Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
[email protected]

Agô, Pixinguinha!

Imperdível o álbum AGÔ, PIXINGUINHA! Composto de dois cds, o primeiro volume, SAMBANDO, CHORANDO,  traz gravações originais de 1997, com 15 interpretações de renomados intérpretes. Já o segundo, TOCANDO, TOCANDO, traz regravaçoes oriundas dos discos “UMA ROSA PARA PIXINGUINHA”; “BRINCANDO COM OS BICOS” e “UM BANDOLIM EM NOITE GALA”. São 29 composições e interpretações de tirar o fôlego. Compartilho aqui Hermeto Pascoal interpretando ROSA; Chico Buarque e MPB-4 interpretando LAMENTOS; Simone & Baden Powell, em INGÊNUO, com a magnífica letra de Paulo César Pinheiro; João Bosco em pout pourri, com BENGUELÊ-BENGUELO-IAÔ e Zeca Pagodinho interpretando o Gavião Calçudo. Bom domingo com muita música para todos.

lucianohortencio

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Choro e Lamento

    O Estúpido Preconceito Contra o Deus da Música

    Depoimento de Altamiro Carrilho, na foto, com Pixinguinha.

    Pixinguinha, após retornar da França, embalado pelo sucesso retumbante da recente turnê, junto com o seu grupo, os Oito Batutas, foi recepcionado para um régio banquete no Copacabana Palace.

    Ele não contava, porém, com a ruminante estupidez ao ser barrado onde receberia a medalha de ouro – oferecida pelos jornalistas cariocas – e, apesar de ser confrontado com o profundo desrespeito,  sem se abalar, concedeu:

    – “É… lamento… lamento… vamos ter que entrar pela porta dos fundos.”

    Ao perceberem o estúpido sacrilégio e pedirem o perdão ao boníssimo Pixinguinha, que entrou pela cozinha do hotel, ele, calmamente, respondeu:

    –  ‘É… lamento… lamento… lamento que tenha acontecido isto, mas tudo bem.’

    Na saída, Donga reagiu:

    – ‘Mas que absurdo, que vexame, que vergonha nós passamos!’

    E manso Pixinguinha, repetiu o seu mantra:

    – ‘Eu lamento, mas não vamos comentar mais esse assunto’.

    – “Pixinga, você repetiu, várias vezes, a palavra lamento. Por que você não faz um choro com esse nome?”, arrematou Donga.

    Pra encerrar o desconforto, Pixinguinha, acenou:

    – “Tái, é uma boa ideia!”

    [video:http://youtu.be/TI0a0EQ4dmw%5D

    [video:http://youtu.be/98gYhQixXwo%5D

    1. “No tempo da maldade…

      acho que a gente nem era nascido”

      Além das crianças, acho que era pensando em figuras queridas como Pixinguinha, que Chico escreveu o ‘epetito’ acima

       

      o carinhoso super querido!

      1. Pixinguinha era um anjo

        ‘Os anjos nada mais são do que representações simbólicas de nosso inconsciente. Existem aqueles para os quais os anjos são seres de fato, não apenas símbolos, mas indivíduos criados por Deus, e habitando uma dimensão diferente da nossa, ainda que possam interferir em nosso mundo. Ou ainda – como pretendem alguns pesquisadores de nosso passado distante – seres reais, porém com origem extraterrestre, que interferiram em nossa evolução de uma forma ou de outra.’ – IPPB – Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas

         

         “Lamento é um dos choros mais bonitos de Pixinguinha e seu nome vem de uma historia bem triste. Pixinguinha e seu grupo ‘Os oito batutas’ voltaram de uma excursão que fez enorme sucesso na França, em 1922, e foram homenageados pelos jornalistas com uma grande festa no hotel Copacabana Palace.

        Os ‘chorões’  – todos bem ‘neguinhos’ – chegaram pra festa em sua homenagem e foram barrados na porta da frente pelo porteiro, que informou: ‘Aqui os negros só entram pelos fundos’. Pixinguinha, aquele amor de criatura, concordou e entrou pela cozinha.  Quando o gerente do hotel soube do acontecido pediu milhões de desculpas e quis demitir o porteiro, mas Pixinguinha não deixou. Chamou o rapaz, que veio, chorando, se desculpar, e disse:

        – ‘Lamento, meu filho, que você pense assim sobre os negros. Só lamento.’

        E fez um dos choros mais lindos que existem no planeta”. 

        Beth Salgueiro no Racismo Ambiental

        [video:http://youtu.be/1phYXjIoDzI%5D

    1. Cartola, outro anjo

      Homenageado pelo gênio

      Clique aqui para ler na íntegra!

      A crônica de Drummond, um tributo ao compositor mangueirense Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), foi publicada no Jornal do Brasil em 27/11/1980, três dias antes da morte do criador de “As Rosas Não Falam”.

      Ao saber que Cartola estava doente, Drummond decidiu escrever-lhe uma homenagem.

      “Em seus derradeiros momentos de lucidez, em sua cama no hospital, Cartola ainda pôde lê-la, transformando-a em sua última felicidade”, conta o jornalista e pesquisador musical Arley Pereira, autor do livro Cartola – 90 Anos.

      Você vai pela rua, distraído ou preocupado, não importa. Vai a determinado lugar para fazer qualquer coisa que está escrita em sua agenda. Nem é preciso que tenha agenda. Você tem um destino qualquer, e a rua é só a passagem entre sua casa e a pessoa que vai procurar. De repente estaca. Estaca e fica ouvindo.

      Eu fiz o ninho.
      Te ensinei o bom caminho.
      Mas quando a mulher não tem brio,
      é malhar em ferro frio.

      Aí você fica parado, escutando até o fim o som que vem da loja de discos, onde alguém se lembrou de reviver o velho samba de Cartola; Na Floresta (música de Sílvio Caldas).

      Esse Cartola! Desta vez, está desiludido e zangado, mas em geral a atitude dele é de franco romantismo, e tudo se resume num título: Sei Sentir. Cartola sabe sentir com a suavidade dos que amam pela vocação de amar, e se renovam amando. Assim, quando ele nos anuncia: “Tenho um novo amor”, é como se desse a senha pela renovação geral da vida, a germinação de outras flores no eterno jardim. O sol nascerá, com a garantia de Cartola. E com o sol, a incessante primavera.

      A delicadeza visceral de Angenor de Oliveira (e não Agenor, como dizem os descuidados) é patente quer na composição, quer na execução. Como bem me observou Jota Efegê, seu padrinho de casamento, trata-se de um distinto senhor emoldurado pelo Morro da Mangueira. A imagem do malandro não coincide com a sua. A dura experiência de viver como pedreiro, tipógrafo e lavador de carros, desconhecido e trazendo consigo o dom musical, a centelha, não o afetou, não fez dele um homem ácido e revoltado. A fama chegou até sua porta sem ser procurada. O discreto Cartola recebeu-a com cortesia. Os dois convivem civilizadamente. Ele tem a elegância moral de Pixinguinha, outro a quem a natureza privilegiou com a sensibilidade criativa, e que também soube ser mestre de delicadeza.

      Em Tempos Idos, o divino Cartola, como o qualificou Lúcio Rangel, faz o histórico poético da evolução do samba, que se processou, aliás, com a sua participação eficiente:

      Com a mesma roupagem
      que saiu daqui
      exibiu-se para a Duquesa de Kent
      no Itamaraty.

      Pode-se dizer que esta foi também a caminhada de Cartola. Nascido no Catete, sua grande experiência humana se desenvolveu no Morro da Mangueira, mas hoje ele é aceito como valor cultural brasileiro, representativo do que há de melhor e mais autêntico na música popular. Ao gravar o seu samba Quem Me Vê Sorrir (com Carlos Cachaça), o maestro Leopold Stockowski não lhe fez nenhum favor: reconheceu, apenas, o que há de inventividade musical nas camadas mais humildes de nossa população. Coisa que contagiou a ilustre Duquesa.

      * * *

      Mas então eu fiquei parado, ouvindo a filosofia céptica do Mestre Cartola, na voz de Sílvio Caldas. Já não me lembrava o compromisso que tinha de cumprir, que compromisso? Na floresta, o homem fizera um ninho de amor, e a mulher não soubera corresponder à sua dedicação. Inutilmente ele a amara e orientara, mulher sem brio não tem jeito não. Cartola devia estar muito ferido para dizer coisas tão amargas. Hoje não está. Forma um par feliz com Zica, e às vezes a televisão vai até a casa deles, mostra o casal tranqüilo, Cartola discorrendo com modéstia e sabedoria sobre coisas da vida. “O mundo é um moinho…” O moleiro não é ele, Angenor, nem eu, nem qualquer um de nós, igualmente moídos no eterno girar da roda, trigo ou milho que se deixa pulverizar. Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O nobre, o simples, não direi o divino, mas o humano Cartola, que se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. O som calou-se, e “fui à vida”, como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar em lirismo a sua vida, os seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação.

      * * *

      A homenagem, feita três dias antes da sua morte, alegrou o homenageado ainda vivo – mesmo que já em seu leito de morte.  

      Lisonjeado com a lembrança feita pelo renomado poeta no dia 27 de novembro de 1980, Cartola pendurou a página do texto “No moinho do mundo” em sua cama de hospital.

      Fonte:

      http://www.jb.com.br/especial-drummond/noticias/2012/07/03/cartola-e-vinicius-de-moraes-por-drummond-um-tributo-a-musica-popular/

      * * *

      [video:http://youtu.be/t5HCrNmsN94%5D

        1. “na floresta dei-te um ninho”

          Silvio Caldas em 78 rpm (Victor – 33.712 – 1933)

          Do Couro do Cabrito Blog

          No passado, no tempo dos discos 78 rotações por minuto, era muito incomum, quase raro, que as duas músicas gravadas no álbum fizessem sucesso. Normalmente, quando isso acontecia (um novo sucesso), o samba do outro lado do disco, o “lado B”, passava batido, não acompanhando as glórias da faixa “co-irmã”.

          Entretanto, se por um lado, os compositores da faixa “lado B” do disco não entravam para os anais da música popular brasileira, por outro, ganhavam tanto dinheiro quanto os do “lado A”. Afinal, quem levava para casa o sucesso, que para sempre reverberaria nas mentes e nos corações dos brasileiros de várias gerações, inevitavelmente, acabava levando, de lambuja, estas músicas que ficariam esquecidas por muitos anos.

          E o que explica o insucesso (talvez caiba melhor o termo “não-sucesso”) destes sambas do “lado B”? Falta de qualidade certamente não era. Com esta postagem, inauguro a seção “78 rpm”, onde mostrarei exemplos de discos com um grande sucesso da época de um lado e, do outro, sambas que não entraram para a história mas que são “peso na balança”.

          Pra começar, vamos com um disco do Silvio Caldas de 1933. Um dos sambas é o famoso “Lenço no pescoço”, de Wilson Batista, que deu origem a lendária polêmica com Noel Rosa (da qual falarei mais detalhadamente no futuro). No outro lado, “Na floresta”, um samba belíssimo, digno da obra do Divino Mestre Cartola.

          ***

          Deite (elas) no ninho porque o caminho é malhar no ferro quente!

          Choramingo, não!

  2. Finalmente um domingo de muita música

    Amigo Luciano, como sempre chegando atrasada para a festança de Pixinguinha. Maravilha de postagem! Como mencionei no título, faz um tempão que não tínhamos um domingo tão recheado de posts culturais. Aleluia!!

    Abraços da amiga Laura.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador