Minimanual da resistência democrática, por Rogerio Faria

Minimanual da resistência democrática, por Rogerio Faria

Nas últimas eleição, especialmente no segundo turno, diversas pessoas foram às ruas em campanha pela democracia contra o risco do fascismo. Muitas foram pela primeira vez, formando laços ricos entre os mais diversos tipos de cidadãos: crentes e ateus, petistas e antipetistas, classe média e pobres, jovens e idosos. Assim, este é um trabalho para preservação e fortalecimento dessas uniões, e para a resistência. Ele é um roteiro de ações, voltado para aqueles sem histórico em ativismo. Está claro para nós que o governo Bolsonaro é uma incógnita, mas sua fala e principais ações são voltadas contra o pobre, trabalhador, oposicionistas, minorias em geral, meio ambiente.

E este guia pode crescer e se adaptar conforme a conjuntura.

As ações estão em ordem de prioridade, porque cada uma é um passo consciente para a seguinte.

 

Ações

1 – Acompanhar, comentar, impulsionar e patrocinar mídia progressista. Perdemos a batalha da comunicação, na rua e nas redes, e precisamos recuperá-la.

  • Luís Nassif
  • Revista Fórum
  • TVT
  • The Intercept Brasil
  • Brasil247
  • Tijolaço
  • O Cafezinho
  • Blog da Cidadania
  • Viomundo
  • Diário do Centro do Mundo
  • Brasil de Fato

2 – Ser feliz com os amigos democratas, fortalecendo e mantendo laços. Reunir-se exclusivamente com eles só para bater papo, comer, beber. Felicidade dá força, atrai novas pessoas, cria pontes para as ideias (e daí saem novas ações). Um encontro mensal é salutar.

3 – Acompanhar jornalistas democratas na grande imprensa, comprando, assinando, emprestando, fazendo circular o conteúdo. Bolsonaro vai tentar destruir a imprensa de oposição e ela também é trincheira de resistência, mesmo independente de como se portaram no passado. Mas fique atento para eventuais mudanças de linha editorial destes ou de outros.

  • Carta Capital
  • El País
  • Folha (que parece estar se reposicionando)
  • BBC
  • DW
  • Nexo Jornal
  • Revista Piauí
  • Catraca Livre

4 – Ocupar espaços de participação social e exercício da cidadania, cada um no ambiente em que lhe é mais natural. Lá, identificar parceiros e, talvez, novos amigos. Isso sem comprar brigas desnecessárias ou fazer discursos panfletários. A presença nesses grupos é para a construção de uma mudança que deve se dar de forma gradual, sem solavancos.

  • Conselhos municipais
  • Grupos da igreja
  • Conselhos e reuniões do bairro
  • Sessões de Câmara
  • Conselhos da Escola
  • Happy hour do trabalho

5 – Impulsionar conteúdos um dos outros nas redes, inclusive de amenidades/cotidianidades. Isso mostra união e fortalece a presença de cada indivíduo nas redes para futuros e eventuais compartilhamentos políticos. Não perca tempo brigando com bolsominions, debata com quem estiver aberto.

6 – Ler livros e poesias, ver filmes, ouvir música, e compartilhar, fazer circular o conteúdo. A bagagem intelectual e cultural é ferramenta de luta e força, além de crescimento pessoal. São ótimos aqui biografias e ficções históricas, que podem servir como introdução para estudos mais acadêmicos.

7 – Acompanhar, principalmente, Haddad nas redes, comentando e impulsionando seus conteúdos, e nas ruas. Ele se destaca como a maior liderança política em âmbito nacional contra Bolsonaro, em um partido que tem história e vínculos com sindicatos e base social, ainda que desgastados. Outro líder que desponta cada vez mais, com valentia, mas no campo social, é Boulos, com presença talvez ainda restrita a São Paulo. Ciro merece ser acompanhado também.

8 – Participar de manifestações e atos nas redes e principalmente nas ruas, para chamar a atenção e mostrar força da resistência.

9 – Estudar. O Instituto Legislativo Brasileiro tem cursos on-line gratuitos sobre política (liberalismo, socialismo, socialdemocracia) que podem funcionar como ótima introdução – https://saberes.senado.leg.br/course/index.php?categoryid=134. O canal da Boitempo no Youtube tem diversos cursos gratuitos sobre esquerda.

Redação

3 Comentários

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  1. Cumprimentos pelo Manual e propostas de sugestões

    Prezados,

    Inicialmente parabéns pela excelente cartilha. Quero também deixar uma sugestão para ser ampliada e explorada pelos editorialistas, de que Fernando Haddad deve  fazer como a águia que para  renovar as suas forças  quebra  o bico e com novo bico retoma a vida. Com a votação que obteve, Haddad se tornou uma  liderança muito forte para as próximas empreitadas eleitorais e de organização das massas trabalhadoras e sofridas do nosso País, e se concentrar em  ser o  verdadeiro porta voz do povo, entrincheirado como faziam os combatentes contra o nazismo na França e  em outros países da Europa durante a segunda guerra mundial. Deve utilizar as armas usadas pelo inimigo (whatsap, internet etc), mas não como fakes ou mentiras, mas como Professor que é, fazer uma cruzada ética de norte a sul e de sul a norte. Tem que reunir o maior número possível destes milhões de votantes nas suas contas de e-mail, face book, whatsap, etc, assim como o próprio Bolsonaro  tinha milhões de pessoas conectadas e recebendo mensagens diariamente. Não dá mais para lutar como antigamente, apenas nas panfletagens com voluntários como fazíamos antigamente. A maioria dos nossos militantes sindicais e populares dos últimos 30 anos, ou morreram, ficaram velhos, e  viraram burocratas de entidades, como os  que encontrei na minha cidade quando visitei dois sindicatos para levar material da campanha e chamar para a panfletagem dirigentes que estavam cuidando dos seus interesses e das suas igrejinhas. Não foram para a rua  panfletear, não sabem mais fazer isso que nós fazíamos no  tempo que fomos sindicalistas por 16 anos até o ano 2002 quando  com outros companheiros fundamos e ajudamos a  fundar o sindicato dos comerciários, dos metalúrgicos, dos trabalhadores na saúde, dos servidores públicos e dos trabalhadores da construção civil, Comitê Pró Constituinte em 85/88, Conselho Municipal  de Direitos Humanos e participamos de todas as lutas da CUT  e do MST na nossa cidade, Pato Branco e na região sudoeste do Paraná.E que de tão motivados que estávamos com as lutas sociais,  que após participar de  reuniões na capital Curitiba com militantes nacionais, vínhamos cheios de gás para abrir comitês eleitorais suprapartidários como fizemos em 1994 e 1998 na eleição de Lula Presidente.

    Sobre a cruzada ética de Haddad, quero  fazer um parêntesis, uma observação: aprendi lendo um texto numa pós graduação de administração pública que um japonês chamado Yozan, por volta do ano 1700 no Japão fez esta cruzada ética no feudo que ele administrava com professores de ética, e modificou o pensamento e o modo de agir do povo do seu feudo, servindo até hoje de modelo para cursos de administração. Para maiores detalhes pesquisem na internet sobre este nome.

    Com toda a estrutura que se tem hoje, Haddad pode se tornar um gigante sem mentiras, mas com ética e levar nosso país para outros patamares após a onda do Bolsonaro. Resistência sim, com sabedoria e maestria. E  formar novos militantes entre a juventude que está sedenta de participar.

    Abraços.

    Carlos Lins

    (46)988224328

  2. Parabéns pela análise e
    Parabéns pela análise e sugestões de enfrentamento. Acrescentaria seguir, também a Manuela D’Ávila, afinal foi Vice de Haddad, tem um posicionamento acertivo em suas manifestações nas redes sociais, é mulher, mãe, esposa, estudante, profissional e uma ex-parlamentar integra e comprometida com a luta dos trabalhadores e com o Socialismo.
    Nestes tempos em que a misoginia é um dos eixos principais de confronto, acompanhar Manuela é fortalecedor.
    Outra atividade que considero importante para o momento é organizar debates sobre o fascismo nos dias atuais e principalmente debater com a comunidade, o Escola Sem Partido e as Reformas Trabalhista e Previdenciária.

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