É possível ver Jacob em movimento, por Alvaro Costa e Silva

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

https://www.youtube.com/watch?v=LJasgwymaUY width:700 height:394

Jornal GGN – “Era Jacob do Bandolim que, reza a lenda, aprendeu a solfejar e toda a notação da harmonia em apenas um dia de aula com o professor Dalton Vogeler, e daí partiu para criar o conjunto Época de Ouro e compor clássicos do choro – ‘Doce do Coco’, ‘Noites Cariocas’, ‘Assanhado'”, contou, em crônica, Alvaro Costa e Silva.
 
Leia a coluna completa, na Folha de S. Paulo:
 
Por Alvaro Costa e Silva
 
É possível ver Jacob em movimento
 
O instrumentista e compositor Jacob do Bandolim

RIO DE JANEIRO –Três chorões –Jacob do Bandolim, Turibio Santos e Hermínio Bello de Carvalho– pegam a barca de Niterói. Vão à casa de Nhonhô, ardoroso fã de Jacob que organiza saraus para ouvi-lo tocar. Durante a travessia, o bandolinista se distrai folheando as partituras do concerto de Castelnuovo-Tedesco para violão e orquestra, que Turibio traz debaixo do braço.

Já dentro de um táxi, Jacob começa a assobiar trechos do que leu há pouco, e é interrompido por Turibio: “Jacob, não é bem assim, a melodia está errada”. A resposta vem depois de uma baforada no cigarro: “Estou assobiando a parte do violoncelo”. E vai assobiando o primeiro violino, a clarineta, a flauta, até a casa de Nhonhô.

Como ele havia decorado tudo em tempo tão curto? Porque era Jacob do Bandolim que, reza a lenda, aprendeu a solfejar e toda a notação da harmonia em apenas um dia de aula com o professor Dalton Vogeler, e daí partiu para criar o conjunto Época de Ouro e compor clássicos do choro –”Doce do Coco”, “Noites Cariocas”, “Assanhado”.

Jacob costumava vaticinar que o choro morreria com ele. Felizmente errou. Antes de morrer, aos 51 anos, em 1969, comprou um gravador Philips onde registrou 200 rolos magnéticos com cerca de 300 horas de áudio, incluindo centenas de programas de rádio, discos, ensaios e saraus. Apesar do zelo de pesquisador, não havia imagem em movimento de Jacob tocando seu bandolim, o que impedia o estudo visual de sua técnica –a forma de pegar na paleta com a mão direita e digitar as notas com a esquerda.

Depois de anos de procura, enfim foi encontrado um vídeo, semana passada. É um fragmento do cinejornal “Bandeirantes na Tela”, que mostra a cerimônia do Prêmio Guarani, de 1954, que Jacob ganhou na categoria de melhor instrumentista. A memória da cultura nacional, tão desprezada, agradece.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Noites Cariocas

    Parece que um dos chorinhos preferidos do Nassif é “Doce de Coco”. Perdendo apenas para o “Tico-Tico no Fubá”…rs Tô certa, Nassif?

    Eu fico com “Noites Cariocas” harmoniosamente acompanhada da letra de Herminio Bello de Carvalho, letrista fantástico, por sinal. Com Gal cantando fica irresistível!

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=58vrZhIQI6o%5D

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador