Cadê o axé?, por Zeca Peixoto

Foto: Antonio Nelson

Por Zeca Peixoto –  Jornalista, mestre em História Social, pesquisador de História da mídia e blogueiro Textos ao Vento

Por favor, não desejo destruir castelinhos de areia nesta quinta de Momo

Mas me ocorre reflexão sobre os 30 anos do axé music. Lembro quando o termo foi cunhado. O movimento já se punha em marcha no mainstream local. Mas aí é conversa para outra postagem.

Não sou das melhores memórias para comentar o tema. Tem quem o faça com mais propriedade, certamente.

Até mesmo porque quando Luis Caldas, exímio instrumentista – toca todos instrumentos de corda e tem veia rocker como poucos -, entrou em cena com “Nega do cabelo duro”, e sem nenhum intento racista, eu frequentava os circos Relâmpago, na Pituba, e Troca de segredos, em Ondina.
Preferia fazer coro com o Camisa de Vênus gritando “Ô Silvia, piranha”… Brincadeira boba. Mas divertida.

Sim, justiça seja feita. Os trios de Dodô e Osmar – posteriormente Armandinho à frente -, Novos Baianos, Tapajós, Ademar e sua Banda Furto Côr e outros, marcaram. Tocam emoções. Até hoje.

Foram muitas e muitas peregrinações no circuito, único, Campo Grande-Carlos Gomes.

Não havia carnaval na Barra.

Ok, ok…. o Axé Music….

O mais correntes discursos batem na tecla dos milhares empregos criados. Só não contabilizam a precarização destes postos de trabalho, a maioria temporários.

Os cordeiros que o digam.
Vergonhoso.
Duas ou três holdings no controle.
Falemos de música.

Sim, o axé tem coisas lindas. Chame Gente, de Moraes Moreira, e Prefixo de Verão, cantado pela extinta Bamda Mel (sic), entre outras jóias, marcaram época.

São músicas lindas! Quem há de negar ou, no mínimo, não se mexer e cantarolar junto?

Mas esse tempo passou.

A música axé percorreu a trilha do empobrecimento melódico.
E o que é este ritmo (?) hoje?

Miscelânea de tudo que possa ser comercializado guela abaixo. Arrocha é axé; assim como insuportáveis pagodes cujos apreciadores amplificam nos seus carros com o intento de obrigar terceiros a “curtir” juntos aquelas estapafúrdias ridículas.

O Axé Music nem mesmo chega a ser um arremedo do que foi. Nem competência tem pra isso.

Salvador virou palco onde uma vez por ano se reúnem artistas que passam o ano inteiro atuando em diversas praças Brasil afora.
É o mais do mesmo.

Numa cidade tomada por ruas privatizadas por empresas de abadás e camarotes que trazem djs e novidades interessantes – a desse ano, pelo que li, é o espaço da “trepadinha” rápida – a alegria é pasteurizada.

Nada contra trepadinhas rápidas. É quase uma instituição carnavalesca.
Quem nunca?
Mas com apoio de marcas de shampoo e cosméticos é patético.
E bobo.Enfim, poderiam ser 30 anos com fatos, músicas e um clima bem mais participativo.

Mas o axé preferiu o atalho do lucro fácil.
E galinhas têm data de validade para pôr ovos de ouro.
Os desse ano não chegarão a ser de lata.

Redação

2 Comentários

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  1.  
    Nassif,
    Não sou da área,

     

    Nassif,

    Não sou da área, não tenho a erudição da matéria e somente como “vítima” poderei emitir opinião sobre o “Axé Music”.

    Mineiro de monsclar,nordimina, a terra de Beto Guedes, meu vizinho de rua e de Darcy Ribeiro, o irmão de Mário, nosso médico e amigo da família.  Nas poucas vezes que ví o Darcy, ele me carregava no colo, brincava comigo.

    Sequer sabia quem era aquele moço. 🙂

    Imagina, Nassif, depois de grande, despois de eu brigar durante um ano e  contra a ordem unida do 55º BI, só pelo fato de eu querer ser chamado de Sd Brito e eles impondo, pela força, o Sd Carlos.

    Resultado foi que, passei toda minha estada no quartel  enfrentando de soldados puxa saco, cabos, sargentos, tenentes, capitães usando a camisa sem nome oui quando, usando nomes de outros colegas de farda, como Sd Mota, Sd Cunha Filho, Sd Aran, SdRocha, Sd Henrique e outros. Nunca o que eles queria, o Sd Carlos.

    Então, Nassif, eu um ariete batendo contra as regras, poderia aceitar o Axé Music, um veneno saido das mavadezas do tubo de ensaio de ACM/RedeGlobo/$arney?

    O Axé Music não passa de prodouto de laboratório, tipo propaganda nazista, para implodir o já frágil pela fome , cérebro deste povo de mentaluidade escravista.

    E eles acreditam que são referência para o mundo, assim como o Tango argentino, o Jaz americano, o Rock inglês ou até mesmo o Samba brasileiro. 🙁

    @cabrito2606

     

  2.  
    Nassif,
    Não sou da área,

     

    Nassif,

    Não sou da área, não tenho a erudição da matéria e somente como “vítima” poderei emitir opinião sobre o “Axé Music”.

    Mineiro de monsclar,nordimina, a terra de Beto Guedes, meu vizinho de rua e de Darcy Ribeiro, o irmão de Mário, nosso médico e amigo da família.  Nas poucas vezes que ví o Darcy, ele me carregava no colo, brincava comigo.

    Sequer sabia quem era aquele moço. 🙂

    Imagina, Nassif, depois de grande, despois de eu brigar durante um ano e  contra a ordem unida do 55º BI, só pelo fato de eu querer ser chamado de Sd Brito e eles impondo, pela força, o Sd Carlos.

    Resultado foi que, passei toda minha estada no quartel  enfrentando de soldados puxa saco, cabos, sargentos, tenentes, capitães usando a camisa sem nome oui quando, usando nomes de outros colegas de farda, como Sd Mota, Sd Cunha Filho, Sd Aran, SdRocha, Sd Henrique e outros. Nunca o que eles queria, o Sd Carlos.

    Então, Nassif, eu um ariete batendo contra as regras, poderia aceitar o Axé Music, um veneno saido das mavadezas do tubo de ensaio de ACM/RedeGlobo/$arney?

    O Axé Music não passa de prodouto de laboratório, tipo propaganda nazista, para implodir o já frágil pela fome , cérebro deste povo de mentaluidade escravista.

    E eles acreditam que são referência para o mundo, assim como o Tango argentino, o Jaz americano, o Rock inglês ou até mesmo o Samba brasileiro. 🙁

    @cabrito2606

     

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