Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Áurea Martins e Paulo Mendes Campos em homenagem a Vinícius!

Pela grandeza de Vinícius de Moraes e magnitude de sua obra, toda e qualquer Homenagem por ocasião de seu CENTENÁRIO é pouca. Venho fazendo grande esforço em editar suas composições para postar durante esse ano de 2013 e já consegui editar  os  álbuns ORFEU DA CONCEIÇÃO; OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS; 12 interpretações de SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ e uma Play List  com 90 composições do nosso querido POETINHA.

Ontem à noite, já meio cansado, fui reouvir a excelente cantora da noite carioca ÁUREA MARTINS. Áurea é uma artista que considero injustiçada. Divina voz e interpretação ímpar, porém não tem, por parte da mídia nacional nem um décimo da divulgação que merece. Pois bem: Abri o itunes em Áurea Maria e logo na primeira música, ao ouvir com enlevo O QUE TINHA DE SER, ouço a bela voz de Paulo Mendes Campos interpretando a parte inicial de seu lindo poema NO PRINCÍPIO DO AMOR, enriquecendo sobremaneira a interpretação da composição de Tom e Vinícius.

Não consegui mais parar. Aúrea Martins, em O AMOR EM PAZ e ATÉ SANGRAR, interpreta Vinícius de Moraes com Paulo Mendes Campos, Emílio Santiago e Alcione, além de exuberantes interpretação em solo.

Por uma questão de justiça, além da Homenagem que faço ao Poeta Vinícius de Moraes pela comemoração de seu primeiro CENTENÁRIO em 19 de outubro de 2013, rendo minhas sinceras homenagens à excelente  Áurea Martins, na esperança de que o povo brasileiro dê a ela o lugar de destaque em que merece e deve estar.

 

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

7 Comentários

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  1. No Princípio do Amor!
    No princípio do amor No princípio do amor, outro amor que nos precedeadivinha no espaço o nosso gesto.No princípio do amor, o fim do amor.Folhagens irisadas pela chuva,varandas traspassadas de luz, poentes de ametista,palmeiras estruturadas para um tempo além de nosso tempo,pássarosfatídicos na tarde assassinada, ofuscação deliciosano lago – no princípio do amorjá é amor. E pode ser setembrocom o sol estampado na bruma fulva. Monótonaé a praça com o clarim sangüíneo do meio-dia. No princípio do amor, o humano se esconde,bloqueado na terra das canções, astro acuadoem galáxias que se destroçam. E tudoé nada: nasce a flor e morre o medoque mascara a nossa face. Naviospegam fogo defronte da cidade obtusa,precedida de um tempo que não é o nosso tempo.No princípio do amor, sem nome ainda, o amorbusca os lábios da magnólia, o coração violáceoda hortênsia, a virgindade da relva.É, foi, será princípio de amor. A mulherabre a janela do parque enevoado, globos irreais,umidade, doçura,enquanto o homem – criatura ossuda, estranha -ri no fundo de torrentes profundase deixa de ir subitamente, fitando nada.Isto se passa em salas nuas,em submersas paisagens viúvas, argéliastórridas, fiords friíssimos, desfiladeirosescalvados, parapeitos de promontóriossuicidas, vilarejos corroídos de ferrugem,cidades laminadas, trens subterrâneos,apartamentos de veludo e marfim, provínciasprocuradas pela peste, cordilheiras tempestuosas,planícies mordidas pela monotonia do chumbo, babilôniasem pó, brasíliasde vidro, aviões infelizes em um céude rosas arrancadas, submarinos ressentidosem sua desolação redundante, nas altas torresdo mundo isto se passa; e isto existedentro de criaturas inermes, anestesiadasem anfiteatros cirúrgicos, ancoradas em angrasdementes, pulsando através de alvéolos artificiais,criaturas agonizando em neblina parda,parindo mágoa, morte, amor.E isto se passa como um cavalo em pânico.E isto se passa até no coração opulentode mulheres gordas,de criaturas meio comidas pelo saibro,no coração de criaturas confrangidas entre o rochedoe o musgo, no coração deHeloísa, Diana, Maria,Pedra, mulher de Pedro,Consuelo, Marlene, Beatriz. Olhar – anel primeiro do planeta Saturno.Olhar, aprender, desviver.Além da janela só é visível a escuridão.Olhar – galgo prematuro da alvorada.No princípio do amor, olhara escuridão; depois, os galgos prematuros da alvorada.No princípio do amor, morte de amor antes da morte.Amor. A morte. Amar-te a morte.Sexos que se contemplam perturbados. No princípio do amoro infinito se encontra. No princípio do amor a criatura se vestede cores mais vivas, blusaspreciosas, íntimas peças escarlates,linhos sutis, sedas nupciais, transparências plásticas,véus do azul deserto, pistilos de opalina,corolas de nylon, gineceus rendados,estames de prata, pecíolos de ouro, flor,é flor,é flor que se contempla contemplada.Isto se passa de janeiro a dezembrocomo os navios iluminados. No princípio do amoro corpo da mulher é fruto sumarento,como a polpa do figo, fruto,fruto em sua nudez sumarenta, essencial, poistudo no mundo é uma nudez expectantecomo o corpo da mulher no princípio do amor. Fruto na sombra: mas é noite.Noite por dentro e por fora do fruto.Nas laranjas de ouro.Nos seios crespos de ElianaNas vinhas que se embriagam de esperar.Ramagens despenteadas, recôncavos expectantes,cinzeladas umbelas, estigmas altivos,é noite,é flor, é fruto. Mas nos seios dourados de Elianaamanheceu.Paulo Mendes Campos(1922-1991) 

  2. Vinícius em Imagens!

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Centenário Vinícius – 19.10.1913-19.10.2013

    lucianohortencio

     

  3. Valeu demais, Luciano. Sabia

    Valeu demais, Luciano. Sabia da parceria poética entre Vinicius e Paulo Mendes Campos, mas não conhecia gravação. E a Áurea Martins merece ser lembrada, pois não se divulga essa excelente cantora.

    1. Abraço, amigo Jair Fonseca!

      Amigo Jair,

       

      Fico muito feliz porque gostaste. Estranho esse lance de divulgação. Áurea Martins é unanimidade na noite carioca, principalmente na lapa, reduto de bons artistas  e boêmios, porém, estranhamente, pouquíssimo divulgada em relação ao seu potencial artístico e vocal. Sinceramente não consigo entender…

       

      Abraço do luciano

       

       

  4. Valeu demais, Luciano. Sabia

    Valeu demais, Luciano. Sabia da parceria poética entre Vinicius e Paulo Mendes Campos, mas não conhecia gravação. E a Áurea Martins merece ser lembrada, pois não se divulga essa excelente cantora.

  5. E por falar em Paulo Mendes

    E por falar em Paulo Mendes Campos, assisti ontem o vídeo do Emanuel Cancella anunciando sua desfiliação do PT. A relação, tanto dos filiados quanto dos desfiliados do Partido de Trabalhadores é de amor, ou de ódio, faces da mesma moeda que sai por aí, girando a espiral de paixões humanas que existem desde que mundo é mundo.

    Não vemos isto em nenhum outro partido no país.

    É partido que sai da costela do outro, é ex-liberal que agora diz que não tem ideologia nenhuma, é ex-tucano arrependido que vira lulista de primeira hora, um troca-troca de agremiação e ideologia que parece bem rapaz namoradeiro que muda de guria igual troca de pasta de dente.

    O político que troca de partido parece a musa do “Folhetim” de Chico Buarque, “você foi só mais um, a noitada foi boa, me esqueça”.

    Agora, com o PT não.

    A desfiliação do PT é um estado de arte. Tem um quê de lirismo, uma dramaticidade, uma mistura de saudosismo com mágoa de amor rejeitado e uma pitada de triunfalismo moral, tudo no mesmo balaio. Não pode faltar discurso, nem lágrima, nem poema estilo “meu querido ex-amor”.

    Tem uns que, fora do PT o superam, outros melhoram, enquanto alguns se vestem eternamente de preto e branco, embora se digam verdes. Irônico, não?

    E como o assunto da moda, com leilão do Pré-Sal e o escambau a quatro é desilusão, ó desilusão, lá vem uma dose de Paulo Mendes Campos para reconfortar nossos corações machucados:

    “O Amor Acaba”

    O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amortinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

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