Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Dignidade é o seu segundo nome, por Aquiles Rique Reis

Dignidade é o seu segundo nome

por Aquiles Rique Reis

O carioca Sidney Mattos, prestes a completar 50 anos de carreira, lançou A Segunda Parte do Tempo (independente). Estou certo de que sua enorme disposição para enfrentar um mercado fonográfico absolutamente injusto com talentos como o dele decorre da convicção de que sua obra merece ser ouvida.

Para tratar deste que é o seu décimo terceiro trabalho, busquei em meus arquivos os comentários que escrevi sobre dois CDs de Sidney, o sétimo e o décimo.

Confesso que fiquei chocado. Tanto num quanto no outro, eu tratei com indignação a mediocridade dos “gênios” que mandam no mercado. Um dos textos eu titulei Independente! Mas dependente de quem o ouça, vai vendo.

Enquanto sufocam a veia musical de pessoas criativas, os caras se deliciam inventando modismos tão pobres quanto lucrativos. O negó$$io é mais ou menos assim: a gravadora diz que não grava com fulano porque a música dele não toca no rádio. Este, por sua vez, afirma que não toca o fulano porque ele ainda não gravou. E as TVs juram que não o chamam porque ele não tem um disco gravado.

Depois disso, na maior cara de pau, ainda almejam nos fazer acreditar que não há nada de novo na música brasileira. E o que é pior: tem gente que acredita. Aqui pra vocês, ó!

Respiro fundo… vamos lá! Em seu novo álbum, Sidney escreveu os arranjos e gravou quinze novas composições que revelam o amor que dá à vida. Tocam com ele Fernando Moraes, João Carlos Coutinho (teclado), Flávio Pereira, André Dantas, Cezão Contrabaixo (baixo), Chiquinho Brazão, Elly Werneck, João Cortez, Sérgio Jaburu e Pascoal Meirelles (batera), Macaco Branco (percussão), Guilherme Brício (flautas), Davi Lima (sax alto), Zé Neto (violão e guitarra), Thiago Guzzo (guitarra), Patrick Ângelo (violão sete cordas), Jean Charnaux (violão), Flávio Oliveira (cavaquinho), Deborah Cheyne (viola), Luna Messina, Lenna Pablo, Adriana Passos, Elly Werneck e Domdim (coro).

“A Vida” (SM e Rosângela de Carvalho) abre a tampa com intro do sax. Sidney canta e toca teclado.

“Se o Amor Chegar” (SM e Luiz Alfredo Millecco) chega com reverber na voz.

“Único” (SM e Ivan Wrigg) tem Sidney cantando ad libitum. O coro abre vozes. Belo!

“Meu Canto” (SM e Lúcio Celso Pinheiro) é moda das boas. A guitarra brilha.

“O Tempo Vai” (SM e Carlos Colla) vem com uma virada da batera.

“Simplesmente” (SM e Ivan Wrigg) abre com o piano. A viola arrasa na linda melodia.

“Antes do Fim” (SM e Kuri) soa com efeitos na voz e nos instrumentos. O coro brilha novamente.

“Onde Mais” (SM e Fernanda Cruz Filha) soa com o coro aberto em vocal. Lindo!

“Desague” (SM e Fernanda Cruz Filha) tem bela melodia. A voz de Sidney, de um modo geral, está melhor do que em CDs anteriores.

“Seu Zé” (SM e Luiz Avellar), numa levada suingada, chega levantando poeira. E a tampa fecha.

Sidney Mattos mostrou ser um músico múltiplo. Admiro-o por isso e por vê-lo independente, dignidade à flor da pele, peito aberto junto aos músicos que, como ele, buscam denodadamente se fazer ouvir.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

 
Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

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