Morre José Ibrahim, o líder da primeira greve contra a ditadura militar

Morreu ontem (2/5) José Ibrahim, líder da greve dos Metalúrgicos de Osasco em 1968, primeiro grande movimento de contestação ao regime militar depois de 1964. Ibrahim foi encontrado morto em seu apartamento, na Zona Oeste de São Paulo.

O ex-líder metalúrgico tinha apenas 21 anos de idade na época em que comandou a greve. Foi demitido, caiu na clandestinidade e ingressou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Preso, foi barbaramente torturado. Em 1969, trocado pelo embaixador americano, Charles Burke Elbrick, sequestrado numa ação conjunta da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do MR-8.

De volta ao Brasil depois de 10 anos de exílio, Ibrahim ajudou a fundar o PT, em 1980, a CUT e a Força Sindical. Depois vinculou-se à UGT.

O JornalGGN reproduz, a seguir, uma entrevista concedida por José Ibrahim a Aristeu Moreira e Flaviana Serafim, publicado no Especial 68 do Blog do Zé (o blog de José Dirceu), uma série de entrevistas sobre o ano em que a ditadura militar foi profundamente questionada – e que terminou com a edição do mais duro ato dos militares, o AI-5.

 

José Ibrahim, antes de embarcar com presos trocados pelo embaixador americano (de pé, terceiro da esquerda para a direita)

LEGENDA DO MOVIMENTO OPERÁRIO

Publicado em 19-Jul-2008

A maior greve operária de 68, a segunda depois do golpe de 64 (ocorrera uma de menor dimensão, antes, em Contagem, MG), foi possível graças a uma liderança corajosa, determinada, extremamente forte e, ao mesmo tempo, nascida de uma personalidade tranqüila, fala mansa e com muitas histórias para contar.

José Ibrahim, ativo militante do movimento operário brasileiro, antecipou lutas e conquistas. Dez anos antes, realizou na Osasco de1968 um feito semelhante ao de Lula à frente dos metalúrgicos do ABC, em 1978. Com apenas 21 anos, o jovem operário e líder sindical simplesmente parou fábricas da cidade – na época, Osasco era o centro metalúrgico nevrálgico e vital do Brasil.

“Eu comecei a trabalhar na Cobrasma ainda menor, com 14 anos, em 1961, mas já entrei participando porque eu era politizado, era secundarista e já tinha um certo nível de conhecimento, de literatura marxista e de fazer política”. Organizado, imbatível no chão de fábrica, Ibrahim foi um dos responsáveis pela rearticulação de base dos trabalhadores naquele período.

O movimento sindical vinha sendo duramente reprimido pela ditadura desde 64 com intervenções, diretorias “pelegas”, eleições que favoreciam recondução de interventores  e até mesmo a extinção de sindicatos. “Definimos que o caminho contra a ditadura era a retomada da democracia, passando pela retomada do nosso sindicato ( de Metalúrgicos de Osasco). Nesta perspectiva, conseguimos organizar a primeira comissão de fábrica que existiu nesse país – a da Cobrasma”.

No 1º de Maio de 68 da praça da Sé, histórico pelo confronto entre forças da ditadura e trabalhadores – que venceram e ocuparam a praça e por pedradas que atingiram o governador do Estado –  ou na grande greve em16 de julho daquele ano, lá está Ibrahim. É um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, sobrevivente da luta armada, da tortura, do banimento e do exílio. Viveu 10 anos longe do Brasil.

Como ele próprio define, aceitou ser “boi de piranha” e voltou meses antes da decretação da anistia em 1979, sabendo que o mais provável é que seria preso no desembarque. Criou uma das maiores convulsões naquele ano no regime, que não permitiu seu desembarque em Congonhas, remanejou o avião que o trazia da Bélgica para Viracopos, detiveram-no, mas não puderam prendê-lo porque 5 mil pessoas o receberam mobilizadas no aeroporto em Campinas.  

Na entrevista exclusiva concedida ao Especial 68, o incansável José Ibrahim narra as batalhas e conquistas do movimento operário e, 40 anos depois, revela sua visão crítica sobre o sindicalismo atual. A ele, aplicam-se muito bem estes versos do poema de Bertold Brecht:

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

[Especial 68] Como foi a organização da greve dos metalúrgicos de Osasco, em 1968, a primeira grande paralisação depois do golpe militar de 1964? Quais eram as reivindicações e como vocês organizaram num quadro de extrema dificuldade de mobilização?

[Ibrahim] Vou fazer um breve histórico. Ao contrário do que afirmam muitos intelectuais que fizeram e publicaram estudos e detalhes a respeito, afirmando que ela foi um movimento “espontaneísta”, não foi nada disso. Osasco sempre teve uma tradição de luta. Isso ocorreu no período de emancipação, quando se tornou município, desmembrando-se da Capital, época em que também o sindicato tornou-se autônomo desmembrando-se do sindicato metalúrgico de São Paulo.

Com o golpe de 64, a repressão se abateu duramente sobre Osasco. A repressão ao movimento sindical e operário foi desigual. Na Baixada Santista foi muito forte porque tinha tradição – e Osasco está neste perfil. Muitos companheiros foram presos e o de Osasco foi um dos primeiros sindicatos a sofrer intervenção. Na época, o presidente do sindicato era o Conrado Del Papa. Ele era do antigo Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas tinha uma aliança muito forte com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partidão, na cidade.  

O caminho contra a ditadura
passava  pela retomada do sindicato

Todo aquele movimento de massa que até 64 tinha uma liderança, uma cúpula bastante articulada e já dentro de partidos políticos de esquerda, esse pessoal caiu fora. Foi preso, teve que sair do Brasil,  boa parte para o exílio, outros para a prisão. Alguns foram parar até no navio-prisão Raul Soares porque eram consideradas considerados pessoas perigosas. Mas, a repressão não chegou dentro das fábricas porque tinha uma militância intermediária e quadros sindicais que foram se formando naquele processo – e aí eu me coloco como um deles, apesar da minha juventude.

Comecei a trabalhar na Cobrasma ainda menor, com 14 anos, em 1961, mas já entrei participando porque eu era politizado, secundarista e já tinha certo nível de conhecimento, de literatura marxista e de fazer política. Coube a nós, nessa liderança intermediária que restou nas fábricas de Osasco, a rearticulação do movimento. Foi a partir daí, depois do golpe, que definimos que a tarefa principal era reorganizar e retomar o sindicato sob intervenção. Sem organização, não tinha como sustentar a luta. A realidade também era outra numa ditadura militar. O inimigo era bastante visível.

Definimos que o caminho contra a ditadura era a retomada da democracia, passando pela retomada do nosso sindicato. Nesta perspectiva, e com a junção de forças de um pessoal de origem cristã progressista, da Frente Nacional do Trabalho (FNT) , conseguimos organizar a primeira comissão de fábrica que existiu nesse país – a da Cobrasma. Inicialmente clandestina.

[Especial 68] Era gente ligada à Ação Popular (AP)?

[Ibrahim] Tinham proximidade com a AP, mas era um movimento mais da chamada FNT e que pregava a conscientização, a organização de base. Gente  que tinha uma visão crítica da estrutura sindical. Conseguimos fazer essa unidade de ação e legalizar a comissão de fábrica. Ela começou a ser organizada no período do golpe, quando tínhamos um grupo dentro da empresa onde eu trabalhava.

[Especial 68] Em 1964/65?

[Ibrahim] A legalização foi em 65, mas o trabalho de base já vinha desde a época do golpe e a repressão não chegou lá. Através dessa unidade na ação, consolidamos a comissão, fizemos vários tipos de manifestação e teve até uma paralisação logo depois do golpe. Foi momentânea e deixou a empresa não exatamente assustada, mas percebendo: “está acontecendo alguma coisa”. Nós dizíamos: “queremos negociar. Tem muitos problemas aqui dentro da fábrica e a gente acha que o sindicato não se ocupa (deles), não nos representa e, temos aqui uma representação”. Era esse o discurso.

Acumulamos força.
Passamos a divulgar a experiência em outras fábricas 

[Especial 68] Vocês nem se apresentavam como membros de uma comissão de fábrica porque ela não existia…

[Ibrahim] Não. Nós nos reuníamos fora (da fábrica) e éramos um grupo articulado. A idéia era organizar uma comissão representativa. Conseguimos em 65, fizemos a eleição dentro da fábrica e, em conjunto com a empresa, criamos um estatuto. A empresa participou da criação desse estatuto e nós conseguimos uma coisa inusitada para a época – a imunidade dos eleitos, ou seja, não podiam ser dispensados porque tinham uma  atividade sindical.

Na primeira eleição de 65, eu fiquei como secretário geral e um companheiro da FNT presidente. Na segunda, um ano depois, virei presidente da comissão. A composição continuou a mesma só que houve uma inversão. Nós acumulamos muito mais força do que os nossos aliados. Elegemos a maioria dos setores que se expressou na eleição da Executiva.

Para aprofundar a organização dentro da Cobrasma, nós tínhamos atuação nas assembléias, na pressão sobre a diretoria – a gente praticamente obrigava a direção do sindicato a vir participar das reuniões de negociação que fazíamos com a empresa. Nós pedíamos a presença da diretoria que era,  ainda, herança da interventoria.

Eles fizeram uma eleição fajuta em 65, mas nós acumulamos força. Passamos a divulgar a experiência em outras fábricas, tínhamos uma rede de contatos nas principais e partimos para o outro passo que foi fundamental para a greve – disputar a eleição em 67.

Com diretoria comprometida, colocamos
a entidade a serviço da organização de base 

[Especial 68] Eleição não do comando da comissão, mas do sindicato de Osasco?

[Ibrahim] É. Em 1967 tinha que acontecer outra eleição e montamos uma chapa de oposição que pregava a luta pelo direito de greve, o fim do arrocho salarial, as liberdades sindicais. Tinha também  o aumento salarial de acordo com a inflação.  Todos os meses nós estávamos perdendo e havia um acúmulo desde o golpe. A situação dos trabalhadores era muito difícil, bastante desemprego. Nesse quadro a gente se movia e ganhamos a eleição.

Foi a primeira vez depois do golpe que uma chapa de oposição, com um programa claro de combate a legislação do arrocho salarial e da falta de liberdade nos sindicatos, ganhava uma eleição. Ganhamos a votação no primeiro escrutínio porque tivemos maioria absoluta do apoio dos trabalhadores sindicalizados na nossa chapa.

Assumimos o sindicato em 1967. Com a máquina do sindicato na mão, com uma diretoria comprometida com esse programa de luta, nós colocamos a estrutura da entidade a serviço da organização de base e o fizemos num prazo curto, porque já tínhamos grupos em outras fábricas, organizando comissões. Só que, ao contrário da Cobrasma, a maioria dos sindicatos patronais de Osasco não aceitavam legalizar as comissões. Até aceitavam negociar com a presença do sindicato, mas não a legalização. Era um risco expor um grupo de trabalhadores organizados dentro da empresa quando eles não tinham a mesmo imunidade que nós na Cobrasma.

Nós nos reuníamos fora, às vezes dentro do sindicato. Discutíamos as reivindicações e a diretoria marcava rodada de negociação com a empresa. Depois nós divulgávamos aos trabalhadores. Fizemos isso a partir de reivindicações específicas, insalubridade, equiparação salarial, melhoria nos banheiros, prêmio de produção e um monte de coisas reivindicadas dentro de cada empresa depois de escutar os trabalhadores ou seu porta-voz.

Levávamos as reivindicações e, na medida que se conseguia alguma coisa, era ponto para o sindicato. Quando não se conseguia denunciávamos que as empresas não queriam, que não aceitavam. Era necessário, então, lutar mais, organizar mais. Isso era o que a gente sabia fazer e o que os trabalhadores entendiam.

No 1º de Maio de 68
a palavra de ordem era “só greve derruba o arrocho”

Teve o 1º de Maio de 1968, quando conseguimos uma grande mobilização. Historicamente, sabe-se que mais de 20 mil pessoas se reuniram na praça da Sé. Quiseram fazer daquilo uma grande festa de confraternização entre o governo e os  trabalhadores e nós reagimos dizendo “não! Esta festa é nossa!”. O pessoal foi expulso e o então governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré, levou uma pedrada. Todos tiveram que se esconder dentro da igreja. Então, nós fizemos a nossa manifestação. Botamos fogo naquele palanque (oficial), depois fizemos a nossa festa e mais passeata pela cidade.

[Especial 68] Foi a primeira comemoração do 1º de maio, autônoma, não oficial, desde o golpe militar de 1964?

[Ibrahim] Foi. Antes havia manifestações, mas tímidas. Eram oficiais, em muitas participava o ministro do Trabalho como “1º trabalhador” do país, veja só! A de 68 foi diferente, foi nossa. Apesar da tentativa (do governo) de transformar aquilo numa confraternização, nós fizemos um 1º de Maio de luta. Havia ali muitas forças concentradas – o movimento estudantil, as oposições sindicais, as organizações de esquerda já bem rearticuladas à época.

Tudo isso foi criando um caldo de cultura favorável à greve geral contra o arrocho salarial. Tanto que naquele 1º de Maio a palavra de ordem era “só greve derruba o arrocho”. Como o sindicato sofreu muita pressão por causa daquela festa do trabalhador em 68, na época, o Jarbas Passarinho (ministro do Trabalho no governo Costa e Silva) me responsabilizou pessoalmente por tudo aquilo e eu fui afastado da diretoria do sindicato.

Na primeira oportunidade
a ditadura fecharia o sindicato

A diretoria foi chamada para discutir e comunicada que ou eu seria afastado ou eles interviriam no sindicato. Lógico que a diretoria resistiu e houve muita solidariedade do movimento sindical. Eles, então recuaram. Fiquei suspenso uns 20 dias e reassumi a presidência do sindicato.

Avaliamos que novembro seria uma época propícia (para a greve) porque a maioria das grandes categorias têm a renovação do acordo salarial nesse mês. Mas a coisa já estava muito fervilhante em Osasco. Era muita gente falando em greve e querendo saber quando nós a faríamos. Avaliamos que, dali para frente, na primeira oportunidade a ditadura fecharia o sindicato. Já estávamos na mira.

Avaliamos muito, não foi uma decisão espontaneísta, assim sem pensar. Muita gente participou dessa discussão e decidimos fazer a greve em julho. Chegamos à conclusão de que não dava para esperar mais. Então, a idéia era fazer uma grande mobilização, ir para o confronto, fazer uma greve radical. Não era uma greve como a de Minas Gerais (em abril do mesmo ano, em Contagem – MG).

[Especial 68] E a de Contagem foi diferente da de vocês?

[Ibrahim] Sim, teve outro processo. O Passarinho foi até lá para negociar com os trabalhadores. No nosso caso, eles nem pensaram nisso.

Teríamos pessoal mobilizado
com condições para ampliar a greve

[Especial 68] O sindicato de Osasco era muito radical para os militares.

[Ibrahim] Sim, era um sentimento não só em relação a mim pessoalmente, mas em relação ao nosso sindicato. Não tinha acordo. Aí, organizamos a greve. Na nossa estratégia, a idéia era ocupar duas fábricas no primeiro dia, a Cobrasma, a maior, e a Lonaflex, de médio porte, mas que tinha uma boa organização e uma comissão legalizada com estatuto semelhante ao nosso. Organizamos a greve e havia vários níveis – o pessoal da mobilização, as lideranças conhecidas; e o  pessoal do comando que decidia as estratégias do ponto de vista técnico. A Cobrasma, com quase 6 mil trabalhadores, um tremendo parque industrial, tinha vários portões, guardas e não era fácil.

Você corria o risco de a paralisação começar num setor e o outro não conseguir chegar lá. Tudo isso tinha que ser pensado e não era coisa para discutir com a massa, numa plenária mais ampliada. Corríamos o risco desse negócio vazar, fora a desconfiança de que havia  infiltrações (de agentes da repressão da ditadura) dentro das fábricas
Para as outras duas fábricas que pararam no primeiro dia, 16 de julho de 68, a nossa decisão era que os trabalhadores viriam em passeata para o sindicato, para ter massa dentro do sindicato e ao mesmo tempo duas fábricas ocupadas. Assim, intervindo no sindicato, nós teríamos um pessoal mobilizado dentro das fábricas com condições necessárias para ampliar a greve. Nós tínhamos condições de ampliação, tanto que, mesmo com a repressão, nós conseguimos paralisações em outros dias.

[Especial 68] A ocupação seria só da Cobrasma e da Lonaflex? As outras só parariam?

[Ibrahim] Ocupação só nas duas. As outras parariam, mas não ficariam ocupadas. Os trabalhadores podiam ficar o dia inteiro dentro da fábrica e a noite sair. Variava de fábrica para fábrica. Umas queriam parar e ir para o sindicato. No sindicato nem cabia tanta gente assim.

[Especial 68] Que horas a greve começou?

[Ibrahim] As 08h45 mais ou menos, quando todo mundo já tinha entrado, a turma das 6h00, a das 7h00… Na Lonaflex nós decidimos que seria as 14h00 porque era o horário da troca de turno.

Grupos foram se espalhando e gritando “É greve! É greve”

[Especial 68] Na Cobrasma, vocês conseguiram avisar em cada setor? Havia condição de liderança, de base para avisar os 6 mil trabalhadores que parariam num mesmo momento?

[Ibrahim] Havia. Quando chegou o dia, o pessoal responsável pelo comando da greve dentro da Cobrasma já saiu avisando os 38 membros da comissão que eram espalhados dentro da fábrica – dois em cada setor. Eles estavam na expectativa de que era o dia de parar e, quando deu o horário, alguém foi lá, apitou e todo mundo “É agora!”.
Paramos o primeiro setor, o da fundição, que era um setor numeroso e um dos mais bem organizados. A fábrica inteira estava organizada, mas esse setor tinha lideranças realmente fortes que o pessoal respeitava muito. Começou a parar na fundição e foi para outras seções. Os grupos foram se espalhando nos outros setores e gritando palavras de ordem “É greve! É greve”.

Fui avisado que estava tudo certo na Cobrasma, que os portões foram tomados e os dois maiores foram soldados. Os pequenos não. A guarda já tinha sido destituída e aí foi assembléia permanente no pátio da fábrica. Um palanque foi improvisado e a assembléia aconteceu lá. A minha tarefa era dar informação para a mídia, avisar, recebe-la no sindicato ao lado de mais três ou quatro diretores que estavam comigo.

Quando recebido dos companheiros o recado de que a Lonaflex estava também ocupada, dei sinal verde porque o governo tinha mandado uma delegação para negociar. Dei sinal verde dizendo que nós podíamos nos encontrar. Por volta das 15h30 nós nos encontramos no sindicato e conversamos um pouco logo no primeiro.

Voltei para o sindicato e já tinha
informação de que o Exército estava mobilizado

[Especial 68] E como a greve prosseguiu?

[Ibrahim] No primeiro dia eu propus conversar com a diretoria da Cobrasma. Não teve acordo. Eles diziam que estavam estudando uma contraproposta. Falei para eles “que tal entrar lá dentro junto comigo na assembléia?”. Um diretor da Cobrasma, o Dr. Alberto, falou que toparia se tivesse garantias. Ele era o que mais negociava com a comissão de fábrica, uma pessoa que tinha sensibilidade social. Dei garantia e fomos. Lá dentro, ele falou que a Diretoria faria uma contra-proposta. O diálogo estava aberto.

Eu tinha dado uma coletiva no sindicato dizendo que a greve estava se desenvolvendo bem e que a gente esperava a continuidade das negociações. Voltei para o sindicato e no início da noite eu já tinha informação de que tropa de choque, o Exército estava mobilizado. Depois tive a informação de que a Cobrasma estava cercada. Foi invadida e prenderam um monte de gente. Na Lonaflex foi negociada a saída.

Veja, a intervenção no sindicato estava em negociação e o governo já estava com o decreto de cassação da diretoria e intervenção prontos. Ai então uma parte da Diretoria foi presa.

[Especial 68] Você foi preso?

[Ibrahim] A decisão nossa era que eu e um conjunto de companheiros íamos evitar a prisão. Não íamos esperar dentro do sindicato que viessem nos prender. A gente saiu  porque tinha o nosso compromisso da continuidade da greve nas outras fábricas. Tínhamos um esquema de recuar e assim tirar os dirigentes do foco, esconder. Já era o inicio da minha clandestinidade. Neste período eu já era ligado ao pessoal da luta armada. Eu e muitos companheiros de Osasco já tínhamos consciência de que a tendência da ditadura era endurecer cada vez mais e diminuir mais os espaços de luta democrática, aumentar a repressão.

[Especial 68] A Greve durou quantos dias?

[Ibrahim] Uns cinco, seis dias até normalizar. A empresa até recuou. Muitos companheiros tinham sido mandados embora sem direito porque greve era ilegal aos olhos deles, mas recuaram. O único que disseram que era questão de honra era eu! Eles me mandaram embora sem direito nenhum e fiquei neste trabalho de rearticulação.  

Fui muito torturado, como era praxe naquela época.

[Especial 68] Mas clandestino?

[Ibrahim] Clandestino e já dentro da estrutura da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Eu era ligado a VPR, mas no movimento de massa. Fiquei na clandestinidade e circulando. Corria risco, lógico. Sempre circulava com um esqueminha de segurança dentro das possibilidades da época da estrutura da VPR.

[Especial 68] Tomou mais cuidado no dia do AI-5, em dezembro de 68?

[Ibrahim] Muito mais cuidado, mas fui preso em 2 de fevereiro de 69. Fui para o que viria a ser depois a Operação Bandeirantes (OBAN), na rua Tutóia, quartel da Polícia do Exército. Fui para a Tutóia, fiquei lá não sei quantos vários dias, a gente perde a conta.  Depois me levaram para o DOPS (Departamento de Ordem e Política Social)

Fui muito torturado, como era praxe naquela época. Ainda mais que, além do negócio da greve, das ocupações de fábrica, eles me prenderam dentro da estrutura da VPR uma organização que estava fazendo ação armada. Fui torturado, vários dias.

Passei um bom tempo no DOPS (bairro da Luz, em São Paulo), alguns meses de solitária. Fiquei exatamente num porão que agora está aberto a visitação (hoje Memorial da Resistência). Uma daquelas celas era meu mocó. Depois quando passou toda fase de interrogatório, acareações, fui para o presídio Tiradentes. Foi dali que eu sai.

Parte II

Ibrahim na assembleia de fundação do PT em 30/5/80, na Sedes Sapientae, em São Paulo

Entrevista José Ibrahim – parte II

Publicado em 19-Jul-2008

Escrito por Aristeu Moreira e Flaviana Serafim

[Especial 68]Um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador norte- americano seqüestrado Charles Burke Elbrick?

[Ibrahim] Isso. Em troca.

Fiquei torcendo para que a ação desse certo,
porque se não seria uma catástrofe

[Especial 68] Como vocês souberam que isso ocorreria?

[Ibrahim]Dentro da cela coletiva tínhamos conseguido um radinho de pilha e sempre tinha sempre dois companheiros que  ficavam lá no fundão. Rádio não era permitido, mas nós conseguimos fazer entrar. Os companheiros escutavam as notícias anotavam o principal e passavam para todo mundo – inclusive para as outras celas. Nós tivemos a noticia do seqüestro. Até foi engraçado lá na nossa cela e nas outras também.

Soubemos no começo que haviam seqüestrado o embaixador americano e que o pessoal pedia 15 prisioneiros políticos em troca, para eles (a ditadura) responderem. Então, as várias celas fizeram uma espécie de “bolão” – quem estaria na lista? Uma pessoa do movimento estudantil vinha para servir café, e o sopão que a gente chamava “sopa do dragão”. Os carcereiros liberavam dois três para ajudar nesta tarefa e esse pessoal era “correio”.

Um deles falou pra mim “olha, Ibrahim, você está em todas as listas aqui, então pode se preparar”. Fiquei torcendo para que a ação desse certo, porque se não seria uma catástrofe. Também soubemos quando aceitaram a troca e os companheiros divulgaram a lista. A condição era divulgar a lista a partir do momento que eles (os militares) aceitaram publicamente a negociação. Era uma estratégia correta, normal,

Do presídio Tiradentes saímos eu, o João Leonardo da Silva Rocha e o velho Rolando Fratti. Tiraram a gente de lá, levaram para o DOPS. Estavam juntando todo mundo lá e ai depois chegou o José Dirceu, o Vladimir Palmeira e o Luís Travassos (dirigentes estudantis), que estavam presos na Baixada Santista.

[Especial 68] E você foi para o exílio. Em qual país você viveu? Trabalhou como metalúrgico?  

[Ibrahim] A primeira escala foi no México. Nós tínhamos clareza de que não podíamos  ficar lá, (o México era uma ditadura do PRI e a aceitação temporária) era humanitária.

[Especial 68]O México tinha uma ditadura sui-generis porque eles eram uma ditadura interna, mas passavam uma imagem externa boa, recebiam exilados…

[Ibrahim] Recebiam exilados, tinham boas relações com Cuba, como sempre tiveram. O México nunca rompeu, tinha política exterior diferenciada, mas internamente era barra pesada.

Depois fomos juntos para Cuba e recebidos pelo Fidel Castro. De Cuba, quando o Allende (o presidente socialista Salvador Allende) ganhou a presidência do Chile, eu falei com os cubanos que queria ir para lá. Já estava há quase três anos em Cuba, tinha feito muita coisa lá, trabalhei lá como metalúrgico…

[Especial 68]  Você já tinha família aqui? Tinha casado?

[Ibrahim] Não, sai daqui solteiro. Meu primeiro casamento foi no Chile com uma companheira brasileira exilada lá também.

Trabalhei em metalúrgica, em corte de cana,
conheci várias experiências produtivas dos cubanos 

[Especial 68] Em Cuba você treinou luta armada?

[Ibrahim] Eu fiz tudo em termos dos treinamentos que os cubanos ofereciam, mas eles insistiam para eu estudar. Eu disse “não, eu quero conhecer mais a revolução. Eu quero trabalhar”. Não é nenhum preconceito, mas fiz esta opção. Trabalhei em metalúrgica, em corte de cana, conheci várias experiências produtivas dos cubanos.

Fui para o Chile. Lá foi meu primeiro casamento, Fiquei até o golpe militar (1973). Liguei-me ao Partido Socialista Chileno PSC), tinha  uma atividade política, além do relacionamento com os exilados brasileiros.

Depois do golpe fiquei clandestino na estrutura do PSC até que chegaram para mim e falaram “não dá para segurar mais. Você está muito exposto e expõe a gente também”.

[Especial 68] E a ditadura brasileira estava colaborando…

[Ibrahim] Colaborava com a ditadura chilena, tinha agentes lá e eu tinha todo perfil – saído de um seqüestro, tinha vindo de Cuba, imagina! Fiquei uns 20 dias tentando ver o que acontecia e deu no que deu. Entrei na embaixada do Panamá. Como eu demorei muito não dava para pensar mais em embaixadas européias. Já tinha ido muita gente e já tinham montado um esquema de segurança em torno dessas representações diplomáticas.

América Latina, nem pensar.
A opção era ir para Europa

[Especial 68] Você estava sozinho ou com sua mulher?

[Ibrahim] Não, fui sozinho. Ela tinha uma situação um pouco melhor que a minha porque tinha documento, não era conhecida, vinha do movimento estudantil brasileiro e estava grávida de 8 meses. No Panamá também não podia ficar. América Latina, nem pensar.  A opção era ir para Europa. Consegui visto da Bélgica e fui para lá.

[Especial 68]  Lá você trabalhou?

[Ibrahim] Lá fui Metalúrgico. Meu primeiro emprego lá. Consegui também através do Partido Socialista belga. Logo no chegada já consegui emprego, mesmo sem dominar a língua.

[Especial 68] Você morou ficou lá até a anistia? Voltou logo depois do 7 de setembro?

[Ibrahim] Voltei em maio, antes da anistia.

[Especial 68] Então você voltou clandestino?

[Ibrahim] Não, voltei para ser preso. Sabia que ia ser preso. Tanto é que fui (detido). O pessoal do Comitê de Anistia e o meu advogado, Idibal Piveta, achavam que, como eu era uma pessoa conhecida, que teria um recebimento caloroso, podia ser o tal “boi de piranha”, entendeu?

[Especial 68] Bom pra divulgação das causas…

[Ibrahim] É, e que ia fortalecê-las. Claro que corria o risco de ficar preso, mas não dava para (a ditadura) segurar. Era pior deixar eu preso porque ia gerar manifestação. O movimento de anistia estava bem forte e ia ajudar.

O governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985) já tinha tirado o banimento de todo mundo, inclusive os que integraram o seqüestro dos suíço e alemão e do cônsul japonês em São Paulo. Meu advogado disse que eu corria o risco e que, seguramente, seria preso, mas não havia condições políticas de me segurar (preso) com meu retorno depois da revogação do banimento.

O pessoal do movimento sindical, das oposições,
da esquerda em geral se mobilizou para me receber

Consultei minha família. A decisão minha e da minha esposa era de que voltaríamos. Nós tínhamos uma criança pequena, de quatro anos. Voltei em maio de 1979.

Fui preso em Viracopos porque não deixaram o avião descer em São Paulo. O pessoal do movimento sindical, das oposições, da esquerda em geral se mobilizou para me receber. Quando eu cheguei tinha gente que estava no aeroporto desde a madrugada. A PM estimou que havia umas 5 mil pessoas, mas tinha mais. Não vou dizer que tinha 10, 15 mil, não, mas tinha mais. Seguramente, umas 6, 7 mil pessoas.

[Especial 68]  Campinas também sempre foi uma boa base metalúrgica

[Ibrahim] Exatamente, e foi muita gente mesmo. Até hoje eu encontro pessoas em debates e me dizem “olha, eu estava lá, viu? Eu fui te receber!”. É interessante.

Cheguei às 6:00 horas da manhã, fui preso e eles me liberaram quase nove da noite. Fiquei sendo interrogado e o pessoal ficou lá esperando. Ninguém foi embora. (Os militares) queriam que eu saísse por trás dizendo que era melhor e eu disse não. Depois de 10 anos não cheguei aqui para sair daqui pela porta dos fundos, não! Saí pela frente (do Aeroporto de Viracopos) , fiz discurso e depois fui para Osasco.

[Especial 68] Você ficou preso de maio até a anistia, em setembro de 1979?

[Ibrahim] Fiquei solto, mas tinha que ir todos os dias até a Polícia Federal tomar um café com o Romeu Tuma (risos)

Sindicato são os trabalhadores organizados nas fábricas

[Especial 68] Vê alguma similaridade hoje da luta sindical, operária de hoje e aquela que vocês travaram em 68? Veio a democracia, não tem repressão, mas continua a necessidade de atuar. Tem similaridade entre o sindicalismo de hoje e o de 68?

[Ibrahim] Lógico que essa diferença de realidade da conjuntura política conta muito.  Tenho uma visão crítica e sempre falo nos debates onde vou – para mim, ainda permanece o desafio de mudança dessa estrutura sindical. Uma questão fundamental para mim até hoje é a organização de base. São poucos os sindicatos, poucas as categorias que realmente têm um trabalho de organização, de representação de base no local de trabalho.

[Especial 68] Mas hoje está mais fácil fazer isso…

[Ibrahim] Está, mas não fazem porque existe um caldo de cultura do sindicato fora da empresa. Na época nós já falávamos que sindicato não era um prédio, uma diretoria. Sindicato são os trabalhadores organizados nas fábricas.

Muitas coisas podem ser resolvidas em termos de benefícios, coisas favoráveis ao trabalhador se você tiver esse espaço de negociação dentro das fábricas, das regiões. Para a democracia seria muito saudável. Infelizmente, são poucos os sindicatos que levam essa prática. Acaba virando um sindicato de cúpula. Pode ter uma diretoria combativa, com discurso combativo, negociar, e muito bem, na época de negociação, mas e fora desse período?

Meu caminho foi a construção do PT

[Especial 68] Você fez política institucional depois que voltou, ajudou a fundar o PT, passou pelo PDT. Ainda está no partido?

[Ibrahim] Não, também saí do PDT. Quando vi que o governador Leonel Brizola tinha aceitado que o Francisco Rossi (deputado de São Paulo) não só viesse, mas que assumisse o comando do partido, eu saí.

Eu entrei no PDT pela mão do Brizola. A gente se conhecia do exílio, ele ficou hospedado vários vezes na minha casa na Bélgica, conversávamos muito, mas o meu caminho foi a construção do PT. O Brizola estava na dele tentando reaver a sigla do PTB (que perdeu para a deputada Ivete Vargas) e me convidou várias vezes. Eu disse que meu negócio era outro. Fui do núcleo inicial da formação do PT com o Lula, Jacob Bittar, Mario Pedrosa.  
Tem uma série de coisas que você precisa
fazer num processo eleitoral que eu não consigo

[Especial 68] Há algumas eleições você não disputa nada. Decepcionou-se com campanha, eleição?

[Ibrahim] Sou forçado a reconhecer que não é minha praia. Até tentei, mas não é… Tem uma série de coisas que você precisa fazer num processo eleitoral que eu não consigo. Cada vez mais no Brasil uma eleição precisa de muito dinheiro. Mesmo que você tenha nome, uma certa base localizada aqui e acolá, a disputa é muito grande – e desleal, tem o poder econômico.

Minha primeira eleição, e foi a grande chance que eu perdi, foi em 1982, primeira do PT. Sai para deputado federal, tive mais de 40 mil votos. Na época, o PT elegeu (no país) 5 candidatos e eu fiquei de suplente. Era uma época em que, para se eleger no PT, tinha que ter muito voto porque era a primeira eleição, o quociente eleitoral era alto, o partido ainda estava em organização.

Depois fiz outra tentativa no PDT, onde tive menos votos, outros problemas diferentes. Eu não tinha muita base no PDT porque o próprio partido não tinha base. Tinha figuras, mas o PDT nunca foi bom de voto em São Paulo. Nunca conseguiu sensibilizar.

Acho que a direção nacional, principalmente o velho e respeitado Brizola cometeu muitos erros. No geral, também, mas em particular com respeito a São Paulo. Ele nunca entendeu São Paulo direito.

[Especial 68] Hoje você está filiado a algum partido?

[Ibrahim] Estou filiado ao Partido Verde por uma série de razões. Primeiro, que a causa ambiental é muito importante para os trabalhadores também. E porque tenho vários amigos lá dentro. Sinto-me  à vontade.

O país está oxigenado, preparado para outros avanços

[Especial 68] Politicamente, como você vê o Brasil agora? Está otimista?

[Ibrahim] Eu acho que o governo Lula, tanto o primeiro como o segundo, têm acertado muita coisa. Tenho algumas dúvidas na questão da economia, apesar da estabilidade. Tudo bem que está voltando um pouco a inflação, mas acho que não é nada assustador, que é controlado.

No campo social foram muitos avanços. Existe um reconhecimento generalizado de que o governo acertou bastante nessa área. Acho que o país está oxigenado, preparado para outros avanços. Isso faz parte de um processo.

Lógico que eu tenho uma visão crítica da composição do governo. Por um lado, isso eu reconheço que tem que ter para garantir a tal da governabilidade. O governo precisa de base de apoio ampla para encaminhar as coisas, mas não precisava ser com esse tipo de composição. Podia ser com outro, mas… sei lá. Talvez seja o possível.

Acho que a classe média, baixa e alta, está espremida

[Especial 68] O governo Lula te trouxe alguma decepção? Você acreditava que na medida em que se elegeu um governo de esquerda podia ter avançado mais?

[Ibrahim] Essa era a expectativa geral de todos nós de esquerda. Não é porque eu esteja fora do PT, mas conheço muita gente do partido que também tem este sentimento de que podia ter avançado mais, ter aprofundado uma série de coisas. Lógico que a gente tem uma visão crítica desse relacionamento extremamente favorável do governo com o sistema financeiro. Até o Lula, fala para os banqueiros “vocês nunca ganharam tanto dinheiro na vida”. E isso é verdade.

Acho que a classe média, baixa e alta, está espremida. O governo tem políticas públicas e sociais para os mais de baixo, o que é bom, é positivo. Avalio muito esse negócio dos programas sociais do governo como o Bolsa Família e não sou daqueles que dizem que isso é esmola. Digo que é emergencial, está ajudando muita gente. Também ajuda a economia local das regiões, dá uma alavancada e, supre a questão básica – as pessoas estão comendo.

É uma base favorável para que essas pessoas tenham base produtiva, consigam crescer e garantir a dignidade. Só que o Bolsa Família garante alguns aspectos da dignidade, mas a questão do trabalho, da renda eu acho que deixa muito a desejar. Existe o risco que é o de as pessoas se acomodarem. “Tenho um vale tal, bolsa tal”…, somando-se num núcleo familiar é um risco.

O próximo deveria ser um candidato
de consenso dentro da aliança

[Especial 68] Em 2010 esse governo faz ou não o sucessor?

[Ibrahim] É meio futurologia, mas analisando o quadro político tem tudo para fazer, sim. A maioria do povo brasileiro quer uma continuidade, inclusive apostando que as coisas vão melhorar mais, que seguem, vão avançar. Existe a dificuldade de saber quem reúna uma séria de condições para poder ser candidato e agrupar todas essas forças.

[Especial 68] Você acha que o candidato tem que ser do PT? Ou facilita se for de aliança?

[Ibrahim] O próximo deveria ser um candidato de consenso dentro da aliança. Não necessariamente um dirigente do PT. Depois desses governos do Lula, acho que, num eventual terceiro mandato de continuidade, o mais provável é um candidato de aliança.

[Especial 68] Você aposta em quem para 2010?

[Ibrahim] Eu vejo duas pessoas que reúnem qualidades para entrar numa disputa dessas com grandes chances de sucesso – o Patrus Ananinas e o Tarso Genro. Na minha avaliação eles têm mais facilidade para tocar a continuidade do projeto do que a Dilma.

 

Redação

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