Artistas da música apostam em lyric videos em tempos digitais -

Jornal GGN – Em tempos de encerramento das atividades da MTV como canal aberto, surge outra novidade no cenário mundo da música digital. Os lyric videos, ou vídeos com letras, estão sendo lançados ao mesmo tempo que o single e precedem um outro mais bem produzido da chamada “música de trabalho” – um espécie de atualização do videokê, com os versos da música na tela, para cantar junto.

Houve um tempo em que as gravadoras levavam meses para produzir grandes vídeoclipes, verdadeiros curtas-metragem a um custo milionário – o que fazia sentido, frente ao único meio de disseminar sua obra, que era a MTV. Hoje, os mesmos lyric videos podem baixar absurdamente os custos de produção destas pequenas obras de arte e ainda falar diretamente com o consumidor jovem de novas tecnologias. De acordo com reportagem do portal da revista Veja, um vídeo literal trabalhoso e bem produzido pode custar, no máximo, US$ 15 mil – frente ao meio milhão que o videoclipe de uma banda ou artista top pode custar.

Para se ter uma ideia, nos áureos tempos da MTV no mundo, bandas ainda estreantes chegaram a cifras inimagináveis para lançar seus singles. O Creed, por exemplo, que se lançava nos idos de 2000 (quando a música digital já começava a galgar espaço no mercado), teve um orçamento de meio milhão de dólares para lançar o vídeo de “My Sacrifice”. Em 1986, pouco antes, o Duran Duran fez o mais ousado clipe do mundo, quando a questão é orçamento: “Wild Boys”, um dos hits do grupo inglês, custou US$ 1,2 milhão – e quase matou o vocalista, Simon Le Bon, numa cena de aventura, segundo a lenda. Mas Michael Jackson é quem lidera a lista com “Scream”, lançado com a irmã Janet em junho de 1995, quando o artista dava todas as cartas para voltar ao topo do mundo: o vídeo foi orçado em US$ 7 milhões.

Hoje, os próprios fãs do artista postam seus vídeos caseiros, enquanto o oficial não sai. São dancinhas, coreografias e até mesmo fotos estáticas de animais e casais, com montagens de gosto bastante duvidoso. As gravadoras não lucram absolutamente nada com isso e ainda teriam que investir numa busca incessante pelos “infratores” ao redor da internet, o que dispenderia tempo e muito dinheiro para tirá-los do ar.

Criativos e bem mais ágeis que os primeiros power points lançados em 2012, os lyric videos também ajudam os ouvintes a memorizar as letras, sem descuidar da identidade visual do artista que o lança.

Produtores ao redor do mundo já estão se especializando neste conteúdo especial e envolvendo artistas e fãs no desenvolvimento destas peças. Avril Lavigne e Ellie Goulding, cantoras pop do primeiro escalão, já aderiram – e ganharam empatia de seus público jovem e antenado. No Brasil, Anitta já ganhou quatro vídeoclipes neste formato, todos com músicas de seu disco de estreia. Simples, mostram apenas fotos da cantora com as letras das canções sobrepostas.

A empresa de vídeos Vevo, já prestando atenção na tendência, já montou uma produtora em seu escritório do país e já fez vídeos no mesmo formato para bandas consagradas, como Jota Quest, e mais recentemente para a intérprete sertaneja Paula Fernandes. Para a companhia, o Youtube funciona hoje como um rádio para usuários e criar a própria linguagem é papel importantíssimo, nestes casos, segundo entrevista concedida ao portal de notícias.

Na última semana, a estrela pop Katy Perry surpreendeu com um videoclipe divertido, para divulgar o single “Roar” (assista abaixo). A produção foi toda feita em cima de uma conversa de celular no aplicativo Whatsapp, onde a letra da música aparece em forma de diálogos e desenhos na ferramenta popular entre usuários de smartphones. Mesmo contestada pela originalidade da ideia, a cantora e seus produtores provaram que esse tipo de produção passa a ser fundamental como ferramenta de divulgação, em tempos tão digitais quanto os nossos.

Cantora aproveita aplicativo para divulgar música e letra