“Marina” e a quebra de regras das gravadoras, por Laura Macedo

Por Laura Macedo

Dorival Caymmi, Francisco Alves, Dick Farney e Nelson Gonçalves

Entre o fim e o início das décadas de 1940/1950, respectivamente, o “samba-canção” marcou presença no cenário musical brasileiro como um gênero romântico, substituindo a valsa e o foxtrote.

O compositor/cantor Dorival Caymmi lapidou sua obra com base em três vertentes: as canções praieiras e os sambas de roda, com ênfase na Bahia, e os sambas urbanos de inspiração carioca.

Neste post vamos destacar a composição – “Marina” – gravada pelo próprio autor e, também, por Francisco Alves, Dick Farney e Nelson Gonçalves, em 1947.

Nessa época as gravadoras não concordavam com lançamento de uma composição por vários intérpretes. O fato das quatro gravações de “Marina”, no ano de 1947, foi considerado uma quebra de tabu.

Segundo os escritores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello uma curiosidade dessa composição é que ela não foi inspirada por nenhuma musa de Dorival Caymmi e sim pelo seu filho Dori (na época com três anos de idade) que após receber uma bronca do pai ficou resmungando: “Tô de mal com você, tô de mal com você…”. Essa expressão infantil ficou na mente de Dorival e foi aproveitada na hora de compor “Marina”.

 

Marina” (Dorival Caymmi) # Francisco Alves. Disco Odeon (12.773-B). Gravação (11/03/1947) / Lançamento (maio/1947).

 

 

 

Marina” (Dorival Caymmi) # Dick Farney. Disco Continental (15.783-A) / Matriz (1651). Gravação (19/04/1947) / Lançamento (junho/1947).

 

 

 

Marina” (Dorival Caymmi) # Nelson Gonçalves. Disco Victor (80.0520-B) / Matriz (S-078756). Gravação (30/05/1947) / Lançamento (agosto/1947).

 

 

 

Marina” (Dorival Caymmi) # Dorival Caymmi. Disco Victor (80-0536-A) / Matriz (S- 078762). Gravação (11/07/1947) / Lançamento (agosto /1947).

 

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Agradecimentos especiais ao escritor/jornalista/pesquisador Miguel NIREZ de Azevedo pela liberação do fonograma, “Marina”, gravado por Dorival Caymmi.

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Fontes:

– A Canção no Tempo – 85 Anos de Músicas Brasileiras, Vol 1: 1901-1957 / Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. – São Paulo: Ed. 34, 1997.

– Banco de Dados do Arquivo Nirez.

– Fotomontagem: Laura Macedo.

– Montagem Áudio SouldCloud: Laura Macedo.

– Revista BRAVO! Especial 100 Canções essenciais da MPB. Ed. Abril, 2008.

– Site YouTube – Canais: “SenhorDaVoz” / “George Kplan”.

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Laura Macedo

9 Comentários

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  1. Chico sobre Caymmi

    Interessante a história da inspiração da música, Laura. Nem podia imaginar… Coisa de gênio, né? Fazer de uma frase banal de criança a inspiração para uma obra prima. Sou suspeita pra dizer qualquer coisa do Caymmi. Pra mim está no topo da pirâmide de craques da música brasileira. Acompanhado de mais alguns poucos, mas de estilo único.

    Abaixo o depoimento de Chico sobre o Dorival, com as canções “Maricotinha”, “Joao Valentão”, “A vizinha do lado” e algumas curiosidades sobre essas composições.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=6O8bczCFsdg%5D

    Adorei o post.

    Beijão!

  2. Viva Marina!

    Laura, essa de quatro gravações de uma composição no mesmo ano deve ser caso unico! Não so se quebou um tabu, como não sei se existe, mas nunca ouvi falar de uma musica saindo no mesmo ano ao mesmo tempo por quatro intérpretes.

    E quem não se encanta ouvindo Marina? Aqui em casa meu chéri diz assim: Maria Luisa morena você se pintou… Hehehe. E o querido Caymmi, que é um dos musicos que com mais graça passou pela Musica Popular Brasileira, é sempre bom ouvi-lo.

    E ai lembrei de uma outra Marina. A Lima. Sumida. Parece que por problemas vocais, não canta mais. Então, relembrando os anos 80/90 e os bailinhos, deixo uma baladinha abaixo.

    “O Hotel Marina quando acende. Não é por nos dois nem lembra o nosso amor. Os inocentes do Leblon. Vocês não sabem de vocês”.

    [video:https://youtu.be/oeuX_506Co8=%5D

    1. É doce morrer no mar…

      Querida amiga Maria Luisa

      Gosto muito do estilo da Marina Lima. Pena que esteja acontecendo esse problema. Ela tem raizes familiares aqui no Piauí.

      Adorei o que disse seu “chéri”. Que lindo!

      “É doce morrer no mar” (Dorival Caymmi/Jorge Amado) # Caymmi no álbum ‘Caymmi e Seu Violão’ (1959).

      Beijos.

       

       

      1. Mon chéri

        O mais engraçado é que ele sabe apenas algumas frases de musicas e de vez em quando ele solta uma dessas. Eu tô de mal com você, ele diz também. Gosta de provocar.

        E ele gosta muito de jazz e musica brasileira. Mas quem resiste a essa gente bronzeada, não é ?!

        Beijos para você também.

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