O Dia Nacional da Música Clássica

Dia 5 de Março é o dia nacional da música clássica. Não por acaso o dia de nascimento do grande compositor Brasileiro de Música Erudita Heitor Villa Lobos, nascido no Rio de Janeiro em 1987 e morto em 1959. E cairá justamente no Carnaval. Parece absurdo? Nem tanto, veja o que está escrito na wikipédia:

“Com o suporte do presidente Getúlio Vargas, o samba ganhou status de “música oficial” do Brasil. Mas este status de identidade nacional também veio do reconhecimento de intelectuais como Heitor Villa-Lobos, que organizou uma gravação com o maestro erudito norte-americano Leopold Stokowski no návio Uruguai, em 1940, do qual participaram Cartola, Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Zé da Zilda”

fonte:

wikipédia

link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba

Villa Lobos era um defensor apaixonado da música e cultura popular brasileira. O grande maestro carioca não tinha vergonha de ser Brasileiro ao contrário de muitos dos nossos compatriotas. Nas músicas do grande mestre, havia quase sempre elementos folclóricos e populares. Nas que foram compostas para o violão, percebe-se a influência de elementos de músicas do interior brasileiro e poderiam ter sido inspiradas nas melodias feitas para viola caipira. A seguir, tem-se o Choro N° 1, composto em 1920, executado de maneira brilhante pelo violonista brasileiro Turibio Soares Santos.

http://www.youtube.com/watch?v=lqnVCIzyVEU

Abaixo temos o músico espanhol Andres Segovia, considerado o pai do violão erudito moderno, tocando Prelúdio N° 1, em Sol menor, Composto em 1940.

http://www.youtube.com/watch?v=vx9fPeaD_Ns&feature=related

Eu considero a música abaixo, a Bachiana N° 1 (1930), a obra prima de Villa Lobos. No primeiro movimento, Introdução (Embolada), ela já começa de maneira vibrante e com uma sonoridade “exótica” (não sei descrever exatamente este começo), e todo movimento é preparado para que este trecho seja repetido no final. Percebe-se uma “inundação” de brasilidade, misturada com elementos da música clássica tradicional, tudo se funde de maneira enlouquecida e bela. Jamais ouvi algo igual em outro compositor. Identificam-se claramente elementos da música folclórica brasileira e, ao mesmo tempo, percebe-se algo semelhante a uma valsa no meio do movimento. Vê-se inclusive que as interpretes chegam a balançar seus corpos como se estivessem dançando com a música. Curiosamente a impressão que se dá é que os violoncelos são dois tipos de instrumentos em apenas um. Isto é devido à extensão da escala do violoncelo que é brilhantemente explorada por Villa Lobos.

Executada pela Cellomania Croata. Dirigida por V. Despalj, Dubrovnik Festival de Verão 2005

http://www.youtube.com/watch?v=6MP0rsSQG_A&feature=player_embedded

Prelúdio (Modinha) é o movimento mais tocante. Poderia até ser confundido com a música erudita européia tradicional. Interpretado por Mischa Maisky / Carte Blanche no Verbier Festival 2008. Esta interpretação foi dedicada a memória de Mstislav Rostropovich.

http://www.youtube.com/watch?v=crL1H8INb8c&feature=player_embedded

A Bachiana No. 1, Fuga (Conversa) talvez seja o movimento mais genial dos 3 desta bachiana. Parece realmente com uma conversa. Vê-se que, aos poucos, vão entrando na música (como se fosse numa conversa), violoncelos que divergem dos violoncelos já estabelecidos. É como se fossem opiniões divergentes. Em alguns momentos da melodia, os violoncelos convergem como se houvesse uma concordância. No final, os violoncelos vão convergindo como se houvesse um consenso, exceto, um que no final acaba convergindo (ou melhor, concordando) e a discussão é encerrada.

Executada pela Cellomania Croata. Dirigida por V. Despalj, Dubrovnik Festival de Verão 2005

http://www.youtube.com/watch?v=r9Mlbe-4W6c&feature=related

A seguir a Bachiana nº 5 (1938-45), provavelmente a música mais conhecida do mestre Heitor. Eu lembro de tê-la visto no exterior (em Londres, Inglaterra) e a emoção foi grande, pois eu sentia muita saudade do meu país.

É interessante notar a doçura da canção que termina sendo cantada nasalmente como costumeiramente faziam as jovens mulheres no passado e as mães, no presente, que cuidam dos filhos no berço.

Aqui, a canção foi interpretada por Amal Brahim Djelloul (soprano) Gautier Capuçon (cello) Orchestre du Violon sur le Sable (Les films Jack Febus), provavelmente na França.

http://www.youtube.com/watch?v=NxzP1XPCGJE&feature=related

A seguir Melodia Sentimental da obra musical Floresta do Amazonas. Interpretada pela Soprano Carmen Monarcha e conduzido por Mateus Araújo.

http://www.youtube.com/watch?v=dIfa7YpqRBE&feature=related

Eis outro trecho de “A Floresta do Amazonas” (1958). Na música abaixo, ele transforma as canções indígenas em música erudita, sensacional, não é?

Orquestra Petrobrás Sinfônica. Coro Sinfônico do Rio de Janeiro

Conduzida por Maestro Isaac Karabtchevsky e pelo Maestro do Coro Julio Moretzsohn

http://www.youtube.com/watch?v=UOGKSCmbCWk&feature=related

Orquestra Nacional de Lyon conduzida por Eduardo Lopes, Bachiana Brasileira n°4 Prelúdio.

http://www.youtube.com/watch?v=s44uFI8AD0U

Bachianas Brasileiras, nº 7 (1942), I. Prelúdio (Ponteio). Orquestra sinfônica de Nashville

http://www.youtube.com/watch?v=hltEquQnimY

Finalmente, o Trenzinho do Caipira da Bachiana nº 2 (1930). Linus Lerner conduziu a Orquestra sinfônica do Sul do Arizona.

http://www.youtube.com/watch?v=mOn0jhdzEuw&feature=related

Sugiro que os hotéis, com incentivo do governo ou não, passem a colocar a disposição dos visitantes estrangeiros o melhor do repertório do grande compositor erudito, bem como músicas populares tradicionais pouco conhecidas lá fora como chorinho e músicas folclóricas brasileiras.

Se me for permitido, gostaria de dedicar estas músicas a uma amiga muito especial, Maria Teresa Guzzo Lia. A qual tive a maravilhosa satisfação e orgulho de saber que ela passou a descobrir os encantos do compositor de música clássica. Gostaria que todos os brasileiros descobrissem também a música do grande mestre.

Luis Nassif

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