Música: Fagner & Zé Ramalho ao Vivo

Enviado por Antonio Ateu

Fagner & Zé Ramalho ao Vivo

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Fagner e Zé Ramalho lançam CD conjunto; assista a entrevista

Por Luiza Franco

Da Folha de S. Paulo

Um é paraibano. O outro é cearense. Os dois nasceram no mesmo mês do mesmo ano, outubro de 1949. Moram no mesmo prédio do Leblon, na zona sul do Rio, cidade que adotaram na mesma época, na década de 1970.

Em 40 anos de carreira, Zé Ramalho e Fagner fizeram várias dobradinhas, como em “Eternas Ondas”, composição de Zé que estourou na voz de Fagner. Mas nunca haviam gravado um disco juntos.

Agora, a dupla revive 16 dos sucessos de cada, inclusive “Eternas Ondas”, no CD e DVD “Fagner e Zé Ramalho Ao Vivo”. A gravação foi feita durante shows em julho no Rio.

“Somos representantes de uma geração de nordestinos que conquistou o Brasil. Mostramos que o país é igual para todo mundo. Temos que desmitificar essa separação”, afirma o cearense Fagner, eleitor declarado de Aécio Neves, em referência à campanha eleitoral, onde o Nordeste esteve no centro das discussões.

Zé Ramalho (à esq.) e Fagner durante entrevista, no Rio

Hits como “Mucuripe”, de Fagner, “Chão de Giz” e “Admirável Gado Novo” –tema da novela “Rei do Gado” (1996)–, de Zé, são cantados pelos dois. Os arranjos são simples, e o clima, intimista.

“Trabalhamos muito na maneira como [as músicas podiam chegar ao público sem ser o mesmo arranjo. É difícil pegar repertórios tão definitivos como esses e tentar dar alguma novidade”, diz Fagner.

“Mas quando a gente passa a dividir o canto, o clima muda, cada música muda. É natural”, defende Zé. “É uma celebração dos 40 anos das nossas carreiras. É para mostrar que estamos em forma.”

Ao longo do tempo, eles se cruzaram diversas vezes. Quando Zé chegou ao Rio, nos anos 1970, Fagner o ajudou a entrar na gravadora CBS (hoje Sony). Zé chegara ao Rio na cara e na coragem. Foi até garoto de programa, situação retratada em “Garoto de Aluguel”, que está no novo CD.

A lembrança da recepção que Fagner deu a Zé evoca os velhos tempos da indústria fonográfica e da rádio no Rio.

“Era um luxo poder passar por todos esses longos corredores de gravadora. Hoje não tem mais. Hoje só tem dois corredores…”, diz Zé. “O da morte”, começa Fagner, “e o da vida”, completa Zé, para gargalhadas de ambos.

SERTANEJO

Ao falar da era de ouro da indústria fonográfica, lembram de Cassiano, autor de “Primavera”, sucesso na voz de Tim Maia. “Quando eu cheguei no Rio, era panfleto para todo lado: Cassiano vem aí’. Mas ele nunca veio”, diz Fagner. “Ele era paraibano de Campina Grande. Pediram para abafar para não comprometer”, diz Zé. “Então foi isso que traumatizou o rapaz”, diz Fagner.

Fagner faz um paralelo com duplas sertanejas como Chrystian e Ralf, que se lançaram com nomes em inglês nos anos 1970 e depois se assumiram como brasileiros. “Isso é o nosso mercado. Faz mais de 40 anos que essas coisas acontecem.”

Sobre fenômenos contemporâneos como o sertanejo universitário, Fagner analisa: “É uma exportação de Goiás, Minas e São Paulo. Um poder econômico. Até gosto de ouvir. Mas o modismo, quando chega, você troca as figurinhas facilmente”.

Ao falar de artistas atuais que admiram, surge o nome do maranhense Zeca Baleiro. “Rapaz, que filha da mãe criativo. Ele é invocado. Não vejo talento como o dele por aí”, diz Fagner. Zé concorda.

Os artistas demonstram certa nostalgia pela era de ouro da indústria fonográfica. Dizem achar complicada a questão do direito autoral na era da internet, e Zé se manifesta com firmeza sobre iniciativas de compra de música on-line, como o iTunes.

“Imagine assim: um bolo e um prato. O farelo é o que sobra para a gente, autores. Grana, minha filha. A gente ganha somente a exposição. Grana não vem”, afirma.

“Nós temos o público que nos prestigia. Como não estamos muito na TV e no rádio, por onde a gente passa, todo mundo corre para nos ver. A gente trabalha muito, não embroma. É tudo amarrado: banda ensaiada, postura de palco. Respeito ao público.”

Redação

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  1. Vai ser muito difícil apagar

    Vai ser muito difícil apagar a horrível impressão que o Fagner me passou ao fazer propaganda política de Aécio Neves. Para mim, ou nunca teve ou perdeu, a noção. Não consigo separar o artista do cidadão, se bem que entenda que o tempo passa e existe de fato a regressão intelectual e na alma de muitas pessoas nascem e crescem, com a velhice, ervas daninhas que fazem esquecer dos canteiros bem cuidados de outrora.

  2. Vai ser muito difícil apagar

    Vai ser muito difícil apagar a horrível impressão que o Fagner me passou ao fazer propaganda política do Aécio Neves. Para mim, ou nunca teve ou perdeu completamente, a noção. Não consigo separar o artista do cidadão, se bem que entenda que o tempo passa e existe de fato a regressão intelectual como existe uma doença, um mal de Alzheimer.  E saiba também que na alma de muitas pessoas nascem e crescem, com a velhice, ervas daninas que encobrem e fazem esquecer dos antigos canteiros bem cuidados.

  3. Também não consigo separar o

    Também não consigo separar o cidadão do artista, e ambos se tornaram grandes decepções políticas. Ao lixo com suas músicas

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