setorial de Ciência e Tecnologia na cidade de São Paulo.

    É uma rede verticalizada, distribuída geograficamente, com autonomia nos nodos.

    O gráfico dela parece uma árvore de natal, só que no lugar da estrela (no topo) tem um círculo (rede anel = staff = coordenação da setorial)..

    Mas como existem várias setoriais, imagine colocar o gráfico de uma setorial sobre a outra, a sobreposição dos nodos geográficos forma um vetor, que é o núcleo de base que existia lá no início, na criação do PT, só que dessa vez empoderado pela tecnologia.

    É uma plataforma 100% certificada.

    Replica isso em todos os municípios do país (software livre e trabalho voluntário) e você terá reconstruído o tecido social que sustenta o partido (sim, hoje ele está em frangalhos).

    Bem, apesar de ser uma coisa óbvia, não consegui despertar o interesse do partido para esse tipo de organização.

     

    Esse é o “ó do borogodó”..

    .. é aí que está o nosso problema..

    .. a internet está à nossa disposição, mas a gente se recusa a fazer um uso racional da mesma..

    .. porque as lideranças tem medo desse novo universo, sobretudo da democracia direta inerente a esse tipo de ambiente..

    No caso do PT, a autonomia dos nodos nas setoriais significa, de fato, perder o domínio sobre a massa..

    E não tem outro caminho..

    De um lado você tem a necessidade de manter presença na WEB, do outro você tem os custos da manutenção dessa presença..

    .. nem adianta fazer esses sites institucionais de comunicação unidirecional..

    .. ninguém visita.. vivem às moscas..

    O que funciona são grandes comunidades online, e para ter isso, ou você tem um montanha de dinheiro para pagar colaboradores ou você tem engajamento..

    .. e para ter engajamento, você precisa compartilhar o poder político.

    Pelo menos hoje, só existe uma razão capaz de fazer o cara sair de casa para te ajudar na campanha: é ele se sentir dono da candidatura..

    .. a nova era do exercício político será marcada pelo “eleitor parceiro”..

    .. o cabo eleitoral virou uma rede e o político deixou de ser o centro das atenções..

    Todos os candidatos deveriam ter suas plataformas certificadas e suas comunidades online constituídas.

     

    Eu acho difícil que as lideranças atuais entendam esse fenômeno e mudem sua postura no curto prazo.

    O Psol no Rio de Janeiro acha que se tornou dono do legado de Marielle..

    .. o PT, de uma maneira geral, acha que é dono do legado de Lula..

    Estão, de certa forma, hipnotizados com a possibilidade de uma enxurrada de votos em decorrência desses legados (entre outras bandeiras da esquerda, claro).

    Mas é uma aposta extremamente arriscada, e, francamente, acho que não vai dar certo..

    Seja como for, acho que esse panorama não vão mudar no curto prazo.

    Mas se os partidos rejeitam essa evolução, nós temos que achar outros caminhos e criar comunidades autônomas e auto sustentáveis que representem o povo na internet.

    Ou em outras palavras: há uma guerra na internet, e nós precisamos nos organizar.”

     

    Essa discussão é vital para a humanidade.

    Daí podemos desenvolver um novo sistema político ou novas formas de relacionamento com o estado..

    Eu acho que se você der uma forcinha, essa discussão decola..

  2. Na realidade um cerco aos
    Na realidade um cerco aos demotucanos já aconteceu,

    Quando foram cheirar a situação na Venezuela. Foram cercados e teve a grita que o país era uma ditadura, e agora? O que diriam aqueles que foram cheirar as eleições naquele país?

  3. Guerra Civil não declarada

    “O proletariado, a camada mais baixa da sociedade atual, não pode elevar-se, não pode endireitar-se, sem fazer ir pelos ares toda a superstrutura das camadas que formam a sociedade oficial. Pela forma, embora não pelo conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia começa por ser uma luta nacional. O proletariado de cada um dos países tem naturalmente de começar por resolver os problemas com a sua própria burguesia.

    Ao traçarmos as fases mais gerais do desenvolvimento do proletariado, seguimos de perto a guerra civil mais ou menos oculta no seio da sociedade existente até ao ponto em que rebenta numa revolução aberta e o proletariado, pela derrubada violenta da burguesia, funda a sua dominação”.

    Marx e Engels

     

    Os parasitas de Passo Fundo reagem com violência para manter seus privilégios. Esses vermes não perdem por esperar. Eles não passarão.

  4. Gostaria de ver o

    Gostaria de ver o enfrentamento das forças da direita pela esquerda utilizando contra eles as mesmas armas que eles têm utilizado contra a esquerda: a violência. Paus e pedras. Os pobres são maioria. Eles não teriam chance.

    Porém, penso que é para acontecer a violência com mortes que os golpistas estão rezando todos os dias e provavelmente aumentarão o tom das provocações, talvez até com a prisão do Lula, na esperança de que a violência aumente ou exploda.

    Assim, teriam o sonhado motivo para cancelar as eleições em nome da “segurança interna”.

    A ditadura estaria formalmente implantada, sem rodeios ou máscaras.

  5. E os sindicatos, onde estão?

    A grande questão dessa luta ideolixada é: onde estão os sincatos? Ou melhor, de que lado estão os sincatos? Com o Paulinho da Força?

     

    Ora, a luta realmente braçal tem sido encampada apenas pelo MST e o MTST, ambos sempre muito combativos.

     

    Mas e a CUT? Os demais sindicatos da categoria? E a FUP? O sindicato dos Correios? O sindicato dos bancários? Apeoesp e similares? Onde foram para todos?

     

    Por que não existe mais greves? A retirada de diversos direitos e ganantias e nenhuma greve? O País ser entregue gratuitamente e nenhuma greve?

     

    Lula com essa caravana paz e amor dele, não leva a nada.

     

    Repito, os únicos dois movimentos realmente combativos são MST e MTST! Eles estão sabendo fazer manifestações como realmente devem ser: incômodas! Grande exemplo de suas lutadoras foi dado no dia 8 de março.

     

     

     

     

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