Hit the road, Jack!

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por jns

O BBB DO DIABO – Blues, Bandits & BBQ (barbecue)

Capa de Primeira Edição publicada pela Viking Press em 5 de Setembro de 1957.

OnTheRoad.jpg  

“Ao cruzar os Estados Unidos de carro, Sal Paradise e Dean Moriarty empreenderam a viagem que todos os jovens um dia sonharam em fazer, repleta de garotas, bebidas e, acima de tudo, liberdade. Ao contar a história de como os dois amigos atravessaram os Estados Unidos, Kerouac inaugurou um novo tipo de prosa, que funciona como uma trilha sonora interna ao livro, que vai se desprendendo das palavras, das frases, dos blocos de texto. Essa escrita que tem o ritmo das ruas une a realidade ao sonho, transformando o que era uma viagem em uma busca espiritual.”

 

Central  Nacional de Registros Pessoais


Jack Kerouac (National Personnel Records Center)

‘On the Road’, que no Brasil ganhou o título de Pé na estrada e tem tradução de Eduardo Bueno, caracterizou, para o mundo, aquilo que ficou conhecido como a “geração beat” e fez com que Kerouac se transformasse em um dos mais controversos e famosos escritores de seu tempo, embora em vida tenha tido mais sucesso de público do que de crítica e embora rejeitasse o título de ‘Pai dos Beats’

Eduardo Bueno, o tradutor da reedição de On the Road: Pé na Estrada publicada pela L&PM Pocket, em 2008, trata, no prefácio, de repercussões propriamente literárias e artísticas do llivro de Kerouac:

[…] toda uma legião de escritores, artistas, cineastas, dramaturgos e músicos – a geração que se multiplicou em muitas – seria profundamente influenciada pelo estilo e pelas visões de Jack Kerouac. Difícil imaginar a obra de Sam Shepard, de Bob Dylan, de Charles Bukowski, de Jim Morrison, de Lou Reed, de Tom Wolfe, de Bret Easton Ellis, de Joni Mitchell, de Wim Wenders, de Hunter Thompson, de Neal Young, de Jim Jarmush, de Jack MacInerney, de Beck, de Bobo, de Tom Waits, de Gus Van Sant, de Bob Wilson sem On the Road. Todos eles pagaram tributo à fraqueza fluídica e generosa do católico louco e místico que viu a luz nos trilhos e trilhas da América.

Diagnóstico de Demência Precoce de Kerouac, de acordo com o relatório do Conselho de Pesquisa Médica da U.S.Navy, em 14 de maio de 1943.

The Board of Medical Survey report from May 14, 1943. Doctors determined that Kerouac suffered from Dementia Praecox. (National Personnel Records Center)

On the Road exerceria uma influência única e, no prefácio, aqui citado, da edição brasileira, Bueno comenta esse impacto:

Jim Morrison fundou The Doors.

Bob Dylan fugiu de casa depois de ler ‘On the Road’.

Chrissie Hynde, dos Pretenders, e Hector Babenco, de Pixote, também.

No alvorecer dos anos 90, o livro levou o jovem Beck a tornar-se cantor, fundindo rap e poesia beat.

Jakob Dylan, filho de Bob, deixou-se fotografar ao lado da tumba de Jack em Lowell, Massachusets, como o próprio pai o fizera, vinte anos antes.

Em 1992, Francis Coppola (o produtor), Gus van Sant (o diretor) e Johnny Depp (o ator) envolveram-se numa filmagem nunca concretizada do livro e, apesar da diferença de idade, os três compartilharam o mesmo fervor reverencial pela obra.

http://www.youtube.com/watch?v=0rEsVp5tiDQ

Fonte:

http://en.wikipedia.org/wiki/On_the_Road

http://blogs.archives.gov/prologue/?p=7685

http://www.revista.agulha.nom.br/ag68kerouac.htm

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. muito bom!
    Deste livro fui porto velho manaus na estrada. Depois fui porto velho río e voltei jah com familia.
    Nao temos um libro assim. A referencia ai para mim foi G Rosa, que tambem Acho uma loucura da Ciencia

  2. Literatura e Viagem

    ‘Todo livro é, por natureza, uma viagem’, Pedro Fernandes

    “Mar não tem desenho, o vento não deixa o tamanho…”

    “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”

    “Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos.”

    “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem…”

    ‘Grande sertão: veredas’ (obra-prima da Literatura Brasileira) e ‘Corpo de baile’ tratam da segunda viagem empreendida em 1952 por Guimarães Rosa pelo sertão das Gerais que fizera, em 1945, outra viagem pelo interior de Minas e em 1947 pelo Pantanal Matogrossense.

    Jack Kerouac foi dando forma ao seu livro mais incensado, ‘On The Road’, enquanto viajava pelos EUA.

    Rosa percorreu 240 km montado no lombo de mulas, partindo da Fazenda Sirga, situada a 20 km de Três Marias, até atingir a cidade de Araçaí, esculpindo grandes personagens como o lendário Manuelzão.

    O mapa do Circuito Guimarães Rosa, criado em 2003, com referências ao trajeto e principais lugares mencionados no seu  livro é mostrado abaixo.

    “…no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão, onde Inneres und Ausseres sina nicht mehr zu trennen, segundo o Westöstlicher Divon . No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou um tu; por isso ali os anjos ou o diabo ainda manuseiam a língua. O sertanejo, (…) “perdeu a inocência no dia da criação e não conheceu ainda a força que produz o pecado original.”

    “… nós, os homens do sertão, somos fabulistas por natureza. Está no nosso sangue narrar estórias; já no berço recebemos esse dom para toda a vida. Desde pequenos, estamos constantemente escutando as narrativas multicoloridas dos velhos, os contos e lendas, e também nos criamos em um mundo que às vezes pode se assemelhar a uma lenda cruel. Deste modo a gente se habitua, e narra estórias que corre por nossas veias e penetra em nosso corpo, em nossa alma, porque o sertão é a alma de seus homens (…) Eu trazia sempre os ouvidos atentos, escutava todo o que podia e comecei a transformar em lenda o ambiente que me rodeava, porque este, em sua essência, era e continua sendo uma lenda.”

    “Escrevendo, descubro sempre um novo pedaço de infinito. Vivo no infinito; o momento não conta. Vou lhe revelar um segredo: creio já ter vivido uma vez. Nesta vida, também fui brasileiro e me chamava João Guimarães Rosa. Quando escrevo, repito o que vivi antes. E para estas duas vidas um léxico apenas não me é suficiente. Em outras palavras: gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. O crocodilo vem ao mundo como um magister da metafísica, pois para ele cada rio é um oceano, um mar da sabedoria, mesmo que chegue a ter cem anos de idade. Gostaria de ser um crocodilo, porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como os sofrimentos dos homens. Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: sua eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar eternidade.”

     “Dialogo com Guimarães Rosa“, entrevista a Günter Lorenz.

    Rosa, dominava várias línguas – afirmava – ‘para não me afogar inteiramente na vida do interior’:

    “Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.”

    – Trecho de carta-entrevista para sua prima Lenice Guimarães de Paula Pitanguy.

    O Comandante Manuelzão e Juca Bananeira

    Manuelzão é a transliteração de Manuel Nardi, o comandante da comitiva de oito vaqueiros na condução de uma boiada formada por 600 cabeças de gado.

    “De vez em quando, ver uma mulher bonita – eu vou falar com o senhor – é a melhor coisa que tem no mundo…”

    “… uma das boas (coisas) da vida é ter amizades e conhecer esse mundo… mesmo que não tenha estudo, mas conhecendo já serve,né?… e uma pinguinha boa, sô!… e muié bunita… são as três coisas melhores que acho na vida… são estas três coisas…”

    [video:http://youtu.be/IjleUaQ-Z-o%5D

    [video:http://youtu.be/vv0WKg5paPY%5D

    [video:http://youtu.be/Gm11_9tuZqo%5D

    Guimarães Rosa empreendeu outra viagem ao lado de Assis Chateaubriand e do Presidente Getúlio Vargas para participar de uma vaquejada em Caldas do Cipó, no sertão da Bahia.

    ‘Os Sertões’, a epopéia de Euclides da Cunha, é outra narrativa que tem na viagem a sua gênese.

    Informações e Fotos:

    http://letrasinversoreverso.blogspot.com.br/2012/06/os-60-anos-de-10-dias-de-uma-viagem-que.html

    http://www.elfikurten.com.br/2013/05/joao-guimaraes-rosa-o-demiurgo-do-sertao.html

    http://revistacult.uol.com.br/home/2013/04/%E2%80%9Cescrever-com-a-imagem-e-ver-com-a-palavra%E2%80%9D/

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