Candidatos do “The Voice” matam música de João Gilberto

Sugerido por Fernando J.
 
Do Diário do Centro do Mundo
 
João Gilberto não resiste a ferimentos e sucumbe a canastrice
 
Por Kiko Nogueira
 
João Gilberto morreu ontem, 21 de novembro, vítima da falta de noção estética. Inventor da bossa nova, gênio, João foi atingido fatalmente por uma dupla de cantores, Maylssonn e Xandy.
 
Os dois intérpretes assassinaram sua “Adeus, América” no programa The Voice. Numa prova de que não há mais lugar para a sutileza, cometeram uma versão estapafúrdia da canção. A dupla admitiu que desconhecia o autor. Não é obrigação de ninguém conhecer qualquer coisa, claro. Para que se dar ao trabalho, se não vale nada?
 
Junto com João Gilberto, o pessoal do “The Voice” está executando a pauladas a suavidade da música brasileira. Numa atração em que triunfa o malabarismo, o virtuosismo de farol, em que todo mundo soa da mesma maneira, não há espaço para a delicadeza.
 
João Gilberto é moderno. Reinventou seu instrumento e foi o responsável por acabar com gerações de cantores com vozeirão. Ele soube usar o microfone. No fim dos anos 50, ao cantar baixinho como se estivesse conversando, pronunciando cada sílaba, mandou para o século 18 homens e mulheres que se esgoelavam para dar seu recado. Ou seja, o que fizeram foi, de certa forma, uma vingança.
 
JG despiu as canções à sua simplicidade máxima. Mesmo tocando sozinho, você ouvia todas as nuanças harmônicas. Alguém já falou que o gênio faz o difícil parecer fácil. Lulu Santos, o único jurado com um pouco de juízo, ainda argumentou contra aquela violência: “Achei que houve um excesso de trejeitos vocais e desrespeito à canção original. Faltou respeito ao que a música diz”.
 
A letra é, de fato, uma espécie de manifesto de volta às origens. “O samba mandou me chamar/Eu digo adeus ao boogie woogie, ao woogie boogie/E ao swing também/Chega de rocks, fox-trotes e pinotes/Que isso não me convém”. Etc.
 
João Gilberto não cabe na histeria. Ele não merecia isso. O cantor baiano deixa uma obra gigantesca, pelo menos um apartamento, alguns processos contra a gravadora EMI, uma dúzia de lendas sobre suas manias e pelo menos uma grande frase: “Não se pode machucar o silêncio, que é sagrado”. RIP.

http://www.youtube.com/watch?v=gn7kxtdTP4Y

 
 
Redação

66 Comentários

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  1. Nós não merecíamos isso, o

    Nós não merecíamos isso, o Brasil, a música brasileira, não merecem este tipo de programa, esse lixo da indústria da cultura, os jovens brasileiros não merecem ser alimentados por essa porcaria de fastfood cultural, ninguém merece essa nojeira, esse desperdício de energia, esse desprezo por nossa cultura… 

  2. Eles matam quase todas, 99%

    Eles matam quase todas, 99%  são adeptos da escola ” black-pop-gospel” , cheia de maneirismos

    onde qualquer um parece cantar bem. ooohhhoo unhhh yeeeeamm..Ed motaaaaahannnnnn..etc..

    No mais ainda esta valendo  a máxima:” Se voce não tem talento..tenha atitude”…isso um dia passa.

     

     

    Madruga

  3. Modernosos

    A rigor, acho que a letra é do Haroldo Barbosa.

    De qualquer modo, hoje é muito comum misturar determinados sucessos de ontem com sonoridades atuais; tentativas quase nunca bem sucedidas.

    Isso lembra o programa modernoso da rede Globo em relação à “Música do Século”, em 2000, onde botaram Chitãozinho e Xororó cantando sucesso do Milton Nascimento, menina do axé baiano (não lembro qual delas – pois desce uma do trio elétrico e já está entrando uma nova) cantando Tom Jobim, etc. Foi um horror. Quando pensamos que já não é possível piorar, tem o Funk Ostentação chegando!

     

  4. A (falsa) erudição é uma merda maior que a inveja…

    O eixo do texto é, pelo que titia ousou tentar entender: um crime estético…

    Ah, sim, mas qual o código “jurídico” da estética, e quem detem o “poder jurisdicional”?

    Definir padrões, é antes de mais nada, impor escolhas…um ato sempre unilateral, e sempre autoritário, embora nem sempre seja desnecessário, titia “aceita o argumento”…

    Ora bolas, então JG reiventou o cantar, minimalizou acordes dissonantes e tonitroantes, fez do exagero um leve facho de luz na histrionice musical brasileira? uauuuuuu….Deve ser por isto que sempre se comportou (e ainda se comporta) como um babaca…

    Pelo texto, vê-se que ele não é o único culpado de sua babaquice…

    Titia concorda que o mercado ou a indústria de bens cutlurais de massa tem o objetivo imperial de pausterizar tudo, e diluir os gostos para ampliar o consumo ao que eles imaginam ser um “gosto médio” (olha aí outra escolha estética)…

    Mas por outro lado, hierarquizar os gostos sob o (falso) argumento de “higienizar” esteticamente um modo, ou os modos de cantar, poetizar, escrever, pintar, etc…é de uma tolice atroz…

    É este pessoal da arte neutra, do jornalismo neutro, da anti-política, do mercado neutro, da economia pura (e aplicada) que anda a contaminar e a se conatminarem com estas (i)lógicas neutralizantes…

    Temos que ouvir e cantar JG com um fervor reverencial, no máximo subindo um escala ali, outra menos acolá, como uma missa em latim…

    Ora, o próprio JG é a possibilidade de fusão que dá síntese a tantas outras misturas improváveis, como o batuque do samba sincopado com a marcação do jazz….Ou seja, o JG, na concepção de seus fieis e súditos é uma farsa porque tomou do samba sua originalidade e empacotou em uma estética mais palatável ao pessoal da Zona Sul…

    Titia detesta bossa-nova, mas não pode lhe retirar a “virtude” de ter dado uma “cara cultural” aquela classe média que surgia nos anos 50, e que se derretia em Cole Porters, enquanto buscava aluma “raiz” para se identificar…

    Quanta baboseira…bolas, o que o autor esperava ouvir em um produto de consumo cultural de massa???

    E afinal, como cristalizar o discurso musical de JG (ou de quem quer que seja) em esquemas que impeçam sua “profanação”, se esta é a própria noção de cultura e sua dinâmica, inclusive pela tradição(entrega) do legado de uma geração a que a sucede, que se apropriando, pode fazer dela o que bem entenderm inclusive, matá-la em pleno horário nobre???

    Em grande parte, como titia disse, nessa terra de joãos absolutistas (como o barbosa) ‘tá explicada a adoração gilbertiana…

    1. Titia gosta de escrever a la

      Titia gosta de escrever a la folhateen , divertido não compromete nada fica bacana, irreverente 

      mesmo quando “chuta “. Gostei do “dissonantes tronitroantes, soou como um emprestimo modal

      numa cadencia deceptiva com resolução em  “terça de picardia. Uauuuu…!!!!

       

      Uma homenagem ao ” the voice”…

       

      [video:http://youtu.be/Bd3hi4fSapA%5D

       

       

       

      1. Titia fica feliz que

        Titia fica feliz que “tenhamos feito contato”, e se desculpa por ter atrapalhado sua oração vespertina ao mestre yoda da música de banquinho…

        Nobre cavaleiro de jedi de apartamento, eu fico feliz em receber tão vasto e profundo julgamento de meu estilo de escrever, ainda mais sendo você pós-Doutor em linguística…

        Foi a maneira mais gentil de ouvir uma definição de gosto, ou seja, foi a pessoa mais gentil que disse: não gosto como você escreve ou eu não gosto do que você escreveu!

        Mas, e daí???

        O debate é sobre a forma ou sobre o conteúdo?

        Ahhh, ele dirá: “mas o conteúdo é ruim”?

        Mas o que é pior, alguém que escreve mal sobre um assunto ruim, ou alguém que pretende demolir esta casa mal construída pelo telhado?

        Então, para dizer eu não gosto do que você escreveu não basta dizer que não gosta de como eu escrevo…

        Não basta repetir: JG é o melhor, o maior, o picão das galáxias das notas sustenidas, porque isto não me comove, meu lindo…

        É preciso que você diga (se quiser, é claro) porque JG é usado como símbolo de distinção e hierarquia cultural, jogando na barbárie todos aqueles que não gostam ou desprezem o uso político-classista de sua obra?

    2. Mogana

      Concordo contigo em gênero, número e grau. João Gilberto  cobra os olhos da cara por um “show” onde somente ele, um violão, um banquinho, um microfone e umas caixas de som ficam no palco, não ha nenhuma grande produção pelo preço que cobra. Portanto, canta para a chamada elite. Eu jamais pagaria mil reais para assistir a um “show”, onde o cantor se julga no direito de abandonar o palco e deixar a platéia a ver navios, por motivos banais, como o ar condicionado não estar na temperatura adequada ou alguém da platéia espirrar durante a apresentação. Prá mim JG é um grande xarope. E quer saber a verdade, gostei mais da música na “versão”  dos candidatos do tal programa do que com o “original”.

      1. Moço:
        Se voce acha o João

        Moço:

        Se voce acha o João Gilberto um “xarope” e gosta mais da “versão dos candidatos do programa”, porque se preocupar tanto com o preço do ingresso dos shows dele?

        Deixe o seu lugar para outros, que esperam anos para escuta-lo no mundo inteiro.

        Va ao auditorio do “tal programa”. 

        Deve ser gratuito e, certamente, corresponde rmais ao gosto de quem acha o JG um “xarope”.

        Alias, bom mesmo é o Daniel.

        1. Autonomo

          Com prazer eu lhe cederia o meu lugar para assistir ao show do JG, se eu ganhasse algum convite é claro, porque eu jamais pagaria prá assistí-lo, e, sinceramente, não é pelo fato de não gostar de bossa nova, que fique claro. É um show feito  para a elite, cheio de frescuras e não me toques.  É também, pelo fato dele, JG, se achar a última bolacha do pacote. Qualquer motivo, por mais banal que seja, faz com que ele interrompa apresentações, e vc como fã dele, deve saber muito bem disso. Quanto a ir ao “tal” programa, também não me agrada, detesto a rede globo e só tive curiosidade de ver o tal vídeo por envolver o “afamado” JG. Um abraço, e não precisa se incomodar tanto pelo fato de eu chamar seu ídolo de xarope.

          Roberto

    3. Fiquei perpexo ao ver como

      Fiquei perpexo ao ver como apenas uma pessoa pode falar tanta besteira.

      Esse mundo da internet, que poderia iluminar, esta fazendo eclodir uma ignorancia arrogante.

      As pessoas apertam duas teclas e acham que descobriram a polvora.

      Não respeitam nem artistas como o João Gilberto, que ja entrou para a historia da musica.

      Mas o que poderiamos esperar de um povo que tem a mãe do Supla como ministra da cultura

      1. Obrigado e o próximo…

        Caro autômato, ops, autônomo, titia agradece suas gentis palavras, todas acompanhadas de enorme suporte teórico, justamente a antítese da superficialidade e blasfêmia que titia proferiu contra o mestre-yoda-do-samba-de-banquinho, ritmo desacelerado e domesticado para caber no gosto da classe mé(r)dia…

        Peço milhões de desculpas por ter, assim como fiz com Fernando J. e demais, interrompido Vossas orações ao mestre que diz que o pato vinha cantando alegremente quéin, quéin (aleluia, senhor, aleluia!)…

        Não sou merecedora de Vosso perdão, mas rogo-lhe misericórdia e vou sim, me imolar e me espancar com todos os vinis do mestre…

        Tens razão, um povo que tem a mãe do Supla não merece respeito…Bom mesmo é o povo que torrou judeus ao som de Wagner, ou que janta no Fasano ouvindo o mestre, enquanto a choldra se espreme em algum galpão sujo ao som do pornográfico proibidão…

        Compreendo sua revolta…esta nossa elite não merece um povo tão chulo…

        Desculpe a burrogância de titia..

        1. Desculpe-me.
          Errei.
          O seu

          Desculpe-me.

          Errei.

          O seu caso não é de ignorancia, ou de “burrogancia”, como se classifica,  mas trata-se de algum problema psicologico mais serio.

          Procure um medico.

          Não vai fazer a senhora apreciar o JG, mas, ao menos, ficara mais calma.

          Talvez fique com menos odio da “classe media”, ou me(r)dia, como voce a chama e dos que “jantam no Fazano”.

          1. Onde está a senha..

            Bom, e a julgar pelo diagnóstico tão preciso, és médico, além de pesquisado cultural…Como os dois assuntos me interessam, e com a sua recomendão, pergunto:

            Para qual telefone titia liga para marcar consulta com Vossa Excelência…quem sabe o nosso Mengele me fala alguma “experiência” (uiiii, que ótimo) e coloque JG na minha programação mental tão doente?

            O Supla e a Martha podem ir também?

            Você leva uma marmitinha do Fazano (é assim que escreve?) para titia, só para ela saber como é que é?

            Também te amo, autômato, ops, autonomo…

        2. Dicotomia inexiste,

          Dicotomia inexiste, esta.

          Como se a classe média e filhos da nossa elite não pagassem, ano após ano, milhares de reais para pularem o carnaval em Salvador em camarotes ou no meio de cordões exclusivíssimos. Ver Chiclete com Banana ou Ivete Sangalo por aquelas bandas (música elitista?) pode custar R$ 1.000,00 por noite.

          Sem contar o funk proibidão que ouvem o ano inteiro em suas baladas. O próprio “Rei do Camarote” admitiu que tem uma quedinha por funk.

      2. Cara o que tem a ver o C..com

        Cara o que tem a ver o C..com as calças? Ministra da cultura etc…..??

        Realmente o criatividade e sensibilidade do João esta anos luz ( frente e para traz..)

        de muitos de seus adoraveis fans..e é ele que paga o preço disso.  Como dizia alguem

        (que para muitos tambem é uma fraude.).” Humano demasiado Humano”.

         

        1. Viu, Morallis, o comentário

          Viu, Morallis, o comentário do autômato, ops, autonomo é o exemplo acabado e perfeito da ideologização de um gênero como símbolo de distinção de classe, patrocinado por uma hierarquia cultural…

          Outra vez te digo: quem gosta, gosta, quem não gosta, não gosta…

          Não se trata de desconhecer o papel da música de JG, principalmente para os que o admiram, mas evitar que esta decisão que é só estética, transforme-se nesta “religão” aí de cima…

          Não é à toa que fã, deriva de fanático…

          O comentário aí de cima mostra as vísceras do problema…

          Não há como criar instâncias de julgamento de “qualidade” musical, porque sempre haverá naquele que estabelece o valor a inclusão de seu gosto pessoal como parâmetro…

          E isto não tem nada a ver com contrariar o processo civilizatório, porque por várias vezes, inclusive como citado por você, as fusões e descobertas musicais (como do JG) bebem nas manifestações consideradas incivilizadas…como era o quase clandestino e desconhecido samba em 40 ou 50…recém “legalizado”, e fora do alcance da polícia de costumes…

          Vale um conselho: não adianta discutir com gente “religiosa” como o aí de cima…seria o teaparty da esquerda?

          1. Ai que esta!Não me

            Ai que esta!

            Não me surpreendo com o comentário do “autonomo” nem mesmo  pelo fato dele ser um fã ardoroso

            do JG, ele poderia ser fã do “lobão, do Arnaldo Antunes,do  Picolino da mangueira, possivelmente do

            seu “jorge” da Paula fernandes, do ventania, da tati-quebra-barraco e até do “mundo livre S.A.  Sei que 

            não é o caso acima..(autonomo)..ha reaças que amam JG e odeiam Nelson Rodrigues, progressistas

            que odeiam samba e amam ” burzum” , moderninhos que amam “Seu jorge( cansei) e detestam

            paulinho da viola. Nada define  nada.

          2. Hã…?

            Mais autoritário que absolutizar tudo, é relativizar tudo…

            É natural que defendas que está mais próximo, eu também não esperava que mordesse a isca…parabéns…

            Mas é fato que o comentário dele é reacionário, ou seja, também temos reacionários (teaparty) na esquerda, aliás, é o que mais temos. 

  5.  
    Esperar o quê de uma

     

    Esperar o quê de uma porcaria onde Claudia Leite e 1/2 dúzia de saltitantes berradores são tidos e havidos como cantores?

    Olhe! Me deixe, viu?

    Orlando

    PS: e…por falar em “me deixe,”  por onde anda a baiana Marcia?

     

  6. Comentário.

    Um sambinha de apartamento, numa “batida cool jazz”, somente palatável pois calmo e muito “branco” (não importa se baiano, mas branco). A pretensão maior de todas é quando pessoas sem nome e endereço, inescrupulosas, cunharam para si o termo “música popular brasileira”. Brasileira talvez, popular, nem tanto. O jogo é muito maior, não se restringe ao The Voice.

  7. João Gilberto é uma fraude…

    E para os fieis e adpetos das teses higienistas da música, eis que FredZero4, da ótima Mundo Livre S/A nos ensina o Mistério do Samba (grifo nosso):

    O samba não é carioca
    O samba não é baiano
    O samba não é do terreiro
    O samba não é africano
    O samba não é da colina
    O samba não é do salão
    O samba não é da avenida
    O samba não é carnaval
    O samba não é da tv
    O samba não é do quintal
    Como reza toda tradição
    É tudo uma grande invenção
    O samba não é emergente
    O samba não é da escola
    O samba não é fantasia
    O samba não é racional
    O samba não é da cerveja
    O samba não é da mulata
    O samba não é do playboy
    O samba não é liberal, por que
    O samba não é chorinho
    O samba não é regional
    Como reza toda tradição
    É tudo uma grande invenção
    Não tem mistério
    Não é do bicheiro
    Não é do malandro
    Não é canarinho
    Não é verde e rosa
    Não é aquarela
    Não é bossa nova
    Não é silicone
    Não é malhação
    O samba não é do gugu
    O samba não é faustão
    Não é do gugu
    Não é do faustão
    Sem mistério

    Link: http://www.vagalume.com.br/mundo-livre-s-a/o-misterio-do-samba.html#ixzz2lU1EIOow

      1. Gosto e c*, cada qual com o seu…

        Titia não discute gosto…O gosto é seu, J (será o MIB?), e eu respeito…Gostaria que respeitasse o meu, ou terei que perguntar a você ou a outro cânone bossanovista para escrever ou emitir opinião?

        Bom, mas no campo da antropologia cultural, já faz séculos que esta lógica de hierarquizar gostos, para politicamente determinar que este ou aquele bem cultural distingue ou diminui esta ou aquela pessoa, classe ou grupo já foi enterrada…

        Gostar de JG é uma coisa…Mas impô-lo como símbolo de uma superioridade musical que não existe, porque é impossível julgar aquilo que tem usos distintos (quem “consome” JG o faz por razões distintas de quem “consome” funk, por exemplo) é medonho…é classista, segregador e elitista…

        Engraçado que estas “distinções” são recorrentes (o samba já foi até caso de polícia), e depois, todos se “reúnem” sob as bençãos do mercado para consumirem aquilo que rejeitavam, e que depois vira “cool” ou “cult”…

        Se JG vier a público e rasgar as notas de reais que recebeu pelo uso da música, aí titia é capaz até de enxergar alguma seriedade neste debate, caso contrário…

        JG só pode ser “profanado” se for por algum David Byrne ou algum contrabandista de ritmo como Sérgio Mendes, sassaricando para Tio Sam aplaudir…Aí valem beats, carrapetas, tambores, metais e o escambáu…

        Santa mentalidade colonizada, batman…

        Isto não tem nada a ver com arte, meus filhos, é só negócio, e JG nada mais é que um produto exótico e azedo para “gostos mais refinados”, como estrogonofe de pequi, ou feijoada com iaquisoba…

        O problema é que o pobre, assim como tantos outros, acabou por acreditar e levar o personagem a engolir quem o sustentava…esquizofrenia backstage é isto aí…ele, ao menos, não se afogou em uma banheira de seu próprio vômito…

      2. É, mas  saiba que o tinhorão

        É, mas  saiba que o tinhorão ouviu muita “bossa..mesmo prá descer a lenha sua  “birra” não invade

        tanto questão “social tão demonstrada em vários comentários sobre bossa-nova , mesmo ela estando

        ali, tiinhorão  comunista  de fé se preocupou muito mais  com as origens que tudo. No mais  , algo

        interessante de se notar é que muitos dos que  odeiam “bossa-nova” tem pavor do  “chôro  tambem..

        nada generalizado..mas há uma relação ai..vai saber.

         

        1. É dislexia?

          Se for eu respeito, porque longe de mim tripudiar em cima de uma restrição tão grave…

          Vou tentar de novo:

          Meu filho, titia não se arroga ao papel do Tinhorão, porque não conhece, não ouve, e nem quer ouvir bossa nova…aquilo que já me foi apresentado, já me bastou…

          No consultório, ou no elevador, tudo bem, até porque é inevitável, mas como escolha, escolho NÃO OUVIR….

          Mas não é este o DEBATE…

          Não é o MEU, o SEU, ou o gosto deste, ou DAQUELE que importam…

          Mas sim rebater a lógica dos que querem se distinguir porque ouvem isto ou aquilo…

          Não que titia não reconheça quão nefasto é a pasteurização promovida pela indústria cultural de massa, mas ao mesmo tempo pressupor que hierarquizar os gostos é algo que fica longe deste manipulação da indústria é de uma idiotice de dar pena…

          JG é só um produto mais direcionado, e mais caro, óbvio, porque atinge menos gente (lógica da verticalização e horizontalização dos bens de consumo)…armadilha surrada….

          É só ler os comentários daqui, e daqueles que têm, sinceramente, um viés progressista para perceber o quão perigosa é esta associação do gosto(uma escolha privada) com um limite de qualificação do gosto e de classe, do tipo: quem ouve isto é in, quem ouve aquilo é out… ou brega, ou burro, ou qualquer outro adjetivo pejorativo e preconceituoso…

          Como definir que alguém tem gosto musical “melhor” que o do outro?

          Mas com certeza, esta tentativa de definição tem uso político conhecido, e você parece não entender, ou não quer, sei lá…

          Beijos de titia

           

          1. Ok..como definir que alguem

            Ok..como definir se alguem tem gosto  musical melhor que o outro, bem pos moderno..hein? A sujetividade

            salvando a todos e enterrando a cabeça no quintal da mansão rs. Uma lata de “merda só tem valor estético

            dentro  de uma exposição..na rua ” volta a ser uma lata de merda, politico ,extratificado, chic..in..mas e quem

            cagou? Obrigar alguem a comer m..é feio ..quase ópio tambem, se bem que ir ao “fasano  comer algo que

            não é melhor que um  churrasco grego da “sé tambem é  uma violencia. Olhos bem abertos cada vez mais 

            as definições virão com o tempo, o soma é  mordred.

          2. Gênio do mal querido

            O que você finge(só finge) ignorar é que as instâncias de definição de “qualidade” não são espontaneas, e por isto mesmo, reúnem uma série de interesses e sub-interesses, que em muitas vezes nem teem relação com o objeto a ser classificado…Elas sempre trazem as impressões do classificador, que lhe são individuais, e portanto, raramente poderão signiifcar um padrão permanente…

            Isto não afasta a busca por uma “qualidade” ou uma “verdade” legitimada por amplos setores, não é nada disto…Mas é ter em mente que é o processo de busca por esta legitimação é muito mais importante do que a “qualidade” em si…

            Neste aspecto, esta é a busca de JG, mas de todo mundo que pretende expor o que imagina ser arte para outros…Até porque ele a expõe também para ser julgada, e então, não tem sentido selecionar os julagmentos favoráveis e afastar os que lhe são desfavoráveis…

            Mesmo que reconheçamos que tudo isto está no campo das arbritriedades (gosto)…

            Mas ao congelarmos esta obra como uma categoria que busca legitimar a sua qualidade como detrimento daquilo que os outros fazem, imprimindo uma hierarquia, você sufoca e mata o intuito criador, porque ele deixa de se comunicar com outros…

            É tão desnecessário como tentar qualificar, dentro da obra de JG, o que é melhor ou pior…

            Você tem o direito de gostar de JG, não tem o direito de dizer que seu gosto é (mais)refinado por gostar dele…é só isto…

             

    1. KKKAinda bem que o samba não

      KKK

      Ainda bem que o samba não é o Fred Zero 4 tambem, ai estariamos fodidos de vez.

      No mais falar mal de João Gilberto é mais que louvavel, vai falar mal de quem..do “Miranda?

      1. Depois que morreu Miranda, olhem como a coisa anda…

        Morallis, adorável gênio do mal…Quem é João Gilberto? Falar mal de João Gilberto?

        Eu só poderia falar mal dele se escutasse, compreendesse e me dispusesse a debater a sua obra…Não caio nesta armadilha, meu lindo…Passo e deixo para o Tinhorão…

        O que me proponho a debater (e combater) é esta lógica(?) dos que imaginam que JG é melhor que outras porcarias feitas para diferentes faixas de consumo, tipo:

        1- JG para classe mé(r)dia e intelectuais, e parte da elite;

        2- Samba de “raiz” para os mesmos aí de cima;

        3- Blues, rock e jazz para os descolados, jovens, rebeldes e “perfis complexos” ou “amargurados”;

        4- Axé, sertanejo, sambanejo, sertasamba, funksamba, sertafunk, bla, bla, bla, para a patuleia e os pobres de espírito…

        Você realmente acredita neste esqueminha? Eu creio até que separei errado as “categorias”, mas olhe só:

        Você acha que este “esqueminha” é algo natural, que realmente se destina a selecionar qualidade e lixo cultural?

        Você acha que é a “suposta qualidade” que determina quem ou o que vai ser consumido????

        Meu filho, não confunda categorias de gosto (estéticas e autoritárias, porque pessoais) com o uso político destas categorias (aí sim, uma esfera coletiva de criação de consensos com objetivos pré-estabelecidos)…

        Se você conseguir chegar aí, já é uma grande coisa, mesmo gostando de JG…ou do Miranda…

        1. Fada.
          Qualquer  gênero

          Fada.

          Qualquer  gênero musical pode ter uso politico, seja de qualidade ou não,  quando alguem define

          o que é qualidade em detrimento da qualidade esta indo contra o processo civilizatório e evolutivo.

          Música é sim a casa da “mãe Joana ” porque  trabalha com a paixão, com o emocional em 80% ,

          ser simples em música não é para qualquer um. Eu realmente não acho que o João Gilberto 

          representasse alguma casta, ele é simplesmente “musical”, se estivesse no século 17, talvez

          fosse tocar na corte independentemente de sua origem, não é só padrão estético.Concordo com

          voce quando se explica a excelência do João usando padrões tecnicos musicais, foda-se..feche

          os olhos e sinta…rs não não bateu..vai ouvir outra coisa, mas se quiser ter profundidade não tem

          outro jeito. JG ouvia samba de morro e samba canção aos montes, nunca negou isso, foi fumar

          com os “novos baianos” no auge, ele esta “cagando e andando..ele só precisa do violão,ouvido

          e da loucura, a grana dele é dele.

          1. Agora eu entendi…

            Sei, o artista então, é a personificação do liberalismo em seu estado de pureza pereita…JG e o seu violão se bastam, e pronto…

            Uau….então vamos lá:

            Quer dizer que as “fontes” de JG o absolvem de tudo???

            Sei, se os meninos então do “The Voice” cantassem com estilo mais “regional”, umapegada “mais raiz” (Tonico e Tinoco, ou Milionário e Zé Rico), embolassem uma catira, ou uma marcação de coco no sambinha low profile de JG aí então estariam perdoados????

            Engraçado que o mesmo estado da arte que você reivindica ao JG, nega aos que não agradam sua pecepção estética….estranhon isto não?…

            Tiitia agora entendeu…como pude ser tão burra…

          2. Tia, voce quer dar pedradas

            Tia, voce quer dar pedradas no ar e continua chutando, cometeu um ato “faio” que esta fazendo Cornélio Pires,

            João Pacifico revirarem no túmulo e a Inezita rasgar a saia. Colocar na mesma seara ” tonico e tinoco e 

            milionário e José rico acabou por fim explicando  suas noções sobre JG, sem papos”técnicos fundamentalista”

            seria o mesmo que  colocar Alexandre Pires ao lado do Zé Keti..negros..samba..tudo igual?  Como se diz no

            interior “faltou recurso e não ornô, ( e olha que côco com samba “quase da  baião), mas entendo  sim, não basta

            não gostar de JG pessoalmente e de sua música sensivelmente , há de se  desconstrui-lo “social-antropológico  e

            verborragicamente, ele é um mal imcompreensivel que ousa ser indiferente. Prá mim já deu, vou ouvir um pouco

            de Leonard Cohen, descansar e mais tarde ir prô boteco cutir um “samba.

             

            Uma canção de estímulo:

            [video:http://youtu.be/oAOYsZMEcRw%5D

             

             

             

             

             

    2. Prezada titia,
      Não há

      Prezada titia,

      Não há elitismo algum na crítica feita. Embora realmente a cultura possa ser instrumentalizada (“eu ouço tal música, sou chique e culto”), o articulista discute um ponto diverso: a padronização, pasteurização e, consequentemente, “medriocrização” (?) que o mercado impõe à música.

      Que é pegar desde a música sertanejo universitário, o funk ostentação do momento, gestados por publicitários e produtores musicais em conluio com semi-celebridades fabricadas, até, vamos lá, “Carinhoso”, “Stairway to Heaven”, “Como nossos pais”, “Tudo Passará” e colocar tudo no mesmo balaio de música fast food pra consumo rápido.

      Saem de cena Marisas Montes, Elis Reginas e , claro, João Gilbertos, intérpretes preocupados com o estado de arte, com o “feeling” que inspirava uma composição, para os atuais “couvéres” do padrão Globo de colocar tudo quanto é música numa forma e – surpresa! – o último hit da Cláudia Leite e “Ronda”, de Vanzolini, parecerem irmãs gêmeas, com interpretações idênticas e falta de emoção miseravelmente equivalentes.

      Isto não é elitizar, titia.

      O mundo cultua o nosso samba de raiz, os altos salões veneram nosso sertanejo tropeiro, e grandes poetas como Patativa do Assaré passam muito longe de ser Lordes Ingleses, ou seus “Wanna Be’s” dos Jardins paulistanos e Leblon carioca. A origem social do funk carioca e da música de Cartola é a mesma e, se existe uma tendência natural de nossa elite de criminalizar toda manifestação cultural da periferia, você por outro lado possui a mesma má-vontade, que é adotar a premissa de que toda opinião sobre cultura, rotulando algo como ‘bom’ ou ‘ruim’, é elitismo.

      João Gilberto, ou a bossa nova, ou o sambão crioulo de raiz, ou as poesias de Cartola (que, sim, eram primeiro populares na periferia, nos morros cariocas, e só depois virou “hype”) estão aí na pista há algumas décadas já e provavelmente estarão aí para nossos filhos e netos ouvirem. Agora você se lembra do “É o Tchan”? Daquele grupo de meninas, inspirado nas Spice Girls, chamado “Rouge”? E nos diversos “hits de verão” que mobilizaram milhões? Onde estão? Esses daí nem os próprios ouvem mais..

      Titita, a arte é atemporal, e daqui há décadas, séculos, ainda vai ter gente ouvindo coisa boa e se identificando. Vovôs Mozart e Bach que não me deixam mentir (por favor não me chame de elitista!). Agora, quem hoje se identifica com “Segure o Tchan, Amarre o Tchan”? É elitismo falar que música clássica possui uma qualidade musicalmente superior que o sertanejo universitário, que o axé? Estas palavras soarão como um disco arranhado do João Gilberto no seu ouvido? 

      Música boa é igual um..bom livro ou bom filme. Me diga quantas pessoas daqui há um século lerão “O Código da Vinci”, 50 Tons de Cinza, Crepúsculo ou outro modismo da nossa época, e quantas vão se amarrar e se identificar com “Madame Bovary”, ou “Crime e Castigo”?

      Quem sabe até lá todos não se tornaram robôs, insensíveis a temas que afetam a condição humana. Aí sim sua tese começaria a fazer todo o sentido.

  8. Que lamentavel tristeza.
    Não

    Que lamentavel tristeza.

    Não aproveitamos o que temos de melhor.

    João Gilberto, alem de ser um dos maiores artista do mundo, nos mostra com sua arte sutil, que a força esta por dentro e não por fora.

    Dono de um ritimo alucinante, aponta como podemos alcança-lo com delicadeza.

    Alias, quanto mais delicadeza, mais ritmo.

    A sua arte vai alem da arte caminhando para a filosofia.

    Poderia iluminar os brasileiros.

    Infelizmente vemos que suas lições não estão produzindo frutos.

    São constantes os comentarios afirmando que se trata de um chato,

    Que pais triste.

    Não aproveitamos o que temos, menosprezamos nossos artistas, derrubamos nossas florestas, assassinamos nossos rios, poluimos nossas praias,abandonamos nossas crianças e jovens pobres ao acaso.

    Entregamos a nossa cultura ao juca não sei de que, que considera o fora do eixo “uma das maiores manifestações culturais do pais”.

    Assimfica dificil.

  9. É, meus caros.
    Vivemos em

    É, meus caros.

    Vivemos em tempos em que o mais difícil é cultuar a simplicidade.

    A música e a cultura no geral, que antes eram um espelho dos sentimentos do artista, hoje se tornaram parte do cardápio do fast food da indústria. 

    Música fast food.

    Pra consumo rápido, e também pra breve esquecimento. O gramofone, o vinil, o toca-fitas e o CD foram substituídos pelo Youtube, onde a imagem suplanta a música. Sem uma apresentação bombástica, sem hiperproduções carnavalescas, nada feito. 

    A geração Youtube inteira conhece o coreano circense, mas nunca ouviu falar de João Gilberto, Ary Barroso, Paulo Vanzolini, Cartola..se eles soubessem dançar, ou fazer caretas engraçadas, quem sabe teriam seu lugar ao sol?

    O “mercado” impôs ao consumidor (outrora ouvinte) uma necessidade quase histriônica de apresentações fogos-de-artifício, intérpretes beirando a histeria e que tais. O hit da moda, o viral da hora se tornou item de consumo e status tal qual o novo smartphone do mercado.

    Todos tomados por um tecnicismo, aperfeiçoado depois de horas e mais horas de aulas de canto, exercícios para as cordas vocais e pastilhas de menta mas esquecem do principal, de música como sentimento, vida, arte. Nesta mediocridade imperante, tudo se equivale, tudo se padroniza, desde o choro de Pixinguinha até a velha cantiga de João Gilberto em homenagem à sutileza, e tudo tem que se transformar em pirotecnia, em festa, apresentação olímpica para provar quem sabe alcançar a nota mais aguda.

    Neste mundo, João Gilberto é um dinossauro.

    Sua imagem é exatamente aquela, celebrizada recentemente no Jornal Nacional, a do matusalém insolente, mimado, apegado aos velhos valores “antiquados”.

    Isto quando o conhecem.

    1. Arthur, peço licença para

      Arthur, peço licença para fazer um complemento à sua colocação sobre música fast food.

      Por causa do trabalho tive que me adentrar no ramo da edição sonora e nas minhas pesquisas tive contato com o conceito “A guerra do volume”. Hoje em dia a maioria dos editores de trilha sonora comprimem o som de forma que todas as frequencias tenham o mesmo volume, tudo fica gritado. Tem um ótimo link que explica melhor:

      http://revistamovinup.com/artigosespeciais/2010/a-guerra-do-volume:

      Hoje em dia tudo é muito gritado, muito pirotécnico, muito superficial. Parece que a sensibilidade está cada vez mais fora de moda. Parece que que a idéia é a massificação geral, até o conhecimento vira informação, vira clichê.

      Outro dia li um artigo sobre fotografia que falava sobre fotos tiradas por celular e postadas na web. A qualidade foi para o espaço. Tudo se nivelou por baixo. A iluminação, o contraste, o clima, a sensibilidade do fotógrafo se tornaram irrelevantes. De vez em quando para refrescar as vistas, passo numa banca de jornal e fico folheando umas revistas de fotografia. Triste.

  10. Não dá prá culpar quem quer

    Não dá prá culpar quem quer  fazer sucesso, o sonho é maior que o talento e a capacidade , e  uma

    amizade critica  morre ante ao desejo.Moças, meninas e  rapazes a procura desse sonho artistico são 

    capazes de tudo ,e se  atualmente temos produtores que  só entendem de mercado e nada de música

    imaginem o cenário? Existem talentos sim e mesmo aqueles que  possuem carecem de pesquisa,

    pesquisa, pesquisa isso em todos os gêneros musicais. Certa vez uma pessoa de um programa de

    televisão ficou deveras assustada quando ouviu da boca de Odair José que o mesmo era além de 

    tudo fã de Herbie Hancock…quem?

  11. Conversa Fiada

    Kiko tenho haver com isso?

    Por favor, promova o enfurecido revisionismo – que pode ser salutar – sem atacar ‘os Grandes’ e sem menosprezar ‘os Monstros’ da Velha Guarda.

       Kiko Nogueira

    “João Gilberto é moderno. Reinventou seu instrumento e foi o responsável por acabar com gerações de cantores com vozeirão. Ele soube usar o microfone. No fim dos anos 50, ao cantar baixinho como se estivesse conversando, pronunciando cada sílaba, mandou para o século 18 homens e mulheres que se esgoelavam para dar seu recado”, asneiras do Kiko.

    Ou então cale-se para sempre, porque

    “Era o rádio, a porta de entrada do candidato a futuro ídolo da música popular. Antes de gravar um disco, de ser contratado por alguma gravadora, o cantor tinha que brilhar no rádio, mostrar ali sua voz e seu ritmo diante dos músicos e da plateia do auditório. Até porque o rádio era a principal referência para as fábricas de disco. Era nos auditórios que os cantores testavam as músicas que recebiam para gravar. E só depois de passar por um microfone de rádio, o cantor conseguia um bom contrato para lançar um disco,  que iria confirmar ou não o seu sucesso.

    Nomes como Silvio Caldas, Orlando Silva, Luiz Gonzaga e Ângela Maria foram cantores do rádio antes de serem cantores do disco. Até mesmo João Gilberto, antes de criar a bossa nova, era crooner do Garotos da Lua, conjunto vocal contratado da Rádio Tupi. E eles tinham sua carteira assinada, precisavam marcar ponto e cumprir horário na emissora. Mesmo se o cantor tivesse um bom contrato com gravadora, continuava importante manter seu emprego no rádio.

    Aquele era o dinheiro certo no final de mês e sinal de prestígio e popularidade para o artista. Uma das perguntas mais frequentes que se fazia a um músico ou cantor era: em que rádio você atua? Quando ele não tinha o que responder, disfarçava constrangido: sou freelancer.

    Estar sem contrato no rádio era sinal de decadência para um cantor veterano e de falta de talento para um artista jovem.

    O triunvirato de consumo cultural daqueles garotos era formado basicamente por discos, filmes e revistas em quadrinhos americanos.

    E disso o que eles reproduziam eram as canções. Não se pode dizer que faziam rock de garagem porque todos cresceram sem automóvel e entre pessoas que também não tinham.”

    Paulo César Araujo

    ***

    Kiko Nogueira é diretor-adjunto do Diário do Cen­tro do Mundo, jor­nal­ista e músico. Foi fun­dador e dire­tor de redação da Revista Alfa; edi­tor da Veja São Paulo; dire­tor de redação da Viagem e Tur­ismo e do Guia Qua­tro Rodas.

    Passar bem!

  12. bregalização

    Do Mingau de Aço

    Por Alexandre Figueiredo

     

    INTELECTUALIDADE “BACANINHA” QUER ACABAR COM JOÃO GILBERTO

    Depois de uma pausa no ringue, a intelectualidade cultural dominante, aquela que muitos acham “muito bacaninha” e que recebe injeções “soros-positivas” nas suas contas bancárias, não só se prepara para derrubar Chico Buarque como pretende agora partir para cima de João Gilberto.

    Pretendendo investir na bregalização do Brasil – que adota um modelo de “cultura popular” que agrada aos investidores estrangeiros – , o foco da intelligentzia brasileira, seja da parte de “farofa-feiros” ou de “navegadores fora-do-eixo”, sob as bênçãos do “sacerdote” Paulo César Araújo e seu rosto que lembra um Dom Bosco mais alucinado, é a Bossa Nova e a moderna MPB.

    O pretexto para combater a música brasileira de qualidade dos intelectuais pró-brega – que provisoriamente só aceitam a MPB autêntica quando ela não estabelece postura firmemente contestatória ao brega – é a versão que candidatos do programa The Voice Brasil, Xandy Monteiro e Maylsson (cantor do grupo sambrega SOS Paixão), cantaram da música “Adeus, América”.

    “Adeus, América” era uma música pré-Bossa Nova gravada em 1948 pelo grupo vocal Os Cariocas. Seu crédito de autoria é controverso, sendo de Geraldo Jacques em co-autoria de Haroldo Barbosa, em algumas fontes, e Wilson Batista, em outras. Mais especializado, o Dicionário MPB de Ricardo Cravo Alvim atribui à primeira informação.

    João Gilberto tornou a canção mais conhecida através dos acordes de violão e do seu canto suave que retrabalharam a música bem ao estilo bossanovista. E que, num programa televisivo que aposta no tecnicismo exagerado no canto, foi simplesmente derrubado pelo “profissionalismo” dos dois crooners do “time de Cláudia Leitte no The Voice Brasil da Rede Globo.

    Destruir a música brasileira em regravações burocráticas e cafonas não é novidade. Dois dos jurados de The Voice Brasil, Cláudia Leitte e o breganejo Daniel, já fizeram das suas. Um cem número de ídolos bregas, neo-bregas e pós-bregas já havia feito “massacres” ao cancioneiro da MPB, até para disfarçar o baixo nível artístico e economizar esforço no (fraco) material autoral.

    Daniel e Chitãozinho & Xororó chegaram ao ponto de gravarem, em separado, a música “Disparada” de Geraldo Vandré sem se darem conta do que realmente quer dizer a letra da música, que é uma metáfora para a opressão do mesmo poder latifundiário que patrocina, com muito gosto, os breganejos.

    Mas a regravação “da boca pra fora” atingiu não só a MPB, mas estrangeiros como o U2, cuja música “Sunday Bloody Sunday” – que fala sobre um massacre ocorrido na Irlanda – ter sido cantada com alegria pelo grupo Sambô e seu inglês the book is on the table”superamericano”. Muitos comem e bebem ao som do Sambô enquanto outros morrem amanhã. 

    Houve até mesmo um grupo de sambrega que, na maior animação, havia gravado, muitos anos atrás, uma versão da bela canção de Flávio Venturini, “Noites com Sol”, agredindo violentamente a linda composição com malabarismos vocais canastrões, bastante afetados, com o jeitão engraçadinho do cantor. Não sei o nome do elemento que gravou a lamentável versão.

    O The Voice Brasil é um daqueles programas em que existe um padrão de “cantar bem” – o mesmo de nomes como Celine Dion e Michael Bolton, mas consagrado sobretudo por Whitney Houston – extremamente técnico, forçadamente “emotivo”, gritado e cheio de malabarismos que não trazem diferencial algum e nem mesmo beleza nem personalidade.

    O único jurado de The Voice Brasil, o roqueiro Lulu Santos, foi mais sensato na avaliação da versão:  “Achei que houve um excesso de trejeitos vocais e desrespeito à canção original. Faltou respeito ao que a música diz”, comentou a respeito dos dois candidatos.

    Os “farofa-feiros”, que haviam “desaconselhado” seus leitores a ver The Voice Brasil para optar a ver bobos-alegres da EMOPEBÊ (tipo Felipe Cordeiro e seu Kitsch Pop Cult) apoiando o tecnobrega / tecnomelody, vibraram com a versão dos dois candidatos do programa televisivo.

    Pois Eduardo Nunomura, integrante do joaquimbarbosiano Supremo Tribunal do Farofafá e militante da gilmarmendesificação da MPB junto ao “filho da Folha” Pedro Alexandre Sanches, comentou euforicamente a “façanha” dos dois cantarem “Adeus, América”:

    “Na prática, os dois dançaram e não conforme a música. Mexeram com uma instituição, daquelas que parece ser preciso pedir autorização, assinada em duas vias e protocolada na alta cultura brasileira”, divertiu-se Nunomura em comentário jocoso, feito ainda sob as marcas depreciativas da campanha contra a MPB no episódio Procure Saber.

    Maylsson foi aprovado, Xandy não. Talvez porque o primeiro já tenha uma “experiência musical”. Em todo caso, a intelectualidade cultural dominante festejou as versões, desafiando o que os intelectuais “bacaninhas” classificam como uma “afronta às instituições estabelecidas”, como na ironia pós-André Forastieri de Nunomura.

    No fundo a intelectualidade cultural dominante não quer que prevaleça a música brasileira de qualidade, aquela que é feita com a alma, o coração. Só admitem a música de qualidade quando ela vira uma linha de montagem para os Leandro Lehart da vida, ou então os Luan Santana de ocasião, copiarem em algum momento de crise em suas carreiras.

    A música feita com a alma, de artistas com opinião de verdade, isso a intelectualidade “bacaninha” não tolera, não aceita. Daí a vontade de derrubar Chico Buarque, João Gilberto, e o que vier de gente que não se adapta aos ventos do mercado nem compactua com o brega.

    O que a intelectualidade cultural dominante quer é que apenas sobreviva, pelo menos provisoriamente, a MPB autêntica que obedece ao mercado e aceita acordos com o brega (duetos, covers etc). Uma MPB talentosa, mas boazinha, condescendente com os “coitadinhos” que rolam nas rádios.

    Mas a intelectualidade os aceita até certo ponto. No fundo esperam que eles morram aos poucos. A intelligentzia quer acabar com a MPB. Madame não quer que o povo ouça MPB. Que fique a breguice que volta e meia massacre o cancioneiro da MPB, sem que o “povão” tenha qualquer noção ou estímulo para ouvir os artistas originais. Parece “bacana”, mas é muito triste.

    1. A MPB macunaíma, nossa heroína sem caráter…

      Como dizia Garrincha, o Mané que não era mané é tudo João…

      Para a MPB (senhoríssima distinta) e Madame, povo é tudo João…

      Madame e a autência MPB (que catzo é isto?) disputam a tapas o povo, a nova (e com algum trocado) classe média, como última fronteira de consumo…

      É verdade, madame quer embotar o povo, e que ele continue a consumir o bom e velho jabá de sempre…

      Mas e a MPB, a autêntica?

      Ora, quer que o povo a ouça com reverência, em ato genuflexório, e que nunca, NUNQUÍSSIMA ouse misturar o “brega” com o chique da senhora autêntica MPB…

      Ai, ai, ai, ai…MPB é o caso típico da senhora que militou em áreas de baixíssimo meretrício (e nem por isto menos dignas) mas que alçada a um bom casamento (uii, que machista) partem a classificar o comportamento das colegas que tiveram menos “sorte”…

      Primeiro ela fala de boca cheia como uma noveau riché no Fasano, depois, adaptada, passa a dar regra de etiqueta musical…

      Ulá-lá…

      E o povo? Bem falta combinar com o povo, que justamente, misturou tanto, de lundu, polca, mazurca, catira, coco, maracatu, semba, brega, romântico, clichê, eletrônico, teconopop, tecnobrega, reggae de São  Luiz, e o que mais pode digerir com a fome de cultura que é insaciável, plagicombinou (como disse Tom Zé)e pariu justamente esta distinta senhora (a MPB) que hoje tem horror a se misturar…

      “Um passo a frente, e você não está mais no mesmo lugar”, já nos ensinou o Mestre Chico Science…

      1. Moça:
        Ninguem ainda lhe disse

        Moça:

        Ninguem ainda lhe disse que o respeito que se tem ao João Gilberto  não parte de mim ou de outros comentaristas da “classe merdica”, como voce diz,  ou dos que “jantam no Fazano”, mas do mundo inteiro?

        E olha que o mundo é grande.

        Esse menosprezo aos nossos maiores artistas vem do descaso do governo com a cultura, entregando o MINC a Jucas, Gil, Martas.

        O resultado é esse.

  13. O magnifíco João não é o autor de Adeus América

    Já comentei no DCM e FB. Adeus América é um samba de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques. No artigo parece que é do mestre João. Não é. Foi gravado por vários intérpretes e com uma intenção bem diferente da interpretação do gênio da Bossa Nova, como, por exemplo, a excelente versão da Leny Andrade, com vocalises, scats, acelerações, paradas. superwingado. A gravação original é d’Os Cariocas e é também um show de vocal, citações, divertimento e um batuque contrastando com o piano e as harmonizações do quarteto. Eis a história da composição e gravação:

    “A fila enorme que se formava à porta de um teatro, na Cinelândia, para assistir a um show de Xavier Cugat deu a Geraldo Jacques a idéia de fazer um samba de protesto contra a invasão da música estrangeira. E ali mesmo, num banco da praça, ele escreveu os primeiros versos de “Adeus América”, uma sátira bem-humorada, falando em “Adeus ao boogie-woogie, woogie boogie e ao swing também.
    Completado por Haroldo Barbosa, o samba logo estava pronto para marcar a estréia em disco de Os cariocas , um conjunto que iria revolucionar a história dos grupos vocais brasileiros”.

    Não sei como colar o Embed da gravação mas o link é esse: http://www.divshare.com/download/16226448-59e

     

     

     

    1. Não engulo, mas se fosse ” Ed

      Não engulo, mas se fosse ” Ed Mota com  Pedro Mariano  ” com certeza passaria sem crise, ai pode.

      E da-lhe “ooohhhhhoo yeeeeeee nhssshaannnnahhannn auuu ieeee- a bacia das almas

      do canto dos dias de hoje.Ouuu  iehahahah ..help!

      1. É mais uma questão de competência, não de estilo.

           É um defeito deles sim mas esses até que pegaram leve, tem uns que dão vergonha alheia nos uuuuus, eles exageram na firula pra parecerem mais talentosos mas não enganam os jurados. Mas não concordo como texto, ele exagerou em cima do que o Lulu Santos falou, parece querer impor uma “bossanovisação” de tudo,  nesse ponto vou concordar mais uma vez com titia, é muito purismo pro meu gosto, o JG pode servir de remédio pra esses dois entenderem que menos pode ser mais, mas não se pode  querer que tudo soe assim comportado como  João Gilberto, eu ouço de tudo, não sou entendedor de música e sim “ouvidor”, gosto de misturas e experiências mas feitas por gente competente, tem o outro extremo também de quererem que você engula qualquer garapa, tem muita coisa intragável, nesse samba gringo só me parece que faltou cantores menos “sem noção”.

         

        1. Naõ considero defeito não

          Naõ considero defeito não Gão, é uma tendencia, essa técnica ” pop/gospel de cantar evita e esconde

          muitas dificuldades e tem um apelo comercial justificavel, eles cantariam separados exatamente assim,

          mesmo com um baquinho e violão. Ninguem precisa ser músico prá  entender de música e a”bossa-nova

          é um estilo..apenas isso..tem sobrevivido e vai permanecer.

  14. Permitam-me siplificar: quem

    Permitam-me siplificar: quem ama o feio bonito lhe parece. Agora o que é feio ou bonito … a discussão é infinda.E aproveitando, servido a qualquer facção: prá quem gosta de,é prato feito.

     

  15. zzzzzzz

    en passant

    Quanta falta de assunto, hein? 50 comentários sobre o TheVoice Brasil… nada melhor para fazer num sábado?

    Acabei de chegar e já tô indo.

    Bye.

    PS: Nassif… você precisa cuidar melhor da sua casa. 

     

  16. Que nada Nassif a casa esta

    Que nada Nassif a casa esta ótima ,mantenha  a governanta e  os fiscais de post’  que a gente segura “a onda”

    na divergência e aprende com o inatingivel.

     

  17. Não li todos os comentários e

    Não li todos os comentários e não sei se alguém contou ao Kiko que o João Gilberto é, apenas, UM dos diversos intérpretes dessa música (Haroldo Barbosa, Roberta Sá, etc.).

    Os “donos” são outros caras (Wilson Batista, Geraldo Jacques, Haroldo Barbosa ?).

      1. Obrigado Luiz, eu não sabia

        Obrigado Luiz, eu não sabia da opinião dos jurados, Maria Gadu é Claudia Leite  ganharam o trofeu

        abacaxi .ieeeeeouuuuu!

         

    1. Tudo que você fala é besteira.

      Não perca tempo vendo besteira, e nem escrevendo sobre o que você não curte.Vá ler mais, se informar, viver e amar a vida.

  18. Na moral…..os caras goatam

    Na moral…..os caras goatam de cantar assim. Deixa eles. O que importa é cantar bem, executar bem o que se propõe. Não sei porque quando se trata de bossa nova há toda uma chiadeira. Temos que lembrar que a bossa nova é apenas uma forma diferente de tocar samba. É uma variante do samba. 

    E cada um executa a música da forma que lhe convem. Desde que execute bem.

  19. Joao Gilberto/The Voice

    Acho que as pessoas que vivem comentando sobre o sexo dos anjos na internet deveriam ser mais bem informados, tolerantes, modernos, inteligentes.Tem quem ache que falar mal de tudo é ser inteligente.Ser moderno é ser discreto, escrever bem, ter conteúdo.Fica a dica.

  20. Eita vidinha besta, meu Deus,

    Eita vidinha besta, meu Deus, só detonando os outros.Falta de talento e inveja. Tem gente que acredita piamente que a Globo mandou envenenar Arafat, matar Che , derrubar as torres gêmeas… coitados!

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