Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
[email protected]

Eis Wolf Borges, por Aquiles Rique Reis

Wolf convidou uma turma requintada para com ela distinguir a linhagem musical de sua Minas Gerais.

Eis Wolf Borges

por Aquiles Rique Reis

Naquela manhã, minha vergonha estava mais para sem-vergonha do que para vergonha simplesmente. Foi mais ou menos assim: era um feriado quando encaminhei um e-mail para Wolf Borges. Explico: ao abrir o velho baú onde guardo os CDs que recebo, dou de cara com o álbum de Wolf, Canto para manter viva a nossa arte (independente), um belo CD conceitual.

Lendo o release, vi que para comemorar 40 anos de música, Wolf convidou uma turma requintada para com ela distinguir a linhagem musical de sua Minas Gerais.

A tampa abre com “Retratista”, uma cantiga levada pela voz admirável de Jucilene Buosi, ela que brilhará ao longo do repertório de 12 músicas de Wolf que se seguirá. O arranjo de Alberto Sales tem o tino de se comprometer com a sonoridade tipicamente mineira. O som do violino vem pelas mãos de Juliano Buosi – ao longo da audição, brilhará um naipe de cordas cuja sonoridade viaja entre o popular e o lírico. Os vocalises de Jucilene, somados ao acordeom, já dão pinta do que sua voz, bem trabalhada, é capaz.

A seguir vem “Tião Paineira”, cantada por Jucilene com o grande cantor Sergio Santos. O timbre de suas vozes se complementa, propiciando à música ainda mais beleza. O arranjo de Alberto Sales puxa a levada para o som nordestino. Assim, o contraste desta música com a anterior, tem beleza redobrada. Pelas mãos de Lara Ziggiatti (violoncelo), Silas Simões (violino), Juliano Buosi (violino e viola), sente-se a vigor do naipe. Mais uma vez o som das vozes, quando em duos, somadas ao acordeom de Toninho Ferragutti, refletem as mineirices das composições de Wolf Borges.

Com belo arranjo de Deivid Santos, vem o “O Ovo do Novo”, uma parceria de Wolf com a ótima Ceumar, ela que divide o canto com Wolf Borges e Jucilene Buosi. Com desenho do violão de Deivid Santos, o acordeom, mais uma vez, aparece bem. A percussão de Roberta Valente e a flauta de Rodrigo Mendonça são discretas, mas belas. As vozes se dividem e realçam a melodia com delicadezas.

Jucilene Buosi canta “Papelão” (Wolf Borges). Noutro bom arranjo de Albano Sales, o violoncelo de Lara Ziggiatti e o violão de Thiago Nunes tocam em segurança, com a percussão de Marco Lobo.

“1984” (Wolf Borges) é cantada por Jucilene Buosi. A acompanhá-la, mais uma vez o naipe de cordas, com Lara Ziggiatti (violoncelo), Silas Simões (violino), Juliano Buosi (violino e viola), que tratam de seguir o contrabaixo de Ney Conceição. As cordas realçam a pegada poética do som de Wolf.

Ouvindo a música que titula o CD, como em momentos anteriores, emocionei-me: “Canto Para Manter Viva a Nossa Arte” revela muito sobre o mundo de Wolf. Todas as vozes que cantam no álbum se ajuntaram para, através da força do canto vocal, comover e tirar o fôlego do ouvinte.

Uma música que soa como um hino à vida e à identificação visceral com os versos de Fernando Brant, Márcio e Lô Borges: “Sou o mundo, sou Minas Gerais”. Dentre tantos, eis mais um dos belos momentos da música de Wolf Borges.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador