O espetáculo da Orquestra Atlântica

Por Aquiles Rique Reis

O Brasil musical sempre teve pequenas e grandes orquestras dando vida à sua diversidade musical. Maestros lideraram grandes agrupamentos de instrumentistas – como a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, a Banda Mantiqueira, comandada por Nailor Azevedo, o Proveta, a Orquestra Criôla, de Humberto Araújo, e tantas outras.

Pois bem, eis que agora surge a Orquestra Atlântica e lança seu primeiro CD, Orquestra Atlântica (patrocínio do Prêmio da Música da Funarte). São onze músicos na batalha para curtir e manter viva a música instrumental brasileira: Jessé Sadoc e Gesiel Nascimento (trompetes), Aldivas Ayres e Wanderson Cunha (trombones), Marcelo Martins, Danilo Sinna, Elias ‘Kibe’ Borges e Sérgio Galvão (saxes e flautas), Glauton Campello (piano), Jorge Elder (baixo), Williams Mello (bateria) e Dadá Costa (percussão). E mais as participações especiais do guitarrista Nelson Faria, do saxofonista Mauro Senise e do trombonista Vittor Santos

A percussão inicia “Rio” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), um sucesso da bossa nova. Logo a seguir vêm os sopros. Vale destacar o arranjo de Marcelo Martins, com improvisos de saxes e trompetes, que caracteriza não só esta música como todo o primeiro CD da nova big band: a sonoridade dos metais marca presença em suas onze faixas.

Em seguida, com arranjo de Jessé Sadoc, temos “Melancia” (Rique Pantoja). As congas dão a partida. Os naipes de sopro vêm com elas. O DNA sonoro da Atlântica está na cara. O suingue é forte. Seguem-se improvisos de contrabaixo, clarinete e piano. O tutti da Atlântica volta fervendo. Bateria, baixo e ritmo seguram as pontas para o som soar melhor. O som grave do sax dá ainda mais vigor ao tema. Proclamado pelo solo da bateria, o final é esfuziante.

Marcelo Martins compôs e fez o arranjo para “De Volta ao Rio”. Piano, baixo e bateria dão a largada. Assegurada pelo naipe rítmico, a levada vem suingada. Acompanhado por baixo, bateria e piano, o trompete e o sax criam requintados improvisos. Os sopros voltam a tocar em bloco. Com show do tamborim, seguido por outro da bateria, está criado o clima para uma curta intervenção arrítmica. Volta o tema… Meu Deus!

“Inútil Paisagem” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) conta com arranjo de Nelson Faria. O piano dedilha notas da melodia. O baixo e as flautas adornam a introdução. Amparado pelos sopros, o improviso jazzístico criado por Nelson Faria destaca-se ao jogar mais luz no que desde sempre é bela: a harmonia da canção jobiniana.

“Passeio Público” (Jessé Sadoc), com arranjo do autor, é um bom samba. O piano e o ritmo tocam a introdução. A bateria vem junto. A brasilidade flui em cada nota dos acordes. A delicada participação dos sopros permite ao piano seguir em destaque. E os sopros se esbaldam. O tema evolui. O samba vibra, cresce. Trombone, baixo e sax têm sua vez de improvisar. A orquestra volta a tocar junto, registrando novos e sublimes momentos… Um espetáculo!

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

Redação

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