“O RAP NÃO PRECISA DA POLÍTICA”

DJ KL Jay
Após passar pelo Distrito Federal em abril, o grupo Racionais MC’s volta à cidade neste sábado, 14 de setembro. Os grupos locais Tribo da Periferia, 3 Um Só e Look também se apresentarão.
 
Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay comemoram 25 anos de carreira em 2013. Os artistas ficaram conhecidos pela militância musical por meio de retratos da periferia brasileira, principalmente a paulistana. As letras abordam temas como pobreza, crime, drogas, preconceito racial e política. As expressões e a linguagem utilizadas facilitam a comunicação com o público. O discurso é contra a opressão à população marginalizada, rejeita a postura submissa e incentiva a luta pelos ideais. O grupo não costuma fazer uso de grandes mídias. Mesmo assim, vendeu mais de 1 milhão de álbuns e é referência no cenário do rap nacional.
 
O primeiro álbum, Holocausto Urbano, foi lançado em 1990. Ao todo, são seis CDs e um DVD. Desde 2002, com o álbum Nada Como um Dia após o Outro, o grupo não produz novos álbuns. Em 2012, o Racionais lançou o videoclipe da música Mil Faces de um Homem Leal, composta para o documentário sobre a vida do guerrilheiro Carlos Marighella. Com esse trabalho, o grupo recebeu o prêmio MTV Brasil de melhor videoclipe. A música foi considerada a melhor do ano pela revista Rolling Stone. A previsão é de novos trabalhos para 2014.
 
O DJ KL Jay está no grupo desde o começo e é responsável pelas famosas batidas das músicas do Racionais MC’s. Assim como outros integrantes, mantém trabalhos paralelos. Em sua carreira solo, tocou com artistas como MV Bill, RZO, Xis, Flora Matos e Emicida e lançou o álbum duplo KL Jay na Batida Volume III (2001).
 
O Racionais têm vindo uma vez por ano a Brasília, pelo menos nos últimos quatro anos. Em 2013, já é a segunda vez. Como é a relação com o público daqui?
A demanda pelo Racionais é grande. Vamos pela segunda vez porque está cada vez mais alta. Temos muitas pessoas para quem mostrar o show, mostrar nosso som. Brasília é um lugar especial, faz muito tempo que tocamos para esse público.
 
 
Conhece o cenário do rap do DF?
Conheço, a gente vai a Brasília há mais de 20 anos. Desde o tempo do Câmbio Negro, GOG, Vadioslocus. Conhecemos esse pessoal. Não dá pra conhecer todos, tem muita gente nova. Mas tem muita gente boa. A Flora Matos, que é um sucesso nacional, veio de Brasília.
 
Acredita que o fato de a cidade ser massacrada pela política influencie a cultura local?
O rap é uma política à parte, ele não precisa da política. É um estilo de vida diferente. Acho que a gente não precisa da política. A cidade tem todos os problemas que tem, políticos ou não. Mas o rap é independente no mundo inteiro. Não podemos nos deixar influenciar pela política, pela economia, embora a situação do País impeça o crescimento do rap. Nós crescemos, mas crescemos devagar. É importante não usarmos essa situação como desculpa, temos que fazer a coisa acontecer do nosso jeito, com os nossos recursos. Brasília já esteve logo atrás de São Paulo como cidade mais badalada do rap. Já teve bastante grupo, bastante show. Hoje eu não sei como está. O Rio de Janeiro está crescendo muito também. O rap é um movimento mundial.
 
Como conciliam as carreiras solo dos integrantes com a agenda do grupo?
Temos que equilibrar. A produtora* que trabalha com a gente vê nossas datas e horários disponíveis e nos ajuda a organizar as agendas. Dá para fazer muita coisa durante a semana. Com organização, conseguimos trabalhar com as nossas coisas sem atrapalhar o trabalho com o Racionais.
 
Em 2012, vocês ganharam prêmios pelo trabalho Mil Faces de um Homem Leal (Marighella), como foi o processo de criação?
Foi um processo. A filha do Carlos Marighella sempre curtiu Racionais e queria fazer  um documentário sobre a vida do pai. Existe semelhança entre o Marighella e o Brown, ambos são filhos de baiano e não conheceram o pai. Ainda tem a questão do discurso, da prática militante, muito forte nos dois. A semelhança é muito grande no discurso de contestar, questionar. E aí ela sugeriu que ele fizesse a música, foi daí que surgiu a ideia. O Brown estudou a história e fez a letra. E videoclipe é coisa de cinema, né? Não é um filme, mas é praticamente um curta-metragem. Fizemos as cenas várias vezes. As filmagens duraram uns cinco dias, usando o dia inteiro. Foi um trabalho cansativo e complexo, mas o resultado tá aí.
 
Têm previsão para os próximos trabalhos?
Meu disco solo KL Jay na Batida Volume II vai sair no final deste ano, provavelmente em dezembro. Estou mixando muitas músicas, está ficando tudo pronto. Com o Racionais MC’s, temos trabalhos novos em mente para o ano que vem.
 
 
Racionais MC´s – 14 de setembro
 
 
O show ocorre no estacionamento da casa de shows Sanfona de Ouro, no Pistão Sul, em Taguatinga, às 22 horas.
Os ingressos (inteira) custam R$ 100 para a pista e R$ 200 para o camarote open bar.
A classificação indicativa é de 18 anos.
 
 
Boogie Naipe administra shows e eventos do grupo Racionais MC’s e Mano Brown. 
Redação

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