O Sem Trabalho, pelo Sem Voz!, por Luciano Hortencio
A gravação original dessa paródia é interpretada por Luiz Antônio, pseudônimo utilizado por Antônio Nássara, com acompanhamento de Henrique Vogeler. O disco é o Parlophon 13358, matriz 131257, ano de 1931.
A uma senhora que descobriu a pólvora afirmando “Sua voz não é ruim masssss…” respondi: Sra. Elza Maria: Tenho plena consciência da voz que tenho. Sou advogado e não cantor. Sou aposentado e já vou fazer 70 anos. Ainda assim, pesquiso sistematicamente com o intuito de reconstruir o que está perdido, nebuloso ou esquecido na nossa música brasileira. Essa composição não está publicada no youtube nem em canto algum, constando apenas na discografiabrasileira.com.br.
Tendo em vista que a grande maioria das pessoas não se dá ao trabalho de pesquisar com um pouco mais de trabalho, gravei eu mesmo, sem qualquer recurso técnico, acompanhamento ou qualquer aparato, no celular, a fim de mostrar essa interessante paródia, que faz referência expressa à década de 1930 e seus acontecimentos políticos.
Não conheço a senhora nem seu canal, tendo em vista que nada há ali publicado, porém agradeço seu gentil comentário e avaliação da minha voz. Dispiciente fazê-lo, porém se o fez…
Faz três semana
Tô comendo só banana
Porque não arranjo a grana
Nem ao menos pra almoçar.
O que eu tô vendo
É que se não me defendo
Vou acabar me comendo
Pra poder me alimentar.
Isto é despacho
Nunca estive tão por baixo
E se eu não me agacho
Vou morrer de inanição.
Eu me escangalho
De pular de galho em galho
Seu ministro do trabalho
Não me dá colocação.
Meu esqueleto
Tá pior do que um graveto
Eu já tô virando espeto
Meus olhos estão lá no fundo.
Num bruto treno
Fui tomar café pequeno
Quero ver se me enveneno
Pra ir comer lá no outro mundo.
Inda outro dia
Fui até a galeria
Só para ver se mordia
O primeiro a aparecer.
Chegou a hora
Eu quis dizer: é agora
Mas Virgem Nossa Senhora
Cadê jeito pra morder.
Meu esqueleto
Tá pior do que um graveto
Eu já estou virando espeto
Meus olhos estão lá no fundo.
Num bruto treno
Fui tomar café pequeno
Quero ver se me enveneno
Pra ir comer lá no outro mundo.
Tô com vontade
De deixar esta cidade
Onde há tanta maldade
Onde há tanto mordedor.
Mas ando teso
E tamanho é o meu peso
Que sou capaz de ser preso
Nomeado interventor.
luciano hortencio – O SEM TRABALHO (paródia de Sussuarana) – Hekel Tavares – Frazão.
Foto: Compositor Eratóstenes Frazão
Coisas que o tempo levou.
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