Antes de Edgar Santos Anísio Teixeira

A Bahia da década de 1950 produziu o Cinema Novo, a Bossa Nova e o Tropicalismo. Impossível dizer que isto é pouca coisa. O nome do professor Edgard Santos, fundador da Universidade Federal da Bahia e, particularmente, dos cursos de linguagens artísticas – Música, Dança, Teatro – tornou-se referencia central e unânime quando se reflete sobre a Cidade da Bahia da década de 1950 e os primeiros anos da de 1960.

Contudo, antes de Edgard, havia atuado o educador Anísio Teixeira, este sim, o pioneiro – aquele que pensou e liderou a implantação da educação pública de qualidade enquanto política de Estado no Brasil. Quem joga luz sobre este papel pioneiro de Anísio Teixeira nas transformações culturais da Bahia da década de 1950 é o poeta José Carlos Capinan neste Extra do DVD Cuíca de Santo Amaro.

Outros pioneiros aparecem no material, dentre eles a mais baiana das nordestinas italianas da época, Lina Bo Bardi e sua ideia fundamental de que a arte popular, o design popular deve ser o fundamento do design industrial brasileiro. Quem conta esta fascinante história foi parceiro de Lina na Bahia, Mário Cravo Jr., que relata os papéis do governador Juraci Magalhães e de Odorico Tavares para trazer Lina Bo para a Bahia, onde viria fundar o Museu de Arte Moderna.

O DVD traz mais quatro Extras: A Cidade, Memórias de Guerra, Tipos Populares e Poesia Popular e Comunicação, com dois depoimentos apenas, dois sábios: Jerusa Pires Ferreira e Muniz Sodré.
https://www.youtube.com/watch?v=Ih7Y5u21XEU

Redação

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  1. Via Assis Ribeiro: História do Museu de Arte Moderna da Bahia
     Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA      

    Outros Nomes

    Museu de Arte Moderna de Salvador

    Solar do Unhão

    Histórico

    Legalmente criado em 1959 e aberto pela primeira vez ao público em 6 de janeiro de 1960, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA) nasce com o intuito de colocar a cidade de Salvador no roteiro da arte moderna nacional e internacional, a exemplo das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, que têm seus museus de arte moderna criados em 1948 e 1949, respectivamente. A idéia de fundar um museu de arte moderna na capital baiana se beneficia de um contexto de atualização artística relacionado à intensa e vigorosa atuação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) sob a direção do reitor Edgar Santos (1884-1962), responsável, entre 1946 e 1962, pelos mais importantes acontecimentos artísticos na cidade. Em um claro movimento de internacionalização da vida cultural local, Santos está na raiz de uma série de iniciativas culturais que são lidas hoje como parte do “modernismo baiano”: a Escola de Teatro, que conta com a presença de Helena Ignez (1939- ), Glauber Rocha (1939-1981), Martim Gonçalves (1919-1973) e Sergio Cardoso (1925-1972); o Clube de Cinema e as aulas de Walter Silveira (1915-1970), que formam novas gerações de realizadores, entre eles Glauber Rocha, ideólogo do cinema novo; o Seminário de Música, que entre 1954 e 1963 reúne Hans Joachim Koellreutter (1915-2005), Walter Smetak (1913-1984) e Ernest Widmer (s.d.-1990), responsáveis por trazerem ao Brasil as contribuições do dodecafonismo; a Escola de Dança criada em 1956, primeira de nível superior no país. Do ponto de vista dos espaços dedicados às artes plásticas especificamente, Salvador conta com a Biblioteca Pública e a Associação Cultural Brasil-Estados Unidos, além das galerias de arte Anjo Azul e Oxumaré. O 1º Salão Baiano de Belas Artes, em 1949, e a revista Cadernos da Bahia, veículo de divulgação e defesa do modernismo, expressam tentativas de renovação do universo das artes na Bahia.

    O modelo primeiro do MAM/BA é o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) (1947) criado por iniciativa de Assis Chateaubriand (1892-1968), tendo a frente o casal Lina Bo Bardi (1925-1992) e Pietro Maria Bardi (1900-1999). Não por acaso é Lina Bo Bardi a figura central na definição do perfil da nova instituição soteropolitana, com o apoio de Pietro Maria Bardi e Chateaubriand. Ela vai pela primeira vez a Salvador em 1958 para dar aulas na Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia. Nesse ano, edita a página dominical do Diário de Notícias, jornal baiano de Chateaubriand, o que permite sua aproximação com estudantes como Paulo Gil Soares, Fernando da Rocha Peres e Glauber Rocha. Vale lembrar que alguns intelectuais baianos já colaboram com a revista Habitat, criada pela arquiteta em São Paulo, no início dos anos 1950. O convite feito por Lavínia Magalhães – esposa do governador Juracy Magalhães (1905-2001) e presidente do conselho criador do MAM – para que Lina Bo Bardi dirija a instituição parece selar então uma parceria iniciada anteriormente. Tudo leva a crer que a idéia de um museu de arte moderna faz parte do programa do governo de Magalhães, o que o leva a visitar várias instituições culturais locais, entre elas o Museu do Estado, dirigido pelo professor de estética, José Valladares (1917-1959). Este, ao lado de seu irmão, o crítico de arte Clarival do Prado Valladares (1918-1983), do crítico de cinema Walter da Silveira, do representante do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) na Bahia, Godofredo Jr., do escultor Mario Cravo Júnior (1923- ), do jornalista e colecionador Odorico Tavares (1912-1980) e do pintor Carlos Bastos (1925- ) constituem a comissão de implantação do museu. O conselho consultivo, por sua vez, tem as participações de Assis Chateaubriand, Miguel Calmon Sobrinho, Clemente Mariani, Gileno Amado, Fernando Correia Ribeiro, além de Lavínia Magalhães.

    O museu ocupa inicialmente o foyer do Teatro Castro Alves, adaptado por Lina Bo Bardi. Em seus primeiros tempos, promove a exposição de obras do acervo e duas mostras: uma de Antonio Bandeira (1922-1967) e outra com obras do Masp. O espaço improvisado dá lugar ainda a um teatro de arena e a um auditório, onde são encenados textos de Bertolt Brecht (1898-1956) e Albert Camus (1913-1960), com cenários e figurinos desenhados por Lina Bo Bardi, e realizadas sessões de cinema. O acervo inicial é reduzido, contando 87 obras, de modernistas pioneiros – Oswaldo Goeldi (1895-1961) e Di Cavalcanti (1897-1976) -, artistas atuantes nas décadas de 1930 e 1940 – Djanira (1914-1979), Poty (1924-1998), José Pancetti (1902-1958), Bonadei (1906-1974), Augusto Rodrigues (1913-1993) – e outros como Darel (1924), Marcelo Grassmann (1925-2013), Flexor (1907-1971) e Aloísio Magalhães (1927-1982). Esse núcleo primeiro vai sendo progressivamente ampliado, por meio de doações e transferências de obras como Casas, 1957, de Alfredo Volpi (1896-1988), Boi na Floresta, 1928, de Tarsila do Amaral (1886-1973), Vendedor de Passarinhos, s.d., de Candido Portinari (1903-1962), Peixes, 1944, de Iberê Camargo (1914-1994), Auto Retrato Psicológico, 1936, de Flávio de Carvalho (1899-1973). Um bom conjunto de artistas locais também se faz presente, Hansen Bahia (1915-1978), Carlos Bastos, Jenner Augusto (1924-2003), Emanoel Araújo (1940- ) e Rubem Valentim (1922-1991).

    O projeto de Lina Bo Bardi para o MAM/BA tem como eixo a criação de uma centralidade cultural na Região Nordeste por meio da implantação de um museu-escola, voltado para a formação de um público infantil e infanto-juvenil. Nesse sentido, ela diz que “o nosso museu deveria se chamar – Centro, Movimento, Escola”. Além das atividades regulares, a ambição da arquiteta é organizar um evento bienal, em parceria com a escola de teatro, dirigida por Martim Gonçalves, e com o clube de cinema. A sede definitiva do museu, inaugurada em 3 de novembro de 1963 no conjunto do Solar do Unhão, é reformada pela própria arquiteta. Com vista para a Baía de Todos os Santos, portas e janelas pintadas de vermelho, Lina Bo Bardi altera o espaço interno do solar do século XVI, demolindo o segundo piso e criando um espaço vazio. Nele implanta uma escada de madeira de grandes dimensões, sem pregos e com encaixes que, segundo ela, reproduzem aqueles usados nos carros-de-boi. A inspiração direta na cultura popular parece antecipar a idéia de criação de um museu-escola de arte popular, que deveria funcionar no mesmo espaço do museu de arte moderna. Tal idéia vinha sendo acalentada nos artigos escritos pela arquiteta para Habitat, nos quais tematiza a importância da colaboração estreita entre arte industrial e artesanato. Nota-se aí a inspiração direta na Bauhaus, nos escritos de Walter Gropius (1883-1969) e de Antonio Gramsci (1891-1937), à qual se combina o interesse precoce da arquiteta pela arte popular brasileira.

    O Museu de Arte Popular (MAP), por ela projetado em 1961, prevê a articulação entre artesanato e indústria com vistas à criação de um design original. A proximidade das artes moderna e popular visaria romper as barreiras entre o erudito e o popular estabelecidas pelos museus de arte em geral. Assim o MAM e o MAP seriam, segundo a arquiteta, faces de uma mesma moeda. Duas exposições inauguram o Solar do Unhão restaurado e o Museu de Arte Popular: Artistas do Nordeste – com obras de João Câmara (1944- ), Francisco Brennand (1927- ) e Sante Scaldaferri (1928- ) e outros – e Nordeste, composta de cerca de 100 mil peças, entre objetos cotidianos, peças rituais, arte indígena, itens comprados em feiras populares. Diz o catálogo: “Esta exposição que inaugura o Museu de Arte Popular do Unhão deveria se chamar Civilização do Nordeste. Civilização. Procurando tirar da palavra o sentido áulico-retórico que o acompanha. Civilização é o aspecto prático da cultura, é a vida dos homens em todos os instantes. Esta exposição procura apresentar uma civilização pensada em todos os detalhes, estudada tecnicamente […] desde a iluminação às colheres de cozinha, às colchas, às roupas, bules, brinquedos, móveis, armas”.

    A ocupação do museu pelo Exército após o golpe militar de 1964 leva à demissão de Lina Bo Bardi, substituída interinamente pelo antropólogo Renato Ferraz e em seguida por Mario Cravo Júnior. O projeto da arquiteta é levado adiante pelo novo diretor, que conclui o trabalho de unificação dos dois museus no Solar do Unhão – o de arte moderna e o de arte popular -, sob a designação Museu de Arte Moderna da Bahia. Após longo período de abandono, o MAM/BA conhece importante processo de revitalização na década de 1990, com a criação do Salão da Bahia, em 1993, que propicia a ampliação do acervo pelos prêmios-aquisição, e do Parque das Esculturas, que reúne, na encosta da avenida do Contorno, ao ar livre, obras de artistas brasileiros – Carybé (1911-1997), Cravo Júnior, Juarez Paraíso (1934- ), Tunga (1952- ) e outros -, com destaque para a representativa coleção de Rubem Valentim. Na década seguinte, são ampliados o setor educativo e as oficinas de artes plásticas.

    Atualizado em 13/12/2013   
    Veja na Web  Site da instituição
      

    http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=instituicoes_texto&cd_verbete=4990

  2. Josias parabéns pelo filme “Cuíca de Santo Amaro” e pelos extras

    Parabéns pelo post que demonstra a efervescência cultural da Bahia na década de 50/60.

    Essa condição favoreceu que novos artistas, se alimentando desta cultura, criasse um novo movimento que modificou a MPB e serviu de parâmetro para os artistas que se seguiram; o tropicalismo

    O belíssimo vídeo é uma aula profunda sobre como o poder público deve fomentar a cultura.

    A grande diferença de uma sociedade que pensava, para a atual pragmática.

  3. Considero de uma falta de

    Considero de uma falta de civilidade que beira a estupidez, todos esses astros baianos se esquecerem do papel fundamental que Lina Bo Bardi exerceu para que todos eles deixassem de ser obscuros e viessem a brilhar. O que justifica isso? Nada. Lina quando chegou na Baha todos eles eram um punhado de provincianos tímidos e assustados. Lina fez o Museu do Unhão e a primeira mostra popular dee cultura, quando se achava que exvotos não eram cultura. Lina abriu ppara eles o Teatro Castro Alves. Lina os reuniu e falou para eles o que eles deveriam fazer. Lina fez com que todos eles surgissem e brilhasssem. Caetano parece que tem medo de se referir a Lina, para que ela não empane seu fraco brilho. Lina brigou por todos eles com a Ditadura, nunca teve o medo que eles tiveram, Lina fez a Ditadra recuar, e aí eles puderam surgir. Todos, de Gianfrancesco Guarnieri a Gilberto Gil, são o que são são porque Lina Bo Bardi assim os fez. Palavras de uma testemunha.

    1. Os tropicalistas baianos (ou

      Os tropicalistas baianos (ou não baianos) sempre consideraram muito a Lina Bo Bardi. O que se comprova, por exemplo, nesse documentário, narrado inclusive por Maria Bethânia, cuja primeira parte segue. Caetano Veloso, Zé Celso, Darcy Ribeiro, etc estão aí, e principalmente Lina por si mesma.

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=Ns9XX7V2qVA%5D

       

  4. Em contraposição, tivemos o carlismo.

    A Bahia dos anos 50 e 60 foi a do progresso cultural, com os “filhos” de Anísio Teixeira.

    No entanto, tivemos o contraponto nos anos 70 e 80, com o “coroné” Antonio Carlos Magalhães.

    Os “filhos” de “Malvadeza” foram o fricote, axé music, arrocha e suas ramificações “culturais”. Por exemplo, no “cinema” tivemos o clássico trash “Cinderela Baiana”, “estrelado” pelos “jênios da interpretação” Carla Perez e Alexandre Pires.

     

  5. Escola Parque.
    Origem dos

    Escola Parque.

    Origem dos Cieps

     E quando o Collor quiz fazer as federais, que chamvam-se aquela outra sigla, virou a maior confusão.

    Até inventaram o escándalo das bicicletas,

    Alceni Guerra, salvo enganos.

    Inocentado.

     

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