“Don’t go to Strangers”

Don’t go to strangers, darling, come to me”
(Redd Evans/Arthur Kent/Dave Mann) Amy Winehouse

“So…
As catástrofes, as perdas, deixam as pessoas confusas. O que temos de mais básico se perde ou se mistura a sentimentos confusos. Falamos demais e buscamos explicações estranhas que não cabem no mais evidente, que não funciona na luz e que muitas vezes se esconde numa escuridão inexplicável e tumultuada.

A tragédia da Noruega, onde um imbecil destruiu noventa e duas vidas em um balneário e a morte da cantora de soul/pop Amy Winehouse não podem ser misturadas. Mas acontecem concomitantes e criam uma triste analogia.

O moralismo preguiçoso e vulgar julga a cantora culpada pela morte prematura, 27 anos, a comparação com Hendrix, Brian Jones, Joplin, Marc Bolan, Kurt Cobain reforça mais um clichê da história. Only good die young.

O talento se esvai, deixa o vazio, o culto à imagem e ao estilo, a música passa ser a trilha sonora póstuma de uma vida acelerada e colocada na jaula da excentricidade, para ser pichada ou cultuada com o mesmo sentido raso.

Era uma vida de menina. Amy tinha estatura das grandes vozes femininas do soul. Uma imagem longe das gostosonas do R&B contemporâneo e pop anglo saxão. Vida de excessos, como a de algumas divas, de exposição midiática, fácil de ser julgada a distância. Como tudo o é a distância. Não fale do “mal” se nunca ao menos chegou perto.

Na Noruega a bestialidade solta tenta resolver com a cabeça de certezas e esquemas as mazelas do seu mundo criado e distorcido. Não, agora não é um muçulmano com o nome cheio de consoantes que se encontram, mas um norueguês que tem o nome com as mesmas consoantes estranhas. Anders Behring Breivik. Ficou tudo mais difícil de catalogar.

Como enquadrar dentro da lógica perversa, um branco de olhos azuis e fora do “eixo do mal” como um terrorista? A morte de jovens no paraíso é um desfecho irônico para um mundo construído para ser dual, bem e mal, certo e errado. De que lado?

Luis Nassif

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