Flávio Henrique: uma grande baixa no front cultural brasileiro, por Carlos Ernest Dias

Foto: Reprodução/Facebook

por Carlos Ernest Dias

Depois da morte do cantor e compositor Vander Lee em 05/08/2016, a música brasileira perdeu anteontem, 18/01/2018, mais uma destacada personalidade cultural da contemporaneidade. Flávio Henrique, compositor e produtor, publicitário, diretor do estúdio Via Sonora em Belo Horizonte, depois de extensa e premiada carreira como compositor de inspiradas melodias e letras com diversos parceiros, assumiu a direção da Empresa Mineira de Comunicação, a qual engloba a Rede Minas de Televisão e a Rádio Inconfidência AM e FM. Um dos programas de maior sucesso em todas as FM nas tardes da capital mineira é o Bazar Maravilha, comandado pelo apresentador Tutti Maravilha há exatos 30 anos na 100,9 FM, a “brasileiríssima FM”.

Finalista do concorrido Prêmio Visa da Música Brasileira em 2000, integrante inequívoco dos “Quadros Modernos” da canção brasileira, Flávio Henrique tinha personalidade firme e irrequieta, amenizada por um frequente sorriso no rosto, e estava sempre atento às novidades musicais da cidade, o que o levou a compor, arranjar ou produzir trabalhos para a cantora Marina Machado, para o grupo Amaranto ou para o quarteto de saxofones Monte Pascoal. Sua música “Casa aberta” alcançou grande sucesso na voz de Milton Nascimento em CD de 2007, assim como a marchinha de carnaval “Na coxinha da madrasta” em 2012. Flávio criou uma rica ponte criativa lítero-musical entre BH e São Paulo através de parcerias com Luiz Tatit e Carlos Rennó e atualmente trabalhava com o quarteto Cobra Coral, grupo que reúne três grandes cantores da capital, Kadu Vianna, Pedro Moraes e Mariana Nunes.

Flávio vai fazer falta, muita falta. Trata-se de uma referência na vida de uma, duas ou até três gerações de profissionais da música em Minas Gerais. Merecidamente chegou a um dos principais cargos públicos da cena cultural mineira, aonde vinha desenvolvendo grande trabalho, com visão cultural humanista e de amplo alcance. Trata-se, portanto, de uma grande perda para o país justamente quando mais se precisa de pessoas como ele.

Não poderemos trazê-lo de volta, mas podemos conversar sobre a doença que causou a sua morte. Uma doença do passado. Uma doença tropical que tem relação direta com a desequilibrada disseminação de mosquitos decorrente da falta de chuvas na capital mineira. Janeiro é um mês tradicionalmente muito chuvoso em Belo Horizonte e em Minas Gerais. No entanto, não é o que acontece neste janeiro de 2018 e também nos janeiros dos últimos anos. Ao contrário, o que se vê pelos céus da capital mineira é a chuva se formar no céu mas não se precipitar sobre a terra, como se algo a impedisse, resultando num inesperado calor e consequente desequilíbrio ecológico.

Foi, portanto com muito calor, muita tristeza e pouca chuva que velamos e choramos a perda do querido amigo.

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador