A Arte de Pedro de Alcântara, por Laura Macedo

Pedro de Alcântara
*21/08/1866 – Rio de Janeiro (RJ)
+29/08/1929 – Sete Lagoas (MG)

A Arte de Pedro de Alcântara, por Laura Macedo

Pedro de Alcântara começou o estudo da flauta ainda bem menino e tocava, também, flautim. Sua primeira apresentação pública ocorreu aos quinze anos, na Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, a qual estava presente o imperador D. Pedro II.

Pedro de Alcântara iniciou suas atividades artísticas apresentando-se em cinemas, a exemplo do Cine Odeon, do Rio de Janeiro, onde provavelmente tocou com Ernesto Nazareth.

 

Promovia encontros em sua casa onde recebia companheiros de “choro” como Quincas Laranjeiras, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, Catulo da Paixão Cearense, entre outros.

Em 1907, compõe a polca “Choro e Poesia“, inicialmente chamada “Dores do coração“, sua composição mais conhecida, gravada em disco da Casa Edison.

 

Posteriormente, ao receber letra de Catulo da Paixão Cearense, “Choro e Poesia” tornou-se a célebre canção “Ontem ao luar“.

 

 

Pedro de Alcântara realizou uma série de quatro gravações com o pianista Ernesto Nazareth interpretando as polcas “Choro e Poesia“, de sua autoria, “Favorito” (Ernesto Nazareth), “Odeon” (Ernesto Nazareth), “Linguagem do coração” (Pedro de Alcântara).

 

Choro e Poesia” (Pedro de Alcântara) # Pedro de Alcântara [flautim] / Ernesto Nazareth [piano]. Disco Odeon (108.788) / Matriz (XR-1461), 1907.

 

 

Favorito” (Ernesto Nazareth) # Pedro de Alcântara / Ernesto Nazareth. Disco Odeon (108.790), 1907.

 

 

Linguagem do coração” (Pedro de Alcântara) # Ernesto Nazareth [piano] / Pedro de Alcântara [flautim]. Disco Odeon (108.789), 1913.

 

 

 

Seu último recital aconteceu na cidade de Sete Lagoas em Minas Gerais, no Cine Trianon, em 1929. Na ocasião foi acompanhado por seu filho, Sérgio Pedro de Alcântara, ao violino e por Geralda da Mata, ao piano. Faleceu poucos dias depois nesta mesma cidade.

No início dos anos de 1970, a composição “Choro e Poesia” (Ontem ao luar) voltou às paradas de sucesso recebendo cerca de dez novas gravações, pois muitos na época, a acharam parecida com a música “Love Story“, do filme do mesmo nome, sucesso de bilheteria.

Muitas das gravações feitas omitiam sua participação na autoria da música, que era dada apenas a Catulo da Paixão Cearense. Uma neta do compositor obteve na justiça, em 1976, que lhe fosse restabelecida a autoria da música.

 

Em 2013, sua interpretação, na flauta, do tango “Odeon“, de Ernesto Nazareth, com o próprio Ernesto Nazareth [piano] e Pedro Alcântara [flauta], realizada em 1912, foi incluída no CD “Ernesto Nazareth 150 anos – Vol. 1” lançado pelo selo Revivendo em homenagem ao sesquicentenário do compositor Ernesto Nazareth.

 

 

Odeon” (Ernesto Nazareth) # Pedro de Alcântara [flauta] / Ernesto Nazareth [piano]. Disco [76 rpm] Odeon/Casa Edison (108.791). Gravação original de 1912.

 

 

************

Fontes:

– Dicionário Cravo Albin da MPB / Verbete: Pedro de Alcântara (AQUI).

– Fotomontagem: Laura Macedo.

– Site YouTube / Canais: “Leonardo Thurler”/ “Modinhas”/ “luciano hotencio”.

– Um Sopro de Brasil: Myriam Taubkin. São Paulo, 2005 – Projeto Memória Brasileira.

************

Laura Macedo

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Última foto de Ernesto Nazareth, na Colônia Juliano Moreira

    Última foto de Ernesto Nazareth, extraída de seu prontuário médico (fotógrafo não identificado).Coleção Maestro Mozart de Araújo – Centro Cultural Banco do Brasil.  Em 19 de janeiro de 1933, o compositor recebeu alta do Hospício Nacional de Alienados; no entanto, o agravamento de sua perturbação mental motivou nova internação, em 4 de março de 1933, desta feita na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.  No dia 1º de fevereiro de 1934, data natalícia de seu filho Ernestinho, Ernesto Nazareth fugiu da Colônia Juliano Moreira, falecendo, possivelmente, nesse mesmo dia; três dias depois, seu corpo foi encontrado, em adiantado estado de putrefação, dentro de uma represa, distante cerca de 1 km da sede da instituição. O laudo do Instituto Médico Legal confirmou a hipótese de afogamento – asfixia por submersão – mas, até hoje, não se sabe se decorrente de suicídio ou acidente. De acordo com Luiz Antônio de Almeida, o corpo de Nazareth chegou às dependências da Colônia Juliano Moreira sobre uma padiola iluminada por tochas; Ernestinho (filho), Eulina (filha) e Maria Mercêdes (professora gaúcha, amiga de Eulina), que aguardavam na administração, ficaram chocados ao depararem com o corpo do compositor que, com os braços rigidamente projetados para cima, passava a todos a impressão de estar vivo sob o lençol. A propósito, em mensagem que me enviou em 2008, o biógrafo de Nazareth reproduz importante depoimento da pianista carioca Maria Alice Saraiva (1913-2001)³ a respeito das condições em que foi encontrado o cadáver do compositor: Saiba mais https://spinmemorial.blogspot.com/2018/06/ernesto-nazareth.html

     

  2. Flautim

    Impressiona ouvir cem anos depois Pedro de Alcântata e Ernesto Nazaré tocando… E ele tocava flauta Piccolo! Esses dias levei o curumim à Filarmônica para ouvirmos a Nona Sinfonia de Beethoven com a Orquesta Sinfônica de Amadores e com a participação de musicos profissionais de varias orquestras sob a batuta do jovem talentoso maestro Julien Leroy. Enfim, quando chegamos a aria da Ode à Alegria, tinha o som da flautim e o Benjamin me disse “quem esta tocando flauta Piccolo?” :). E nos procuramos até encontrarmos uma moça, perto das flautas, mas bem mais no fundo, com a flauta piccolo nas mãos… Ele esta aprendendo flauta trasnversal e às vezes, la no conservatorio, ele arranha a flautim que lhe interessa bastante.

    Um pouco de noticias daqui para você, minha querida Laura. Um abração a você e ao Gregorio. 

    1. Saudades dos seus Comentários!

      Maria Luisa,

      Muitas saudades de você!!

      Suas notícias sempre me proporcionam um enorme prazer!!

      O “curumim” com certeza vai arrasar na Flauta Piccolo!

      Infinitas Saudades!!!

      Beijos.

  3. Viva a grande galeria!

    Eis que minha querida pesquisadora abre alas para mais um talento da MPB, desta feita Pedro de Alcântara, a quem tive a satisfação de conhecer agora. Como gosto de dizer sempre que me comovo com canções tocantes: Uma beleza. E enquanto Almeida e Spin nos enriquecem com suas contribuições, a sensível e arguta Maria Luísa vai além, inserindo seu curumin no contexto e dando conta de que Alcântara tocava flauta Piccolo! Marravilha.

    Segurei em aba este post na quinta-feira, pois, como sabemos, o tempo andou bastante arrochado nesses dias. Mas valeu a pena poder finalmente curtir esse seu belo trabalho.

    Beijos.

     

    1. Superando desafios!

      Gregório,

      Eu sabia que você iria gostar! Tivemos uma semana muito corrida cheia de imprevistos!!! O melhor de tudo é que superamos todas as dificuldades!!!

      Beijos!

       

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador